Virando do avesso escrita por calivillas


Capítulo 10
Livre




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Durante o resto da noite, Júlia percebeu que Ricardo se revirava do seu lado na cama, sem consegui dormir. Na tentativa de acalmá-lo, esticou o braço e acariciou suavemente suas costas, sentindo a pele lisa e quente sobre os músculos firmes. Ele se deixou acarinhar, pelo toque suave da mão de Júlia, subindo e descendo nas suas costas, notando que algo a mais despertava nele, virilha dele começou a pulsar, demonstrando seu desejo aumentando, então virou-se de frente para Júlia. Na escuridão do quarto, não podiam ver seus rostos, mas toque era evidente, ela percorreu o peito dele, a barriga dele, desceu para o seu sexo e o segurou com firmeza, o sentindo cada vez maior na sua mão. Júlia começou a acariciá-lo, primeiro com movimentos suaves, e depois mais enérgico. Ricardo soltou um suspiro profundo, abandonando-se as carícias, até que explodiu de prazer. Aquilo também era uma nova experiência para Júlia, estar no comando. Então, Ricardo relaxou e adormeceu. Júlia não precisa de nada em troca, pois aquele momento tinha sido como um presente para Ricardo.

Meio despertar pela manhã, Júlia pensava que aquela história com Ricardo não tinha futuro, já que eles pertenciam à mundos bem diferentes, não havia nada em comum, a não ser aquele momento de luxúria, mas o encontro deles havia sido marcante para ambos, pois ele havia a ajudado a descobri a sua sexualidade sufocada e ela estava o apoiando a terminar com uma situação onde era refém de sua madrasta. Contudo, não queria imaginar o futuro, pois estava feliz ali e agora ao lado de Ricardo, naquele lugar.

Foi então que um toque suave percorreu o corpo de Júlia, seguido por um beijo de leve nos seus lábios.

— Agora é minha vez de retribuir – Ainda de olhos fechados, ela ouviu o sussurro junto ao seu ouvido, que a fez se arrepiar.

Assim, sem abrir os olhos sentiu a mão quente de Ricardo sobre sua pele, que sem respeitar limites, acariciaram seus seios, sua barriga, seu sexo, a boca a seguia, trocando de lugar. Júlia sentiu sua pele queimar, seus mamilos contraírem, seu sexo pulsar cada vez mais forte, cheia de desejo. Mas a mão dele não parava, invadia e tocava em todos os lugares, exploradora e persistente, ela se arqueava e se contraia, agarrando os lençóis, gemendo, em um delicioso e prazeroso sofrimento. Então, sentiu o peso de Ricardo sobre ela, entrando nela devagar, Júlia soltou um suspiro profundo, elevando seu quadril para recebê-lo, primeiro com suavidade e depois com impetuosidade, até que um tremor percorreu todo seu corpo em uma explosão de prazer.

Eles rolaram para o lado, ficando frente a frente, as pernas ainda entrelaçadas, as respirações ofegantes, esperando o ritmo do coração volta ao normal, sentindo leves e plenos. No entanto, uma nuvem escura passou pelos olhos de Ricardo.

— Preciso ir agora, tenho que conversar com meu pai – Ele se levantou, apressado, enquanto, Júlia o observava se arrumar ainda na cama, antes de sair ele se inclinou para lhe dar um beijo.

— Vai dar tudo certo – Ela tentou animá-lo, Ricardo deu um sorriso que não chegou aos olhos e saiu do quarto. Passou algum tempo, antes de ouvir o barulho da moto se afastar e Júlia tomar coragem para se levantar.

Tomou um banho e vestiu- se, sem pressa, desejando ser uma mosquinha para ouvir a conversa de Ricardo com o pai. Mesmo sabendo que o irmão estava do lado dele, ainda tinha receio que o pai ficasse a favor da mulher, tinha medo das mentiras que Magda poderia inventar contra o rapaz.

