Virando do avesso escrita por calivillas


Capítulo 11
Tocando em frente




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739337/chapter/11

Como prometeu, Ricardo voltou mais tarde e estava diferente, triste, cabisbaixo, quando entrou na casa.

— O que foi, Ricardo? Por que essa cara? Tem algo errado?

— Meu pai disse que será o último fim de semana aqui. Na segunda, vamos desmontar e ir embora.

Apesar de esperar ouvir aquilo a qualquer momento, Júlia levou um susto, sabia que era o já esperado adeus definitivo, mesmo assim, doeu.

— Não dá ficar muito tempo no mesmo lugar. O público anda fraco, mas o que eu acho é que ele quer deixar esse lugar para trás, esquecer dessa história toda e tocar a vida em frente.

— Essa é a sua vida.

— Sim, essa é a minha vida.

Assim, os dias que se seguiram tinham gosto de adeus. Cada beijo, cada abraço tinha uma ponta de tristeza, a certeza que a separação estava próxima, sabiam que era esse seu destino, cada um seguiria o seu caminho e guardaria o outro como uma boa lembrança desse momento das suas vidas. Ela não podia pedir para ele ficar. E ele não podia pedir para ela ir.

Naquela sexta-feira, Júlia foi assistia o espetáculo mais uma vez, Ricardo havia pedido a ela, mas não precisava, pois iria vê-lo de qualquer maneira.

Ela ficou ali parada, assistindo a moto de Ricardo rodar dentro do enorme globo de metal, como na primeira vez, mas agora havia sentia um misto de medo e admiração por ele. No meio do espetáculo, distraída, notou uma mão tocar seu ombro, olhou na direção dela.

— Oi! Decidiu vir afinal – Mauro, ao seu lado, falava alto, contra os sons dos motores acelerados.

— Oi! Sim, decidi – ela respondeu no mesmo tom de voz, sem tirar os olhos do show.

— Eles são muito bons! – Mauro apontou para o globo. A apresentação já chegava ao fim - Quer comer um cachorro-quente depois daqui?

— Acho que não vai dar!

— Por quê? – Ele quis saber quando aplaudiam o fim da apresentação, o pequeno público presente começava a dispersar, e eles os seguiram, parando longe da saída.

— Então, não quer me fazer companhia para um cachorro-quente mesmo? – Mauro insistiu, Júlia estava pronta para recusar novamente, quando Ricardo, ainda com a roupa da apresentação, apareceu por atrás dela, abraçando-a pela cintura e trazendo-a para junto do seu corpo, assustando Júlia. O sorriso do rosto de Mauro despencou, transformando-se em uma expressão de surpresa.

— Oi! – Ricardo deu um rápido beijo na boca de Júlia.

— Ah! Ricardo, este é Mauro, meu vizinho.

Mauro esticou a mão para cumprimentá-lo, que Ricardo aceitou de bom grado.

— Vocês são muito bons, cara! – Mauro elogiou com sinceridade

— Obrigado! – Ricardo sorriu satisfeito ao ouvir isso.

— Eu já estou indo. Foi, realmente, um bom show, rapaz! Até a próxima.

Ricardo segurou a mão de Júlia e caminharam juntos até o trailer

— Ele está certo. Vocês são muito bons no que fazem.

— Eu gosto do que faço, da velocidade, do desafio. Mas não quero isso para minha vida inteira. Estive pensando que, no futuro, quero ter uma casa, um lugar meu, arranjar uma boa cidade e abrir uma oficina para motos. Não quero passar o resto da vida como meu pai, pulando de cidade em cidade, sem ter certeza de nada no dia seguinte – Ricardo confessou, parando na frente do trailer onde morava.

— Vou trocar de roupa, quer entrar?

— E seu irmão?

— Ele ainda está por aí. Vem! – Ele disse abrindo a porta e a puxando pela mão.

