Quartevois escrita por Lily


Capítulo 8
Caitlin




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Eram duas da manhã e ao invés de estar dormindo ela estava sentada no chão perto do seu quarto com uma antiga blusa de Ronnie nas mãos e rosto banhado em lágrimas. Ninguém nunca havia lhe dito que seria fácil superar a morte de um ente querido, mas ela pensava que seria menos doloroso com o passar dos anos, porém não fora. Necessitou apenas de uma única lembrança para despertar toda aquela dor que ainda habitava nela.
Apertou a camisa com força, havia achado-a depois de vasculhar o armário em busca de um outro coberto por causa do tempo frio, mas acabou mexendo onde não devia e achado o que não queria.
Sentia tanta falta de Ronnie que às vezes chegava a ser inexplicável, havia amado-o de todas as formas possíveis e havia sofrido como ninguém, o perderá duas vezes e chorará pelas duas perdas, não sabia explicar muito bem como havia conseguido levantar da cama nos dias que se sucederam o seu enterro, sentia como se algo faltasse, como quando perdemos uma perna ou um braço, se lembrava de cada lágrima que soltará e de cada dor que sentirá tanto fisicamente como psicologicamente.
E agora tudo estava de volta, mas forte e doloroso. Fechou os olhos e se apoiou na parede. Natali dormia em sua cama e a única coisa que ela ouvia era sua respiração calma, queria poder dormir, mas sabia que se fechasse os olhos todas as lembranças voltariam como um tornado, a destruindo de fora para dentro. A noite era pior do que o dia, pelo menos quando estava no laboratório toda sua atenção estava voltada para algo prático, mas quando estava em casa sozinha seus pensamentos lhe torturavam, fazia meses que ela não pensava mais nisso, sentia falta de Ronnie sim, mas agora algo havia lhe lembrado dos seus piores momentos e o seu corpo em resposta deu-lhe uma sensação de agonia e desespero.
Se arrastou até cômoda e pegou o celular, digitou rapidamente o número já decorado, bastou apenas dois toques para a voz sonolenta atender.
—Barry? - sussurrou tão baixo que temeu que ele não ouvisse.
—Cait? - ele indagou, ela quase podia vê-lo se levantar da cama, esfregar os olhos e finalmente notar que horas eram. - O que houve? Por que está me ligando uma hora dessas? Aconteceu alguma coisa com Natali? Ou com você?
— Natali está bem, ela está dormindo, já eu...
—Você está bem?
—Não muito. - revelou com a voz embargada e usou o punho da camisa para limpar as lágrimas.
—Você está chorando?
—Um pouco.
—O que houve Cait?
—Achei algumas coisas de Ronnie no armário, pensei que estivesse bem, mas agora estou chorando como um bebê enquanto Natali está dormindo como um pedra. - falou e terminou rindo sarcasticamente. -Ah Deus, estou me sentido uma boba, desculpa por ter te ligado Barry, mas eu apenas não queira ficar sozinha.
—Primeiro, não se sinta boba, faz bem chorar às vezes. E segundo, você pode me ligar quando quiser, sou seu amigo Cait e nunca te deixarei sozinha. - ele falou, então de calou. O silêncio habitou entre eles por alguns minutos antes de Barry perguntar. - Você quer que eu vá aí te fazer companhia?
—Não precisa, esta tarde.
—Não se preocupe, chegou aí em um segundo. - ele falou e então desligou, demorou cerca de três segundos antes dela ouvir as batidas fracas na porta. Se levantou meio sem jeito e caminhou para fora do quarto, abriu a porta e sentiu os braços de Barry a envolverem, enterrou a cabeça na curva do pescoço dele e sentiu as lágrimas voltarem.
Seu corpo tremia devido aos soluços incessantes, Barry a puxou com cuidado e a levou até o sofá.
—Está tudo bem. - ele sussurrou contra seu ouvido. - Tudo vai ficar bem. - ele afagou suas costas carinhosamente. - Eu estou aqui, nada de ruim acontecerá com você.
Caitlin se afastou e o encarou, Barry passou a mão pelo seu rosto delicadamente limpando as lágrimas que ainda escorriam. 
—Está melhor?
—Obrigada por ter vindo. - sussurrou baixando os olhos. - Você não precisava fazer isso.
—Claro que eu precisava, não seria um herói se não fizesse.
Ela riu.
—Você sempre será meu herói Bar. - afirmou, ele então pegou sua mão e levou até os lábios beijando-a suavemente.
—É sempre um prazer servi-la.
Ela sentiu um arrepio tomar conta de seu corpo, tentou sorriu.
—Obrigada mesmo, são quase três da manhã e você está aqui, comigo. Ninguém nunca fez isso por mim. - falou sem olhar para ele.
—Ei, se lembra que a gente é uma família. Estarei aqui sempre que você precisar, não importa a hora ou o dia.
—Obrigada. - sussurrou e o abraçou com força, uma onda elétrica tomou conta do seu corpo, era como se algo dentro dela a impedisse de se separar dele. - Obrigada por tudo.
—Não a de que.
Ela se afastou com cuidado sentindo o corpo todo gritar, seu coração batia descompassado enquanto Barry a encarava, respirou fundo tomando coragem antes de se inclinar para frente e beija-lo.
As mãos de Barry percorreram seu corpo até se instalarem em sua cintura como uma âncora, entrelaçou os dedos no cabelo dele sentindo o beijo delicado, porém desesperado. Ela já necessitava disso a bastante tempo, mas do que podia contar ou pensar.
Quando eles se separaram ela mal conseguia esconder o sorriu, com ele não era tão diferente, Barry estava vibrando, literalmente.
—Com licença um segundo. - ele pediu antes de sair correndo pela porta, ela riu incrédula, nem sequer imaginária onde ele poderia estar, Barry era tão impulso que não seria surpresa ele estar no Grand Canyon essa hora.
Então ela começou a contar quantos segundos demoraria até ele voltar, contou até vinte quando a porta se abriu novamente, Barry não estava ofegante ou parecia cansado, estava com um sorriso no rosto e o cabelo despenteado.
—Onde estamos mesmo? - ele indagou se aproximando dela e beijando-a novamente.

