The Queen's Path escrita por Diamond


Capítulo 30
Capítulo XXX - 13 de Agosto de 1872


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu leitores, tudo bem com vocês?

Parece mentira, mas finalmente chegamos ao Capítulo 30! E pensar que nos meus cálculos iniciais, essa história não contaria com mais do que 20 ou 25 capítulos. Mas não é porque adicionei mais detalhes a história não, sou apenas muito ruim de cálculo e projeções, hahaha!

Não me recordo se já comentei antes, mas todos os acontecimentos posteriores ao casamento da Sarah são os meus favoritos da trama. Gostaria de ter chegado a eles muito antes, mas infelizmente não pude imaginar uma forma mais objetiva de explorar os sentimentos e vivências de tantos personagens.

Espero sinceramente que estejam gostando da história. Nesse capítulo, especificamente, muitas outras problemáticas foram introduzidas, ainda que de maneira bastante sutil. Será que vocês conseguem identificar todas elas? Compartilha comigo seus palpites, apreensões e expectativas em relação ao futuro da Sarah e de todas as pessoas que convivem com ela! Não sou muito de usar as notas, mas dedico um tempo especial para responder meus comentários.

Agradeço imensamente por cada acompanhamento, favorito e comentário. Tem sido muito gratificante escrever essa trama e ela me trouxe muitos bons frutos até agora. Espero que continue trazendo muito mais. Sem mais delongas, desejo a todos uma ótima leitura!! ;)



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Sentada displicentemente sobre um banco no jardim, a expressão fúnebre de Sarah não combinava em absolutamente nada com o ar alegre e morno do verão de Odarin. Em outros tempos, a mera prospecção de poder usar roupas mais leves já era capaz de animá-la, mas dessa vez a passagem da estação não pareceu lhe afetar de nenhuma maneira. Nada realmente relevante havia acontecido, fazendo-a se sentir estagnada em algum ponto do passado. Os últimos meses passaram como um borrão. Sua única certeza era a passagem dos dias, pois era algo que vinha fazendo todas as manhãs.

Fazia cento e quinze dias desde que Beatrice se fora para sempre.

Recordava-se ainda que, no velório, algum nobre ao qual ela era incapaz de recordar o nome, havia lhe dito de maneira muito precisa: “dê tempo ao tempo, deixe que leve suas mágoas para longe, pois ele tudo cura”. Sua realidade estava um tanto distante daquele pensamento. Em nenhum dos dias que sucederam a morte da rainha ela havia se sentido minimamente melhor. Muito pelo contrário, o sentimento de abandono parecia engolfá-la cada vez com mais propriedade. Embora não fosse capaz de expressar aquilo em palavras, guardava dentro de si o profundo receio de que um dia não haveria mais uma única pessoa disposta a apoiá-la, algo que lhe apavorava ao ponto de fazê-la perder diversas noites de sono.

Sentia tanto falta dela! Apesar da rejeição inicial, não demorou muito até se afeiçoar completamente à consorte de seu irmão, que agia ora como sua melhor amiga, e ora como uma verdadeira mãe. Adorava cada aspecto seu, fosse sua indecisão na hora de comprar vestidos e joias, ou então na admiração que sustentava em relação a delicadeza e elegância em cada movimento seu. A face angelical e a voz serena cativavam todos à sua volta de maneira quase instantânea. Agora, já não restavam mais qualquer desses aspectos, somente as lembranças que guardaria consigo para sempre.

Àquela altura, já não fazia mais sentido chorar. Derramou tantas lágrimas quanto possível e mesmo assim não conseguiu lavar aquela dor de sua alma. Fechando os olhos, a princesa tentou reviver um momento feliz, do tempo que aproveitavam as horas livres juntas, na extensa área pertencente à Família Avelar, quando ainda residiam em Hallbridge. Remanesciam em sua mente, de modo bastante vívido, as lembranças de quando não passava de uma criança impetuosa, brincando de maneira despretensiosa, na época em que suas lições tornaram-se mais esparsas. Apesar dos protestos de Evangeline em relação a frequência de suas aulas, não havia muito que pudesse ser feito, já que se tratavam de ordens diretas de seu irmão.

Sempre debaixo do olhar atento e afetuoso de Beatrice, que tentava captar toda a beleza da paisagem em seu caderno de desenhos. Momentos doces como aqueles permaneceriam para sempre intactos em sua memória. Ela precisava deles para ter certeza de que, em algum ponto do passado, havia experimentado o que era a felicidade.

Suspirando com pesar, sentido que carregava uma bigorna atada ao peito, Sarah tentou buscar em sua mente as últimas palavras proferidas por sua mais fiel e adorada amiga. Tinham travado aquele diálogo alguns dias antes de sua morte, e cada palavra dita ali continuava marcada em sua consciência.

