Quartevois escrita por Lily


Capítulo 1
Caitlin




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739167/chapter/1

"O passado e o futuro parecem-nos sempre melhores; o presente, sempre pior.''
William Shakespeare 

Ele estava no laboratório como sempre, sentado na cadeira rodando o anel sobre a mesa e encarando o vazio a sua frente. Caitlin já havia se acostumado com aquela cena, ele sempre chegava cedo e saia tarde, iria fazer quase um mês desde do infortúnio termino de noivado e ele ainda não havia se recuperado.
Se aproximou, o barulho do seu salto chamou a atenção dele, Barry levantou a cabeça e encarou.
—Bom dia Cait. - ele falou sem aquele animo na voz que ela tanto gostava.
—Bom dia Barry, como você está? - indagou deixando a bolsa sobre a mesa e lhe estendendo um dos cafés que havia comprado no Jittler, ele aceitou e forçou um sorriso.
—Bem. 
Ela suspirou e um puxou uma cadeira se colocando a frente dele.
— Não minta para mim Barry, sou sua amiga se lembra. - colocou a mão sobre o joelho dele. - Pode confiar em mim.
Barry a encarou por segundo antes de colocar a mão sobre a dela e apertar com carinho.
—Eu sei e agradeço, mas não estou com vontade de conversar agora.
Ela assentiu com um sorriso mínimo no rosto. Ambos ficaram se encarando por um tempo, ela não se importaria de ficar ali para sempre, Barry lhe transmitia uma paz e uma tranquilidade que ela não conseguia explicar, ele era seu melhor amigo, sempre estava lá para o que der e vier. 
—Que tal se sairmos hoje à noite, em? - Barry fez uma careta de protesto. - Vamos lá Bar, sair para dar uma volta pela cidade, comer alguma coisa em um lugar legal, assistir um filme, comédia romântica de preferência com um musical. Vai ser divertido.
—Não sei Cait.
—Bartholomew Allen, vai fazer quase um mês, sei que ainda ama ela, mas não pode deixar de viver sua vida para ficar sofrendo pelos cantos.
Barry arqueou a sobrancelha.
—Você está me dando um sermão? 
—Claro! Você é meu amigo e eu vejo o quanto esta sofrendo. Não consigo vê-lo assim.
Ele a encarou e o rastro de um sorriso passou por seus lábios. 
—Ok, vamos sair hoje à noite.
Ela sorriu animada.
—Ótimo, já sei até onde te levarei.
Barry pareceu intrigado, estava pronto para perguntar para onde iriam quando um barulho alto soou. Ambos se levantaram e se viraram procurando o barulho, o som parecia ter vindo de perto.
—O que foi isso? - indagou.
—Eu não sei. - Barry segurou sua mão e a puxou para perto. O barulho voltou e desta vez acompanhado por grunhidos, ela se virou e notou a movimentação vinda da enfermaria. O cutucou no ombro e apontou com a cabeça para o local, Barry soltou sua mão e caminhou para perto, Caitlin pegou a primeira coisa que viu, uma prancheta, e preparou-se para atacar a qualquer sinal de ameca, Barry a encarou confuso e estranhamente sorriu. O barulho retornou, então algo de vidro pareceu cair no chão, alguém grunhiu, mas ela percebeu que não eram um grunhido era um choro infantil, seu coração apertou e por algum motivo que ela não soube explicar, largou a prancheta e correu até a enfermaria.
—Caitlin! - Barry gritou, mas ela não ligou, sentiu ele a puxar segundos antes de passar pela porta da sala. Ela iria protestar, mas então encarou o motivo do barulho, no chão encolhida ao lado de uma pequena montanha de cacos de vidro estava uma garotinha de cabelos avermelhados usando um vestido de borboletas, ela estava chorando e seus joelhos estavam sangrando. Caitlin engoliu seco antes de se soltar de Barry e correr até a garotinha, se agachou ao lado dela e tocou seu rosto com cuidado, ela abriu os olhos e piscou tentado se livrar das lágrimas.
—Você está bem? -indagou, a garotinha, para sua surpresa, se jogou em seus braços. -Oh!
—Mamãe eu corri demais? - ela perguntou. Caitlin arregalou os olhos confusa, Barry se aproximou delas sem entender a situação. - Papai disse para eu não correr tanto, mas eu corri não corri? Sinto muito. Por favor não briga comigo. - a garotinha implorou sem solta-la.
Levantou os olhos encarando Barry que parecia confuso e surpreso.
—Querida. - chamou e com cuidado a afastou, a garotinha piscou seus olhinhos esverdeados. -Desculpa mais acho que você me confundiu. Eu não sou sua mãe. 
A garotinha fez bico, riu e maneou a cabeça balançando os cachos avermelhados.
—Mamãe, você é tão engraçada. 
—Querida, eu...
