The Queen's Path escrita por Diamond


Capítulo 51
Capítulo LI - 02 de Maio de 1873




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Poucos segundos de análise minuciosa diante do espelho foram suficientes para trazer ao seu semblante uma expressão de puro desagrado. A jovem rainha testou outros ângulos, apenas para se certificar do que já era óbvio. Mesmo que quisesse, não poderia se apresentar em público daquela maneira imprópria, sob pena de sujeitar-se a um verdadeiro escândalo. Tornando o rosto para sua fiel companheira, ela demonstrou bastante resolução ao proferir de maneira autoritária:

— Assim não está bom — pontuou com uma exasperação contida, buscando manter algum equilíbrio em sua fala. — Você precisa apertá-lo ainda mais.

— Não creio que essa seja uma atitude sensata — a governanta retrucou com cautela. Tratava-se de um assunto bastante delicado e que há dias vinha mexendo com o humor de sua menina, deixando-a terrivelmente irritadiça. Era preciso medir as palavras antes de dizer qualquer coisa, não desejando causar-lhe qualquer perturbação que pudesse afetar sua saúde. — Não há nada de errado com a sua aparência, garanto-lhe que ninguém sequer notará a diferença.

— Eu percebo a diferença! — Sarah esbravejou com certa fúria, mas sem conseguir amedrontar Evangeline, que rapidamente se habituou àquela mudança repentina de ânimos. — E então, ao menor olhar enviesado, saberei que todos terão percebido o mesmo. Aos murmúrios, eles zombarão de mim e eu não poderei dizer nada a respeito. É isso que deseja?

— De maneira alguma — ela respondeu enquanto sustentava o olhar para a sua menina, embora tivesse em seu rosto um ar consternado. Desejava retrucar, mas insistir naquela discussão apenas pioraria o estado de Sarah, de modo que se obrigou a aceitar aquela situação com um silêncio complacente.

— Neste caso, é bom que aperte-os devidamente desta vez — a jovem rainha sibilou, tornando a encarar sua imagem aborrecida refletida no espelho. Nele podia ver a figura inerte da antiga servente, que continuava observando-a com os olhos cinzentos de maneira severa, como se estivesse dando-lhe um sermão mentalmente. Com impaciência, ela acrescentou num tom ainda mais imperioso: — Evangeline, isso é uma ordem.

A governanta fechou os olhos, buscando reunir coragem o suficiente para executar o que lhe era demandado. Esperava que aquele ato não lhe trouxesse consequências piores no futuro. Resignada, ela aproximou-se de sua menina novamente, desfazendo o apertado nó que prendia seu espartilho, apenas para puxar os fios com ainda mais força, comprimindo seu esguio corpo muito além do que poderia ser considerado saudável.

Podia se recordar do tempo em que a peça passou a compor o vestuário de Sarah. Aos resmungos, ela se queixava do desconforto e da restrição de movimentos que o acessório lhe impunha. Agora, a jovem rainha não proferia uma única palavra, nem mesmo permitia que seu semblante demonstrasse qualquer incômodo. Tudo que sentia e pensava estava oculto debaixo de uma máscara de seriedade e indiferença, fazendo com que Evangeline quisesse dar a vida para saber o que se passava em sua mente naquele momento.



— Esqueça, eu não tenho tempo para lhe dar atenção agora.

Escondida dentro da larga despensa onde ficavam armazenadas as provisões do castelo, Maria afastava um a um os barris de madeira, buscando aquele onde estavam os tubérculos que necessitava para finalizar seu prato. Embora a estação lhe proporcionasse alimentos frescos para cozinhar, locomover-se dentro do cômodo abarrotado de caixotes e tonéis era um problema a ser enfrentado diariamente, fazendo com que perdesse preciosos minutos. Após encontrar o que procurava, a jovem apressou-se em retornar para a cozinha, mas sua trajetória foi barrada pela figura alta do tratador de cavalos, que se encontrava prostrado diante da porta enquanto lhe dirigia um olhar ansioso, quase infantil.

— Elliot, não percebe que estou ocupada? — Arguiu com impaciência, na esperança de que o rapaz desobstruísse a passagem. — Saia da minha frente, há muito o que fazer por aqui.

— Por favor — ele repetiu em tom de súplica. Mesmo que o gesto fosse contrário à sua própria pretensão, ele afastou-se um passo para o lado, permitindo que ela deixasse o cômodo apertado e alcançasse a cozinha alvoroçada. — Garanto que isso não lhe ocupará mais que alguns instantes.

— Por que não pede ao seu pai? — ela retorquiu, enquanto retornava ao trabalho de picar os ingredientes antes de jogá-los dentro de um caldeirão fumegante. Empunhava sua faca com tanta habilidade que o rapaz julgou adequado manter-se adois passos de distância, apenas por precaução. — Jacques sabe ler melhor que qualquer outro criado neste castelo.

