Filhos da Noite escrita por Rick Batista


Capítulo 16
Em nome do pai


Notas iniciais do capítulo

Hora de conhecermos a origem do vampiro Adam.



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Cidade de Tirgoviste, Valáquia, 1478.

Fazia muito tempo que seus pés não tocavam aquelas terras. Quinze anos, para ser exato. Embora a Valáquia fosse composta em sua grande maioria por camponeses trabalhando para donos de terras, a capital era uma coisa a parte, exibindo uma infinidade de mercados e lojas que fervilhavam durante todo o dia. E o centro da cidade, local por onde ele passava, era onde os ricos donos das terras se estabeleciam.

Um sorriso bobo invadia sua face toda vez que reconhecia algum rosto entre os vendedores, apesar da passagem do tempo. Não que eles o reconhecessem de volta. E como poderiam? Quando partiu, Adam não tinha mais que nove anos, e agora era um homem feito. Ele mordeu uma fruta madura ao olhar para as crianças correndo na praça, brincando com espadas de madeira improvisadas. Lembranças vinham aos montes, imagens da própria infância, cavalgando um pônei árabe sem sela e com sua espada na mão, cortando árvores que faziam o papel de inimigos muçulmanos. Sua família tinha sangue guerreiro, e se esperava que seus meninos aprendessem a lutar antes mesmo de ler.

Ao vislumbrar o mosteiro ao longe, lembrou-se da rotina ao lado dos monges e sua educação religiosa. A fé de sua mãe e a força que a igreja exerceu em suas vidas. A fé católica fez parte de sua formação, que junto ao ensino marcial, ocupava as horas em que não estudava matemática, filosofia, ciências, geografia, linguagem ou artes clássicas. Um nobre deveria aprender muitas coisas, o herdeiro de um príncipe, muito mais.

Já era noite quando Adam finalmente chegou diante de seu destino, um imenso castelo que se impunha sobre aquela terra. Uma fortaleza erguida à base de sangue, e gradualmente ampliada via trabalho forçado. Ornamentada agora pelas centenas de hastes de madeira que circundavam as muralhas, com corpos humanos empalados nelas. Homens, mulheres, idosos, crianças... Mais de duzentas vítimas cobriam a área, e nenhuma delas parecia ter mais que uma semana ali. Dessas, talvez um terço não tivesse mais que um dia, devido à vontade com que os corvos se alimentavam de seus corpos ainda frescos. Também chamava a atenção o número igual de hastes vazias. Como um aviso. Como uma ameaça.

Foi este o cenário que Adam encontrou ao se aproximar do castelo de Vlad III, O Drácula. Suor escorreu pelo seu rosto ao contemplar aqueles muros, sua respiração ficando ofegante. Com a carruagem parada diante do portão do castelo, respirou fundo antes de descer e se apresentar, não como o filho do príncipe, mas apenas como "Sir Adam". E após um longo tempo de espera, e escoltado por dois soldados, entrou no local em que por direito deveria viver, o castelo de seu pai.

Adam vestia uma casaca preta sobre roupas de tonalidade verde, com botas grossas e espada na cintura. Olhou com admiração mal disfarçada o enorme castelo em que viveu, as colunas altas e cuidadosamente esculpidas, os largos corredores por onde poderia passar um grupo de homens lado a lado, os quadros e estátuas fazendo referência aos seus antepassados.

Imagens de Vlad II, Dracul, o guerreiro que tudo perdera. Primeiro seus filhos pequenos, enviados como reféns para servir ao inimigo: o temível Sultão Otomano. Depois, o reino, devido à traição do famoso "Cavaleiro Branco", João Corvino, que após fracassar em vencer o Sultão, decidiu se virar contra o próprio aliado e tomar a Valáquia. O filho mais velho, cegado e enterrado vivo. A esposa, morta diante de si, e por fim a própria vida. Seu avô era um símbolo do quão longe um homem podia chegar, e ao mesmo tempo, do quão baixo poderia cair.

