Contos de Aurora escrita por Wi Fi


Capítulo 8
Conto Oito: Kohar


Notas iniciais do capítulo

Fim dessa história da Deah! Finalmente, o dia da iniciação. Espero que gostem!



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O dia da Iniciação finalmente chegara.

Deah sentia-se tremer. A arena estava cheia de pessoas, ela conseguia ouvir o barulho de uma multidão. Os Juízes já estavam em seus lugares, no centro da arquibancada.

Todos os aprendizes esperavam no interior da arena, na área subterrânea, esperando ao lado do largo portão de metal que os levaria para a arena em si. Estavam tão nervosos quanto Deah, andando de um lado para o outro e começando brigas por motivos estúpidos. A tensão era palpável.

— Ona Sultan! – chamou Madame Ragga.

A amiga de Deah arregalou os olhos. Não esperava ser chamada tão cedo, mas os Juízes não pareciam estar seguindo uma ordem específica para a avaliação.

Boa sorte— sussurrou Deah, segurando sua mão – Você consegue. É a mais bem treinada entre todos nós.

— Obrigada, Deah – respondeu Ona, com um sorrisinho – E você também, boa sorte. Vai impressionar todos com aquele seu dragão.

Os animais estavam sendo alimentados no lado oposto do subterrâneo. Deah queria poder estar perto de Papoula. Não sabia se o dragão estava agitado com tudo aquilo, mas queria poder estar ao lado dela, para poderem acalmar uma a outra.

Deah tentou espiar pelo portão para ver como Ona estava se saindo, e ainda mais importante, o que os Juízes estavam observando.

Tudo pareceu demorar uma eternidade. Um a um, os outros aprendizes iam embora. Casualmente, conseguia ouvir um dragão rosnar e a temperatura do ar aumentava, indicando que haviam cuspido fogo.

Quando seu nome finalmente foi chamado, Deah se levantou rapidamente, mas mal sentia as pernas. Pegou o seu bastão do chão e entrou na arena.

A luz do dia foi um clarão súbito demais para os seus olhos, que arderam e lacrimejaram, mas ela rapidamente os limpou com as costas da mão.

Os três Juízes eram um homem e duas mulheres de cerca de sessenta anos, mas ao contrário do vovô Azel, eram muito bem-dispostos, ainda musculosos devido aos anos passados como Guardiões.

— Senhorita Deah Soler? – chamou a Juíza que estava no centro do trio.

— Sim, senhora.

— Começaremos sua prova com a luta de bastões. Está preparada?

Deah assentiu. Seu bastão estava bem firme ao seu lado. Ela olhou rapidamente para o arco de madeira que Ambrus havia feito para cobrir a rachadura, e rezou baixinho para que as habilidades de seu padrinho não falhassem com ela agora.

Um rapaz de cerca de dezessete anos entrou. Deah não esperava ter que lutar com alguém mais velho, e por um segundo entrou em pânico, mas tateou as escrituras entalhadas na madeira e se acalmou. Aquelas eram palavras de encorajamento e de bravura, passadas de geração em geração no idioma natal de Parkii, há muito desaparecido. Deah não decepcionaria seus antepassados. Os Soler teriam mais uma Guardiã.

O rapaz investiu contra Deah em um golpe rápido, que ela desviou dando um giro para a esquerda, e imediatamente respondendo batendo seu bastão na barriga dele. Ela tentou colocar-se às costas do rapaz, mas ele acompanhou seus movimentos, com os dois sempre frente a frente.

Deah se abaixou e tentou empurrá-lo com a ponta do bastão, mas o rapaz foi para trás. A garota continuou avançando em direção a ele, incessantemente, tentando empurrá-lo para um canto, mas no último segundo o rapaz se desviou para o lado e agora Deah se encontrava próxima do canto, pega em sua própria armadilha.

Ela sabia que aquilo a faria perder pontos com os Juízes. Nenhum Guardião se deixaria ficar preso daquele jeito. Mas ela não podia desistir por isso. Deah rodopiou para um lado e então para a frente, conseguindo enfim atingi-lo nas costelas, assim como Ona fizera com ela alguns dias antes. Se perguntou se sua amiga a estaria assistindo naquele momento.

O rapaz cambaleou para a frente, e então Deah o empurrou de novo, com a ponta do bastão bem no meio das costas. Ele arquejou e Deah o acertou mais uma vez. O oponente agora se virara de barriga para cima e se ergueu com um pulo. Seu bastão foi em direção a cabeça de Deah, mas ela impediu o golpe com seu próprio bastão.

Foi assim que ele havia se partido dias antes. Agora, ela contava com o conserto de Ambrus.

