Quartevois escrita por Lily


Capítulo 27
Barry




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—E como ela está? - Joe indagou assim que o avistou no corredor do hospital.
—Bem, ela e o bebê estão bem. Foi um sangramento, mas o médico disse que não foi nada grave. Ela apenas tem que ficar de repouso. - assegurou, o detetive soltou um suspiro aliviado. - Cisco e Natali estam com ela.
—Me desculpe Barry, não sabia que Caitlin ainda estaria lá. - Joe o olhou arrependido.
—Não é sua culpa, tudo isso é culpa minha, eu tinha que ter conversado com ela. - se lamentou.
Joe colocou a mão sobre seu ombro.
—Íris estará lá amanhã, mas Caitlin precisa de você agora.
Barry sorriu ainda cansado e o guiou até o quarto onde Cait estava acomodada. Natali estava sentada na cama desenhando no caderno que ele havia comprado para ela algumas semanas atrás, Cisco conversava com Caitlin, ele havia arrastando a poltrona para perto da cama, coisa que o próprio Barry faria em algum momento.
—Papa! - Natali exclamou ao ver Joe, e esticou os braços para ser pega no colo.
—Oi minha pequena. - Nat beijou a bochecha do velho West. - Caitlin, está melhor?
—Bem melhor. Estamos bem. - ela assegurou colocando a mão sobre a barriga.
Barry se aproximou e beijou a testa dela com ternura. Cisco puxou o caderno de desenho de Natalie e o analisou.
—Nat, quem são essas pessoas?
—São a minha família. - ela respondeu voltando para a cama.
—Todos eles? - ele voltou a pergunta impressionado.
Barry arqueou a sobrancelha em direção ao amigo, Cisco lhe estendeu o caderno, havia vários bonecos desenhados de várias maneiras e de cores diferentes, alguns altos, outros baixos, com cabelo, sem cabelo. Isso o fez perceber que Natali tinha uma definição diferente de família, o significado daquela palavra para a pequenina era mais amplo.
—Olha papai. - Nat apontou para uma bonequinha pintada de marrom, ao lado dela tinha uma menor.
—Quem é essa meu amor? - Caitlin perguntou. Natalie sorriu antes de responder.
—É a tia Íris, mamãe.
Ele a encarou, Natalie nunca havia mencionado Íris, nunca, talvez seja por eles nunca terem perguntado. Mas aquilo havia saído tão espontâneo da boca da pequena que ele estava surpreso.
—Ah, claro. Tia Íris.
—Ela prometeu que iria me levar ao parque, mas até hoje ela não me levou. Até Ed foi e eu não. - Natali cruzou os braços emburrada.
—E quem é Ed? - Joe perguntou analisando o desenho.
—Meu irmão. - ela falou, Joe abaixou o caderno.
Barry desviou o olhar de Natali para Cait.
—Como assim seu irmão?
—Meu irmão velho, mamãe. - ela balançou a cabeça como se disesse, sério que você está me fazendo essa pergunta de novo?
—Quantos anos Ed tem mesmo Nat? - Cisco perguntou sorrindo para ela. Seu sorriso era de nervoso como se as próximas palavras de Natalie fossem cruciais, o que na verdade eram. A pequenina levantou as duas mãos e abaixou apenas um dedo de um lado.
—Isso.
Cait pareceu prender a respiração, ela apertou sua mão com força. Ele se aproximou de Natali e calmamente falou.
—Meu anjo, você se lembra daquele lindo desenho que você fez quando foi para o apartamento da mamãe? - ela assentiu. - Você disse que era o desenho da sua família, por que Ed não estava lá?
—Porque ele estava no acampamento, papai. - Natali olhou para ele com aquele olhar de quem sabe de tudo, o mesmo olhar que Caitlin usava diariamente. - Por isso ele não tá no desenho, eu ainda estou com raiva dele por ter ido sem mim.
Cisco riu nervoso. Barry passou a mão pelo cabelo e voltou seu olhar para Cait, ela ainda encarava Natali fixamente.
—Natali por que você não falou que tinha outro irmão além de Ralph? - indagou, a pequenina deu de ombros.
—Você nunca perguntou.
Todos ficaram em silêncio por alguns segundos tentando digerir aquela informação.
—E essa é a minha garota! - Joe quebrou o silêncio rindo.
Barry sorriu meio abobado. Era como se só agora tudo houvesse ficado claro. Seu filho se chamaria Ed. Seu primeiro filho. Ele teria um filho.
Puxou Natali a rodando pelo quarto, ela gargalhava alto, Cait riu, em uma mistura de nervosismo e entusiasmo, ela ainda não parecia acreditar naquilo tudo.
—Você é esperta demais, meu anjo.

[...]