Ainda mais triste seria para o velho dragão, se tivesse tido tempo de assistir seus dois filhos menores, uma vez adultos, lutando um contra o outro, já como Vlad Drácula e Radu, o Belo. Luta essa que culminou no momento mais triste da vida de Adam, o dia em que... Não, não era hora de pensar naquilo, repetiu ele para si mesmo, lutando para afastar aquelas lembranças. Afinal, nem tudo era tristeza ali.

Adam ainda tinha boas lembranças daquele lugar onde passou a maior parte da infância. Lembrou–se das brincadeiras nos corredores, de seus tutores, da mãe carinhosa que tanto mimava seu único filho. E lembrou–se do pai, o homem severo a quem tantos temiam. Vlad III era duro e pouco dado a palavras gentis, exceto para a esposa e o filho, a quem demonstrava uma amabilidade que outros sequer poderiam supor que nele existisse.

O pai podia ser rigoroso e exigente, mas também era justo e zeloso, era o que sua mãe sempre repetia para o menino. E talvez, pensou ele, também para si mesma. E ele o admirava, dando tudo de si para deixar o príncipe orgulhoso. Mas naquele momento, olhando para o mar de corpos do lado de fora e recordando das cenas como aquela que seus olhos testemunharam na infância, perguntava-se como demorara tanto a enxergar o que o pai realmente era. Ignorando como ele era chamado aos sussurros. Não como Filho do Dragão, um título herdado, mas sim como o Empalador, um título conquistado por seus próprios feitos. Seus atos grotescos e brutais.

Raras foram as vezes em que o menino testemunhou os empalamentos, sempre protegido pela mãe. Mas ele ouvia as histórias, principalmente quando já estava longe, em meio a um povo que não tinha medo de um monarca destituído do trono. O empalamento era algo terrível de se testemunhar. Nele, pegava-se uma longa haste de madeira não muito pontuda, passava-se óleo e a introduzia através do corpo da vítima. As vezes pelo tronco, mas muitas vezes através do ânus ou vagina, até sair pela boca. O pior é que a vítima poderia sobreviver por algum tempo, em meio a dor, agonia e vergonha. E assim permanecia até que os corvos começassem a comer suas carnes, cada vez mais fétidas. Muitos povos usavam empalamentos, mas ninguém o fez tanto e de tal forma como Tepes.

O que trazia a má fama a Vlad Tepes não era o fato de usar aquela terrível prática de execução contra os inimigos do exército otomano, pois na guerra tudo era válido. Mas sim quando a utilizou contra vilas inteiras de gente simples que o desagradaram por algum motivo. Ou contra as grandes casas nobres, antes poderosas naquelas terras, mas que tanto escravizou quanto empalou, por medo de que conspirassem contra ele. De como submeteu ao sofrimento qualquer um que não atendesse a seus caprichos e exigências. Seu pai era um monstro que oprimia seu próprio povo, Adam sabia, e ele estava para apresentar-se diante dele.

Seguindo o protocolo, o jovem entregou a espada ao chefe da guarda, antes de adentrar no salão do trono, sendo anunciado apenas como Sir Adam da Moldávia, terra em que viveu naqueles quinze anos. O lugar era magnífico, com exóticas obras de arte de terras longínquas, esculturas, armas e pinturas de grande beleza.

O salão possuía uma fraca iluminação por castiçais de velas, clareando apenas a parte mais próxima da entrada e dos cinco guardas que se espalhavam por ela, o que concedia um aspecto tenebroso a todo o ambiente. As obras de arte se espalhavam pelo vasto salão coberto de tapeçarias, dividido por colunas e cortinas escuras, com uma escada de madeira que levava a um trono de metal, adornado com símbolos dracônicos e pedras preciosas.