— Eu não tenho ideia de onde ele está — Elliot respondeu com desânimo. A área disponível para o trabalho na cozinha era considerável, mas a repentina reunião com os membros das Famílias Fundadoras fez com que o local ficasse congestionado de serventes apressados. A todo momento, lhe dirigiam olhares tortos e esbarravam propositalmente em seus braços, no intuito de fazê-lo perceber que estava ocupando espaço demais e que deveria se retirar o quanto antes. A constatação não o incomodou como gostariam e ele não desistiria de seu apelo tão facilmente. — Diga-me, o que lhe custa me dizer o que está escrito aqui?

— Você tem ideia de quantas pessoas eu tenho que servir nesta tarde? São muitas e, se isso já não fosse o bastante, nada do que tenho preparado tem sido do agrado de nossa rainha. Há dias seus pratos têm retornado quase intocados e não tenho ideia do que posso estar fazendo de errado. — Sua voz soava esganiçada e magoada ao mesmo tempo. Ser responsável não só pelo preparo da comida, mas também por todos os demais criados que trabalham ao seu lado nunca havia lhe soado como um fardo, até aquele momento. Tinha muito apreço pelo seu cargo, mas não ser capaz de agradar a menina a quem vira crescer estava deixando-a completamente desgostosa. — Volte aqui numa outra hora e eu talvez eu leia esta maldita carta.

— Se o fizer agora, não terá de lidar comigo novamente depois, quando certamente estará muito mais cansada. — As palavras saíram quase cantaroladas da boca do tratador, na esperança de que isso pudesse de alguma forma persuadi-la a ceder.

Insistir naquele assunto era como atiçar uma fera, mas ele sabia que deveria fazê-lo. Nunca em sua vida ele tivera a oportunidade de receber uma carta e a impossibilidade de conhecer seu conteúdo estava deixando-o ansioso com toda aquela espera.

— Dê-me isto de uma vez, seu menino irritante!

O papel foi retirado das mãos de Elliot com tanta violência que o fez sentir um justificado temor de que a folha pudesse ter se partido ao meio. No entanto, sua carta permanecia intacta entre os dedos da cozinheira, que corria os olhos impacientes sobre as linhas delicadamente escritas com. Algumas das palavras ali utilizadas eram de significado desconhecido para ela, o que, por vezes, ocasionava uma expressão de desagrado em seu rosto. Em outras, franzia as sobrancelhas involuntariamente, até que o significado por trás daquela mensagem estivesse realmente claro.

Finda a leitura, Maria empurrou a carta contra o peito do rapaz, voltando a dedicar toda a sua atenção à bisque que borbulhava em sua panela. Ela permaneceu quieta por alguns instantes, refletindo sobre a oferta que o rapaz havia acabado de receber.

— Eu não sabia que Delia havia voltado para a casa de seus pais — mencionou enquanto experimentava o caldo, logo percebendo que estava mais salgado do que desejava. A constatação fez com que corresse até a despensa novamente, buscando algo para corrigir sua falha.

Elliot permaneceu quieto, os olhos fixos na tinta disposta sobre o papel, formando desenhos que não tinham o menor significado. Desde o baile de coroação do antigo monarca, ele havia descoberto não só a verdadeira identidade da ruiva, mas também todo o dilema que a fez afastar-se voluntariamente de sua família, no intuito de mantê-los a salvo das ameaças elaboradas por seu antigo noivo.

Mesmo sem a regularidade de antes, ele continuava prestando-lhe visitas esporádicas e da última vez que se viram, a camponesa lhe revelou o que havia descoberto sobre as intimidações que a mantinham longe de casa, cujo motivo já não existia mais. A confirmação não foi o bastante para desfazer a antipatia que sentia em relação ao Duque de Odarin, mas, uma vez ciente de que ela precisaria abandonar o local onde habitava em pouco tempo, parecia lógico que tivesse retornado ao seio de sua família.

— Eu sei que trata-se de uma boa oferta, mas teria mesmo coragem de deixar o castelo para trás? — A cozinheira questionou depois de retornar da despensa, dirigindo-lhe um olhar pesaroso. O tratador franziu o cenho, não compreendendo ao que a jovem se referia. Seu olhar incrédulo apenas fez com que ela se recordarsse de que não havia terminado de lhe transmitir a mensagem. — Pelo que pude compreender, o pai de Delia possui fazenda em Hallbridge, onde cria e comercializa animais de tração. Ele deseja contratar uma pessoa que possa auxiliá-lo no ofício. É disso que se trata sua carta, uma proposta de trabalho. Mas você não aceitará o convite, não é mesmo?

Elliot tornou a olhar para o papel, na esperança de que agora os rabiscos agora lhe transmitissem qualquer coisa. Ele continuava sem compreendê-los, mas podia imaginar a intenção de sua amiga ao enviar-lhe tal proposta.

