Panic 2 escrita por CAIQUE COSTA


Capítulo 1
Surpresa




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— Eu espero que você tenha trago a identidade. Ninguém vai acreditar se você disser sua idade.

 

— Relaxa. Eu trouxe, e mesmo se não trouxesse eles iriam acreditar.

 

Duas amigas conversavam enquanto chegavam cada vez mais perto de uma boate próxima ao centro da cidade de Nashville. Uma delas, Marcie, a mais baixinha entre as duas, guardou na bolsa que carregava sua identidade, pois tinha tirado de lá para mostrar a sua amiga. A outra, Ginger, que andava ao lado da menina, soltou uma leve risada ao ouvir o que sua amiga disse.

 

— Estamos chegando. Como é que eu estou? - Marcie andou alguns metros na frente de Ginger e deu uma giradinha, mostrando sua roupa para ela.

 

— Você está ótima!

 

— Tem certeza? Acho que a meia rendada não ficou boa.

 

— Claro que ela ficou. você está tchutchuca, pode ficar de boa. - Ginger terminou de elogiar sua amiga, e logo voltaram a caminhar em direção a boate que ficava cada vez mais perto.

 

Logo, as duas finalmente chegaram. O ambiente era escuro dentro da boate, com algumas luzes coloridas, que quando junto com a música alta, tornava o lugar muito mais agitado. Ginger e Marcie entraram sem serem paradas pelos seguranças do evento. A preocupação das duas era que barrassem Marcie pela sua aparência jovem. Quando entraram na boate, elas olharam ao redor, analisando tudo e observando as pessoas e o movimento da festa.

 

— Isso é tão ridículo! - Marcie disse, olhando para a pista de dança, que estava cheia.

 

— O que é ridículo? As roupas das pessoas? - Ginger perguntou. De fato, as roupas de algumas daquelas pessoas eram engraçadas.

 

— Não, não é isso. É o jeito que se comportam. Já viu como os caras daqui chegam nas meninas? Parece uma grande selva onde os predadores vão atrás da carne.

 

— Eu não vejo nenhum problema.

 

— Eu vejo. Não estou afim de ser alvo deles, mas, é o que tem pra hoje. - Marcie terminava de falar, seguindo, desconfortavelmente, para a pista de dança, que era na parte central do local.

 

Ginger seguiu sua amiga, e as duas passaram a tentar ignorar todos os rapazes que se aproximavam para conversar. A noite seguiu animada para as duas garotas, e logo, ambas foram tomando alguns drinks. Na boate havia muitas variedades de bebidas, e Ginger provou muitas delas.

 

— Eu espero que você não dê trabalho depois de tudo isso.

 

— Pode deixar, eu sei me controlar. - Ginger disse enquanto pegava mais um copo e o virava de uma vez.

 

— Escolhemos um dia péssimo para vir. Amanhã temos que apresentar um trabalho, esqueceu? - Marcie disse, olhando sua amiga virar o copo.

 

— Lógico que não. - Ginger respondeu após terminar a bebida.

 

— E você acha que vai conseguir apresentar com a ressaca que tudo isso vai dar?

 

— Amiga, eu aprendi um truque ótimo para curar a ressaca e a dor de cabeça. - A jovem Ginger, disse um pouco pausadamente. Já era visível que o álcool estava começando a fazer efeito.

 

— Ótimo. É bom esse truque funcionar para você estar de pé às nove horas, ou eu te acordo com um balde de água e dois tapas na cara.

 

A noite prosseguiu, e as duas continuaram a dançar. O ambiente, agitado e com várias pessoas, deixou a música mais divertida. Para Ginger, ficava cada vez mais quente, pois era um local fechado, e os movimentos que fazia com seu corpo a deixava muito mais cansada. Para tentar se animar um pouco mais, ela pegou outra bebida. Essa era azul, e talvez, mais forte. Um certo tempo depois de tomar aquela bebida, ela tinha se cansado. Seu corpo estava quente, e ela disse para a sua amiga que iria fazer uma pausa. Marcie, por sua vez, acompanhou a amiga. Elas se sentaram perto de uma das saídas, e Ginger, assim que se sentou, colocou a mão em sua cabeça. A bebida azul não lhe fez bem.

 

— Marcie, eu preciso de ar. Vou lá fora por um tempo e já já eu volto.

 

— Ok, vai lá. Estarei aqui quando voltar.