No trono, o homem mais poderoso e temido da Valáquia. O terror dos otomanos, guardião da fronteira que separava o Oriente do Ocidente, e cujas lendas pintavam com cores cada vez mais escuras. Mais alto que a média, de ombros largos e porte atlético, vestia um grosso sobretudo vermelho e negro, sobre roupas escuras com detalhes em ouro e pedras preciosas. Anéis brilhantes adornavam seus dedos, e uma coroa sobre camadas de panos descansava em sua cabeça. Seus grossos bigodes formavam um quase cavanhaque, e seus longos cabelos, negros como os bigodes, caiam soltos sobre as laterais do rosto. Era um homem imponente, para dizer o mínimo.

Adam permaneceu parado, encarando o vulto do senhor daquelas terras por um tempo que pareceu uma eternidade, seus olhos aos poucos se acostumando a escuridão, e enxergando as duras feições do monarca.

— Até quando irá me ignorar, alteza? — perguntou ele, num misto de impaciência e revolta.

E após um momento de silêncio, a voz imponente do Empalador se fez ouvir:

— Estava observando você — disse ele, com firmeza. — É realmente filho dela, os traços não mentem.

— Sim, filho dela! Pois seu não devo ser, já que fui abandonado como um cão — e ao dizer aquilo, o jovem retirou dos bolsos um colar com uma cruz dourada. Última lembrança da mãe. — Me responda, alteza: se era para me tratar como um bastardo após a morte dela, por que não mudou meu sobrenome pelo de algum nobre menor ou plebeu?

Ele caminhou lentamente, subindo os primeiros degraus da escadaria.

— Eu confiei no senhor, acreditei que só precisava de algum tempo sozinho, para seguir em frente após a morte dela. Que queria me manter a salvo, e só por isso me enviou para longe, ao invés de me levar consigo para a Transilvânia, onde ficou exilado. Que conforme eu crescesse, mandaria uma comitiva para me buscar daquele lugar, me poria ao seu lado e me apresentaria ao mundo como seu filho. — Ele apertou firme o cordão, as mãos tremendo de raiva. — Só que os anos foram passando, um após o outro, e aos poucos fui acordando. Catorze anos sem sequer uma carta! Sem uma visita, sem qualquer sinal de que ainda se lembrava de mim.

O homem permaneceu impassível no trono, e sua postura e silêncio apenas encheram o coração de Adam de mais frustração e revolta.

— Então chegou o grande dia em que reconquistou o trono! E não vou negar, tive esperanças. Esperança de que a qualquer momento enviaria um emissário ordenando que me juntasse ao senhor, que assumisse meu lugar como seu filho legítimo. Seu único filho e herdeiro. Mas se passaram os dias, os meses... e após mais de um ano, nenhum maldito emissário chegou até minha porta. — Adam avançou os últimos degraus, até ficar face a face com o pai. — Vossa alteza renegou a mim, o filho da mulher que o amou com todas as forças. Pois agora sou eu que renego ao senhor e a esse sobrenome!

Ele lançou o cordão aos pés do pai, enquanto uma lágrima molhou seu rosto.

— Não se preocupe, jamais o importunarei novamente. Sinta-se livre para nomear o herdeiro que quiser, Vlad Drácula.

Adam deu as costas ao trono, descendo a longa escadaria. Recebeu a espada de volta e a ajustou à cintura, enxugando as lágrimas e se preparando para abandonar novamente seu antigo lar, mas daquela vez para sempre.

— Suas palavras carregam certo orgulho — disse a voz vinda do alto. — Há algo de mim em você.  

Adam se virou em direção a voz. Lá, um homem descia os degraus de madeira com passos firmes, até parar diante dele.

— "Filho do Drácula"... — sorriu Adam, ironia forçada e braços abertos. — Após assistir ao espetáculo de horrores lá fora, não sei se é assim motivo de tanto orgulho ter seu sangue em minhas veias.