 

 

Estavam sozinhas no quarto e a princesa tentava a todo custo fazê-la comer alguma coisa. Para sua infelicidade, o estômago da jovem rainha rejeitava qualquer alimento que não fosse líquido e sua exagerada magreza começava a assustá-la. Seu corpo ameaçava, a qualquer instante, desaparecer do mundo por falta de provimentos.

— Coma mais um pouco, Beatrice, este caldo há de fazê-la sentir-se melhor — insistiu enquanto levava cuidadosamente uma colher cheia até os lábios da loira.

— Obrigada por toda a atenção, Sarah, mas já estou mais do que satisfeita — a senhora daquele castelo aceitou a última colherada, mas tratou de se desfazer do prato fundo antes que tornasse a se sentir enjoada. — Ouça, minha querida, gostaria de fazer-lhe uma pergunta e quero que seja bastante sincera comigo.

— Sou toda ouvidos, o que deseja saber? — Sarah respondeu, com prontidão, apesar de ter sido sua companhia a iniciar o diálogo, Beatrice não parecia muito segura do que estava para falar, algo que deixou transparecer em sua hesitação.

— Desde o dia de seu casamento, como Edgar tem lhe tratado? — ela inquiriu, temendo desde já a resposta para aquele questionamento. Mordia levemente o lábio inferior e as mãos pareciam inquietas, como se não soubesse qual o local mais adequado para repousá-las. — Espero que não tenham tido nenhum problema. Eu não suportaria vê-la enfrentar um terço daquilo que estou vivendo!

— Quanta bobagem, Beatrice! Estamos exatamente da mesma forma que sempre fomos e não haveria de ser diferente — a princesa soou aborrecida em sua resposta, o que se deu em razão de seu espanto com aquela pergunta. — É certo que a viagem fez com que nos tornássemos ainda mais íntimos, mas não deixamos de ser os mesmos bons amigos de antes. Você bem sabe que a companhia de Edgar é muito agradável e não tenho nenhum motivo para achar que o deixará de ser algum dia. Sinceramente, não compreendo o que quis insinuar com essa pergunta.

— Questionamentos de praxe, não há nenhuma razão específica — a loira respondeu, seu tom de voz baixo e calmo. Apesar da escusa, era visível em sua face que algo a preocupava. Sentia que precisava compartilhar seus receios com a mais nova, mas receava deixá-la chateada. — Sarah, escute com atenção: quero que, a partir de agora, você tenha muita cautela com suas ações e palavras. Nem sempre as pessoas são exatamente aquilo que imaginamos e quaisquer máscaras hão de cair mais cedo ou mais tarde. Prometa-me que será cuidadosa, está bem?

— Eu agradeço a sua preocupação, mas não a compreendo. — E a menina, de fato, não compreendia. Até então seu consorte se mostrara uma pessoa atenta aos mínimos detalhes, sendo incapaz até mesmo de afagar-lhe as frontes quando não vislumbrava abertura para tal. Não conseguia imaginá-lo forçando-a a qualquer coisa sem o seu consentimento. Infelizmente, era obrigada a admitir que, até bem pouco tempo, ela também não era capaz de imaginar as atrocidades que seu irmão vinha cometendo. Embora muito descrente daquela possibilidade, deveria admitir que talvez as preocupações de Beatrice não fossem tão infundadas assim. — Juro como me manterei atenta, mas confesso não acreditar que algum ato deste tipo possa partir de Edgar.

— Sei muito bem disso. Acredite em mim quando digo que não tenho razões concretas para desconfiar dele. — A jovem rainha mordeu os lábios novamente, um tanto nervosa. — Mas ando muitíssimo aflita com tudo isso e por essa razão quero que se sinta alertada.

— Tenho certeza absoluta de que Edgar jamais me fará mal algum dia — Sarah sentenciou, parecendo totalmente convencida daquilo. Era bem verdade que Allen vinha decepcionando-a bastante, mas o Duque estava longe de sequer se assemelhar ao monarca.

— Minha querida, você já não é mais uma menina e sim uma dama agora. Tem a mente muito à frente de nosso tempo, é ousada e espontânea, o que a torna realmente única em nosso meio. — Beatrice sorria e tentou afagar o rosto de sua companhia, mas o ardor de seus dedos a impediu de prosseguir com a carícia, de modo que se resignou a sorrir fracamente, tentando demonstrar todo o seu afeto pela mais nova através de seus olhos. — Entretanto, percebo que não enxerga o mundo exatamente da maneira como ele é e por essa razão rogo que seja tão cautelosa quanto possível. Eu apenas não quero que se machuque.

— Como bem pontuou, eu já estou bem crescida — a princesa devolveu o sorriso afetuoso, inclinando-se para perto de sua amiga. — Não precisa se preocupar tanto, eu ficarei bem. Trate de se concentrar na sua recuperação agora.