 

Ginger soltou um sorriso um pouco forçado, e se dirigiu até a porta. Assim que passou por ela, a garota respirou fundo. O espaço que tinha naquele momento a deixou bastante aliviada. A saída a levou para o lado de fora da boate, exatamente atrás do estabelecimento. Lá, tinha algumas pessoas que fumavam. Eram poucas, e elas logos se retiraram assim que acabaram o que estavam fazendo.

 

A jovem se sentou, encostando suas costas na parede exterior da boate. Ela respirava de um modo calmo, absorvendo todo o ar puro, porém poluído, da cidade. Em poucos minutos, ela já estava melhor para voltar a dançar. A mesma se levantou, ajeitou suas roupas, e andou até a porta novamente.

 

Quando aproximava sua mão a alguns centímetros da fechadura, Ginger conseguiu observar uma figura estranha na porta, que refletia um pouco o que estava diante dela. Ginger viu a si mesma e algo atrás dela. Naquele momento, ela sentiu uma dor, um corte em suas costas. Alguém a atacou. Ela olhou para trás de relance, mas a única coisa que viu foi uma máscara. Assim que virou para frente, ela desabou sobre o chão e começou a se arrastar por ele, na tentativa de fugir do indivíduo. A mesma viu que sua tentativa de fuga não funcionou quando a pessoa que a cortou segurou-a pelo cabelo e direcionou a faca para o seu pescoço. Ela não conseguia fazer nada. Seu ferimento foi profundo. A única coisa que ela podia fazer era gritar por socorro e implorar para que aquela pessoa não a matasse. Nem mesmo isso funcionou, pois o indivíduo mascarado cortou sua garganta de orelha a orelha, e em seguida, jogou o corpo já morto de Ginger sobre o chão sólido.

 

Enquanto sua amiga estava descansando um pouco do lado de fora, Marcie continuou sentada e esperando como tinha dito. Alguns rapazes, como antes, sentaram-se ao lado dela para conversar, mas Marcie sempre os ignorava ou os xingava. Novamente, alguém sentou ao lado da garota, e novamente, ela ignorou a pessoa. Percebendo que ignorar o indivíduo não seria o suficiente para mandá-lo embora, a garota se virou, com raiva, principalmente porque segundos antes, aquele sujeito colocou a mão em sua perna, próximo a virilha dela.

 

— Olha, eu não quero nada com… - Marcie foi interrompida enquanto dizia. Antes de começar a falar, ela retirou a mão dele de sua perna.

 

O que interrompeu a menina foi uma faca em sua barriga. Aquele indivíduo a esfaqueou, e imediatamente, retirou a lâmina da garota. Marcie colocou a mão sobre seu ferimento, e em seguida, olhou para sua mão, que estava cheia de seu sangue. A jovem se levantou, em busca de ajuda e tentando fugir da pessoa que a atacou. O indivíduo estava usando uma máscara, e se levantou também, andando atrás da garota. Marcie percebeu que o sujeito tinha se levantado, e logo, foi esfaqueada novamente. O sujeito enfiou a lâmina em diversas partes do tronco da jovem, e mesmo em meio a muitas pessoas, ninguém percebeu o que estava acontecendo, pois estavam distraídos com a música. Algumas pessoas sentiram algo jorrar em suas roupas, e ficaram confusas quando viram o que era. Marcie, quase morta depois de muitas facadas que o indivíduo lhe deu, conseguiu dar mais alguns passos, que a levaram ao centro da pista de dança. Lá, ela não via mais a máscara de quem a esfaqueou, e apenas conseguiu dar um último grito de dor, o que chamou a atenção de todos, e até mesmo do DJ, que parou a música quando viu o que estava acontecendo. Quando a menina caiu morta no chão, todos começaram a gritar desesperados.

 

+++

 

O despertador tocou. Uma mão feminina desligou o aparelho que fazia barulho constantemente para a mesma acordar. A garota se levantou, passando a mão nos olhos para limpá-los. Logo, a porta se abriu.

 

— April, levanta logo. Temos que ir rápido se quisermos falar com o sr. Derek antes da aula.

 

— Certo, certo. Eu já vou. - A menina respondeu, levantando as mão em sinal de rendição. - Não precisa falar assim, eu acabei de acordar.  

 

— Mas eu falei em um tom normal, não tenho culpa se você é sensível. - A amiga de April, Ivy Baker, falou enquanto fechava a porta.

 

— Sim, você não é nem um pouco grossa. - April respondeu, alto, após a porta se fechada. A frase seguiu depois de um pequeno riso.