Com um olhar que pareceu examinar as profundezas do coração do filho, ele o encarou. Estendeu a mão em que segurava o colar jogado pelo rapaz e então disse, quase sem mover os lábios:

— Rebeldes, traidores, criminosos... Há de todos os tipos lá. A estaca não poupa a ninguém — disse o senhor do castelo ao jovem, com um brilho mórbido no olhar. — Governar é saber impôr medo e respeito. Saber a quem, quando e como matar. Tudo que nasce, morre, não há motivos para lamentações.

— Foi assim que resumiu a morte da minha mãe? A noite em que ela pulou da torre por medo do que nossos inimigos fariam se a pegassem? Das ameaças de meu tio Radu, após cercar o castelo, sobre empalar-nos como o senhor faz aos seus inimigos?

A face daquele homem demonstrou um sinal de emoção genuína, de desconforto e tristeza. Um sinal de humanidade, enfim.

— Sua mãe teve medo, sentimento natural de toda mulher. Jogou fora a própria vida, temendo por ela e por você. — E silenciou, punhos cerrados. — Naquela noite seu tio me tomou o trono, a esposa e dignidade. Me arrastando por túneis escuros e então montanhas, para salvar-nos. O enviei para onde estivesse seguro, pois eu não seria mais um pai. A partir daquela noite minha existência teria apenas um propósito, apenas uma motivação: recuperar o trono que era meu por direito! E não descansei até conquistar o poder para vingar-me e sentar-me nele.

No salão escuro, apenas os guardas testemunhavam a conversa entre os dois.

— Fiquei aqui ouvindo suas reclamações, sir Adam da Moldávia... e sobre elas tenho o seguinte a dizer: um homem de coragem exige valer seus direitos, não choraminga como uma donzela sobre as injustiças contra si. Ainda assim, sepultaremos toda essa mágoa no momento em que herdar o que possuo. — E dito aquilo, estendeu o cordão de volta ao filho.

Adam fitou o pai, ciente do que aquilo poderia representar. O momento pelo qual sempre esperou, sua chance de viver novamente ao lado dele, de reinar ao lado do príncipe. Não mais ser um cavaleiro servindo em terra distante, mas ser um líder guerreiro de seu próprio povo, lutando sob sua bandeira, por sua própria casa, por sua própria vontade.

— O homem que esperou seu emissário na Moldávia ficaria feliz com essa proposta. Mas eu não sou mais esse homem. Creio que ouviu minhas palavras, e não sou de voltar atrás no que digo. — E ignorando o objeto estendido, deu as costas ao monarca pela segunda vez naquela noite. — Adeus alteza, adeus pai.

Após apenas alguns passos, Adam sentiu uma dor terrível em seu ombro esquerdo. Um golpe rápido que cortou a pele e encharcou sua roupa de sangue quente, como se as garras de uma fera o tivessem acertado! Instintivamente recuou levando a mão à espada, seu coração lutando contra um medo irracional que tomava conta dele. Como se fosse uma presa diante do predador.

E enquanto tentava entender o que ocorrera e recuperar a tranquilidade, viu o pai. Seus olhos, vermelhos como sangue, uma face pétrea em um homem grande e imponente. O olhar de um guerreiro, de um conquistador. De um assassino.

— Muito se pode saber sobre um homem através dos olhos, das palavras e dos atos, mas todos esses podem enganar — disse Vlad Tepes, mão erguida, da qual escorria o sangue do filho. — Mas o sangue, esse não mente.

Dito isso, provou do sangue do jovem. Olhos fechados, enquanto Adam tinha os seus arregalados.

— Sinto honra, orgulho, espírito! — disse ele, com presas a mostra. — Mas também sinto sua fraqueza, e o quanto herdou da fragilidade de sua mãe. Sinto que ainda não foi endurecido pelo mundo.

— O que é você!? — Adam perguntou, desembainhando a espada e apontando nervosamente para o homem. — Então as lendas são verdadeiras, você voltou como um monstro?