Imitando os movimentos de outrora da rainha, Sarah massageou carinhosamente as bochechas de Beatrice, que fechou os olhos e se encostou melhor em sua pilha de travesseiros. Seus dedos delicados e macios subiam e desciam por sua face lentamente. A carícia conferiu a Beatrice a agradável sensação de paz, tornando o ambiente propício para que finalmente pudesse dormir um pouco.

A menina jamais proferiu aquelas palavras em voz alta. Tinha medo de que mesmo o fantasma de Katherine fosse se magoar se, de alguma forma, ela deixasse aquele pensamento escapar de sua mente. Mas, no fundo de seu coração, ela nutria um sentimento tão afável para com a esposa de seu irmão. Desde que a loira entrara em sua vida, sentia como se finalmente tivesse ganhado uma mãe ou ao menos alguém que ocupasse seu lugar.

Amava Beatrice como amava a imagem que tinha de Katherine. Possivelmente, até mais.



— Por céus, Sarah, há quanto tempo está aí embaixo?

A voz impaciente e nervosa soou alta, mesmo estando a alguns metros acima de sua cabeça. O torso de Evangeline encontrava-se debruçado sobre uma das milhares de janelas do castelo, no local onde deveria ser na biblioteca, pelos seus cálculos.

— Não estou acreditando que você passou a manhã inteira aí! — a governanta proferiu, de maneira preocupada diante da falta de uma resposta. — Entre imediatamente, ou irá acabar tendo uma insolação.

Sarah pensou em protestar, mas rapidamente chegou à conclusão que não tinha nenhuma boa razão para fazê-lo, senão o hábito de contrariar as determinações de Evangeline. De modo silencioso e obediente, a princesa deixou para trás o jardim, retornando para seu quarto a passos lentos e desanimados.

A senhora vinha lhe dando tanta atenção desde o falecimento de Beatrice, que a fazia sentir-se novamente com dez anos de idade. Não poderia culpá-la, estava tão habituada a estar cuidando de alguém que todo o zelo não passava de uma reação natural.

Depois de longos minutos de caminhada, ela finalmente chegou ao quarto, onde foi bombardeada por uma série de perguntas. Evangeline colocou a mão em sua testa ao menos três vezes, tentando auferir a temperatura. Deixou-a fazer o que bem queria, enquanto respondia as perguntas uma a uma, sem qualquer emoção em sua voz.

Ambas silenciaram-se no mesmo instante, ao escutar o som do trinco sendo aberto. Simultaneamente, tornaram o rosto em direção a porta a tempo de ver o Duque ingressar no cômodo.

— Estou certa de que deve estar com sede, depois de passar tanto tempo exposta ao sol. Vou buscar algo para beber. Sim, uma jarra de água fresca, é isso que você precisa — afirmou a governanta, de maneira afobada, enquanto saía rapidamente em direção a cozinha.

Tão logo se viram à sós, Edgar aproximou-se da princesa com certa pressa e depositou um singelo beijo em sua testa, enquanto a questionava distraidamente como ela estava se sentindo. Sarah murmurou um “estou bem” enquanto o observava se afastar em direção ao enorme guarda roupa.

Num rápido instante de reflexão, ela admitiu a si mesma de que não desgostava daquele gesto, mas costumava apreciá-lo muito mais quando se tratava de uma genuína expressão de carinho, e não um ato rotineiro, repetido mecanicamente todos os dias por seu consorte.

Ele também parecia se comportar de maneira diferente desde a morte da rainha. Raramente conseguiam se ver, salvo o horário das refeições, onde a privacidade para conversarem era inexistente. Estava ainda mais inseparável de Allen do que nunca, fazendo-a se questionar se a aproximação se deu pelo fato de estar realmente abarrotado de obrigações ou se o trabalho era uma mera escusa para evitá-la.

— Vai a algum lugar? — ela questionou, enquanto se apoiava contra sua penteadeira.

— Sim, é claro — Edgar respondeu, ainda de costas para sua companhia. Vasculhava o armário em busca de qualquer coisa que não conseguia encontrar e parecia um tanto aborrecido com isso. Aparentava estar com pressa. — Uma reunião com a Associação Mercantil, querem discutir como será o arbitramento das taxas cobradas nos portos de Hallbridge.

— Compreendo. — Foi a única coisa que conseguiu proferir, uma vez que Sarah não compreendia absolutamente nada de negociações comerciais, ou mesmo de boa parte dos assuntos que eram tratados diariamente pelo monarca e seu secretário real. — E onde será realizada essa reunião?

— Se eu me lembro corretamente, o encontro será realizado na chácara dos Chevalier.

— Quer dizer que estão indo até a casa da Família Chevalier? — a princesa questionou, sentindo-se levemente empolgada pela primeira vez em muito tempo. O repentino ânimo em sua voz não passou despercebido por seu consorte. — Eu quero ir também.