Ansiosa, cansada de andar dentro de casa, parecia que faria um buraco no chão, Júlia saiu, caminhou em direção a praça onde o circo estava montado, entretanto não se aproximou. Parou a alguns metros de distância e ficou observando a movimentação, procurando por algum sinal do que estava acontecendo ali, todavia tudo parecia bastante normal.

Distraída, esticando os olhos para ver mais adiante, Júlia não viu a bicicleta se aproximar e parar ao seu lado.

— O que você está fazendo aqui, Júlia? – A pergunta a fez pular de susto, olhou para o lado e viu Mauro sobre a bicicleta, sorrindo para ela.

— Nada! Só olhando – Ela deu de ombros.

— Você gosta de circo?

— Agora, eu gosto.

— Já assistiu ao espetáculo?

— Já

— Eu ainda não. Acho que irei na sexta. Você gostaria de vir comigo, Júlia?

— Obrigada, mas acho que não – Mauro não disfarçou sua decepção.

— Tudo bem. Até mais, Júlia.

— Até mais, Mauro.

 E se afastou pedalando sua bicicleta.

Mesmo durante a conversa, Júlia não conseguia tirar os olhos da direção dos trailers, onde moravam os artistas do circo. Tudo parecia continuar estranhamente calmo. Finalmente, vencida pela curiosidade, ela se aproximou ainda mais, depois mais um pouco. Enfim, sorrateiramente, esgueirou-se, encostada nas paredes das casas de metal até conseguir ouvir gritos, que vinha de dentro de algum lugar. No começo, demorou a identificar as vozes, mas logo a seguir reconheceu a voz de Magda, sem o falso sotaque, gritando e chorando.

— Como pode acreditar nesse garoto? Depois de como eu cuidei de você e da sua família? Você não pode me expulsar assim, Pietro.

— Chega, Magda! Você já fez muito mal para mim e para meus filhos! Não quero mais você aqui! Não quero mais você no meu circo, nem na minha vida!

A porta de um trailer se abriu, abruptamente, e Magda saiu rebolando seu grande traseiro aos prantos, com uma mala em cada mão, logo atrás dela, um homem de ar abatido, com a barba para fazer e escuras olheiras apareceu na soleira, ainda esbravejando com a mulher.

— Você vai se arrepender, Pietro! Vai acabar sozinho, sem ninguém para cuidar de você! – A mulher se voltou e praguejou para o homem parado na porta, que a olhava impassível.

Júlia notou que como ela, escondidos por trás de frestas de portas e cortinas de janelas dos trailers, outros olhos curiosos assistiam aquela cena. Percebeu que Magda vinha na direção dela, por isso se encolheu atrás de um dos trailers, mas não o suficiente para não ser notada.

— Você! – Vociferou Magda entre os dentes, quando viu Júlia, encurralada contra a parede de metal. – Não contente de tirar o meu garoto de mim, ainda estraga a minha vida e o meu casamento! Mas, como um castigo, eu juro que você nunca saberá o que quer, nunca encontrará paz no amor – Depois se virou e continuou andando, altiva, com a cabeça erguida e seu grande traseiro ondulante.

— O que você está fazendo aqui, Júlia? – Ricardo apareceu na sua frente, perplexo, Júlia se esquecera de sair do lugar.

— Eu vim ver se você estava bem.

— Estou bem. Você viu? Magda foi embora.

— Vi! Ela me jogou uma praga – Júlia confessou e Ricardo deu uma gargalhada.

— Não se preocupe, ela é uma cigana falsa. Quando meu pai a conheceu trabalhava como cozinheira de um bar, foi aqui no circo, que virou cigana.

— Como está seu pai?

— Triste e muito zangado comigo. Me deu uns cascudos, disse que eu tinha que confiar na família. Vamos, eu vou levar você para casa. Rodolfo e os outros vão cuidar do meu pai.

— Você não vai entrar? – Ela perguntou, quando descia da moto e ele não.

— Não, eu vou voltar. Venho mais tarde para ver você.


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