O bastão não se quebrou, e Deah tentou chutar o peito do rapaz, mas subitamente ele abaixou sua arma e agarrou o pé de Deah. Não haviam regras nesse tipo de luta, mas ela nunca tinha visto isso antes e não sabia como reagir. Ergueu seu braço e bateu no pescoço do rapaz, mas ele mal se moveu.

Tomada por um sentimento de selvageria, Deah então dobrou a perna e se aproximou do rapaz. Usou o peso de seu pequeno corpo e pulou para derrubá-lo. Os dois caíram no chão, mas agora Deah usava seu bastão para prender o pescoço do rapaz contra o chão.

A plateia estava em silêncio. Os Juízes soaram seu berrante e a luta acabou.

Deah se levantou, e ofereceu o braço para que o rapaz se erguesse. Eles trocaram um aperto de mãos e ele se retirou.

***

O arco-e-flecha foi em seguida. Das dez flechas que Deah atirou, uma delas não atingiu o alvo e caiu no chão, três ficaram próximas da mosca e as outras seis pararam suficientemente perto do centro para garantir-lhe uma boa pontuação.

Teve também que passar por uma prova de equilíbrio. Ficou de pé em uma corda fina por alguns minutos descontínuos porque eventualmente caia.

A terceira prova que Deah fez envolvia passar correndo por um corredor cheio de fogo e se desviar de obstáculos. Suas calças ficaram chamuscadas, mas isso não a desmotivou.

Finalmente, chegou o momento que ela sabia que garantiria seu lugar no mundo dos Guardiões Parkii. As habilidades com seu dragão.

Papoula foi solta e não parecia muito agitada. Ela caminhou preguiçosamente até encontrar-se com Deah. A humana lhe deu um tapinha nas costas e então subiu na cela, como já havia feito milhares de vezes antes.

Os obstáculos eram os mesmos de sempre. Papoula atravessou os três aros com seu jeito desastrado de sempre, mas não foi tão ruim.

Entretanto, assim que o último obstáculo foi ultrapassado e Deah já suspirava de alívio, ouvindo os aplausos da plateia, o dragão decidiu não pousar na arena. Em vez disso, Papoula seguiu para o alto e para o sul, indo em direção ao mar.

— Papoula? Não é para cá, garota! – Deah exclamou, dando chutinhos no dragão – O que é que está fazendo?

Subitamente, Papoula desceu alguns metros e a garota se agarrou em seu torso para não cair.

— Papoula!

O mar se aproximava cada vez mais e a arena estava cada vez mais distante. Deah sentiu-se extremamente envergonhada. Tinha perdido controle do dragão, mas como? Papoula nunca se comportara daquele jeito. Ela sempre fora obediente, as duas eram completamente sintonizadas.

Quando Deah se viu acima da água, ela logo entendeu o que se passava. Outros dragões também voavam no céu ao seu redor, dragões selvagens, e um grande grupo de dragões marinhos nadava alegremente, rugindo e soltando pequenas bolas de fogo.

Papoula também rugiu e se juntou ao grupo, emitindo vários sons animados. Ela balançava sua cabeçona para cima e para baixo, chacoalhando o corpo de Deah. A garota não sabia o que fazer. Deveria esperar que alguém a resgatasse? Pular no mar seria suicídio, aqueles dragões selvagens eram imprevisíveis.

Eles não pareciam muito agressivos, para falar a verdade. Pareciam só estar fazendo amizade, comunicando-se uns com os outros. Deah imaginou que fosse a época de migração dos dragões marinhos.

Ela respirou fundo e por alguma razão, se lembrou dos livros que a tia Carissa tinha em casa, escritos no antigo idioma de Parkii. Tinha passado muitas horas entediantes debruçadas sobre aquelas páginas, tentando fazer sentido entre as letras engraçadas e palavras ásperas, mas Deah se lembrava bem sobre o que eram aqueles livros.

Eram sobre dragões, é claro. Parkii era a ilha daqueles animais, o conhecimento sobre eles era abundante.

Deah se lembrou de algo que havia lido. Para reter a atenção de um dragão, deve-se imitar com as mãos a vibração dos sons que eles emitiam.

A garota fechou os olhos e ouviu o rosnado suave de Papoula. Se concentrou na intensidade do som e no seu ritmo. Então, Deah começou a batucar nas costas dela, imitando o rosnado. Papoula se remexeu um pouco, irritada. Não funcionou.

Ela grunhiu em frustração. Dessa vez, Papoula ergueu um pouco a cabeça e pareceu curiosa. Deah grunhiu de novo, fazendo o som mais gutural que conseguia. Agora, Papoula já não prestava atenção nos animais da água, e sim nela.

Era hora.