Em outros tempos, teria simplesmente se livrado da correspondência, pois a ideia de abandonar seu pai, o lugar onde nasceu e cresceu, bem como também seus adorados cavalos, lhe soaria absurda demais para ser sequer cogitada.

Agora, a oferta não lhe parecia tão insensata assim. Aquele chamado soava muito mais como uma oportunidade.



Por quê está demorando tanto?”, pensava a jovem rainha com impaciência, sentindo-se cansada e nervosa ao mesmo tempo. Desde que enviara Phillip na delicada missão de desarmar a traição e as negociatas fraudulentas perpetuadas por Allen, a menina não tivera uma única noite de sono tranquila. Somado a isso, as vertigens e náuseas que passaram a acompanhá-la em sua rotina serviam apenas perturbar ainda mais seu humor instável.

À princípio, não conferiu maior importância ao mal estar, julgando tratar-se de uma indisposição pontual. No entanto, a persistência dos sintomas tornava-se cada dia mais difícil de suportar, a levando a crer que poderia haver algo de errado com a comida que lhe era servida. Só depois de compartilhar suas suspeitas com a governanta foi que Sarah teve seus olhos abertos para a realidade, que não mantinha qualquer relação com o trabalho de Maria e muito menos com suas refeições. Se tratava de uma condição muito mais grave e duradoura, uma a qual ela não seria capaz de esconder do restante do mundo por muito tempo.

— Ficar parada junto a janela não fará com que ele surja junto ao horizonte — Edgar pontuou, rompendo com o estranho silêncio que pairava sobre o Gabinete Real. O rapaz não conseguiria concentrar-se em seu trabalho enquanto a menina mantivesse aquela expressão endurecida, que em nada combinava com as suas feições joviais e que se prolongava há vários dias. — Preocupar-se com tanta intensidade não lhe fará bem algum.

— O que mais você espera que eu faça? — Sarah retrucou com indiferença, sem dirigir-lhe o olhar. Mesmo mantendo-se de costas, os olhos ainda fixos na entrada do castelo, podia imaginar exatamente o tipo de sugestão que seu consorte estava prestes a lhe apresentar. — Meu reino está sob ameaça, com um tortuoso conflito diante de nós e, apesar de meus esforços, não estou certa de que serei capaz de evitar um embate direto. Como poderei me manter calma diante de uma situação dessas, em que a vida e a segurança de meus súditos está em jogo?

Diante da ríspida resposta, o jovem Avelar crispou os lábios. Podia imaginar o peso da responsabilidade que se abatia sobre os ombros da menina e suas palavras não tencionavam fazer pouco caso de sua aflição. No entanto, algo lhe dizia que ela não estava sendo inteiramente verdadeira e que sua inquietação não se devia somente ao conflito envolvendo Greenwall.

Abandonando a pilha de relatórios que aguardavam sua análise, o Duque se ergueu de onde estava e caminhou cuidadosamente na direção de Sarah. Quando ela se encontrava naquele estado de espírito, insistir num diálogo poderia não ser a melhor opção, mas manter-se inerte diante daquela situação lhe parecia uma decisão ainda pior, de modo que ele optou por arriscar-se em sua tentativa.

Aproximando-se de onde a jovem rainha estava parada, Edgar repousou uma das mãos sobre sua cintura e a outra em seu ombro, sentindo-a travar os músculos de imediato. A reação servia para demonstrar que seu comportamento atual muito se distanciava da espontaneidade habitual que ele apreciava tanto.

— Eu não pretendia subestimar sua angústia — Edgar sussurrou, num tom apologético. As pontas de seus polegares esboçavam pequenos círculos, numa carícia discreta. — Mas percebo que esse não é o único assunto que a perturba.

Sarah buscava reunir forças para não fechar os olhos em deleite nem ceder àqueles toques. Estavam bastante próximos, de modo que ela podia sentir seu hálito quente, constatando quão suscetível havia se tornado à presença de seu consorte. Ele merecia saber o que se passava, mas como poderia dizer-lhe a verdade quando não havia palavras para externar sua inquietação? Doía deixá-lo no escuro daquela maneira, mas era preciso estabelecer prioridades e seu reino deveria estar sempre acima de suas questões pessoais. Com isto em mente, sua única alternativa foi manter-se de costas, evitando encará-lo diretamente. Não seria capaz de mentir debaixo do fulgor dos olhos de seu consorte, disso tinha certeza. — Não é nada que seja digno de sua atenção. — Sua voz sequer demonstrava a mesma convicção de antes e o Duque perceberia de imediato a inverdade de suas palavras, mas não havia qualquer disposição para debater aquela questão no momento.