Adentrou a casa de Joe sem bater na porta, aquela era a sua segunda casa, viverá a adolescência total ali, não havia nenhuma cerimônia ao entrar. Íris estava sentada no sofá de costas para ele, limpou a garganta chamando a atenção dela. Íris se virou, mas ele não sentiu aquele velho temor ou seu coração bateu mais rápido, o que ele sentiu foi um saudosa saudade, saudade da época em que eles se sentavam no sofá comendo besteira e assistindo os filmes de terror. Na verdade, ele sentia falta de sua amiga.
—Podemos conversar? - indagou secando as mãos na calça. Ela não falou nada apenas se virou para frente, ele se aproximou se sentando a frente dela. - Íris me escuta, está bem? - ela continuou com olhar fixo no livro que lia. - Eu devia ter te contado sobre Caitlin, deviamos ter conversado antes, deixado tudo claro sobre o que estava acontecendo, m as as coisas se complicaram mais do que deviam. - explicou, mas ela nada fez, então ele continuou. - Se lembra quando ficávamos à noite toda acordados assistindo aquelas comédias românticas? Você chorava em cada uma delas. Principalmente no O Casamento do meu melhor amigo, com aquela cena em que Juliet persegui o carro e liga para o George, então ele fala "E quem está atrás de você?". Íris, eu passei muito tempo atrás de você, tentei de tudo para que ficássemos juntos, mas nada parecia dar certo. Não estou dizendo que tudo foi em vão, porque não foi, eu amei você como uma mulher, mas agora te amo como uma  amiga. Sei que tudo parece estar contra você, mas não é verdade. Sinto muito se te machuquei ou dei alguma falsa esperança, mas eu não posso continuar com isso. Sei que vai levar um bom tempo para você me perdoar, mas quando estiver pronta, eu estarei aqui.
Se levantou e caminhou em direção a porta, então a última coisa que ouviu antes de sair foi o choro baixo de Íris.

[...]

Sabe aquele arco-íris depois da tempestade? Então, ele existia de verdade. Caitlin seguia descansando em casa, não trabalharia mais pelo resto da semana, tinha dado a desculpa de que havia pegado uma forte gripe, mas que logo ficaria melhor. Íris parecia ter começado a se acostumar com a idéia dele estar com Caitlin, embora ainda houve algumas vezes que ele a pegasse observando o nada com uma nuvem de melancolia ao seu redor, mas nada que o tempo não cure, ele também torcia para que logo eles voltassem a ser amigos de novo, e com logo, ele se referia a chegada do bebê dali a alguns meses. Logo a barriga de Caitlin cresceria e eles teriam que contar verdade, não ela toda obviamente, mas a parte de estarem juntos e que teriam um filho. Caitlin precisaria de todos ao seu lado, mas principalmente de Íris, sua amiga.
Isso levava a outro ponto, Natali. Ele mal podia acreditar que eles finalmente haviam conseguido se comunicar com o seu eu do futuro, o plano de Cisco havia funcionado e logo Nat voltaria para casa. Isso lhe causava uma sensação de êxtase, mas ao mesmo tempo de tristeza, não teria mais seu anjinho por perto, não teria mais ninguém para ajudar a acorda Caitlin e cantar todas as músicas da Pequena sereia, não iria mais pegar ninguém na aula de balé, nem esperar na fila de algum brinquedo idiota, está bem, essa última parte ele não se importaria de deixar para trás. Mas o fato era que Natali está indo e demoraria anos até vê-la de novo.
Se inclinou sobre ela.
—Está pronta para dormir? - indagou tocando a bochecha dela.
—Sim papai.
—Deu boa noite pro papa?
—Sim.
—Pro Cisco?
—Sim.
—Pra mamãe?
—Sim.
—Pro nosso gato?
—Não temos gato, papai. - ela disse fazendo bico, ele riu ajeitando o coberto sobre ela, Natali apertou o urso de pelúcia e fechou os olhos. Ela precisava dormir, assim a viagem no tempo seria menos complicada para sua cabecinha.

—Boa noite meu anjo.
Beijou o topo de sua cabeça e saiu do quarto. Caitlin o esperava na cozinha com uma xícara de chá na mão.
—Dormiu?
—Ainda não, mas está quase. - Se aproximou de Caitlin envolvendo sua cintura. - Nossa filha essa indo embora.
—Sim, ela está. E eu vou morrer de saudades.
—Ela vai, mas logo estará de volta. - assegurou.
—Mas não será a mesma. - Caitlin suspirou e colocou a xícara sobre a bancada.
—Ela será um bebê.
—Provavelmente o bebê mais lindo do mundo.
—Os bebês mais lindos do mundo, porque não se esqueça doutora Snow, são dois. - brincou fazendo-a rir.
—Você acha mesmo que eu vou esquecer que terei dois seres morando dentro de mim por vários meses? Estaria uma bola de praia ambulante.
—A bola de praia mais linda do mundo. - disse e acabou levando um soco no braço. - Aí!
—Calado. - Caitlin apertou os lábios em reprovação.
Barry revirou os olhos antes sussurrar.
—Te amo.
Ela deu o braço a torcer e sorriu.
—Também te amo.
Ele a beijou.


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