O interior do trailer tinha um odor masculino de suor e graxa, não era muito espaçoso, mas o suficiente para duas camas de solteiros desarrumadas, uma pequena mesa ladeada por dois pequenos bancos de madeira, havia vários pacotes de biscoitos meio vazios e peças de motos e ferramentas espalhados por vários lugares. Pilhas de roupas se acumulavam pelos cantos. Ricardo não parecia incomodado com a bagunça, chutou alguns sapatos para o lado, tirando-os do meio do caminho, empurrou algumas roupas amarrotadas para a ponta da cama e ofereceu o lugar para Júlia se sentar.

Sob o olhar de Júlia, começou a tirar as botas e o macacão brilhante e colorido, que usava na apresentação, ficou apenas de cuecas, mostrando os músculos bem torneados dos seus braços e coxas, a barriga lisa com alguns poucos pelos, vasculhou as pilhas de roupas até encontrar o que queria, pegou uma camiseta e cheirou decidiu que serviria, depois escolheu uma calça jeans surrada.

— Isso aqui está uma bagunça! A gente tem que dar um jeito nisso! – Reclamou consigo mesmo, Júlia sorriu para ele, que retribuiu com um sorriso travesso. Então, Ricardo a puxou e a abraçou, começaram a se beijar, avidamente.

— Sabe, Júlia! Naquele dia, que eu a vi pela primeira vez, passei a noite nessa cama, pensando em você – ele confessou no ouvido dela, fazendo um arrepio percorrer a sua espinha. - Fiquei imaginando como seria beijar sua boca – então ele a beijou. – Pegar no seu peito. – E a mão dele segurou um dos seios dela. - Sentir seu cheiro. - Respirou fundo na curva do pescoço dela.

As mãos dele avançaram por baixo da blusa dela, a procura da pele quente e suave das suas costas, os corpos estavam tão próximos como se quisessem se fundir, seus lábios desceram pelo pescoço de Júlia, beijando e sugando, sentindo o cheiro dela. Ricardo segurou a barra da blusa de Júlia, a puxando para cima, segurou e beijou os seios cobertos pelo sutiã, desceu até o botão da calça dela, o abrindo e depois o zíper. Júlia deslizava suas mãos pelas costas dele, emaranhava seus dedos nos cachos de cabelos e apertando sua nuca, sua bunda firme, enquanto ele beijava sua barriga, acariciava seus seios e seu sexo, se livrava do sutiã e, de novo, beijava sua boca.

— Desculpa – Eles ouviram e se afastaram rapidamente. Assustada, Júlia deu um pulo e segurou, rapidamente, sua blusa na frente para cobrir sua nudez, ao ver o rapaz parado ao lado dele.

O desconhecido era quase uma cópia de Ricardo, só depois de algum tempo dava para notar algumas pequenas diferenças.

— Você podia ter batido, Rodolfo? – Ricardo reclamava, enquanto colocava as calças.

— Você poderia ter trancando a porta, Ricardo? Desculpa, moça. Sou Rodolfo, irmão dele.

— Muito prazer, Júlia – ela estendeu uma das mãos, ainda segurando a blusa na sua frente com a outra.

— Você pode dar licença, Rodolfo! – Ricardo falou rispidamente, ficando na frente de Júlia, para escondê-la. Então, Rodolfo se tocou da dica, porque Júlia estava praticamente nua.

— Eu vou lá fora – Rodolfo disse e saiu, Júlia aproveitou para se vestir.

— Desculpa, Júlia! Não sabia que ele ia voltar agora.

— Tudo bem. Vocês são gêmeos?

— Todo mundo acha isso, mas ele é quase dois anos mais velho do que eu. Vamos, Júlia! É melhor a gente ir para sua casa –

Saiu a puxando pela mão para fora do trailer.

— Tchau, moça! – Do lado de fora, encostado na parede de metal, Rodolfo se despediu, com um sorriso travesso. Júlia respondeu com um sorriso, sem jeito.

— E para que cidade, vocês irão agora?

— Vamos para outro estado, subir para o norte, mais para o interior, onde o público é melhor – ele respondeu, desanimado, acabando com as expectativas dela de um possível reencontro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Virando do avesso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.