Deah rosnou como um dragão, e também bateu em seu peito para fazer mais barulho. Papoula estava obediente, e começou a voar de volta para a cidade.

Quando já estava a alguns metros da arena, Deah viu uma das Juízas montada em um dragão grande e negro, vindo em sua direção rapidamente. Entretanto, ao ver que ela já estava com a situação sob controle, a Juíza deu um sorriso e bateu palmas. Até seu dragão pareceu fazer uma reverência.

***

Tia Carissa estava apertando Deah com tanta força que ela mal conseguia respirar. Já estava segura no solo, Papoula havia ganhado um grande pedaço de carne e agora outro aprendiz se apresentava perante aos Juízes. A jovem aprendiz havia trocado de roupas e estava agora com sua família.

Quando Deah voltou ao chão, os três aplaudiram de pé, durante um bom tempo, assim como o resto da arena. A garota sentiu seu rosto ficar vermelho como os olhos de Papoula, mas agradeceu com toda a cortesia que tinha – e com o gesto que tanto gostava de ter aprendido.

O sol do meio-dia já havia passado e uma brisa agradável assoprava a pele suada de Deah. Só percebera o quão perigosa havia sido sua pequena aventura agora que estava no chão. Nunca tinha visto tantos dragões juntos, era lindo e assustador.

Também não fazia ideia de onde tirara a ideia de grunhir e rosnar como um animal. Percebeu agora que pareceria um tanto ridículo, ou bizarro, ou assustador para qualquer um que a visse, mas enquanto guiava Papoula com sua voz, Deah não estava pensando racionalmente. Ela só seguiu os seus instintos e agora estava viva. Com a garganta doendo e a voz rouca, mas viva.

Ela, sua tia, seu avô e Ambrus estavam sentados em uma parte mais isolada da arena, onde poucas pessoas ocupavam a arquibancada. O aprendiz que se apresentava estava indo mal, levando muitos golpes na luta com bastão.

— Deah, sabe o que os Juízes me disseram enquanto você se trocava? – tia Carissa disse, segurando a mão dela – Disseram que só um Kohar conseguiria fazer o que você fez.

— Um Kohar?- Deah repetiu – Não pode ser, tia, não há nenhum Kohar na nossa família. Nunca houve.

— O que é um Kow-ar? – Ambrus perguntou, com ar confuso.

— Os Kohar são guerreiros lendários, antes da Magia unificar Aurora – Carissa explicou pacientemente – Eles eram tão ferozes que diziam que suas auras eram fundidas com as auras de dragões, e por isso eram habilidosos com os animais.

— Eles foram os primeiros Guardiões de Parkii – Deah acrescentou – E todo guardião que tem grandes habilidades com os dragões é chamado de Kohar, mas dizem que é um poder que passa entre as gerações... mas nunca houve um Kohar entre os Soler.

— Quem é que disse isso? – vovô Azel interrompeu. Antes, ele havia estado ocupado demais contando os tijolinhos da parede para participar da conversa, mas o assunto dos Kohar parecia interessar-lhe – Meu bisavô era um Kohar! Sim, sim! Um Kohar!

Ele continuou repetindo “Kohar! Kohar!” por um tempo, até que se distraiu de novo com um besouro que pousou em seu braço. Tia Carissa sorriu com doçura, e Deah também. Vovô Azel era louco, com certeza, mas seria bom pensar que dessa vez estava falando algo verdadeiro.

Deah sentiu-se ainda mais inquieta do que quando estava nas costas de Papoula sobre o oceano. Nunca tinha conhecido um Kohar, a maioria deles morria jovem, e não apareciam com muita frequência na ilha.

Talvez seu momento de coragem com os dragões fosse só loucura mesmo, e ela estivesse aos poucos se tornando seu avô. Mas ser uma Kohar seria divertido.

— Bom, Deah, agora que já está calma e a sua Iniciação já passou – Ambrus disse, pigarreando para chamar-lhe a atenção – Temos que te contar uma coisa. É um segredo, e espero que não fique brava por termos escondido isso de você.

Ambrus e Carissa se entreolharam com certa apreensão e Deah sorriu, aliviada. Finalmente contariam que estavam juntos! Já era tempo. Mas ela queria provoca-los e mostrar que tinha sido mais esperta, então antes que Ambrus dissesse alguma coisa, Deah disparou:

— Vocês dois são um belo casal, mas mentem muito mal. Eu sei há semanas que vocês estão juntos.

Silêncio. Nenhum dos dois respirou naquele instante, perplexos.

— E-espera! – Carissa exclamou, muito diferente de sua forma calma habitual – D-do que está falando? Ó-ótima piada, Deah, eu e Ambrus nunca...

