A Profecia dos Renegados escrita por SBFernanda


Capítulo 4
IV. Missão




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739208/chapter/4

A Profecia dos Renegados

Escrito por Fernanda Barroso

 

IV.

Missão

[Salem — Estados Unidos da América]

 

Após conhecerem a história um do outro, Alexander e Isaac ficaram ainda mais amigos e companheiros. O americano entendeu também porque o inglês não conseguia desenvolver os seus poderes como vampiro.

Era de conhecimento geral que a comunidade bruxa tinha criado o primeiro vampiro com o famoso Conde Drácula. Sempre houve muitas teorias do surgimento do primeiro vampiro, mas entre os covens a realidade era conhecida.

Em meio a uma batalha, a mesma que fez com que o Príncipe entrasse em um coma inexplicável, um coven que estava no meio, com seus poderes necrófilos, entrou em contato com seus ancestrais e através deles, descobriram como transformar Drácula, naquela época, Vlad.

A intensão inicial era criar uma arma para a guerra que estava tendo, onde o coven, com seus poderes, iria controlar a besta criada. Alguns poderes foram transferidos para Drácula durante o processo, para que além de imortal, ele também fosse poderoso.

O que nenhum deles imaginou era que o monstro criado não obedecesse suas ordens. Ele venceu a guerra e exterminou seus inimigos, mas se recusou a ser instrumento nas mãos dos bruxos. Sem controle, ele criou outros com o passar dos anos e desde então as duas raças não conseguiam se entender. O ódio apenas cresceu.

Para que Isaac possuísse seus poderes de vampiro, ele precisaria receber de alguém. Na maioria das vezes, era da criadora, mas Rachel se recusava a isso. Ele, como bruxo, assim como Alexander, poderia ter poderes desde o início, se não tivesse transferido tudo para sua filha.

Quando Rachel voltou, decepcionada porque perdeu outro renegado, estava disposta a treinar Isaac. Ao descobrir, porém, que ele não possuía sequer o mínimo de magia, o desgosto ficou aparente em suas feições.

— Você é ou não o renegado? — ela perguntou.

— Sim. Eu lhe disse, usei minha magia para proteger minha filha.

— Idiota. Você passou seus poderes. — Rachel virou-se de costas para o vampiro, dando dois passos. — O que vou fazer agora? Que utilidade tem um vampiro sem poderes nesse caso?

— Sou bom em luta. Alexander tem treinado comigo e tenho me saído bem.

— Bruxas atacam a distância, idiota!

Os dois vampiros se encolheram com a ferocidade da ruiva. Os olhos verdes estavam tão escuros que aparentavam estarem pretos. A fidelidade existente através do laço da criação era muito grande e essa atitude era como se ela os ferisse.

— Vamos ver do que é capaz então — decretou por fim.

Já de frente para ele, Rachel esperou um ataque que não veio. Isaac estava surpreso com o que a criadora queria. Revirando os olhos, ela atacou. Correu até o vampiro e com um único golpe, o acertou com um chute no peito. Exatamente do mesmo jeito que Alexander na primeira vez que lutaram.

— Chama isso de ser bom? — perguntou a ruiva com escárnio.

Ao contrário da última vez, porém, Isaac se recuperou rápido, deslizando pelo chão ao pegar impulso com as mãos e quase conseguindo acertar as pernas da vampira que, ao notar o movimento, deu um pulo para o lado.

Mal os pés de Rachel encostaram no chão novamente, Isaac já se encontrava de pé e lhe atacava com socos. Nenhum deles encostou na mulher, mas o último passou rente em seu rosto. A confiança que ele conquistou com o “quase”, lhe rendeu uma distração, que foi aproveitada pela vampira.

Rachel ergueu o braço, colidindo com o queixo do inglês e o fazendo perder o equilíbrio com essa ação. Logo na sequência, o punho da vampira o acertava do lado esquerdo do rosto, o fazendo cair no chão de uma só vez.

