Helena e Cedrico caíram.Foi estrondoso, doloroso e um tanto surpreendente.Helena mesmo sabendo que faria uma viagem de Chave de Portal, não esperou que fosse tão ruim assim.Cair sobre a mão quebrada não era o tipo de queda que Helena queria em um momento desses.

                Então gritou ao tentar se colocar de pé.Aparentemente, havia ferrado o pé também, mais do que sua perna estava ferrada.Cedrico tentou acalma-la ao colocá-la de pé, e apenas depois de ambos fazerem uma tala improvisada no pé e um estabilizador na mão de Helena, os dois olharam em volta.

               - Harry!- gritou Lena correndo até o irmão como podia.Harry estava lá, naquele lugar, com ele amarrado a uma lápide de um anjo.Ou melhor, morte, um anjo da morte.Lena e Cedrico o soltaram e o colocaram no chão.Ela imediatamentee arranjou uma forma de acorda-lo.Qual a melhor forma de reanimar alguém senão um soco no meio da cara?Ele acordou lentamente, gemendo e levando a mão ao rosto.

           Lena e Ced o sentaram e esperaram ele parar de gemer e os contar o que houve.

     -Lena, Cedrico...o que...como...- Ele gemeu de dor.

          -Foi Moody não Foi?- questionou Lena seriamente, o analisando com o olhar.Os olhos verdes de Harry disseram que sim, Moody o trouxe até ali, já Harry disse que não sabia.Não acreditava que Moody o havia sequestrado enquanto mijava.-Não é o Moody, é o filho do Crouch.O Crouch Jr.Ele tem assumido a identidade do verdadeiro Moody a meses.Aquele frasco dele tem Polissuco.- rosnou irritada e Harry assentiu com a cabeça junto com Cedrico, ambos impressionados.- Vamos, precisamos sair daqui.- Ela tentou ajudar Harry a se levantar, mas na verdade quem precisou de ajuda foi ela.Cedrico permaneceu agachado, catava os pedaços da varinha que havia quebrado.A varinha de Helena, mais especificamente.

          -Pare, vem alguém aí.- Harry sussurrou e os três pararam no lugar.Cedrico ficou agachado e se escondeu mais atrás dos dois de pé, mas quando Lena o olhou, rapidamente foi para trás da enorme lápide do anjo da morte.

       Os dois, Harry e Helena, observaram então o vulto que vinha se aproximando por entre as outras lápides do cemitério.Era uma pessoa baixa, gorda e que usava um capuz preto para tampar o rosto.Em suas mãos carregava um embrulho, ou um emaranhado de roupas ou um bebê.

        -Amarre-os.- uma voz fria surgiu do nada e Helena se assustou quando viu que se tratava do embrulho.O homem então baixou o capuz e puderam ver de que se tratava de Rabicho, um maldito traidor causador da morte dos Potter a 13 anos.

         Helena deu um passo atrás assim que Rabicho começou a andar na direção dos dois.Ele havia deixado de lado o embrulho que falava e agarrou a varinha.

       - Não chega perto de mim!- Helena queria ter fingido essa fala, mas estava realmente assustada.Não fazia ideia do que iria acontecer.-Harry, corre!- os dois se separaram e cada um correu para uma direção, ou ao menos tentaram.

       —Incarcerous!- a voz de Rabicho foi ouvida e Helena viu que Harry foi ao chão, amarrado com cordas mágicas.Helena continuou, mas foi surpreendida pela cobra dos seus sonhos entrando em sua frente.

    —Vaca!- Helena sibilou em língua de cobra.A cobra, a Nagini no caso, avisou que avançaria caso Helena não fosse até a lápide que Harry estava sendo preso.A ruiva teve que ir, mas foi fingindo um choro patético e que todos caíram.- Nós vamos morrer!- murmurou enquanto ainda chorava e mancava até Harry.Rabicho a prendeu na lápide junto com Harry e catou a varinha de Helena do cós da sua calça.Harry a olhou estranho e amordaçado, soltou um gemido.

      Rabicho os deixou ali sozinhos e foi cemitério a dentro, sumindo entre as árvores altas e escuras.Lena finalmente notou o espaço o seu redor.

         A casa que sonhava a semanas, estava ali, a uns metros de distância, em sua forma mais bela e até mesmo um pouco sombria.Aquele foi o local que o jardineiro morreu.O local que Berta Jorkins também morreu.O local que Tom Riddle os assassinou friamente.

       É, ela sabia que ele estava ali.Que estava vivo e prontos para mata-los.Soube isso faz poucos dias.Voldemort não estava morto como todos pensavam, apenas fraco.E Helena sabia que o que quer que acontecesse hoje, levaria Tom Riddle junto com ela.

         - Harry, que droga é aquela?- Perguntou a ruiva assustada, ao ver o enorme caldeirão sendo trazido por Rabicho para o meio do local o de se encontravam.-Se eu for cozida viva, vou dar uma de João e Maria e vou sair matando todo mundo.- rosnou enraivecida e quando Harry iria responder algo, as chamas debaixo do caldeirão iluminaram seus olhos.

          Os dois não conseguiram mais falar nada.O caldeirão que estava se aquecendo, já borbulhava, evaporava e soltava faíscas vermelhas.Lena se encolheu quando uma delas caiu em seu rosto.Harry fitou a figura no chão e percebeu que ela se agitava mais.

       -Ande mais rápido!- disse a mesma voz fria, agora saindo bem abaixo de Helena e Harry.