— Não era isso que eu ia te contar, Deah, mas já que estamos no assunto, como é que você sabia? – Ambrus perguntou, igualmente surpreso, mas de maneira mais controlada.

— Pare de graça, Ambrus, nós não estamos...

— Ah, por favor Carissa, se até ela sabe, mais gente deve ter percebido.

— Eu encontrei roupas suas no quarto da minha tia, uma vez – Deah explicou, dando risadinhas.

Carissa havia ficado vermelha como uma pimenta e escondia o rosto nas mãos. Vovô Azel deu risada, distraído.

— O que é que as minhas filhas veem de tão especial nos rapazes de Arjan?

— Ei, está tudo bem! – Deah disse, indo para o lado de Carissa e a abraçando – Eu honestamente sempre quis que vocês ficassem juntos. Sempre cuidaram de mim, então qual a diferença que faria?

— Eu sei, mas não queria que descobrisse desse jeito. E eu não queria que soubesse tão cedo – Carissa murmurou – Olha, só porque estamos juntos agora não quer dizer que vamos te deixar em segundo lugar. Meu medo era que pensasse isso.

— Por que é que eu pensaria isso? – Deah respondeu – Não se preocupe, tia. E Ambrus, se você alguma vez chatear ela...bem, viu o que eu consegui fazer com um bastão.

Carissa sorriu maternalmente deu um beijo no rosto de sua sobrinha, depois envolveu-a em um abraço. Ambrus também sorriu e tornou a se encostar na parede, com um ar de travessura.

— Bem, Deah, já sabe sobre mim e sua tia. Com ou sem essa sua ameaça, eu teria prometido ser um perfeito cavalheiro com ela – ele deu uma piscadinha – Mas não era esse o segredo que íamos te contar. Onde está o seu bastão?

A garota foi até um dos bancos que estava mais próximo deles e pegou sua querida arma, depois ofereceu-a ao padrinho. Ambrus girou o bastão em suas mãos algumas vezes, e ao pará-lo, facilmente puxou o anel de madeira que cercava a área onde ele havia rachado.

— Ei, pare! Vai quebrá-lo de novo! – Deah protestou com urgência.

Ambrus arrancou o adorno do bastão. A jovem guerreira sentiu seu coração parar por um instante, mas para sua surpresa, o bastão não se quebrou. Na realidade, não havia nenhuma rachadura nele. Aquele bastão nunca havia se quebrado.

— Eu menti para você, querida. Minhas mais humildes desculpas – disse Ambrus, calmamente – Esse bastão é novo em folha. Eu passei a noite refazendo as inscrições que o seu antigo bastão tinha, porque sabia que você só se sentiria segura com ele.

— Então eu fiz a minha iniciação...com um bastão novo? Sem nenhuma aprendizagem, sem nada?

— E você foi ainda melhor do que esperava – Carissa completou – Não foi tão ruim assim. Você só tinha que confiar em si mesma, Deah. Nenhum bastão mágico vai mudar as suas habilidades.

— Mas essa é a tradição...-ela insistiu – Eu quebrei uma tradição, eu poderia ter sido amaldiçoada pelos deuses! Os Juízes poderiam tem diminuído a minha nota por ter sido descuidada!

— Por acaso alguma coisa dessas aconteceu?

Deah se calou e olhou mais uma vez para o bastão que Ambrus segurava. Ela o pegou de volta e olhou. Era idêntico ao seu antigo, nunca teria notado a diferença. Ela sentiu-se um pouco estúpida, mas ao mesmo tempo, aliviada. A Iniciação havia corrido bem, apesar de tudo. Não tinha motivo para ter ficado apavorada.

— Que se danem as tradições! – ela exclamou, com uma súbita epifania – Elas só servem para nos deixar apreensivos e presos à costumes antigos que não nos servem para nada!

— É, que se danem as tradições! – Carissa apoiou.

— Tra-di-ções! Li-xo! La-la! – vovô Azel concordou, batendo palmas.

— É isso aí, garota. Você vai ser a primeira Kow-ar a criar suas próprias tradições – Ambrus disse. Carissa riu.

— É “Kohar”, como “correr”, mas com “a” no final – ela corrigiu – Quem sabe até Deah se tornar uma Guardiã oficial você aprenda a pronunciar.

— Talvez.

Deah suspirou. Conseguia se imaginar, alguns anos mais velha, alta e forte como as guerreiras lendárias da ilha, montada em Papoula e atirando flechas em brasas nos inimigos.

Parkii podia ser uma ilha cheia de regras e de pessoas severas, mas era também a ilha de sua família, de seu dragão e de seus amigos. Deah a protegeria como pudesse.

E ela seria a melhor Guardiã de todas.


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Notas finais do capítulo

Como Treinar Seu Dragão: Edição Aurora.
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