—E-eu Sinto muito, mas eu já tenho par.- foi o que Helena mais disse nos últimos dois dias.Os meninos começaram a chamar as meninas para serem seus pares no Baile, havia meninas corajosas que chamavam os meninos também, e Helena adorava ver um pedido desses para poder rir depois.Ela só não gostava quando vinham chamá-la.28 garotos, dos quais ela nunca nem falou e nunca nem viu, receberam a mesma frase.Ela não tinha par nenhum, e estava boa daquele jeito.

O menino do terceiro ano da Corvinal sorriu um tanto incomodado e saiu de perto de Lena e seus amigos.A ruiva estudava com Mili, Dênis, Eliane, Pat, Renata, André, Jack e Felipe na Biblioteca.Eles a ajudavam para a avaliação do dia 24.Faziam listas de feitiços que poderiam ser úteis, de criaturas que Hagrid poderia usar, de enigmas que poderiam ter.Eles se basearam nas últimas edições do Torneio Tribuxo para construírem essas listas.

—Você já tem par?- perguntaram todas as meninas, com exceção de Mili, juntas.

—Não.- Lena disse simplesmente e riu da cara impagável dos amigos.-Creio que deveriam se preocupar com os pares de vocês, não?- ela sorriu meio debochada e as meninas coraram, ao passo que os meninos riam sacanas.

—Você não vai?- Jack perguntou curioso, depois de mandar um sorriso bobo em direção a Mili.

—Sei lá.- ela deu de ombros e voltou a escrever no pergaminho.-Posso muito bem fingir que estou morrendo.- ela sorri alegre e os amigos riram.

—Você é terrível.- Felipe brincou e a ruiva riu.

—Ih, olá, mais uma fazendo convite para o Malfoy.- Eliane sussurrou no ouvido da ruiva e a mesma levantou a cabeça para olhar.Malfoy ouvia atentamente uma menina bonita do quinto ano convida-lo para o baile.Lena sentiu seu rosto esquentar de raiva e voltou a escrever no pergaminho.Eliane explodiu de gargalhadas ao seu lado.

—Ah, não enche.- murmurou irritada e guardou seus pertences na mala.Saiu sem se despedir dos amigos e ficou resmungando o caminho inteiro até o jardim.Não quis nem olhar para ninguém de lá, não queria ver ninguém sendo convidado para esse baile patético.Desceu o morro e parou atrás da cabana de Hagrid.Deixou sua mala ali e se concentrou.

Rapidamente se encontrava em quatro patas, estava transformada em corsa novamente.Deu uma alongada no corpo e quando ia começar a pular em direção a floresta para poder ir visitar Potrus, Mirna e Seth, uma pessoa entrou em sua frente.Era Draco.Ele tinha um sorriso bobo e maravilhado no rosto.

—Não acredito que é uma animaga.- ele murmurou e riu um pouco.Helena, porém, assumiu uma postura orgulhosa e passou por Malfoy de cabeça erguida.-Lena!- ele chamou indo atrás dela.A corsa ruiva não parou.-Está com ciúmes, é?Vi você me mandando um olhar de puro ciúmes quando saiu da biblioteca.- ele a atingiu na ferida.Ela se virou para ele e o olhou indignada.E ele entendeu o olhar.Continou sorrindo sacana.-Sabe que eu gosto de você, certo?Não de outras, de você.- ele coçou gentilmente o focinho da ruiva.Ela revirou os olhos.- E você tem mesmo um par?- perguntou calmamente, mas Lena sentiu de longe o ciúmes e fez um barulho, como se estivesse rindo.Ele fechou a cara e Lena o lambeu no rosto e quando se afastou, negou com a cabeça.

Quando ia fazer a pergunta, Helena se transformou novamente em humana e com roupas de preferência.

—Preciso ir Draquinho, esqueci que ainda tenho uma aula de Poções.-A ruiva andou até as coisas abandonadas e arrumou os tênis no pé.Agarrou a mochila do chão e se aproximou de Draco.-Tchau querido.- deu um selinho no loiro e saiu correndo morro acima.O sino que anunciava o início e fim das aulas tocou no exato momento que Helena ultrapassou as portas do jardim para dentro de Hogwarts.-Corre desgrama!- murmurou para si mesma e iniciou uma corrida desesperada até as masmorras.Empurrava os alunos que atrapalhavam sua passagem e algumas vezes esbarrou em alguém sem querer.E então, entrou com tudo na sala de Poções e sorriu alegremente.Todos a olharam e ela se apoiou nos joelhos, respirando com dificuldade.

—Senta logo.- rosnou Snape friamente atrás de Lena, a cara amarrada.-Onde estava?- perguntou.