— É uma reunião, Sarah, e não uma visita casual — ele pontuou, estranhando sua repentina mudança de humor. Andara tão desanimada nos últimos meses que sentia-se curioso em saber o que fora capaz de animá-la, ainda que de modo tão discreto. — Além do mais, achei que odiasse os Chevalier.

— Não me entenda mal, como família eles são simplesmente detestáveis — ela respondeu com um rápido movimento negativo de suas mãos. — No entanto, Phillip não é tão odiável quanto os demais, e já tem algum tempo desde a última vez que nos vimos.

— Então seu interesse é exclusivamente voltado ao ultimogênito? — sua voz soou jocosa, como se tivesse acabado de proferir uma piada, mas Sarah não pareceu compartilhar do humor de seu consorte. Sua expressão fechou-se automaticamente, demonstrando seu desagrado com aquela infeliz escolha de palavras.

— Phillip é meu amigo, se é isso que quer saber. Espero que isso não venha a se tornar um problema.

Para Sarah, seu último apontamento fora proferido em um tom ordinário, ainda que assertivo. Já tivera que lidar com os ciúmes descabidos de Elliot há algum tempo atrás e sabia bem que a precisão de suas respostas, bem como a não hesitação era primordiais para afastar aquele tipo de dúvida. Edgar, por outro lado, não interpretou as palavras daquela maneira. Ao invés disso, sentiu-se diretamente afrontado pela maneira autoritária como a mensagem lhe fora repassada, como se tivesse invadido um espaço ao qual não era bem vindo.

— Não, nenhum — ele respondeu, em um tom de voz tímido e bastante resignado.

— Ótimo — a princesa proferiu, achando ter-se livrado de todo e qualquer motivo para descrenças. — Podemos ir?



Desde que compreendia a si mesmo como gente, Phillip recordava-se de ter sido dado aos estudos. Parte do seu empenho devia-se ao fato de ser o caçula da Família Chevalier. Conforme ditavam os costumes da época, não lhe restaria muito após o falecimento de seus genitores, pelo mero infortúnio de ter sido o último a nascer. Com sorte, conseguiria uma pequena propriedade para morar na meação da herança e, talvez, uma miserável pensão a ser compartida entre os dois mais velhos. No entanto, a despeito de suas motivações sociais, sentia verdadeiro prazer em aprender coisas novas todos os dias. Sentia que o conhecimento lhe conferia uma espécie de poder pouco difundida naquela época. Com a preparação constante, sentia-se pronto e aguardava pacientemente o momento certo para fazer bom uso daquilo.

Sentado em um local recluso de uma taverna, distraia-se fazendo algumas anotações em seu diário de bolso. No topo da página, um expressivo asterisco indicava uma importante reunião, em sua própria casa, e que felizmente não demandava sua presença. Martín e Julian que se entediassem com aquilo, pois ele tinha assuntos mais importantes para tratar.

Esvaziando sua gorda caneca em um último gole, o rapaz deixou sobre a mesa duas moedas de prata, pronto para abandonar o estabelecimento e seguir em direção ao seu próximo destino. Já estava bem próximo da porta, quando um largo grupo de homens muito barulhentos reunidos em volta de uma outra mesa chamou-lhe a atenção.

— Garoto, venha cá! — um dos velhos exclamou, enquanto convidava-o a se aproximar com uma caneta em mãos. — Você é aquele menino, o mais moço dos Chevalier, não é mesmo? Diga-nos, que podemos esperar do encontro de hoje à tarde?

Depois que a pergunta fora proferida, o som das conversas paralelas cessou drasticamente, sendo reduzido ao som dos copos e talheres se chocando contra a porcelana dos pratos. Todos o olhavam com atenção e Phillip não precisou mais do que um rápido olhar sobre cada um deles para constatar que eram todos comerciantes.

— Acredito que os senhores, assim como os demais mercadores de Odarin, devam esperar o pronunciamento oficial acerca deste assunto — respondeu, apenas para ver o grupo desatar em gargalhadas logo em seguida.

— Deixe de tolices, garoto. Acha que não sabemos o que estão tentando fazer? — retrucou o velho, enquanto vertia o conteúdo da caneca em sua boca com tanta secura, que algumas gotas escorreram pela barba grisalha. — Nos fazem comprar a ideia de que a abertura dos portos será a salvação dos negócios e poucos meses depois surgem com essa taxação sobre os produtos embarcados. Nos levar à falência, é isso que querem!

— Não acha que é um tanto insensato crer que não haveria uma tributação em cima dessas exportações? — Tentar fazer com que sua voz não soasse arrogante naquela situação era uma tarefa realmente difícil. Se havia algum revés advindo de seus estudos, é que ele se enfadava muito rapidamente da ignorância generalizada.

— Compreenda, meu jovem, que não se tratará de uma mera tributação para fins fiscais — respondeu um outro velhote, em meio a um soluço. Definitivamente, já estava bêbado. — Eles vão literalmente acabar conosco, escreva o que estou dizendo. Nenhuma decisão que parta da Coroa pode ser realmente sensata. Aposto que não ficariam satisfeitos com doze por cento!

