Ela acordou com o despertador apitando, esticou o braço desligando-o, então abriu os olhos se espreguiçando. Se lembrava de tudo o que acontecerá na noite anterior, se lembrava da briga no bar, de ter ido parar na cadeia, de ter ficado com ciúmes de Barry, de terem brigado e por fim, se lembrava da declaração dele. Sorriu enquanto se virava, Natali dormia calmamente agarrada ao seu urso, Barry não estava mais na cama, então deduziu que ele havia acordado mais cedo para fazer o café.
Se levantou, ainda usava o vestido de festa e seus saltos estavam jogados em algum canto do quarto, se alguém a visse assim possivelmente pensaria que algo, carnal, rolou entre ela e Barry, mas o mais engraçado era que embora ambos soubesse que muito provavelmente passariam o resto de suas vidas juntos, ninguém ainda  havia insinuado algo sobre sexo. Na noite em que ele havia ido em seu socorro e eles finalmente se beijaram, ela pensava iria rolar algo mais, porém Barry havia sido um cavalheiro e eles então ficaram apenas nos beijos e carícias. Ele parecia querer ir com calma e ela agradecia por isso.
O cheiro de ovos mexidos fez sua boca salivar, chegou a cozinha e se deparou com a cena que quase chegava a ser familiar. A mesa estava posta com todos os talheres e louças perfeitamente organizadas, havia um prato com uma torre de panquecas e outro com uma montanha de bacon, uma jarra de suco de laranja, um bule com café e algumas torradas.
—Bom dia. - desejou se aproximando, Barry sorriu e a envolveu em seus braços.
—Bom dia. Como passou a noite?
—Já me acostumei com os chutes de Natali. - falou passando os braços pelo pescoço dele. - E você?
—Bem, principalmente quando acordei e encontrei duas mulheres maravilhosas em minha cama.
Ela riu.
—Nunca fale isso perto de ninguém, vai causar uma má impressão.
—Uma péssima impressão. - ele sussurrou contra seus lábios e então a beijou.
Era um gesto de carinho e afeto, mas ocorreu de uma maneira tão natural que a surpreendeu, ela se afastou sorrindo.
—Não vai fugir desta vez? - indagou em um tom brincalhão.
—Não sem ter você do meu lado. - ele respondeu no mesmo tom. - Quer tomar café?
—Adoraria.
Ele a guiou até a mesa e puxou a cadeira para ela sentar, um gesto de cavalheirismo que a fez rir de novo.
—Você que fez tudo isso?
—Sim, gosto de cozinhar para as pessoas que eu amo. - Barry deu de ombros. - Acho que quando fazemos uma coisa com amor é mais fácil e mais gostoso.
—Tenho certeza que está tudo maravilhoso. - esticou o braço para pegar uma das torradas. - Natali e Ralph tem sorte de pelo menos um dos pais deles saber cozinhar.
—Como você acha que ele é? - ele perguntou se referindo ao irmão gêmeo de Natali.
—Eu não sei, estaria mentindo se dissesse que nunca o imaginei. Mas acho que ele se parece com você.
—Por que? - Barry arqueou a sobrancelha em sua direção.
—Nat é parecida comigo, então em lógica, Ralph se parecerá com você.
—Você está cientificamente ou está apenas deduzindo?
—Estou deduzindo.
—E se eles forem gêmeos univitelinos?
—Então teremos duas cópias minhas e zero cópias suas. - sorriu e mordeu um pedaço da torrada. - Isso significa que eu ganhei.
—Não comemore antes do tempo Cait. - ele balançou a cabeça e levou a xícara de café a boca.
—Mamãe? - Natali chamou, virou a cabeça e sorriu para filha.
—Bom dia meu anjo. - saudou a chamando com a mão, Natali se aproximou, então a sentou em seu colo. - O que você quer comer?
—Panqueca!
—Panqueca? Tem certeza? - Barry perguntou já puxando um prato para ela. - As torradas estão tão gostosas?
—Não papai, eu quero panquecas. - Natali cruzou os braços e fez bico.
Eles riram, Barry colocou duas panquecas no prato e despejou calda de chocolate por cima.
—Assim está bom, meu anjo?
—Com certeza. - ela respondeu com a boca cheia. - As melhores panquecas do mundo.

[...]

Ela abriu a porta deixando o casaco no cabide e jogando a bolsa no sofá, caminhou para o quarto, retirou os sapatos colocando-os perto do closet. Tinha que tomar um banho rápido e depois correr para o laboratório, já estava atrasada em sua rotina graças a Barry e Natali, ele havia se oferecido para dar banho em Nat, mas invés de banhar a pequena eles haviam molhado todo o banheiro, inclusive ela mesma.
Retirou o vestido e tomou um banho rápido, já estava ajeitando o cabelo quando a campainha tocou.
—Já vai. - gritou, amarrando o robi e correndo descalço para a porta. - Felicity, Kara, o que fazem aqui? Vocês não já deviam ter ido embora?
—Sim e não, oi para você também Cait. - Felicity falou passando por ela  adentrando o apartamento.
—Resolvemos ficar por mais tempo. - Kara disse sorrindo.
—Vocês todos estão uma bagunça.
—Do que você está falando? - indagou a Felicity. - Eu limpei esse apartamento ontem.
—Não estou falando desse tipo de bagunça. - Felicity explicou se sentando no braço do sofá. - Você, Barry, Íris e essa garota nova, qual é mesmo o nome dela?
—Natali. - Kara falou e Feli sorriu em agradecimento.
—Isso, essa tal de Natali. Vocês todos estão uma bagunça.
Caitlin franziu a testa ao entender onde ela queria chegar, respirou fundo antes de falar.
—Desculpa, mas não acho que isso tenha haver com vocês.
—A gente também não achava, mas depois de ontem começamos a pensar diferente. - Kara disse.
—Como assim?
—Cait, Barry  literalmente a pegou nos braços e a levou para embora, Cisco e Joe riram e conversaram entre sussurros por quase dez minutos, não entendi muito bem o que eles falaram, mas Cisco falou alguma coisa sobre o seu ciúme ser fofo. - Felicity cruzou os braços. - Cait por acaso está rolando alguma coisa entre você e o Barry?
—O que!? - quase gritou, mas então se recompôs e manteve a calma. - De onde você tirou isso?
—Não sei, deve ser o fato de você estar vermelha apenas por termos insinuado isso. - Kara deu de ombros com um sorriso convencido.
—Sabe vocês tem uma imaginação muito fértil. Agora se me dão licença tenho que terminar de me arrumar para o trabalho. - virou de costas indo em direção ao seu quarto, mas ainda pode ouvir Felicity falar.
—Você pode negar, esconder de si mesma, mas está mais do que na cara, você está completamente apaixonada por ele.
Fechou a porta e bufou, Felicity estava certa, ela estava apaixonada por Barry e pior do que admitir para outra pessoa, era admitir para si mesma.
Quando conheceu Barry sentiu uma forte atração por ele, no início achava que era apenas pela convivência e pelo fato dele ser o primeiro homem, fora Cisco, que ela deixará se aproximar depois de Ronnie, mas era isso, era muito além disso. Mas quando perceberá já era tarde de mais. Ou pelo menos era o que pensava.
Talvez aquilo tudo fosse loucura, Natali, seu relacionamento confuso com Barry, seus sentimentos, mas não era à isso que sua vida se resumia desde de o momento em que pusera os olhos nele.
Barry Allen era a causa da maioria dos problemas em sua vida, mas estranhamente ele também era a solução.