Virando do avesso escrita por calivillas


Capítulo 18
Jogos de sedução




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O quarto de Mauro tinha um ar meio impessoal e estava muito bem arrumado, uma cama-box tamanho king-size, com lençóis claros e lisos e muitos travesseiros grandes, dominava o lugar, o restante dos móveis eram novos e de madeira clara, de linhas retas, não combinando com o resto da decoração da casa. O único toque pessoal era dado por um quadro de cores fortes e formas sinuosas, lembrando as de uma mulher, na cabeceira da cama.

— Foi você quem pintou? – Ela o instigou de brincadeira, admirando o quadro.

— Não, bem que gostaria, mas ganhei de um cliente.

Mauro puxou as cobertas para eles se deitarem, depois tirou Júlia a camiseta pela cabeça, e a seguir suas próprias roupas, então ficaram nus, para espanto de Júlia, não havia mais nenhuma vergonha de estar assim diante dele.

— Você é muito bonita, Júlia – ele falou, apreciando nudez dela, passando a mão, gentilmente, por sua pele com a ponta dos dedos, calmamente, desfrutando o momento – Sua pele é tão macia! -  murmurou, enquanto descrevia pequenos círculos sobre nos seios dela, brincando com os mamilos dela, descendo para a barriga, circundando o seu umbigo, continuando suavemente até chegar no seu ponto mais sensível dela, quente e úmido, que a fez suspirar, o acariciava, sem nenhuma timidez, depois continuou a explorá-la. Os dedos dele entravam por suas reentrâncias, provocando-a, enquanto a observava a sua expressão de prazer, com a respiração ofegante, a boca entre aberta, os olhos fechados.

— Diga o meu nome! – Ele sussurrou no ouvido dela, enquanto acelerava mais suas carícias – Me chama, diga o meu nome, Júlia! Quero que você se lembre de mim para sempre – ele insistiu e, quase como um espasmo, a voz dela saiu ronca.

— Mauro! - Ela o chamou e ele sorriu.

Júlia acordou, preguiçosamente, virou-se para o lado encontrando Mauro de olhou fechados ainda dormindo, o quarto mergulhado na penumbra, anunciando que a noite havia chegado.

— Mauro! – Ela sussurrou no ouvido dele – Preciso ir para casa!

— Por quê? – ele perguntou, sonolento.

— Porque não posso ficar o tempo todo na sua casa e na sua cama, transando. Preciso trocar de roupa.

— Não precisamos de roupa. Só dá mais trabalho para tirar. Volta para passa a noite aqui comigo.

— Ok! Eu vou até lá, pego algumas roupas, minha escova de dentes e volto para aqui. Não vai nem dar tempo de a cama esfriar.

— Eu a levo – Ele fez menção de se levantar.

— Não, nada disso, não tem perigo. São só uns cem metros de distância. Não demoro.

Para evitar mais olhares tortos de Maria, Júlia vestiu a mesma roupa, com que saíra de casa pela manhã. Já estava escuro e o friozinho da noite a atingiu em cheio, ela esfregou os braços nus, para se aquecer. Pensando nas mudanças da sua vida e naqueles dois homens tão diferentes que entraram na sua vida, a estimulando a fazer coisas que nunca imaginaria que pudesse fazer algum dia.

Ao entrar em casa, às escuras, para seu espanto dela, o telefone tocou. Não tinha ideia de quem poderia ser. Talvez, fosse a própria Amélia, a dona da casa, que quisesse saber como seus inquilinos estavam indo, poderia, simplesmente, ignorar, entretanto, atendeu, e depois do alô, veio o susto.

— Júlia! Graças a Deus que você atendeu, estava ligando para esse número o dia inteiro.

— Como descobriu esse número, Leandro?

—Você ligou para o meu celular, o número ficou gravado. Júlia, diga onde você está que eu irei te ver agora.

— Leandro, ainda não estou pronta para você.