 

A menina que acabara de acordar se levantou da cama, prendeu o cabelo com um elástico e logo se vestiu. Seu dormitório na Universidade de Vanderbilt era um pouco pequeno, e cabia apenas duas camas. April o dividia com sua amiga Ivy, que naquele dia tinha acordado mais cedo. Ivy esperou April do lado de fora do dormitório, lendo algumas páginas de um livro de romance. Assim que sua amiga apareceu, Ivy a olhou e em seguida as duas partiram.

 

Elas passaram por muitos quartos para que saíssem do prédio. Quando saíram, atravessaram o campus com passos rápidos. Conversar com um professor seria meio complicado, pois todos daquela universidade eram ocupados com as diversas salas que davam aula. Enquanto procuravam sr. Derek pelos corredores do outro prédio, elas conversavam um pouco sobre o que achavam que ele iria responder a respeito da pergunta que iriam fazer. Logo, elas encontraram o professor.

 

— Bom dia, meninas! - O homem disse enquanto segurava uma pequena pasta.

 

— Bom dia, sr. Derek. - As duas falaram juntas.

 

— Ah, nós queremos perguntar algo sobre as próximas aulas. - Disse April.

 

— Sim, pode falar.

 

— É que… Estamos próximos do fim do semestre, e até agora o senhor não passou nada sobre a prova, e nós queremos começar a estudar logo para não termos tantas preocupações. - Ivy perguntou, logo após sua amiga dar um passo para trás.

 

— Eu ainda estou trabalhando na prova, e não terminei de dar todo o conteúdo necessário para vocês. Assim que estiver pronta, eu aviso a data e o que irá cair.

 

— Certo! Muito obrigada! - Ivy agradeceu, em seguida, ela e April seguiram para sua aula.

 

A aula tinha iniciado pouco tempo depois que as duas garotas entraram na sala. Aquele era o curso de odontologia da universidade. Ivy e April se conheceram no início daquele curso, logo após April chegar na faculdade. A aula foi um pouco demorada, porém empolgante. O professor era brincalhão igual a maioria de seus alunos. Muitos sabiam quem era April, e pelo motivo de sua fama, alguns preferiam manter distância da garota. Aquilo não a incomodava, pois já tinha alguns problemas para se preocupar. Ela apenas se sentia desconfortável quando tocavam em um certo assunto, e foi isso que aconteceu na aula daquele dia.

 

— April, aposto que você já viu muito mais sangue do que vai em qualquer cirurgia que possa fazer quando se tornar uma dentista de verdade. Isso se os professores não forem assassinados por estarem perto de você. - Uma aluna que sentava próximo a April disse para ela. O assunto da aula era as cirurgias dentárias. O professor ouviu o que a aluna tinha dito, e o mesmo, que estava escrevendo algo na lousa, se virou para sua classe.

 

— É melhor pedir desculpa para ela. Tenho certeza de que se você estivesse no lugar dela, não iria querer que tocassem em sua ferida. - O professor disse a sua aluna. April, após ouvir o comentário maldoso de sua colega, permaneceu em silêncio, com imensa raiva e tristeza.

 

— Mas ela não disse nenhuma mentira. Aposto que você também tem medo de ficar perto dela, por mais que seja professor. - Mais um aluno comentou. Esse era um menino, que sentava em uma das cadeiras do fundo.

 

— Isso não vem ao caso agora. O que importa é que eu mandei parar com esses comentários. - Ele afirmou novamente sua ordem, e logo voltou a escrever na lousa. - E é melhor copiarem tudo. Nenhuma das prova de vocês serão fácil.

 

Os alunos obedeceram. April sentia uma tristeza profunda, e Ivy colocou sua mão sobre as costas da menina, em uma forma de consolar a mesma. Ela era uma das poucas pessoas do curso de odontologia que não tinha nenhum receio em ser amiga de April. Mesmo já tendo se passado três anos do massacre que aconteceu aos antigos amigos da garota, muitos lembram daquilo.

 

A aula demorou um pouco, mas logo tinha acabado. April tinha outras amiga além de sua colega de quarto, e como de costume, elas conversavam durante os pequenos intervalos entre as aulas. Eram diversos os lugares que esses encontros aconteciam, e nem sempre todas estavam presente. Naquele dia, Ivy e April foram para a lanchonete da Universidade de Vanderbilt.

 

— Você está bem?

 

— Sim, estou. Eu não costumo me importar com muitos, então nada do que eles disseram me deixou chateada ou coisa do tipo. - April respondeu, apertando um pouco os punhos sem que Ivy visse.