[...]

Ela acordou por volta das oito, o braço de Barry apertava sua cintura enquanto podia sentir sua respiração contra sua nuca. Se remexeu.
—Bom dia. - ele murmurou.
—Bom dia. - se virou  no sofá ficando de frente para ele.
—Nunca mais eu durmo no sofá. - ele resmungou, então se inclinou para beija-la. - Mas convenhamos não foi uma noite tão ruim assim.
—Obrigada de novo.
—Por favor pare de agradecer. Faria qualquer coisa por você. - ele revelou enrolando uma mecha do cabelo dela em seu dedo. - Sempre.
Ela riu.
—Gosto do seu riso. - Barry falou acariciando sua bochecha com a ponta dos dedos, ela fechou os olhos, ele ergueu o queixo dela e a beijou. - Acha que a gente pode ficar aqui a manhã toda?
—Eu adoraria, mas acho que Cisco e HR iram se matar sem mim lá.
—Salve Caitlin a salvadora da pátria. - ele murmurou contra sua boca. Ela então ouviu os passos vindos do corredor.
—Mamãe? - Natali chamou, Caitlin se sentou e se virou para a pequena que já corria em sua direção, mas parou e a encarou. - Papai , o que você está fazendo aqui?
—Vim ver você. - Barry falou a puxando para o sofá. - E cuidar de sua mãe.
—Você estava doente mamãe? - Natali indagou olhando para ela e ajeitando o urso de pelúcia nos braços.
—Não querida, estava apenas triste.
—Isso é ruim, ninguém pode ficar triste.
—Isso meu anjo, ninguém nunca mais vai ficar triste nessa casa. - Barry proclamou e isso fez Natali sorrir.
—Então, preparada para passar a noite com Joe? - indagou puxando-a para seu colo.
—Por que eu não posso ir com vocês pra Star City? - Natali cruzou os braços e fez um bico.
—Porque é coisa de adulto e você ainda é criança. - explicou, mas isso não pareceu o suficiente para a garotinha.
—Mas eu quero ver Liv e Tommy.
—Deixa eu adivinhar. - Barry se inclinou para frente, colocou o dedo sobre o queixo e fez uma careta estranha, Natali riu.
—Deus, você está ridículo.
—Tommy é de Thomas, e eu tenho quase certeza tem um Queen  no final desse nome.
Ela arqueou a sobrancelha confusa.
—Você acha que Tommy é filho de Oliver?
—Dãmn, claro que ele é. - Natali falou revirando os olhos. - Ele e Liv são filhos do tio Oliver e da tia Feli. Vocês também se esqueceram disso?
Caitlin franziu o nariz.
—Parece que finalmente eles tiveram um final feliz.
—Estou feliz com isso, mas é melhor não contar para Cisco, se não é capaz dele deixar escapar sem querer.
—Concordo.
—Deus, eu amo quando você concorda comigo. - Barry falou se inclinando e beijando-a.
—Eca! - Natali resmungou, eles se separaram sorrindo. Barry a encarou com um olhar questionador e ela soube exatamente o que ele queria, então ambos se posicionaram ao lado de Natali e lhe taxaram dois beijos molhados nas suas bochechas. - Não!


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