Porém, dessa vez, a distração aconteceu para o lado da mulher. Isaac, ainda tonto com o soco que levou, agarrou o tornozelo da vampira e puxou. O baque lhe indicou que ela finalmente tinha caído. O vampiro ergueu a perna e deixou cair sobre sua criadora.

Ambos estavam tontos agora, por isso os ataques cessaram por alguns segundos, enquanto eles se levantavam.

— Bom, mas os ataques serão mais mágicos. O que fará sobre isso? — Rachel perguntou, indicando que a luta havia acabado.

Isaac não entendeu o motivo da mulher não continuar, afinal, aquilo havia sido apenas o início da luta, não havia ganhado. Nenhum dos dois havia.

— Por isso treinamos um ataque em dupla — Alexander respondeu.

— Em dupla? — Aquilo pareceu interessar a mulher. — Vamos testar então.

Mal ela terminou de falar, Alexander entrou na frente de Isaac, conseguindo impedir um feitiço que o atingiria e o bloqueando. Naquele momento, Rachel focou-se em atingi-lo e se proteger. Exatamente como os dois imaginavam que aconteceria. Ela cometeu o erro que eles esperavam que todos do coven fossem cometer um após o outro... Não olharam mais para Isaac.

Alexander era muito maior do que o inglês, por isso, ao entrar na frente dele, conseguia bloquear completamente a visão que seu atacante tivesse do outro vampiro.

Isaac, por sua vez, afastava-se da cena discretamente. Agora, pelos cantos do galpão abandonado, ele se camuflava entre os caixotes que ali tinham. Com um breve olhar, percebeu que Alexander se esforçava para manter Rachel distraída e usando o máximo de poderes que podia. Era uma bela luta, ele não sabia identificar qual era a natureza dos poderes e quais as agressões que um fazia no outro, mas sabia se tratar de psicológico, pois nenhum dano físico era aparente.

Quando um sorriso surgiu nos lábios da mulher, Isaac soube que o amigo iria perder. Assim como em seu primeiro ataque ele pegou impulso e se jogou no chão com a perna direita esticada. Rachel o viu apenas quando ele estava a poucos centímetros de distância e não teve como desviar.

Assim que a vampira caiu, Alexander, ainda cansado por usar muito os seus poderes, se jogou na direção da mulher, enquanto Isaac fazia o mesmo. O inglês conseguiu chegar assim que o americano a prendeu no chão com magia. Antes que ela pudesse responder com um feitiço, ele subiu em cima dela e levou suas presas até seu pescoço, parando a uma curta distância.

— Acredito que aqui mostramos que em dupla, conseguimos bem ­ — Isaac sussurrou.

Rachel estava ofegante e olhava para o teto sem qualquer expressão. Esperou que o vampiro saísse de cima de si e se juntasse ao outro para também se levantar e os encarar.

— Isso só funcionará se tivermos mais renegados.

Nenhum elogio. Isaac ficou decepcionado, Alexander já esperava.

— Por isso, tenho uma missão para vocês. Serve como treinamento e teste se sua tática irá funcionar para os demais bruxos.

Isaac percebeu, naquele momento, que Rachel se achava uma bruxa ainda.

— Que missão seria essa? — Alexander tomou a frente, assumindo o seu perfil de soldado fiel.

— Vocês irão recrutar a próxima renegada. Ela mora em Washington. — A pausa teve o efeito esperado quando Alexander piscou aturdido. — Isso mesmo, Alexander, irá voltar ao lar e trazer uma das suas para nós. Acha que consegue?

Ele não disse uma palavra sequer. Um breve aceno de cabeça e no momento seguinte, o vampiro virou-se e caminhou para a porta ao final do galpão.

— Prepare-se, Isaac, eu não aceitarei que volte sem Alexander.

Um aviso. Uma ameaça.

De alguma forma, cada vez menos Isaac gostava de sua criadora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Profecia dos Renegados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.