Panic 2 escrita por CAIQUE COSTA


Capítulo 4
A luz do nascer de uma grande estrela




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A noite estava sendo longa. Não estava nem perto de amanhecer, e muito menos de toda aquela preocupação acabar. April foi para o hospital dentro da ambulância, para acompanhar William. O dois corpos já tinham sido retirados do local. No veículo, os paramédicos examinaram o garoto que fora ferido. A lâmina tinha penetrado profundamente no ombro do mesmo. Ele estava fraco, e temia pegar no sono, com medo da morte. April ficou ao seu lado o tempo todo. Não só por ele precisar de um acompanhante, mas também, porque ela queria estar próximo a ele. O caminho para o hospital foi um pouco demorado, mas conseguiram chegar a tempo para William ser atendido por um médico.

 

Poucos alunos souberam do que aconteceu. Alguns amigos de April e William foram para o hospital para verem eles. Todos estavam preocupados com tudo aquilo. Garrett, Carter, Gwen, Dylan, Gina, Stephano e Ivy chegaram ao local, agitados, porém nervosos com o que poderia ter acontecido. Eles se certificaram de que estava tudo bem com William e com April, e ficaram muito aliviados com isso. Em um determinado momento, April, que saiu sem nenhum ferimento, felizmente, foi beber um copo d'água. Garrett a seguiu. Assim que a mesma estava pegando seu copo plástico e o enchendo com a bebida, o rapaz se aproximou e perguntou:

 

— April… O que aconteceu com o Liam? - As mortes ainda não tinham sido anunciadas, e os únicos que sabiam eram April e William. Nenhum dos dois contou aos seus amigos, pois não queriam dar uma notícias tão ruim logo de cara. April não respondeu. Apenas bebeu sua água, enquanto tentava segurar as lágrimas. O silêncio entre os dois já respondia a pergunta do garoto. - … Entendi.

 

Após isso, o silêncio continuou. Garrett colocou a mão nos bolsos e olhou para o teto em seguida. Segurar suas lágrimas, que estavam prestes a despencar de seu rosto, era algo muito difícil.

 

Os 3 sobreviventes de CottonWood. Os 3 sobreviventes de um massacre brutal. 3 jovens que tinham esperanças. 3 amigos, que a partir daquela noite, passariam a ser 2. A dor de ver que todos corriam perigo, era uma coisa assustadora. Se sentir exposto a um assassino era algo que causava calafrios em qualquer um, principalmente aos que eram próximos de April. Enquanto tentava lidar com o fato de ela e seus amigos estarem sendo perseguidos por um maníaco, a garota precisava lidar com toda a culpa que caía sobre os seus ombros. Nada podia dar algum tipo de alívio.

 

+++

 

— Isso ta ficando cada vez pior. - Disse Gwen. - Não acredito no que aconteceu. Stephano deve estar arrasado. Por falar nele, onde ele está?

 

— Dylan levou ele para casa. Quando ele perguntou para os médicos o que aconteceu com a Cherie, ele começou a chorar, e pelo visto não estava bem o suficiente para ficar aqui. - Carter disse, sentado em uma cadeira na sala de espera do hospital. Todas as pessoas que foram ver William, e que não foram embora, estavam lá também.

 

— E o que aconteceu com ela? Ela está bem? Ela estava com a April? - Gina perguntou, um pouco surpresa. Estavam evitando falar para as pessoas com tanta precocidade assim

 

— Gina… Cherie está morta. - Carter respondeu a menina. - Ela tinha ido atrás de William e Liam junto com April, e acabou… Bom, você sabe. - Ele engoliu seco após terminar.

 

— Eu não acredito. - Gina colocou a mão na cabeça, inconformada com o que ouviu. A mesma estava nervosa com tudo. - Como você sabe? Quando te falaram isso.

 

— Falamos com ela depois que você saiu do quarto.

 

Ali continuaram os jovens, na sala de espera, aguardando alguma notícia de William. Carter, Gina, Gwen e Ivy ficaram sentados, e depois de um tempo, April voltou ao lado de Garrett. Eram poucos no hospital, devido ao horário. Apenas eles estavam no local.

 

— Olha, eu não sei se consigo ficar aqui por mais tempo. Tudo isso anda me dando calafrios, e esse silêncio não ajuda. Acho que, quero ir embora. - Ivy disse, enquantos todos permaneciam em suas cadeiras na sala.  

