Que seja um novo dia escrita por Name Ishikawa


Capítulo 4
Treinar




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Levantou-se rapidamente, buscando a espada do filho no canto do quarto, dispensada para o Torneio. Dirigiu-se até ela, pegando-a e saindo pela janela, alçando voo até onde sua família estaria. O coração apertava-se em seu peito. Odiava sentir aquilo. Ao mesmo tempo que sentia aquela sensação, condenava Trunks por deixar sua arma em casa. Embora fosse filho de quem fosse, uma arma é uma arma. Olhou a espada mais uma vez e a colocou nas costas, assim como Trunks comumente a usava. Concentrou-se no KI do filho e aumentou a velocidade do seu voo. Em seu pensamento pedia que seu filho estivesse bem, que fosse forte o suficiente para aguardar pela chegada do pai, que tinha por missão naquele momento salvá-lo do perigo que fosse.

Finalmente, após alguns minutos, podia sentir o KI de Trunks. Parecia estar em batalha, o que confirmava o que Vegeta havia sentido. Seguiu mais um pouco e logo pôde ver Trunks contido no ar. Parecia preso por algo invisível, que lhe travava os movimentos, impedindo o guerreiro de defender-se. Os gritos de dor do filho atingiam os ouvidos de Vegeta como golpes violentos em seu coração. Zerara completamente o KI para que o inimigo não o percebesse e tramou rapidamente um plano. Notou as presenças de dois inimigos – Bujin e Bido -, onde o menor controlava Trunks pelas linhas quase invisíveis, perceptíveis apenas pelo brilho contra a luz. Posicionou-se atrás deles, mas precisou agir quando Bido mirou em Trunks uma lamina mortal, que de certo atravessaria o rapaz pelo peito, assim como acontecera no Torneiro de Cell. Agiu no ímpeto, no mesmo sentido do seu coração, lançando a espada de Trunks contra a lâmina, explodindo-a antes que perfurasse o rapaz. Isso cortou as linhas de Bujin, e Trunks finalmente libertou-se, apanhando no ar sua espada e identificando imediatamente o KI do pai.

Vegeta levou sua fúria ao ápice e desferiu sua energia contra os dois vermes que atentavam contra Trunks. Uma explosão tomava o local e via-se, dentre a fumaça, a figura valente, destemida e carrancuda de Vegeta. Disfarçava a felicidade em salvar o filho, vê-lo bem. Era hora do semblante áspero, encarando o inimigo, impondo-se, declarando-se vencedor daquela batalha. Avaliava rapidamente seu KI, suas habilidades, sua origem. Vegeta analisava minuciosamente o inimigo nos segundos que tinha e preparava-se para enfrentá-lo. Em sua mente, a certeza de poder vencê-lo. Preparou-se, atacou.

Trunks olhava do outro lado maravilhado o pai vindo em seu socorro. De certa forma até imaginou que seria possível que o pai fizesse isso, dadas as mudanças havidas com o saiyajin, mas nada de tão imediato.

Tamanha foi a surpresa para o próprio Vegeta, seus poderes mal davam conta daquele inimigo. Alguns ataques desferidos, alguns prédios e construções atingidas como se fossem escudos improvisados de ambos, mas nada dava a entender que Vegeta ganharia a luta.

Pensava no quão insignificante era sua presença naquele momento. Bojack parecia divertir-se com príncipe saiyajin, atacando-o sobremaneira. Sorria, sempre em tom escarnecedor. Vegeta intensificava os raios. Como numa chuva de fogos de artifícios, viam-se por todos os lados os feixes de luz dos ataques.

Finalmente, num golpe nem tão certeiro, Bojack apunhalava o príncipe, que no impulso do ataque fora arremessado para trás, não se machucando, mas provando o gostinho do ataque do inimigo. Como num filme, Vegeta viu-se em todas as vezes que deixara de treinar para ficar pensando em como Kakaroto estaria vivendo no além, em como ele mesmo era destinado a ser o maior guerreiro saiyajin de todos os tempos, em como fora cobrado toda a vida por isso, em como não havia ainda alcançado tal objetivo. Estava ali, no chão, e mercê de outros ataques, buscando forças para se levantar.

Porém, em seu orgulho saiyajin, nada o afetava mais do que ver seu filho voando em sua direção para salvá-lo. Como se havia deixado chegar a isso? Condenava Trunks e se condenava.

Julgou uma sorte que o filho não chegasse até ele para ajudá-lo, pois não suportaria o auto vexame de seu orgulho. Trunks estava cercado por Zangya e Bujin, e Vegeta tinha chance de reaver-se, tomar seu lugar na luta, mas não chegou sequer a concluir seu pensamento. Bojack surgira mais uma vez, acertando-lhe em cheio no rosto, levantando-o aos céus, devolvendo-o ao solo, uma e duas vezes. A dor começava a lhe incomodar, que o corpo dava sinais de que a sentia-se verdadeiramente lesionado. Sentia os ombros, as costelas. Zonzo, viu-se amparado pelo filho, que o protegia de um dos golpes. Humilhação. Escapou rapidamente dos braços dele, desejando morrer por ser tão fraco naquele momento, e ainda por cima ouvir do filho que não estava em condições de prosseguir.

Lançava-se mais uma vez ao encontro de Bojack, que outra vez não teve piedade. Perdeu sua transformação, dando lugar aos fios de cabelos negros. Silêncio. Por um tempo, e não soube precisar o quanto, permanecera desacordado.

Aos poucos, recuperava os sentidos. Não sabia por quanto tempo ficara insconsciente, mas ouvira, de longe, os gritos que pareciam ser de Gohan. Mais uma vez o príncipe tinha ficado para trás. Mais uma vez humilhado, dessa vez, pelo filho de Kakaroto, que com certeza derrotaria aqueles inimigos.

***

Sentado sobre a cobertura do hospital, refletia em tudo o que lhe acontecera momentos atrás. Trunks, Gohan e até Kuririn recebiam um tratamento vip no andar de baixo, na enfermaria, recuperando-se dos ferimentos. Vegeta não. Recusou-se a ser medicado quando Bulma insistiu, tendo ainda muitas dores. Manteve-se inabalável quanto aquilo.

— Ele já está bem melhor. Sangue saiyajin é forte. – Dizia Bulma aproximando-se do guerreiro, que permaneceu quieto. Encostou-se na beirada onde Vegeta sentava-se, admirando a paisagem. – Você está bem? – Voltava-se para ele, o olhar buscando avaliar qualquer ferimento grave no guerreiro.

— Não se preocupe. – Bufou baixo.

— Hum. Vi você pelo telão. Não imaginei que fosse aparecer por lá. Salvou Trunks.

— Treinarei o garoto.

— O quê? Como é que é, vai treinar quem?

— Ora, não se faça de idiota! Quem mais eu treinaria?

— Mas, Trunks é um bebezinho... Não que eu impeça, mas leve em consideração que ele não entende nada, não quero ver meu bebê todo roxo por aí...

— Não diga asneiras, Bulma! Assim que ele começar a andar. Não tente ser como aquela mulher do Kakaroto.

— Vegeta!

— Não terei um filho fraco. Sou o príncipe da minha raça e aquele garoto tem meu sangue, não aceito menos no que a possibilidade dele me superar, e isso significa que não descansarei até que isso aconteça, pois treinarei mais e mais!

Bulma o olhava estática. Vegeta estava decidido demais para que pudesse contrariar qualquer coisa, e ela mesma surpreendeu-se ao não questionar mais.

O guerreiro levantou-se, indicando a partida.

— Estarei na sala de gravidade.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura, e até o próximo!



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