— Júlia, eu sinto tanto a sua falta. Eu não acredito que vou perder você e estragar toda a nossa vida por causa de um erro idiota, por um momento de fraqueza. Olha, Júlia! Eu faço o que você quiser, me transformo em um escravo, obedeço todas suas ordens, se você voltar para mim. Por favor, me perdoa! – A voz de Leandro era de súplica, Júlia ficou em silêncio por um segundo, balançada pela aquela declaração, sua cabeça dava voltas, sentindo-se mal pela humilhação dele.

— Por favor, Leandro. Me dê um tempo. Toda essa história me deixou muito confusa.

— Mas, antes me diga que está pensando bem sobre isso, que poderá voltar atrás na decisão de terminar com o nosso casamento.

— Leandro, eu não sei!

— Então, posso ter esperança ainda? Eu preciso falar com você, olhos nos olhos. Hoje é quinta-feira, só esperarei até domingo, mas se você não der uma reposta até lá, eu vou atrás de você, seja lá onde for que esteja.

— Você não pode me pressionar desse jeito, Leandro. Não é justo!

— Eu, também, não posso ficar com essa ideia fixa em você, Júlia. Não consigo trabalhar, dormir, comer direito. A gente precisa conversar.

— Tudo bem. Até domingo, a gente resolve tudo, Leandro.

Ao desligar o telefone, Júlia se sentia confusa, sem saber o que fazer. Precisa conversar com alguém neutro. Teclou o número que sabia de cor.

— Oi, Bruna. Preciso conversar com alguém.

— Júlia como está o seu retiro. Tudo bem, Júlia?

— Não. Acabei de falar com Leandro.

— Você ligou para ele?

— Não, ele descobriu o número de onde estou, graças a uma burrice minha.

— E o que ele queria?

— O que poderia ser, conversar, na verdade, ele quer que a gente volte como era antes, com a nossa vida e o casamento.

— E então, o que você decidiu?

— Eu não posso voltar como era antes, porque eu não sou a mesma pessoa. Eu estou mudando, Bruna. Eu não sei se quero me casar com Leandro e viver a vida que ele quer.

— Como assim, Júlia?

Júlia deu um longo suspiro, ganhando tempo para começar.

— Sabe tem um cara...

— Sei, o rapaz do circo – Bruna completou

— Não – Júlia riu, meio sem jeito – Um outro. Um cara um pouco mais velho, meu vizinho.

— Não acredito! Outro? Não estou te reconhecendo, Júlia! – Bruna exclamou, com um misto de surpresa e divertimento - Conta, por favor! E comece com o carinha do circo.

— O cara do circo se chama Ricardo, ele é uma gracinha, com toda aquele fogo e paixão dos 19 anos. Sabe como é? Aquele tesão insaciável, que me fez fazer loucuras, mas ele foi embora com o circo e eu sabia que nós não tínhamos futuro juntos. Já Mauro, digamos, tem mais know-how, é mais experiente, além do conversar fluir fácil.

— Nossa, Júlia! Você está virando uma expert no assunto, mas com esse curso intensivo! Acho que você fez mais sexo um uma semana do que eu em um ano.

— Pare com isso, Bruna!

— Eu falo sério. Eu não sei onde você está, mas vai ser o lugar das minhas próximas férias. Contudo, tenha cuidado para não se envolver demais com esse cara, que você mal conhece, porque pode acabar sofrendo ainda mais, Júlia. E sobre Leandro, o que você decidiu?

— Você entende, Bruna, o porque não posso voltar para Leandro e fingir que nada aconteceu com a gente.

— Mas, Júlia, vocês dois tiveram uma história juntos, iam se casar. É claro que ele está confuso, com essa história de cancelar o casamento, ainda mais que foi você quem deu o fora nele. Leandro não é homem de se dar por vencido, sem lutar pelo o que quer.

— Eu sei, Bruna. Mas estou muito dividida com tudo isso. Eu tenho que ir agora. Mauro está me esperando.