 

— Tudo bem. Entendemos. - April disse, com sua cabeça abaixada. - Se quiserem ir, tranquilo. Eu já vou também, daqui a pouco.

 

— Tem certeza? Acho que Ivy pode esperar mais um pouco. - Gina disse, olhando para sua amiga, que continuava a olhar para o chão.

 

— Sim. Vão. Vocês devem estar cansadas. - April disse novamente.

 

Gina não falou mais nada depois. Apenas concordou com a cabeça, olhando para todos os outros. Em seguida, se levantou e olhou em direção a Ivy, que se levantou também, junto a Gwen. Elas ajeitaram suas roupas e seguiram para a saída. Garrett precisou acompanhá-las, pois ele era o único que tinha carro entre eles. E assim, ele levantou-se também, andando em direção a saída do local, ao lado das 3 meninas. Naquele momento, naquela sala, tinha apenas Carter e April. Desconfiar do garoto ao seu lado não era algo que a menina tinha forças para fazer, e mesmo se ele fosse o assassino, ela torcia para o mesmo tirar a dor dela. O garoto estava sentado na mesma fileira que April, e quando perdeu os 4 jovens que saíram de vista, ele se sentou mais próximo da menina.

 

— Sabe… Eu acho que apesar da facada, William deve estar se sentindo muito bem. - Carter disse, assim que se permitiu sentar ao lado de April.

 

— Eu não acho. Acho que ele sente dor e raiva. - Ela respondeu, levantando sua cabeça.

 

— Ele tem uma razão para estar feliz. - Disse carter. - April, o William é apaixonado por você. E quando acordar e ver que salvou sua vida, ele vai se sentir a melhor pessoa do mundo. Pelo menos eu acho.

 

— Ele… Gosta de mim? Mas, eu sempre pensei que…

 

— Sim. Ele gosta, e muito, de você.

 

April suspirou. Aquilo era uma novidade para a mesma, pois ninguém, nos dois anos que passou desde que saiu de sua cidade, mostrou algum interesse por ela. Mason, o assassino de sua mãe, foi a única pessoa que se mostrou interessado, e ele não cumpriu as expectativas da garota, até porque, ele queria matá-la. Após o tiro que deu na cabeça do menino, April não pensou em alguém especial, e só naquele momento, em que conversava com carter, pensou na possibilidade de viver um romance em algum momento de sua vida, que devido a tudo o que aconteceu e que estava acontecendo, ela acreditava que não seria muito grande.

 

— Bom, fico feliz em saber disso. Por que ele nunca me falou nada?  

 

— Ele ia falar algo. Ele ia falar quando o detetive te chamou, no corredor do prédio. - Então era isso que ele queria conversar. April não ficou nem um pouco pensativa quanto ao que ele queria falar. Mas agora, tinha ficado tudo claro.

 

— Eu me lembro disso. Ele deve ter se sentido péssimo quando eu o deixei de lado. Mas acho que ele entendeu que eu não poderia falar naquela hora

 

— Tenho certeza que sim. - Carter sorriu quando terminou a frase.

 

Os dois continuaram a conversar. O ambiente, apesar de frio, era reconfortante quando se tinha um acompanhante. Em um determinado momento, o médico responsável por William, apareceu. Ele disse que o rapaz estava muito melhor, e que logo acordaria. O mesmo tinha ficado inconsciente devido a quantidade de sangue que perdeu com o ferimento que levou. O medo de dormir passou, quando William viu que estava em boas mãos. A notícias deixou April mais aliviada e feliz. O dia estava para amanhecer, e logo ela iria para seu dormitório, dormir.

 

— April, tudo bem eu ir embora agora? Não quero te deixar sozinha. - Carter disse, levantando-se   

 

— Pode ir, Carter. Eu estou muito melhor, e como falei para as meninas, eu já vou.

 

— Se você diz… Eu estou indo. - Ele sorriu para a garota, que o retribuiu com o mesmo gesto.

 

Carter verificou se seu celular estava em seu bolso, e pediu para que April ligasse caso precisasse de algo. Assim, ele seguiu para a saída. Porém, devido ao tamanho do hospital e a falta de pessoas dentro dele, o rapaz acabou se perdendo. Sem nem ao menos perceber como havia acontecido, ele se viu em uma área deserta do hospital. E o mesmo sabia que se seu celular tocasse, poderia significar duas coisas: April precisando de algo, ou, o assassino. E foi o que aconteceu.