Antes que pudesse acrescentar algo mais, três batidas contra a porta fizeram com que ela se virasse bruscamente, arrependendo-se do gesto de imediato. O cômodo girou à sua volta, sendo necessário apoiar-se no braço de Edgar por alguns segundos até recobrar o equilíbrio. Podia sentir seu olhar apreensivo sobre si, mas ela se recompôs e afastou-se com passos apressados, sem conferir-lhe tempo suficiente para questioná-la sobre nada.

— Com a sua licença, Majestade — proferiu o criado enquanto esboçava uma educada reverência, que havia ingressado no cômodo depois de ter sido agraciado com a autorização verbal da rainha. — Assim como requisitou, estive em contato com cada um dos representantes das Famílias Fundadoras. Todos responderam positivamente ao seu chamado e atenderão a Convocação Extraordinária nesta tarde.

— Ao menos, vejo que minha autoridade ainda serve de alguma coisa — ela murmurou para si mesma, alheia ao fato de que os demais presentes podiam ouvi-la perfeitamente. Tornando o olhar para o mensageiro, a jovem tornou a falar, desta vez com alguma delicadeza em sua voz. — Obrigada por trazer esta informação de maneira tão tempestiva.

— Se me permite acrescentar, Majestade, seu Secretário Real acaba de retornar — pontuou de maneira polida. Ao ver o rosto inicialmente indecifrável da rainha transformar-se numa expressão de surpresa e ansiedade, o criado acrescentou de maneira sugestiva: — Devo informá-lo que venha vê-la imediatamente?

— Sim, o mais rápido que puder. Também quero que solicite algo para nós na cozinha. Foi uma viagem muito longa e imagino que ele esteja com fome.

Com uma nova reverência, o mensageiro retirou-se do Gabinete e apressou-se em cumprir as novas ordens que havia acabado de receber.

Após ter certeza que a porta fora fechada, Sarah pôs-se a caminhar nervosamente de um lado para o outro, conjecturando os possíveis desfechos da audiência que Phillip requisitara perante o monarca de Greenwall. Sentia os olhos de Edgar pesando sobre sua figura, mas isso já não a incomodava mais.

O futuro de seu reino era a única coisa que realmente lhe importava agora.



— Você não imagina meu alívio em vê-lo são e salvo novamente — Sarah proferiu com certo ânimo, logo que o Secretário Real cruzou a porta do Gabinete.

Phillip dirigiu-lhe um olhar atravessado. O esboço de um comentário prepotente passou por sua mente, mas ele optou por guardá-lo para si, pois a preocupação da jovem rainha não era de todo injustificada. Ingressar no território inimigo para fazer-lhe acusações graves, levando consigo um numerário tão vultoso, era um plano arriscado, para não classificá-lo como insensato. Tais questões, aliadas à postura pouco conciliadora e diplomática do monarca de Greenwall apenas ressaltavam o risco de um empreendimento como aquele.

Sentando-se pesadamente em um dos estofados dispostos no cômodo, o rapaz tinha dificuldades em focalizar os objetos à sua frente, tamanha era sua exaustão. Ainda que os dois reinos fossem vizinhos, a residência da Família Real era terrivelmente distante da fronteira, o que resultou numa viagem demorada e pouco confortável, estando sujeito às intempéries do clima e ao cansaço dos cavalariços que montavam sua guarda. Em instantes, uma empregada surgiu para servir-lhes chá com brioches e depois de se retirar com discrição, restou sobre o jovem Chevalier o olhar ansioso de Sarah e Edgar.

— Honestamente, ainda não sou capaz de precisar se estamos diante de um sucesso absoluto ou de uma catástrofe completa. — Sua fala apenas potencializou a tormenta da jovem rainha, que torcia as mãos de maneira nervosa. O rapaz bebericou sua bebida e mordiscou um dos petiscos enquanto tentava organizar as ideias em sua mente. — O tesouro que encontramos foi devidamente devolvido em sua integralidade, isso posso lhe adiantar. No entanto, as consequências deste ato ainda são incertas.

— O que houve durante a audiência? — ela questionou com impaciência, sem desviar seu olhar das orbes esverdeadas de Phillip em nenhum momento. — O que restou acordado? Tenho certeza de que eles não ouviram nossas acusações em silêncio.

— Eu pensava da mesma forma. — O rapaz soltou um suspiro cansado, recordando-se da inquietante audiência que se vira obrigado a participar. — Mas a realidade foi um tanto diferente daquilo que estávamos esperando.

 

Sustentar suas razões para nobres cheios de soberba jamais fora um empecilho e, durante o percurso, ele se manteve em profunda reflexão, buscando antever possíveis defesas e o que poderia alegar para refutá-las. Ao chegar no suntuoso castelo de Greenwall, muito maior e imponente que o recém restaurado castelo de Odarin, fora prontamente recebido pelo monarca em sua Sala do Trono, havendo em seu redor outros tantos membros da Família Real, que ele supunha estarem ali para testemunhar sua reunião.