—Papai a mamãe não é engraçada? - a garotinha indagou olhando em direção a Barry, este meio confuso olhou por cima do ombro como se houvesse alguém atrás de si. 
—Desculpa, mas você está falando comigo? 
Ela riu como se tudo fosse uma grande piada e eles fossem os palhaços. 
—Vocês são tão engraçados. 
—Docinho você poderia esperar aqui um minuto. - pediu se levantando, a garotinha assentiu, Caitlin então puxou Barry pelo braço para longe dela. - O que está acontecendo?
—Eu não sei.
—Essa garota acabou de me chamar de mamãe!
—E ela me chamou de papai. 
Passou a mão pelo cabelo nervosa. Em sua cabeça tudo estava rodando. 
—Olha temos que saber quem ela é, de onde veio e como foi parar na enfermaria. - Barry falou.
—Certo, mas primeiro tenho que cuidar dela. O joelho dela...
—Eu sei. - ele colocou a mão sobre seu ombro e lhe lançou um sorriso encorajador. - Vamos. Você ainda tem que concerta-la.
Eles voltaram para enfermeira, a garotinha ainda estava sentada no chão, enxugando algumas lágrimas que ainda caiam.
—Barry coloque-a sobre a maca, por favor. - pediu enquanto se afastava para pegar o kit de primeiros socorros, ele assentiu e com cuidado pegou a garotinha.
—Papai vai doer?
Barry a encarou sem saber como responder, Caitlin respirou fundo antes de se aproximar da pequena e falar calmamente.
—Não querida.
—Diga a verdade por favor, não sou mais um bebê. - a garotinha falou como uma mini adulta.
Caitlin não pode deixar de rir mesmo estando nervosa. 
—Você poderia me falar o seu nome por favor.
—Você não sabe meu nome mamãe? - ela indagou, Caitlin molhou um chumaço de algodão com um pouco de anti-séptico.
—Não que eu não saiba querida, apenas gosto de ouvir quando você fala. - explicou.
—Ah, eu também gosto do meu nome. -ela falou animada. - É Natali. Natali Nora Snow Allen. 
Caitlin sentiu o ar deixar seus pulmões em tamanha surpresa, não precisou olhar para trás para saber que Barry também estava transtornado pela situação, respirou fundo e tentou focar no trabalho de limpar os ferimentos dela, Natali fez uma careta quando o algodão tocou em sua pele. 
—Nora? - Barry se aproximou dela, sentiu o estômago dar pequenas cambalhotas. 
—É, foi você que escolheu papai. Era o nome da vovó. Eu gosto dele. - Natali sussurrou observando-a, era como se ela quisesse lhe perguntar algo, mas não sabia se devia.
—O que foi Natali? 
—Vocês estão estranhos, mamãe. Eu fiz algo? - ela perguntou em um sussurro. 
Caitlin mordeu o lábio inferior. 
—Não querida, é que as coisas estão acontecendo muito rápido. 
—Como assim mamãe? 
—Natali, você por acaso sabe em que anos estamos? - Barry indagou ignorando a pergunta.
Natali olhou para ele como a se a pergunta fosse boba até para ela.
—2027. 
Caitlin deixou o chumaço de algodão cair no chão. Olhou para Barry em busca de alguma resposta.
Então era isso. Natali era do futuro, o que era meio óbvio agora, do seu futuro para ser mais específica, sua filha com Barry. Não. Não podia ser. Barry ficaria com Íris, era assim, sempre fora assim. 
—Mamãe você está bem? 
Levantou o rosto encarando-a, Natali tinha um semblante preocupado como se sentisse que algo estava errado. Tentou sorrir para ela.
—Claro. - confirmou, então enfaixou os dois joelhos de Natali antes de se virar para Barry. - O que vamos fazer?
—Eu não sei.
—Ela é do futuro.
—Eu sei.
—Temos que mandar manda-la de volta.
—Eu sei.
—Então como faremos isso? - indagou. Barry passou a mão pelo cabelo nervoso, sua respiração estava entrecortada e ela notou o leve tremor de suas mãos. - Barry?
—Eu tenho que ir. - ele falou e pareceu surpreso ao ouvir o que dizia. 
—O que?!
—Tenho. - e foi a última coisa que disse. 
O vento bagunçou seus cabelos deixando claro que Barry havia partido, mais claramente fugido, deixando-a sozinha com uma granada na mão. 
—Mamãe para onde o papai foi? - Natali perguntou em seu tom doce. Ela engoliu seco antes de virar-se para a pequena.
— Ele teve que sair querida, mas logo volta, ok? - se aproximou dela. Natali esticou os braços pedindo colo, Caitlin a pegou com cuidado, como se ela fosse uma boneca de porcelana. - Agora temos que ir a um lugar antes de alguém chegar e lhe ver, está bem?
—Por que mamãe?
Tirou uma mecha do cabelo avermelhado dela do rosto e colocou atrás da orelha.
—Porque você é o meu pequeno segredinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quartevois" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.