— Doze por cento? — Phillip assobiou instintivamente. Era realmente uma surpresa ver os mercadores dispostos a pagar tanto. Podiam negar agora, mas estavam realmente empolgados com a prospecção dos lucros advindos da exportação. — Essa é a taxa que você julga justa?

— Evidentemente. — Outro soluço o interrompeu e ele precisou de alguns segundos para se recuperar antes de tornar a falar. — Mas você vai ver, eles não vão ceder por menos do que vinte.

Tão subitamente quanto antes, a conversa barulhenta recomeçou e o rapaz já não detinha mais a atenção dos comerciantes. De modo pensativo, ele deixou a taberna para trás, sua mente vagueando distante. Enquanto caminhava pelas ruas, movimentava vagamente seus dedos contra o ar, fazendo cálculos hipotéticos. As contas não eram muito precisas, pois não tinha certeza do quanto era ganho em exportações, mas presumindo alguns valores altos e aplicando as taxas mencionadas minutos atrás… “Meu Deus, nem mesmo os gastos de de Odarin em três anos chegariam a esse valor”, pensou com certo espanto. Ainda era cedo para tirar conclusões precipitadas, mas definitivamente o assunto valia um estudo minucioso.

Suas conjecturas foram interrompidas pelo vislumbre da carruagem pertencente à Família Real aproximando-se de sua casa. Não haveria nada realmente interessante na cena, se não fosse a figura da princesa descendo delicadamente os degraus do veículo. Não trocaram mais que algumas cartas desde o óbito da rainha e olhando-a agora, era visível como a dor da perda a afetara. O olhar curioso e infantil parecia pesado e cansado ao mesmo tempo, além de não haver a empolgação de antes em seu caminhar.

Phillip apressou seus passos, agora bastante ansioso para chegar em casa. Observava os cumprimentos formais que seu pai conferia a eles. Allen tomava à frente do pequeno grupo, ao passo que Sarah segurava distraidamente o braço de seu consorte, que coincidentemente atuava como secretário real. Enquanto se aproximava, não conseguia deixar de pensar consigo mesmo: “Que visita mais oportuna essa sua. Eu não poderia pedir por mais”, imaginou com um meio sorriso estampado em seu rosto.

Estavam quase adentrando na suntuosa morada, quando o olhar de Sarah vagueou rapidamente pela rua. De relance, pôde perceber a aproximação do jovem Chevalier, que se encontrava prestes a ingressar propriedade. De maneira instintiva, a princesa sequer se deu conta de largara o braço de Edgar, para ir de encontro ao rapaz de olhos acinzentados.

— Algum lugar onde possamos conversar? — ela questionou, de maneira tímida.

— Claro, por aqui. — Phillip apontou para o jardim e ambos caminharam silenciosamente até atingir um espaço mais fechado. Era encoberto por plantas e árvore responsabilizava-se por formar uma agradável sombra sobre um balanço de jardim. — Como tem sido?

— Não é fácil — a princesa replicou, de imediato. O assento do balanço de madeira era largo e suficiente para comportar o dois. Enquanto tentava organizar os pensamentos, ela encarava os nós dos próprios dedos. — Tenho a impressão de que estou apenas existindo. Não vou mentir para você, os últimos meses foram realmente terríveis.

— Temos isso em comum. Estamos cansados disso tudo.

— Isso tudo o quê? — incrédula, ela questionou a dimensão daquelas palavras, apenas para vê-lo esboçar uma careta e balançar as mãos de maneira vaga, indicando que “tudo” significava, literalmente, tudo. De certa forma, ele não estava errado. — E como se já não bastasse, constantemente tenho a impressão de que todas as pessoas que conheço estão, uma a uma, partindo e me deixando para trás.

— Não seja tão dramática, tenho certeza que há muitas pessoas que ainda te apoiam — Phillip retrucou, com a impaciência que lhe era típica. — Para ilustrar o que digo, basta se recordar daquela abelha inquieta que é a sua governanta.

— Quanta maldade! — Por um breve momento, Sarah esboçou uma ligeira risada, possivelmente a primeira em muitos meses. — Por um momento, achei que fosse falar de você.

— Eu não contaria com isso — disse o rapaz de maneira irônica. No entanto, o olhar pesaroso que se formou no semblante da princesa fez com que ele sentisse a necessidade de esclarecer sua fala. — O que quero dizer é que não é a minha própria imagem que me vem à mente quando penso na definição de um “bom amigo”.

— Talvez. Mas tem uma coisinha que o torna único. Você é verdadeiro, nunca mascara seus pensamentos e opiniões. Para mim, isso basta para torná-lo especial.