“Agradeço pela presteza e agilidade nesta recepção”, disse logo que ingressou no salão, em meio a uma respeitosa vênia. O Rei Alastair, de forte constituição apesar de sua idade avançada, se limitou em assentir enquanto esboçava um gesto impaciente para que prosseguisse sem maiores delongas. “Eu, Phillip Chevalier, venho em nome da Rainha Sarah de Odarin, para restituir o tesouro de Greenwall”.

Seu comentário foi responsável por várias trocas de olhares confusos entre os membros da Corte e só então o Secretário pôde constatar a presença de sentinelas trajando armaduras de ferro enquanto seguravam lanças afiadas. Sua boca tornou-se repentinamente seca, estando ciente de que um passo em falso ou uma palavra entonada de forma inadequada seria o bastante para que fosse executado sem direito a defesa. Encontrava-se no reino mais próspero de todo o continente e, sem dúvida alguma, no mais impiedoso e austero também.

O rapaz aguardava por palavras de retaliação, mas o monarca se limitou em alisar as suíças enquanto o analisava com um olhar indecifrável. “Me faria a gentileza de elucidar a que tesouro se refere?”, questionou após alguns instantes de ponderação muda. Phillip tentou disfarçar um suspiro nervoso, enquanto tornava o rosto para o Comandante dos Cavalariços e, através de um meneio positivo, indicou que trouxessem para o cômodo alguns dos caixotes recém descobertos.

As estacas de madeira da face superior foram erguidas e revelaram milhares de moedas de ouro cunhadas com o brasão da Família Real de Greenwall. Diante daquela exibição, esperava que desta vez Alastair esboçasse algo que lhe desse maiores indicativos do que estava por vir. No entanto, seu rosto continuava impassível e, se fosse arriscar um palpite, diria até mesmo que ele aparentava estar entediado com tudo aquilo.

“E qual a razão para tamanha riqueza encontrar-se no seu reino, tão distante dos cofres de nossos bancos?”, arguiu monarca. Enfim, chegaram à delicada controvérsia daquele conflito. Olhando nervosamente para os lados, o Secretário podia sentir o olhar fulminante dos demais nobres ali presentes, que o viam como um intruso atrevido. Estavam apenas esperando um deslize para que os lanceiros entrassem em ação.

“Eu acredito que conheça estas circunstâncias com riqueza de detalhes, Majestade”, tentou esquivar-se habilmente, ainda que estivesse ciente da baixa probabilidade de sucesso. “Não há necessidade de entrarmos em repetição, imagino”.

“Ah, mas eu insisto”, pontuou o soberano com uma voz recheada de amabilidade. No entanto, o tom ameno não foi capaz de disfarçar o discreto sorriso de escárnio estampado seu rosto. “Você veio de muito longe, seria uma descortesia de minha parte não permitir que diga tudo aquilo que pretende”.

Suas intenções logo se fizeram claras e Phillip mal conseguia acreditar que um Rei pudesse jogar de maneira tão baixa e desonrada como aquela. Tentando arrancar uma acusação direta, sua reação imediata seria refutar aquilo que lhe era imputado, alegando que Odarin é que estava secretamente saqueando seus cofres, numa tentativa de aplicar um golpe e fazê-los perder a credibilidade perante os demais reinos.

Ele não podia deixar de reconhecer a genialidade do plano, em que Greenwall sairia vitoriosa independentemente do cenário. Estava encurralado e sua próxima resposta iria determinar não só o seu futuro, mas também o de sua nação.

“Seus manufaturados, Majestade”, mencionou o Secretário, sentindo os olhares inquisidores dos membros da Corte voltando-se para o monarca com um ar de incredulidade. Aquele era um sinal em seu favor, dando-lhe confiança para prosseguir em sua fala. “A notícia a respeito da Companhia de Fundição de Minérios espalhou-se rapidamente pelos reinos aliados e a Rainha sente-se lisonjeada em contar com a sua confiança, que fez aquisições em tão altos valores de modo a incentivar nossa produção. No entanto, a construção ainda se encontra em seus momentos iniciais e já podemos antever uma baixa significativa em nosso estoque de cobre e estanho para este ano. Buscando manter a transparência e a confiabilidade de nossas transações comerciais, acreditamos que seja prudente devolver-lhe os valores investidos até que estejamos aptos a atender suas demandas integralmente”.

Phillip sentia as palmas das mãos molhadas, mas não esboçou nenhum gesto que pudesse denotar seu nervosismo. Ele encarava o Rei Alastair com intensidade e este lhe devolvia o olhar de igual modo. Ambos sabiam que aquela era uma inverdade do começo ao fim, mas o monarca não tinha margem para refutá-lo ou mesmo acusá-lo levianamente diante de toda a sua Corte. Estava em território neutro, o que não significava estar a salvo, mas apenas garantia que pudesse retornar para Odarin com o pescoço intacto.