 

— Aqui é o Carter. Quem é?

 

— April Davis, por favor. - A voz era estranha e grossa.

 

— Ela está ocupada visitando um amigo na sala de hospital, e eu estou ao lado dela. Se você.. - Enquanto estava falando, ele deixou que sua chave da casa da irmandade caísse, mas logo se abaixou para pegar. - … Esperar um pouco, posso falar para ela que você a procurou, como sempre faz, não é?

 

— Eu tenho tempo, você é que não tem.

 

— Terá muito tempo quando estiver na cadeia, seu desgraçado. - Ele disse, um pouco furioso. Mas, uma das várias portas bateu, e o barulho foi grande.

 

— Sabe, Carter, eu acho que você não está em uma sala de hospital. Mas se quiser, eu terei o prazer em mandá-lo para lá, para o necrotério.

 

Carter já não tinha tanta coragem a essa altura. Ele desligou o telefone, e tentou se localizar dentro do hospital. Não existia momento melhor para o assassino o matar. Logo, ele começou a correr, com medo, e percebendo que já havia alguém atrás dele. Era possível ouvir passos devido o silêncio daquela área do hospital, e eram passos pesados.

 

O garoto tentava aumentar sua velocidade, mas aos poucos ele ia ficando cansado. O assassino continuava a correr atrás dele, e chegou a se aproximar. Porém, Carter parou e se abaixou, e com o seu corpo, fez com que o assassino tropeçasse. Isso lhe deu mais uma oportunidade para escapar. O cara de fantasma, após cair, se levantou e continuou a correr atrás de Carter. Foi uma corrida extenuante, mas chegou a um momento em que o rapaz não corria mais tão rápido, e isso fez com que o mesmo fosse pego. Além disso, ele foi encurralado em um corredor sem saída, onde no final, tinha apenas uma grande janela, que dava a visão de um belo nascer do sol. Carter, ao se ver sem saída, correu em direção ao vidro da janela, tentando o quebrar com seus braços. Sua tentativa de escapar falhou, e o assassino se aproximou. Ele não segurava uma faca, mas sim, uma corda. Com ela, o indivíduo envolveu o pescoço de carter, rapidamente, e o enforcou. O rapaz, por sua vez, tentou soltar a corda, e nem ao menos pensou em se virar para se defender. Ao ver que estava tendo dificuldades para respirar, seu pensamento se focou em buscar mais ar. Ele foi se desesperando cada vez mais a medida que a corda era puxada com mais força. Não demorou para Carter ficar inconsciente, e logo, morto.  

 

+++

 

— Stephano, olha, eu sei… Eu sei que está sendo difícil para você. Mas, por favor, se acalma. Cherie não iria querer te ver assim. - Dylan tentava ajudar seu amigo, que chorava e soluçava, sentado no sofá da casa.

 

— Não, eu não consigo acreditar. Era para eu a encontrar aqui, me esperando. Por quê? Por quê ela saiu? - Stephano dizia, com lágrimas descendo pelo seu rosto.

 

— Ela nunca ia imaginar que estaria correndo esse perigo. Ela estava entre amigos quando aconteceu.

 

— Dylan, chega. Ele tem todo o direito de ficar triste, e ele precisa chorar para liberar as mágoas. - Kyle se aproximou, tocando no ombro de seu amigo enquanto falava com o mesmo.

 

— O quê?

 

— Foi tudo culpa minha. Talvez, se eu não estivesse precisando de um banho, eu teria ficado com ela e ela nunca teria saído. - O garoto, chorando, disse novamente, enxugando algumas lágrimas de seu rosto.

 

— Steph, não foi culpa sua. Você não pode se culpar assim. - Dylan disse novamente, tocando no ombro de seu amigo.

 

— Tem razão. Não foi culpa dele. Foi culpa daquela vadia da April. - Disse Kyle

 

— Ela também não teve culpa. - Retrucou Dylan, calmamente.

 

— Lógico que teve. É por causa dessa vagabunda que todo mundo está morrendo. Por que você acha que eu não fui ver o William no hospital? - Kyle disse, olhando para o rapaz que o retrucou. - Estava é com medo de morrer lá dentro. Quase mandei Gwen não ir também. Ela só foi porque eu fiquei sabendo do que aconteceu depois dela.