Embaraço certamente não era algo ao qual o filho do Barão Chevalier estava acostumado. Sua sede por conhecimento o manteve distante da realidade boêmia de seus irmãos e o preveniu de quaisquer tipos de amantes que pudesse arranjar. Havia sempre uma resposta pronta em sua mente, para que jamais houvesse espaço para a hesitação. No entanto, naquele instante, não havia nenhum discurso pronto para responder ao gracejo que acabara de receber.

Sarah o encarava pacientemente, aguardando enquanto sua companhia absorvia aquelas palavras.  Depois de alguns instantes, resignado com a certeza de que não conseguiria pensar em nada a altura para dizer, Phillip apenas sorriu.



Quando a carruagem retornou à sua morada, o dia já se encontrava perto do fim. Os trajetos eram feitos sob um silêncio perturbador e sepulcral, uma vez que nenhum dos membros remanescentes da Família Miglidori vinham se falando como antes. Quando o faziam, não trocaram mais do que poucas palavras polidas, muito à contragosto.

Allen caminhava dois passos à frente, quando Sarah e Edgar vinham logo em seguida. Da maneira mais discreta que conseguiu empregar, a princesa segurou o braço de seu consorte com um pouco mais de força que o usual, enquanto diminuía gradativamente o passo, obrigando-o a fazer o mesmo. Os passos ritmados e inalterados do monarca fizeram com que ele se afastasse pouco mais de um metro do casal. Confuso, o jovem Avelar tornou o rosto para ela, tentando compreender a razão para aquilo.

— Vamos para o quarto? — a princesa questionou, enquanto mordia o lábio inferior, sentindo-se incerta de suas próprias palavras. Em algum momento de sua conversa com Phillip, o rapaz lhe dissera para perseguir aquilo que ela almejava, sem esperar pelo apoio dos outros. Certa de que falar era mais fácil do que agir, sua voz não passava de um sussurro, dirigido exclusivamente a Edgar. — Já tem algum tempo desde a última vez que passamos algum tempo juntos.

O jovem Avelar estaria mentindo se dissesse que aquelas palavras não o surpreenderam. Estava consciente de sua ausência, ainda que ela não fosse de todo injustificada. Monitorava de perto os passos de Allen, atento às suas ações e mudanças de humor. O ar contemplativo acabou por se dissipar após a morte de Beatrice, mas ele não se deixou enganar pela falsa sensação de calmaria. Sabia bem que os pensamentos do monarca cozinhavam lentamente, em fogo baixo e seriam servidos somente quando não houvesse falhas aparentes.

— Eu… Desculpe-me, Sarah. Depois da reunião de hoje, preciso preparar o decreto que dará publicidade aquilo que foi decidido. Foram taxativos ao determinar que ele deveria estar pronto até o fim da semana. — Gostaria de permitir-se uma trégua de toda aquela tensão mais do que tudo, mas sabia bem que ainda não era o momento de abaixar sua guarda. Allen era imprevisível e somente se sentiria seguro caso pudesse acompanhar sua linha de raciocínio.  — Eu preciso ir agora.

— Tudo bem, eu compreendo. — Apesar das palavras de tolerância, a decepção tornou-se visível em seu rosto. Por um breve momento, pensou em pedir-lhe que não chegasse muito tarde, mas sabia que de nada adiantaria o pedido. Ele sempre retornava muito depois dela já ter adormecido.

O Duque capturou sua nuca com uma das mãos e puxou-lhe o rosto para agraciá-la com mais um beijo fraternal em sua testa. “Isso de novo”, ela pensou com irritação, enquanto sentia-o desvencilhar-se de suas mãos, apressando-se para conseguir acompanhar o monarca. Novamente deixada para trás, àquela altura a jovem contava como companhia tão somente sua própria solitude.

Sentia-se uma verdadeira tola por esperar qualquer tipo de tratamento diferente daquele. Não era como se Edgar estivesse apaixonado por ela ou qualquer coisa minimamente similar a isso. Não podia exigir que ele a abraçasse todas as noites e distribuísse beijos carinhosos em seu pescoço, enquanto conversavam amenidades. Sabia que não tinha esse direito, simplesmente porque não fora ele quem criou aquele tipo de expectativas em sua mente.

Caminhando até a janela mais próxima, ela admirou a extensão de seu vasto jardim, que naquele momento era banhado pelos últimos raios solares. Ao longe, conseguia distinguir perfeitamente a figura de Elliot e Jacques caminhando juntos. O garoto retornou ao trabalho nos estábulos, mas desde a morte de Beatrice, Sarah não tornou a procurá-lo. Nas poucas vezes em que se cruzaram, não trocaram mais do que olhares enviesados um para o outro. A tensão pairava sobre eles e ela não sabia como desmanchar o ar desagradável. “Eu realmente queria que as coisas tivessem sido diferentes… É uma pena que você não tenha acreditado em mim”, pensou com pesar. Quantas vezes desde seu casamento ela se arrependeu de ter insistindo num relacionamento tão precoce? Teria lhe valido muito mais ter preservado sua antiga amizade. Mas Elliot se fora, possivelmente para sempre, tal como os demais.