O semblante do Soberano contorceu-se de tal forma que não foi possível distinguir se ele estava aborrecido ou se achava graça de tudo aquilo. Escorregando sobre o trono, numa postura debochada, o jovem Chevalier soube que sua impertinência não seria facilmente esquecida e haveria retaliação. No entanto, a batalha fora vencida e ele estava livre para partir.

“Renove para a Rainha meus votos de maior estima e consideração por sua sabedoria e delicadeza”, proferiu Alastair sob um tom monótono. “Esta audiência está encerrada. Tem minha permissão para se retirar”.

Com uma reverência polida, o Secretário recuou até a porta sem dar as costas em momento algum, sendo prontamente seguido pelos cavalariços. Só depois de deixar a Sala do Trono para trás foi que pôde suspirar aliviado, embora estivesse ciente de que seus problemas estavam apenas começando.

 

Sarah escutou a narrativa em silêncio e percebendo que já não havia mais nada a ser dito, tornou o rosto na direção de seu consorte. Edgar mantinha uma expressão reflexiva e ela conseguia identificar traços de apreensão em seu semblante. Todos estavam intimamente inquietos diante dos últimos acontecimentos, mas nenhum ousava ser o primeiro a tecer comentários àquela sucessão de fatos.

— Continuo achando que deveria ter sido você a requisitar uma audiência com o Rei Alastair — Phillip pontuou depois de bebericar de seu chá e devorar mais alguns petiscos. — Ele é bastante vaidoso e enviar alguém para falar em seu nome pode ter lhe dado a impressão de que não o considera digno o suficiente de sua presença. É o tipo de conclusão que pode nos custar caro.

— Não seja tolo, eu jamais terei toda a sua calma e desenvoltura para lidar com uma situação como essa — a jovem rainha comentou em tom de lamento. Aquela questão marcou a primeira desavença entre ela e seu Secretário Real, um julgando o outro mais adequado para a comparecer na audiência com o monarca de Greenwall. Restou ao Duque a responsabilidade de dar a última palavra e ele concluiu que o jovem Chevalier teria mais equilíbrio para lidar com a questão. — Você esteve lá, Phillip, e compreende a dimensão destes assuntos melhor que qualquer um. Diga-me, o que devo esperar do futuro?

O rapaz respirou fundo, fitando o chão por alguns instantes. A audácia de Sarah em desarmar seu esquema tão bem planejado e sua própria afronta em submetê-lo a uma mentira tão descarada diante de sua própria Corte não sairiam impunes, disso tinha certeza. No entanto, se deveriam esperar por uma represália comercial ou um ataque bélico, só o tempo poderia lhes dizer.

— Sendo bastante sincero, na sua posição, me prepararia para o pior — ele concluiu, dirigindo-lhe um semblante genuinamente aflito.

Erguendo-se de seu assento, a menina caminhou até a janela do gabinete novamente, dirigindo sua atenção e pensamentos para a extensão do jardim. Ao longe, podia identificar a figura do tratador de cavalos e um meio sorriso brotou em seu rosto. Pensar em suas preocupações de um ano atrás mostravam como sua vida fora frívola e limitada. O mundo tinha muito mais nuances do que sua infantilidade a permitia ver e foi um caminho tortuoso explorar cada uma delas.

De repente, seus olhos focaram em sua própria imagem refletida na vidraça. O penteado comportado, as vestes em tons sóbrios e a tiara de diamantes empoleirada sobre sua cabeça demonstravam que ela havia enveredado por um caminho sem volta.

— Os representantes das Famílias Fundadoras se reunirão em breve — ela pontuou com seriedade, tornando a olhar para os dois rapazes que aguardavam por uma reação sua. — Esse assunto foi mantido sob sigilo por tempo demais. Está na hora de todos saberem a verdade e, como você bem pontuou, nos prepararmos para o pior.



Sentada diante de sua penteadeira, Sarah sentia-se mais exausta do que nunca. Enquanto desmanchava as tranças de seu penteado, refletia sobre a reunião extraordinária que havia sediado naquela tarde. Protestos, acusações indiretas e comentários atravessados resumiam bem o encontro, mas ela não esperava nada diferente daquilo. Se tinham a intenção de desestabilizá-la ao criar um alvoroço, então deveriam ter retornado para suas casas bastante desapontados. Quando as vozes começavam a se misturar e o tom da conversa afastava-se dos protocolos de boa educação, ela mantinha-se silente até que a ordem fosse restabelecida e pudesse inquiri-los debaixo de um olhar gélido: “Terminaram? Podemos dar continuidade ao que realmente viemos discutir agora?”.

Demorou algum tempo até que os ânimos se acalmassem e todos pudessem trabalhar em prol de uma alternativa menos danosa. Não chegaram à nenhuma conclusão concreta, mas ao menos estavam de acordo em reforçar a defesa nas fronteiras e recrutar novos soldados.