 

— Espero que esteja bem mesmo.

 

— E eu espero que já tenham pedido algo para comer, porque estou morrendo de fome. - Quem disse foi Gwen Taylor, uma das amigas das duas que já estavam no local.

 

— Você chegou! - April se levantou e abraçou sua amiga. Fazia alguns dias que ambas não se viam.

 

— Pois é, eu precisei fazer alguns serviços extras no trabalho e não consegui aparecer para as últimas festas ou sociais. - Gwen trabalhava em um empresa de vendas enquanto fazia faculdade de administração.

 

— Mas já conseguiu um tempinho? - Ivy disse, levantando-se da cadeira onde estava para que Gwen pudesse sentar. Logo depois, ela se sentou ao lado da amiga.

 

— Então, essas minhas horas extras acabaram, acho que já podemos marcar alguma coisa.

 

— Ótimo! Acho que vai ter uma festa em uma das casas da irmandade e eles nos convidaram. Pode ir se quiser. - April comentou com a menina. - Falando em festa, você viu alguma das outras?

 

— Elas estavam logo atrás de mim quando eu estava vindo para cá. Onde será que foram?

 

Não demorou muitos segundos para que o resto do grupo de amigas chegassem. Três garotas passaram pela porta, rindo e brincando. Assim que avistaram as garotas que já estavam em uma das mesas da lanchonete, elas se dirigiram até lá, animadas, e abraçaram todas quando se aproximaram.

 

— Meu Deus, vocês já estão comendo. Não acredito que não esperaram a gente. - A garota que reclamou era Cherie.

 

— Nós demoramos muito, elas não esperariam tanto. - Quem respondeu foi Allie Ross, uma garota com os olhos levemente puxados.

 

— Não, não demoraram tanto, chegaram só um pouco depois da Gwen. - Ivy disse, terminando de cumprimentá-las.

 

— Viu? Eu disse que iríamos chegar a tempo para conversar um pouco. - Dessa vez, quem disse foi Gina, uma garota com cabelos negros.

 

— Afinal, por que demoraram? Pensei que estivessem logo atrás de mim quando eu estava vindo. - Gwen às questionou.

 

— Cherie passou um bom tempo tentando achar os brincos na bolsa dela. - Gina disse novamente. Logo, todas tinham arrumado algum banco ou cadeira para sentarem-se. - Culpe o infinito que tem lá dentro.

 

— Certo. Então, como vocês estão indo? - April perguntou assim que viu que todas estavam acomodadas para o curto tempo que teriam juntas.

 

A conversa tinha iniciado. Risadas foram ouvidas e alguns sussurros entre o grupo de amigas também. O pouco tempo que passaram pareceu apenas segundos. Logo, todas tiveram que voltar a suas vidas agitadas e compromissadas. April teria mais aulas no dia, e a próxima seria separada da de Ivy. Quando todas foram embora da lanchonete da faculdade, a garota seguiu para a sua aula.

 

Por muito azar, sua antiga vida na cidade de CottonWood ainda a perseguia. Alguns repórteres estavam na frente do prédio principal da universidade, o lugar onde April teria aula. Assim que avistaram a jovem, eles correram para entrevistá-la, mas a mesma seguiu rápido para dentro, deixando-os para fora. Talvez, dentro do prédio, ela teria mais paz. Enquanto seguia pelos corredores, quase que vazios, ela se perdeu em devaneios, e teve sua atenção chamada por algo. Um susto. Um alguém. Uma pessoa que apareceu misteriosamente.

 

Aquele era WIlliam. Ele abordou April, que levou um susto por não estar prestando tanta atenção nas pessoas ao seu redor.

 

— Ah, desculpe. Não queria assustá-la. - O garoto se desculpou quando viu a reação imediata da jovem.  

 

— Não, está tudo ok. Você ia falar alguma coisa?

 

— Sim! Eu ia perguntar sobre… - William foi interrompido por uma voz alta de alguém de terno e gravata que saiu de uma das salas do corredor em que os dois estavam.

 

— April Davis? - O indivíduo perguntou para a menina.

 

— Sim, sou eu. - Ela respondeu, confirmando com sua cabeça também.

 

— Preciso que venha comigo, agora. - O homem disse, firme.

 

— Mas, por que?

 

— A polícia acha que você pode estar envolvida, de alguma forma, com os assassinatos que ocorreram com duas alunas desta universidade na noite passada.


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