Instintivamente, sua mente retornou para a figura de Edgar. Sabia bem que Allen colocava sobre seus ombros uma carga de responsabilidades equivalente a uma tonelada em sacas de areia. E mesmo ciente daquilo, era realmente frustrante ter que lidar com tudo aquilo sozinha. Almejava uma companhia, alguém a quem pudesse chamar de melhor amigo e atuasse como seu braço direito. Precisava de algum apoio, embora não soubesse ao certo aonde procurar.

Suspirando profundamente, decidiu que já estava na hora de retornar para seu quarto. Evangeline certamente lhe prepararia um banho morno e ela encararia os detalhes do teto até finalmente adormecer, cansada demais para esperar por seu consorte. Caminhava sem ânimo algum pelos corredores, até algo chamar-lhe a atenção.

A porta dos aposentos reais encontrava-se entreaberta, o que por si só era um fato estranho. Se Allen havia acabado de seguir para o seu Gabinete, quem estaria ali dentro? Aproximando-se com cautela, a jovem tentou ouvir o que se passava do lado de dentro.

— Senhorita, por favor, tente pensar com clareza — disse a primeira voz, em um tom esganiçado. — Imagine o tamanho do problema se nos apanham aqui!

— Podem até mesmo nos enxotar daqui! — disse a segunda voz, praticamente em meio ao choro. — Por favor, reconsidere...

— Poupem-me de suas lamúrias! — uma terceira voz, esta já muito conhecida pela princesa, fez-se presente de maneira imperiosa, como já era de costume. — Acham mesmo que podem se livrar de mim assim? Garanto-lhes que não.

Apenas para ter certeza de que não era traída por seus próprios ouvidos, Sarah esticou um pouco mais o pescoço, tentando alcançar discretamente a brecha da porta. Se a figura de Charlotte naquele cômodo já era uma desagradável surpresa, vê-la usar a tiara cravejada de diamantes que pertencera a Katherine com tanta propriedade era simplesmente aviltante!

— Mal posso esperar pelo momento em que esta relíquia passará a ser oficialmente minha — a ruiva comentou, em meio a uma risada vitoriosa. As pedras preciosas cintilavam sobre o cabelo vermelho alaranjado.

— Tire essa tiara imediatamente!

As três moças tornaram o rosto imediatamente. As duas empregadas aparentavam estar mortalmente envergonhadas de terem sido flagradas invadindo os aposentos reais. Charlotte, por outro lado, esboçou o melhor sorriso presunçoso que conseguiu imaginar. Desfilava pelo cômodo, balançando os fios elegantemente, de modo a exibir a pequena fortuna que trazia sobre a cabeça.

— Mas ficou tão bonita em mim. Não vejo nenhum motivo aparente para tirá-la.

— Essa coroa pertenceu a minha mãe e posteriormente foi repassada para Beatrice —Sarah mencionou entre os dentes e cerrando os punhos. Nunca, em toda sua vida, tivera tanta vontade de estapear alguém dessa forma. Estava tão concentrada que sequer reparou no momento em que as empregadas esgueiraram-se pela porta. — Deve ser usada somente pela rainha de Odarin. E você não tem esse direito!

— Eu não me preocuparia com as formalidades, querida. Ela será minha de qualquer forma, trata-se apenas de uma questão de tempo. Afinal, eu não preciso lembrá-la que sua adorada Beatrice não foi sequer capaz de conceber um herdeiro para o reino. — Enquanto falava, a filha do Conde Avelar tornou sua atenção para uma caixa de veludo, disposta sobre a penteadeira da antiga possuidora do quarto.  — Mas, se lhe servir de consolo, me vejo obrigada a reconhecer que ela tinha um gosto excepcional para joias. Todos os seus brincos combinam perfeitamente com essa coroa, não é maravilhoso?

— Estou lhe avisando, tire-a imediatamente e saia daqui — a princesa tremia, incapaz de conter sua própria raiva. Sentia o sangue borbulhar e o rosto torna-se corado pela fúria.

— E se eu não quiser, o que fará para me impedir? Vai chorar aos pés do seu amável irmão? Eu não contaria com o apoio dele, principalmente depois de presenciar como o relacionamento de vocês anda fragilizado.

Julgando já ter concedido avisos o suficiente, Sarah aproximou-se da ruiva com rapidez, sentindo-se novamente com dez anos de idade. Evangeline costumava dizer que ela se assemelhava a um gato selvagem e violento, motivo este que Charlotte estava prestes a descobrir. Sua mão enluvada ergueu-se até a altura de sua cabeça e desceu com um movimento certeiro, atingindo em cheio o rosto da ruiva.