Diferentemente do que poderiam pensar, manter o ar de indiferença e sobriedade era muito mais cansativo que exaltar-se com os demais, mas ela era a Rainha e não poderia se permitir perder o controle. Todos já tinham motivos suficientes para duvidar de sua capacidade e, em breve, haveria mais um para sua cota pessoal.

A porta do cômodo foi aberta e ela não precisou virar o rosto para constatar que aquelas passadas ritmadas pertenciam ao seu consorte. Podia sentir o peso de seu olhar sob suas costas, ao que ela optou por fingir ignorância.

— Eu gostaria de conversar com você — Edgar pontuou com seriedade, colocando-se de pé atrás da menina.

— Sou toda ouvidos — ela mencionou, enquanto retirava os brincos e o colar para guardá-los em sua caixa de joias, demorando-se duas vezes mais na tarefa que o necessário, na tentativa de adiar ao máximo aquele diálogo.

— Sarah, eu preciso que olhe para mim. — Sua voz apresentava um tom mais grave que o usual, denotando a preocupação que vinha importunando-o já há alguns dias. A menina finalmente lhe dirigiu o olhar, na tentativa de transparecer um ar de normalidade. O esforço era inócuo, pois ainda que o jovem Avelar não fosse capaz de ler mentes, ele sabia interpretar com precisão os gestos e expressões de sua esposa, mesmo os involuntários e discretos. — Você não pode fugir ou me ignorar para sempre.

— Eu não estou lhe ignorando — ela retrucou de imediato, mantendo a mesma indiferença de antes, na vã tentativa de ocultar as razões de sua aflição. — Tudo que fiz foi estabelecer uma lista de prioridades. De outra maneira, eu não seria capaz de lidar com todas as minhas obrigações.

Antes que Edgar pudesse questionar o significado por trás daquelas palavras, tímidas batidas contra a porta chamaram a atenção da jovem rainha, que autorizou a entrada de uma empregada. A interrupção foi responsável por fazê-lo bufar com irritação enquanto se afastava da menina, questionando-se quando teriam tranquilidade o suficiente para se afastarem de seus papéis de Duque e Rainha, passando a ser somente eles mesmos.

— Seu banho está pronto, Majestade, da maneira como requisitou — a servente mencionou em meio a uma vênia, sem erguer os olhos do chão em momento algum.

— Irei até lá em breve, obrigada — Sarah respondeu com delicadeza, dispensando-a com um gesto. Quando se viram à sós novamente, ela acrescentou com alguma rigidez: — Ela está apenas cumprindo com o seu trabalho, não há razão para tamanho aborrecimento.

— Você sabe muito bem que esta não é a razão de minha chateação — ele retrucou enquanto debruçava-se sobre a valise cheia de água, lavando o rosto de maneira ansiosa, na tentativa de acalmar a si mesmo.

Ainda com algumas mechas presas ao topo da cabeça, Sarah ergueu-se de onde estava e aproximou-se Edgar, o tapete abafando os sons de seus passos. Quando esteve perto o suficiente, permitiu que seu rosto repousasse sobre as costas do rapaz, enquanto uma mão espalmada subiu suas vestes até alcançar o ombro lesionado.

— Eu sei disso, mas tente me compreender. Nossa vida tornou-se uma sucessão de catástrofes e a sensação de não ter controle sobre nada me incomoda profundamente. — Edgar ouvia atentamente aquelas palavras sussurradas, ainda que se mantivesse de costas e apoiado contra o móvel, deixando que algumas gotas de água escorrem por seu rosto até retornarem para o recipiente de antes. — Em meio a uma crise como a que estamos enfrentando, distrações são uma espécie de luxo a qual não fazemos jus. Nós nunca falamos sobre o assunto, mas é uma realidade da qual não podemos fugir. O momento não poderia ser mais impróprio, estou ciente disso e as notícias de hoje me deixaram ainda mais temerosa. Imagine, o fardo e a responsabilidade de trazer uma criança para um reino em conflito é aterrorizante demais para suportar!

A menina prosseguiu com seu discurso confuso e amedrontado, mas ele já não memorizava nada do que lhe era dito. Será que havia escutado corretamente? Uma criança. Sim, era isso, uma criança estava a caminho. Mas algo ali não parecia estar de acordo. Erguendo o rosto e lhe direcionando um olhar confuso sobre o ombro, percebia que ela continuava falando ao passo que ele prosseguia sem ouvi-la. Mesmo que as palavras soassem distantes, a entonação utilizada em nada condizia com o teor daquela notícia.

— Você disse “fardo”? — ele pontuou com o cenho franzido após alguns instantes de reflexão, interrompendo seu monólogo inteligível. — É por causa disto que tem agido de maneira não estranha? Por que não me disse antes?