—É da sua conta?- retrucou Lena enquanto se sentava nas carteiras do fundo.Ele rosnou e Helena riu baixinho.Arrumou os cabelos em um coque alto e se encostou na cadeira para ouvir o que Snape falava.

Estranhamente, a voz dele estava mais suave, mais receptiva.A sala estava tão escura, tão boa para dormir.Helena teve sono, e quando viu, a voz suave de Snape desaparecia lentamente.Agora, Helena dormia.

Estava de volta naquela maldita casa.Agora não no corredor, mas dentro do quarto.Observou com estranhamento as três figuras em frente à lareira e do lado de uma cadeira.Elas se mexiam.Não viu o rosto de uma delas, mas a do outro, ela viu.Ela reconheceu novamente Rabicho, o traidor que denunciará seus pais a Voldemort.E a outra, era uma enorme cobra.Helena sorriu, gostava de animais desse tipo, mas de uns tempos para cá preferia ratos a cobras.

—Você está com sorte Rabicho.- a figura preta no sofá e irreconhecível disse uma uma voz fria e aguda.O que o gordo fez desta vez?, se questionou curiosa e prestou atenção.-Você tem de fato muita sorte.O seu erro não chegou a arruinar tudo.Ele está morto.-Quem está morto?, Helena se alertou.

—Milorde!- guinchou o gordo.-Estou...estou tão satisfeito Milorde, mas...mas tão arrependido...

—Nagini- disse a figura do sofá-, você está sem sorte.Afinal, não é hoje que vou lhe dar Rabicho para comer...mas não se incomode, não se incomode, ainda tem Harry e Helena Potter...- A cobra sibilou e Helena olhou para ela e para a figura preta com tédio.Quero saber como que vou servir de comida de cobra.-Agora, Rabicho, talvez mais um lembrete de por que não vou tolerar mais nenhum erro seu...

—Milorde...não...eu suplico...-Helena viu a figura apontar a varinha para Rabicho.

—Cruciu!- não foi só Rabicho que gritou.Helena berrou, ela mesma sentindo os efeitos da Maldição Cruciatus sobre si.

—Helena!Helena!- ela ouviu os berros de alguém lhe chamar e a dor parou de repente, mas ela sentiu um instinto assassino dentro de si se agitar.A raiva e o ódio em seu interior ativaram a transformação.As garras cresceram, seus caninos rasgaram seus lábios e seus olhos ficaram amarelos.

Ela ouviu as meninas e meninos gritarem, se afastando rapidamente dela.Tampou os ouvidos com dor e se afastou do barulho, indo em direção ao fundo da sala.Ao abrir os olhos, viu a sala inteira gritando de medo, grudados nas paredes ou abraçados uns aos outros.Snape também estava afastado, a varinha em mãos.Ela entendeu que foi para proteger os alunos, mas do mesmo jeito ficou magoada.

Fechou os olhos e tentou se acalmar.Mas os gritos, o medo, isso mexia com ela.Mexia com seu controle.Era muito barulho.Precisava de ajuda.Ela uivou, uivou tão alto que quebrou as janelas da sala de Snape, fazendo os alunos gritarem mais, gritando por socorro.

—MONSTRO!MONSTRO!- ouviu gritarem e não ligou, mas o barulho era imenso.Sua dor de cabeça aumentou e ela correu para fora da sala, transformada.Os gritos se estenderam para além da sala.Havia pessoas gritando no corredor também.Com medo.Medo de Helena.

—HELENA!- ouviu João gritar, mas não parou, sua dor de cabeça era imensa.Estava ficando tonta.Correu para o jardim.Correu para longe das pessoas.Longe de Hogwarts.Para dentro da Floresta.Deixou que sua humanidade fosse embora.Não era isso que falaram que ela era?Um monstro?Pois bem, seria um monstro.

Ela se transformou totalmente quando chegou em uma distância segura do castelo e da cabana de Hagrid.Não havia mais humanidade.Não havia mais sanidade.Havia apenas um instinto de matar, de rasgar, de sentir uma vida indo embora pelas suas mãos.

Thiago, Sower, Frank e João pararam no jardim, os quatro ofegando.Observaram Helena correr floresta adentro.

—Precisamos ir atrás dela.- Frank disse entre lufadas desesperadas a procura de ar.Sower e Thiago assentiram.

—Consegue rastreia-lá?- Sower perguntou a João, que tinha o olhar perdido.- João!- gritou bravo.O menino se sobressaltou.

—Não.Mas os gêmeos tem aquela Poção.Podemos achá-la através dela.- murmurou o lobisomen e os outros garotos assentiram.