 

— O que você ta falando? A menina está muito mal por isso, e o Steph também. Pode não ser um babaca só agora? - Dylan disse, um pouco alto.

 

— Eu to falando a verdade. Se você não gostou você fica quietinho, entendeu?

 

— Quem você pensa que é para falar assim com os outros? Não é porque você é um riquinho, filhinho mimado, que você pode falar com alguém desse jeito.

 

— É por isso que eu posso sim! Fui eu que comprei essa casa em que você mora. É com o meu dinheiro que se paga o aluguel daqui. Cala a sua boca, ou então você não vai mais precisar se preocupar com dinheiro. - Kyle disse, em um tom de ameaça.

 

— Olha, eu não preciso do seu dinheiro, seu merda. Não preciso ficar aqui, aguentando isso…

 

— Parem! - Gritou Stephano. - Calem a boca, seus estrumes.

 

— Olha, Steph, foi mal, mas eu não aguento mais esse cara. Não é a primeira vez que ele fala algo do tipo. - Dylan disse, se levantando em seguida e saindo pela porta. Kyle, ainda com raiva e se achando em seu direito, andou até a porta também, seguindo Dylan. Os dois continuaram a discussão do lado de fora da casa.

 

Stephano permaneceu onde estava, ainda deixando que lágrimas caíssem de seus olhos. A morte de Cherie, sua namorada, o abalou muito, e seus amigos discutindo não ajudava em nada. Em um determinado momento, só era possível ouvir os xingamentos que saiam em meio a discussão que ocorria do lado de fora da residência, e também, o toque do telefone fixo da casa.

 

— Alô. - O garoto na sala atendeu o telefone, com sua voz de choro.

 

— Olá! - A voz do assassino respondeu. Stephano não a conhecia, e por isso, não foi possível identificar quem era.

 

— Quem é?

 

— Eu sou uma pessoa especial. Ou melhor ainda, eu sou uma pessoa que Cherie gosta muito

 

— Cherie? Mas, como assim… - Stephano, que estava com a cabeça um pouco abaixada, a levantou.

 

— Sim. Cherie Moore, sua namorada. Quer dizer, sua ex-namorada. - Um riso maléfico foi soltado após a frase.

 

— Foi você, não foi? - O rapaz perguntou. Milagrosamente, ele havia reconhecido a pessoa com quem estava falando.

 

— Isso mesmo, fui eu. E como eu sou uma pessoa muito boa, pretendo fazer com que você a veja em breve.

 

— Fique longe de mim, seu filho de uma puta. - Stephano disse, com raiva.

 

— Você vai engolir suas palavras junto com a faca que eu vou enfiar na sua goela, seu universitariozinho fracassado. - Assim que o assassino respondeu, Stephano ficou mais assustado.

 

— Vai se foder! - Ele disse, correndo em direção a porta

 

Assim que se aproximou da passagem, pronto para abri-la, o rapaz recuou. Ele viu uma silhueta na porta, que tinha partes de vidro, e também, uma cortina, que foi onde ele viu a figura. Steph se enganou, crendo que a silhueta era do cara de fantasma, mas, era a silhueta de Kyle, que ainda discutia com seu amigo.

 

Quando recuou, ele tentou sair pela porta de trás, com medo do que poderia acontecer se ele permanecesse na sala. No caminho para a porta havia o porão. A porta que levava ao porão. O rapaz não lembrou da existência dela, e passou direto. Ou teria passado se um braço, coberto por tecidos pretos, não tivesse o surpreendido com uma faca em seu peito. O assassino saiu de lá, e com a facada em seu peito, Stephano caiu no chão, com sua barriga para cima. O assassino, por sua vez, o apunhalou de novo, mas dessa vez, atravessou o pescoço do jovem. Steph tentou se salvar, falhando miseravelmente. Ele se virou e se arrastou, deixando um rastro de sangue, tentando chegar até a porta da frente, onde ainda havia a silhueta de seu amigo. Antes que pudesse se aproximar o bastante, ele foi esfaqueado novamente, dessa vez, em suas costas.

 

Kyle e Dylan, que ainda estavam discutindo, viram algo sair por debaixo da porta. Era um líquido avermelhado. Sangue. Assim que olharam e perceberam o que era, os dois abriram a porta rapidamente, se deparando com o corpo, morto, de Stephano.

 

— Merda. - Dylan disse, correndo para o telefone, ligando assim para a ambulância.


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