— Pensei que fosse ficar bravo com essa notícia. Afinal de contas, este é um momento tão inadequado...

Na medida em que proferia aquelas palavras, a convicção e o volume de sua voz iam perdendo força, ao passo que ela encolhia os ombros e mordia o lábio inferior com um semblante incerto. Algo no olhar de Edgar lhe dizia suas conclusões não poderiam ter sido mais equivocadas.

Exibindo um sorriso bobo em meio a uma expressão atônita, os dedos do rapaz tremiam de excitação. Com afobação, ele tomou as mãos da menina entre as suas, beijando-as repetidas vezes, na intenção de que isso a fizesse despertar de seus devaneios insensatos.

— Diga-me, como eu poderia me aborrecer com isso? — Arguiu enquanto soltava as mãos da jovem, passando a segurar seu rosto corado entre os dedos. — Nenhuma outra notícia seria capaz de me deixar tão feliz! Eu não permitirei que trate este acontecimento como um fardo, quando estamos visivelmente diante de uma graça. Qual a razão para tamanho temor?

— O Conselho deposita em mim a confiança do exato tamanho de um grão de mostarda. Quando este fato se tornar público, então terão a certeza de que eu não sirvo para governar este reino. Tenho obras para inspecionar, cavaleiros a nomear, doentes para visitar. Há ainda um conflito surgindo junto ao horizonte e Alastair não terá pudor algum em nos atacar quando estivermos mais vulneráveis — Sarah enumerou suas preocupações, enquanto permitia-se ser mimada pelas mãos quentes e gentis de seu consorte, proporcionando-lhe a sensação de conforto e proteção. Experimentava um certo alívio diante de sua reação positiva, mas suas conclusões sobre aquela questão permaneciam inalteradas, de modo que seu semblante consternado manteve-se igualmente intacto. — Sei que eu deveria estar feliz e me sinto até mesmo culpada por não partilhar sua alegria. Se todos estes aspectos não fossem suficientes, carrego ainda o receio de ter o mesmo fim que minha mãe. Isso, sem sombra de dúvidas, é o que mais me apavora.

Demorou alguns instantes até que Edgar ligasse os pontos e compreendesse a mensagem. Só agora podia perceber que ela vinha sofrendo em silêncio, atormentada pela ideia de não sobreviver ao parto, como sempre lhe disseram que havia acontecido com Katherine.

De imediato, seus braços a envolveram num apertado abraço, que foi prontamente retribuído pela menina. Ele se recordava do rosto juvenil e da personalidade contagiante da antiga rainha, lamentando profundamente que ela tivesse se despedido do mundo tão cedo. No entanto, sabia bem que sua trajetória chegara ao fim por motivos bem distintos daqueles que foram oficialmente divulgados, recordando-se com clareza da confissão velada de Allen. “Primeiro, eliminei a Rainha e logo em seguida assumi o controle das duas fiéis Torres que a sustentavam”, quase podia ouvi-lo dizer ao seu lado.

— Não se preocupe com esses detalhes agora — ele proferiu em meio a um sussurro, depositando um beijo no topo de sua cabeça. — Eu não permitirei que nada de mal lhe aconteça.

— Infelizmente você possui pouca ingerência em questões como essa — a menina pontuou com descrença, incapaz de conter uma lágrima teimosa que deslizava por sua face. Imaginava que Jacques tivesse lhe feito uma promessa semelhante, sem que tivesse o poder de cumpri-la.

Edgar não se incomodou em refutar aquele pensamento. Falar era demasiadamente fácil e, ao invés disso, ele pretendia transformar aquela pretensão em realidade através de seus atos. Afinal de contas, eles prometeram que iriam sempre cuidar um do outro.


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Notas finais do capítulo

Olá, meus amores, tudo bem?

Último capítulo do ano e simplesmente não existem palavras suficientes para agradecer por este ano incrível que foi 2018. Embora eu não tenha conseguido seguir o cronograma que tinha traçado para "The Queen's Path" (que estava programada para acabar em Setembro, o que apenas demonstra a minha inabilidade para cálculos rs), eu cresci, amadureci e aprendi muito não só com a escrita, mas também os debates e trocas de ideias que os leitores me proporcionaram.
Como já disse algumas outras vezes, estamos chegando ao fim desta trama e eu sinceramente não sei o que esperar de um futuro sem minhas doses semanais de Edgar/Phillip/Jacques/Robert hahaha~ Não só esses, mas todos os personagens tem uma importância tremenda e um enorme significado para mim, espero que também tenham tido para vocês. Mais uma vez, só tenho a agradecer por cada risada, crítica, sugestão e elogio. Que a escrita continue trazendo ótimos frutos para todos nós no ano que aproxima.
Um abençoado Ano Novo para todos, mamãe ama vocês ♥



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