     - Já está pronta, meu amo.- Rabicho disse ao se aproximar e agarrar o embrulho.Ele o abriu e Harry soltou um grito, enquanto Helena soltava uma gargalhada.

          - Que coisa feia é essa?- Gritou rindo, e ao perceber que o momento era muito sério, parou rapidamente.

        O "Que coisa feia é essa?" era, ou ao menos parecia, um bebê de cerca de dois anos.Seu corpo é vermelho, gosmento, enrugado e extremamente deplorável.Seus braços e suas pernas apresentam uma afinidade nauseante enquanto apresentavam uma clara falta de proteína.O rosto era meio achado, meio plano, parecido como o de uma cobra.Rabicho o agarrou e o levou até o caldeirão, onde o jogou lá dentro.

      -Tomara que se afogue!- Harry murmurou fechando os olhos.Helena continuou a observar, os olhos arregalados e surpresos.Rabicho tirou a varinha do meio das vestes que usava e começou a recitar um ritual.

      -Osso do pai, dado sem saber, renove filho!- Sabe o anjo da morte, então, a plataforma abaixo dele e consequentemente de Harry e Helena rachou e uma poeira fina subiu.Um osso saiu de lá flutuando após a ordem de Rabicho e se chocou violentamente contra a água avermelhada e nojenta do caldeirão, liberando uma forte energia.Meio que um pulso elétrico, sabe?

      A cicatriz de Helena e Harry entraram em profunda combustão.Era como se eles estivessem sendo queimados vivos.A ardência, por Merlin, aquilo os esgotou completamente.Nunca haviam sentido a cicatriz arder daquele modo, tão intensamente assim.

      Eles não ouviram Rabicho choramingar, a dor era tanta.Era insuportável.Rabicho tirou um punhal do bolso, um longo o suficiente para causar danos.Sou voz sobrevoou os gritos de Helena e Harry e se amplificaram mais ainda.

    -Carne...do servo...da-da de bom grado...reanime...O seu amo.- e esticou a mão- aquela que faltava um dedo por conta de conflitos do passado- e Lena gritou mais ainda.O som da mão de Rabicho se chocando contra o caldeirão foi nojento, foi horrível, foi nauseante.

     Helena começou a rezar, estava agoniada, havia percebido o que aconteceu, e estava odiando profundamente tudo.O maldito ritual daria certo se ela não começasse a se soltar.

        Se cortorceu o suficiente para agarrar o canivete na parte de trás das costas.Rabicho estava prestes a começar a se levantar da queda que sofrerá.Helena se apressou.Abriu o maldito canivete e o posicionou para dentro dos seus pulsos, e ignorando completamente a dor, começou a cortar a corda e consequentemente seus pulsos.

       Rabicho mancava e chorava enquanto ia na direção dos dois Potter's.Harry já gritava, mandando ele se afastar.Carregava o punhal ensanguentado em uma mão.Harry sentiu um horror vendo sua própria carne rasgar e o sangue deslizar para fora dela, direto para um maldito frasco.E então olhou para a irmã, Rabicho iria corta-la. Maldito.

— Não!Não toque nela!Helena!Não!- mas não havia mais jeito, sem ter onde arranjar o sangue, Rabicho cortou parte de seu rosto e Helena berrou junto com Harry, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto apagado e cheio de tristeza e dor.

    -Desgraçado!Maldito!- ela berrou, se contorcendo de dor.Rabicho voltou ao caldeirão.

    -S-sangue do inimigo...tirado à força...ressucite seu adversário.- e jogou o sangue de Helena e Harry ali dentro.

      O líquido ficou branco ofuscante, parecido com leite sendo fervido.Helena soluçou ao lado de Harry.Estragara tudo.Sua burrice, seu orgulho, sua vontade de fazer tudo sozinha havia trazido Voldemort de volta.Porque Diabos havia feito isso?

     Rabicho estava jogado no chão encolhido e soluçando abraçado ao braço quando tudo começou.

       O caldeirão começou a faíscar enquanto cozinhava, faíscas brancas que iam em todas as direções, transformavam todo o resto num negrume aveludado.Harry murmurava ao seu lado, Tomara que se afogue, Tomara que não tenha dado certo.

        E então as faíscas brancas atingiram alturas mais altas, e durou assim por segundos antes do caldeirão explodir e uma nuvem densa de vapor branco se erguer, repolhuda e densa, tampando tudo que havia na frente de Lena e Harry.

         Os pensamentos dos dois eram quase iguais.Queriam que tivesse dado errado.Que ele tivesse explodido junto com aquele maldito caldeirão.Queria que tivesse se afogado no meio de toda aquela água.Mas havia dado certo.Havia um homem parado no meio de todo aquele vapor nauseante.Alto, esquelético e completamente renovado.

       -Vista-me!- disse a voz fria e aguda por trás do vapor.Rabicho, como um bom cachorro, soluçando e gemendo, rastejou até o homem com uma veste negra na mão que sobrará.Se levantou e o vestiu orgulhosamente, mesmo que soluçasse e chorasse por conta da mão que perderá.

        O homem então se adiantou, os olhos fixos em Harry, não em Helena, em Harry.E os dois Potter miraram o rosto daquele que havia matado seus pais.Daquele que aterrorizava os sonhos de Harry.Daquele que fornecerá informações preciosas a Helena, mesmo que não soubesse.Daquele que cairia nem que Helena tivesse que se sacrificar para que isso acontecesse.

       Lord Voldemort acabará de ressurgir, e acabará de assinar a sentença de sua morte.
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