Thiago respirou profundamente antes de iniciar outra corrida, agora atrás de Fred e Jorge.Encontraram os outros pelo caminho, todos um tanto assustados e contando que todos já sabiam de Helena.E alguns Sonserinos já iam reclamar para seus pais e Dumbledore.

—Não se preocupe, quem decide isso são os professores.- murmurou Hermione para os amigos, ao verem a preocupação deles.Acharam Jorge dentro de um armário de vassoura, pegando Alicia Spinnet.

—Minha nossa!- a menina rapidamente se separou de Jorge e arregalando os olhos e arrumando o cabelo, saiu do armário e correu para longe dos olhares dos grifinorios.

—O que querem?- resmungou nervoso e saiu do armário, batendo à porta atrás de si.

—Precisamos daquela Poção!Helena se transformou e agora está na floresta!- Thiago jogou a bomba sobre Jorge e não hesitou em seguir o ruivo até o Salão da Grifinória.Todos se largaram no sofá e esperaram Jorge voltar.A escola toda já sabia de Helena, e o pior, estavam todos com medo.Nem todos.Haviam aqueles que temiam pela vida de Helena, aqueles que estavam preocupados com o que a escola faria com a ruiva.A culpa não era dela.Era muito nova para lidar com isso.

—Eu juro que se eu escutar mais um comentário, vou esmurrar a cara de alguém!- Lívia berrou para que todo o Salão ouvisse.Nem todos pararam.-Qual o problema, Brown?Não sabe calar a boca não?- Lívia perguntou agressiva, se levantando com tudo do sofá.

—Qual é, Lívia!A garota se transformou no meio da sala!Disseram que mordeu Edith Confer!- Brown estremeceu.

—E você acreditou?- perguntou cética e riu.-Claro, você é fofoqueira.Claro que acreditou.- Lívia sacou a varinha.Meteu no pescoço de Brown e se aproximou mais da ruiva.-A próxima vez que disser que Helena mordeu Edith Confer, eu arrasto a sua cara em esterco de cavalo, entendeu?- ameaçou baixinho e Brown quase nem ouviu, mas logo assentiu, completamente assustada.

—Galera, vamos logo.- Fred chamou enquanto descia as escadas do seu quarto.Livia largou Brown e todos o seguiram.-Ela foi para a floresta, perto da clareira de Potrus.- avisou pra os outros enquanto desciam as escadas para o pátio.

—Esperem, parem.- mandou João e todos pararam.-Ela está transformada e não é nem lua- cheia.Ou seja, ela só vai voltar a humanidade se alguém que ela ama muito a convencer disso, entendem?- questionou um tanto desesperado.

—Eu vou!- Lívia ofereceu.João negou com a cabeça.

—Romanticamente!- esclareceu e todos gemeram.

—Malfoy não vai.Ele não gosta dela!- Gina coçou a nuca um tanto desesperada e Harry negou com a cabeça.Iria obrigar Malfoy a ir, queira ele ou não.

—Eu falo com ele, me deem 10 minutos.- pediu e sem esperar resposta, correu até as masmorras.Pensava em Lena e em como iria sofrer pelos próximos dias.Ja estava ferrada o suficiente sem ajuda.Por sorte, encontrou Maya saindo do Salão, parecia nervosa.

—Potter!- ela o chamou e Harry se aproximou.- Como está Helena?- perguntou seriamente e Harry negou com a cabeça.

—Mal.Ela precisa do Malfoy.Só ele pode ajudá-la nesse momento.- pediu desesperado e ela hesitou um pouco antes de voltar correndo para dentro do Salão.Menos de um minuto depois, trazia Draco pela orelha.

—Escuta aqui, mocinho, você vai trazê-la de volta e ponto final!- rosnou a mulher seriamente e soltou Malfoy.

—Tudo bem!Eu vou!- murmurou o menino enquanto acariciava a orelha.Então, olhou para Harry friamente.-Vamos logo com isso.- ordenou e Harry queria não ter percebido a preocupação nos olhos de Draco.Preferia ele mesmo ter de lidar com Helena.Mas não, sua vida era tão simples não é mesmo?

Arrastar Malfoy até o jardim foi fácil, mas até a Floresta, foi um inferno, principalmente depois de ouvirem um uivo agoniado e completamente infeliz.Harry e os que não era animagos ainda ficaram na entrada da floresta.Thiago, Sower, Frank, Fred e Jorge se transformaram e Malfoy e João os seguiram mata adentro.

Depois de minutos andando, os cinco animais pararam e observaram ao redor, parecendo confusos.

—Onde ela esta?- perguntou Malfoy olhando ao redor, procurando pela garota que um dia seria sua.João deu de ombros, e de repente, eles ouviram um rosnado.Os dois rapidamente se viraram e ficaram maravilhados.