— Você está fazendo isso para me matar de inveja! Júlia, você tem pouco tempo para se decidir o que fazer da sua vida. No entanto, o que me parece que você não está sentindo nenhuma falta do Leandro. Até mais.

— Até.

Júlia ficou olhando para o telefone, por algum tempo, na sala escura, pensado que não sentia nenhuma culpa ou remorso em relação ao noivo. Ela gostou muito de ter ficado com Ricardo, descobrindo-se algo totalmente novo para ela. E, agora, estava gostando mais ainda de estar com Mauro, por isso, queria retornar para junto dele o mais rápido possível, assim pegou o que veio buscar e fez o caminho de volta para casa dele.

— Você demorou, pensei que tivesse se arrependido! – Ele exclamou assim que ela entrou, tinha tomado banho e feito a barba, tinha o gostoso cheiro de colônia, quando ela o beijou.

— Não, só precisei falar com algumas pessoas.

— Aproveitei que você estava fora, e não tinha distração agora, fiz o jantar para a gente – mostrando a mesa posta com cuidado.

— Então vai ser isso, Mauro, a gente só vai comer e fazer sexo – Júlia falou, achando aquilo divertido.

— Quer maneira melhor de passar o tempo do que essa? Mas, se estivermos muito cansados podemos dormir – ele respondeu, com um sorriso travesso.

— E a pintura e o jardim? – Ela o provocou.

— Que se danem a pintura e o jardim! Não preciso mais nada para me distrair a não ser você! Agora, vamos jantar, porque quero surpreendê-la com meus incríveis dotes culinários.

— Sempre gosto de cozinhar, Mauro? – perguntou, durante a refeição, ele havia repetido a receita de macarrão ao pomodoro, que havia queimado no almoço.

— Na verdade, não. Depois, que me separei, pedia tudo por delivery, quando não comia na rua. Nada saudável, depois que tive meus probleminhas de saúde, resolvi aprender, entrei em cursos de culinária, comprei alguns livros, então fiz minha grande descoberta.

— E qual foi?

— Descobri que as mulheres adoram homens que cozinham. Então, quando convidava alguém por quem estava interessado para meu apartamento, fazia um belo jantar e pronto a sobremesa, quase sempre estava garantida.

— Muito sexista da sua parte. Então, as mulheres são presas fáceis, era só encher a armadilha com boa comida, que elas vinham correndo e acabavam na sua cama, para satisfazer o seu prazer – ela brincou, fazendo-se de ofendida.

— Dizendo dessa maneira, realmente parece isso. Mas não era só o jantar, tinha todo um ritual de sedução antes e depois, vinho, velas, flores. Sabe como vocês, mulheres, gostam de ser seduzidas, apreciadas e os homens gostam de seduzir, é como um jogo, onde os dois podem sair ganhando.

— É o nosso caso? Quero dizer eu e você?

— De uma certa forma, quase todos os relacionamentos começam assim, com um jogo de sedução, testamos para ver se aquela pessoa nos interessa ou não. Por exemplo, como você e seu noivo se conheceram?

— Nós estudamos junto, éramos da mesma turma. Leandro era o mais gato da escola e, por alguma razão que eu desconheço, ele se aproximou de mim. Eu era meio quietinha, sabe, tímida, ficava sempre na minha, com as minhas colegas, não pertencíamos ao mesmo grupo. Ele era um dos populares, estava sempre nas festas.

— Talvez, fosse por isso mesmo, porque você correspondesse aos conceitos da mulher ideal para ele, tímida e recatada, mesmo que vocês não soubessem disso. Agora, chega de falar do seu noivo. Estou esperando pelos meus elogios.

— Nossa, Mauro! Sua comida é fantástica, eu nunca comi nada parecido! –falou, com tom ironia.

— Obrigado, mas não precisa exagerar – ele respondeu, fingindo falsa modéstia.


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