Devido ao impacto, a tiara rolou livremente pelo quarto, uma vez que não se encontrava bem presa aos cabelos da jovem. Antes que pudesse dizer qualquer coisa em protesto, a filha do Conde Avelar sentiu um forte ardor em seu rosto, mas não somente nele. Com as unhas perfurando o tecido da luva, a princesa enfiou os dedos entre os cachos avermelhados e os puxou com toda a força que conseguiu empregar.

— Sua louca, solte-me imediatamente! — Charlotte gritava, de medo e de dor, enquanto tentava inutilmente desvencilhar-se das mãos de Sarah. A despeito da aparência infantil, a menina tinha muito mais força e ferocidade do que jamais pudera imaginar.

Não tardou muito para que dois guardas invadissem o quarto, acompanhados das duas empregadas de antes. As duas soltavam guinchos ansiosos, nervosas demais com toda aquela situação. Os dois homens tentavam separá-las a todo custo, mas a princesa tinha uma opinião muito distinta do que queria fazer naquele momento.

Com um puxão mais forte que os anteriores, as duas foram finalmente separadas, o que culminou em um grito mais alto que os anteriores. Sarah arfava com o esforço, sentindo-se exausta ainda que muito satisfeita. Num canto do quarto, Charlotte encontrava-se encolhida no chão, choramingando baixinho enquanto mantinha as mãos firmemente pressionadas contra os ouvidos. Debaixo de seus dedos, o sangue escorria livremente.

— Talvez isso lhe ensine uma lição, de uma vez por todas — Sarah proferiu, enquanto abria as mãos trêmulas e encontrava exatamente aquilo que queria. Afora os muitos fios ruivos, os brincos de Beatrice remanesciam intactos entre seus dedos. — Sei o quanto gosta de brincos, é uma pena que não poderá usá-los por um bom tempo.

Deixando o quarto para trás em passadas rápida, ela seguiu em direção ao Gabinete Real. Agora sim, ela compreendia tudo. Todo o sofrimento de Beatrice finalmente pareceu ter algum sentido. Mas não deixaria aquilo por menos, precisava fazer algo enquanto sentia seu coração nervoso bombear coragem para todos os demais membros de seu corpo.

A porta foi aberta sem nenhuma delicadeza e se chocou contra a parede estrondosamente. Em um determinado ponto a parede afundou, devido ao impacto da maçaneta contra ele. O ruído alto fez com que os dois ocupantes do cômodo se sobressaltassem, como não haveria de ser diferente.

— Então este era o seu plano desde o princípio? Livrar-se de Beatrice para poder ficar com esta bruxa? — a jovem esbravejou, deixando que as palavras furiosas ecoassem por todo o castelo. — Eu sempre soube que você era uma pessoa ambiciosa, mas jamais imaginei que pudesse arquitetar algo tão baixo.

— Será possível que você tenha perdido completamente o juízo? — Allen esbravejou de volta, erguendo-se de sua cadeira o mesmo instante. Edgar levantou-se instintivamente de seu lugar e praticamente correu até o local onde Sarah estava, tentando a todo custo acalmá-la. — Fora daqui, eu não tenho disposição para lidar com as suas insanidades.

— Me chame de qualquer coisa, menos de louca! — gritou, ainda mais alto do que antes, mesmo debaixo dos protestos de seu consorte. Àquela altura, as lágrimas banhavam seu rosto, misturando-se ao suor pela briga de minutos atrás. — Você é o único louco que temos aqui. Eu estava relutante em acreditar nisso, mas agora tenho certeza: você matou a Beatrice!

Edgar sentiu todos os músculos resetarem naquele momento, enquanto sentia o desespero tomar conta de si. “Por céus, Sarah, você não deveria ter dito isso”, era tudo que conseguia pensar, enquanto chamava seu nome repetidas vezes, tentando trazê-la de volta a realidade. Cansada de tudo e de todos, a princesa apenas o afastou com as mãos, enquanto saía correndo em direção ao seu quarto.

O silêncio tomou conta do Gabinete, visto que nenhum dos dois sabia exatamente o que dizer. Allen permanecia de pé enquanto encarava a porta, seu semblante banhado em ódio e o desejo de vingar-se daquelas palavras crescendo em seu íntimo.

— Eu não suportarei mais esse tipo de afronta, essa foi a gota d’água para mim.

— Por favor, seja paciente com ela. Está passando por um momento difícil, posso apostar que não está pensando com clareza. — Foi tudo que o jovem Avelar conseguiu pensar para responder, enquanto tornava a fechar a porta e passava a avaliar o estrago causado na parede. Seu tom era de súplica e ele se sentia mortificado por dentro. Era o mesmo que ver seu esforço de meses ser jogado dentro de um ralo.

— Para tudo na vida existe um limite e este é o meu. Está mais do que na hora de eliminar esse obstáculo.


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