O jovem esperava estar cercado por guardas de armas em punho ameaçando matá-lo, mas estranhamente eles permaneceram em seus lugares, sem qualquer sinal de preocupação por seu senhor desarmado.

—... "Monstro"? — Vlad sussurrou, com as presas a mostra.

Um movimento rápido e Adam foi jogado vários metros a frente, caindo de costas no chão. O jovem se ergueu o mais rápido que pôde, fazendo um círculo com a espada para manter o príncipe afastado. Algo que para o seu horror se mostrou inútil, pois em um piscar de olhos sentiu o monstro atrás de si. Um tapa com as costas da mão o lançando ao chão com violência.

— "Monstro"? — repetiu, Drácula.

Adam sentiu o rosto arder, sangue escorrendo do lábio ferido. A perna doía pela queda, e seu orgulho de cavaleiro era substituído pelo medo de um filho sendo castigado pelo pai. O sentimento era o de uma criança balançando um galho seco contra um cavaleiro da guarda real, seus anos de treinamento em esgrima se mostrando totalmente inúteis. O suor de esforço e de medo se misturavam, o corpo começando a perder velocidade.

— "Monstro"!? — gritou o homem, começando uma risada assustadora.

Outro golpe, dessa vez um chute que atravessou sua guarda e o lançou contra uma coluna distante. Adam sentiu a força do impacto contra suas costas, se apoiando na espada para não ir ao chão. Seu corpo tremeu, as costas doendo e as pernas vacilantes. Com o som da risada preenchendo todo o salão, sentiu novamente o pai atrás de si, e decidiu parar de fugir. Seus anos de batalhas lhe ensinaram a confiar nos instintos, e invertendo a posição do cabo da espada, conseguiu acertar um golpe de surpresa no pai, encravando a lâmina com toda força no tronco do Empalador! Sangue voou no rosto e nas roupas do cavaleiro, pela primeira vez deixando o papel de presa em fuga para o de um animal com garras.

— Sim, um monstro — Drácula disse, ignorando o ferimento e encarando um jovem surpreso. — Um demônio... udeus!

Em um piscar de olhos, uma mão segurou seu pescoço com força, carregando-o com força sobre-humana pelos degraus da escada. Incapaz de soltar-se da mão do homem, foi por fim jogado contra o trono, uma costela se quebrando ao impacto. Todo seu corpo tremeu, o horror de testemunhar o impossível e de saber que estava condenado a morte, paralisando o filho do príncipe.

Drácula estava diante dele, ignorando a lâmina ainda encravada em seu corpo, com os olhos rubros brilhando, e suas presas a mostra, em um sorriso terrível!

— Você será meu herdeiro, Adam Tepes — disse ele, para um Adam agora prostrado sobre o trono.

Com dificuldade o cavaleiro levou as mãos até o cabo da espada, tentando manter a sanidade e juntar forças para falar.

— Não quero seu ouro... Demônio! — E encravou a lâmina ainda mais fundo no pai.

— Minha herança não é feita de ouro — respondeu, Vlad, arrancando a espada do próprio corpo e a jogando lá de cima. — Minha herança, é feita de sangue.

Adam lutava para apenas se manter consciente, as dores terríveis em todo corpo o convidando ao sono, a terrível realidade que se apresentava diante dele o convidando a loucura. Mesmo assim se ergueu, recuando para trás do trono.

— Meu filho, meu herdeiro. Você receberá a imortalidade. Minha maior riqueza. Minha maldição.

— Eu rejeito a você e a essa maldição! — disse ele, perigosamente próximo a beirada. — E já que diz que tenho tanto de minha mãe, que ao menos sejamos iguais na morte.

Vlad parou de avançar, o fitando com seriedade. Adam olhou para o homem, revelando o punhal que carregava no cinto, então apontado para o próprio coração.

— Não seja estúpido, Adam — disse o príncipe, estendendo a mão para receber dele o punhal.

— Se a fraqueza é herança de minha mãe — disse o jovem, pressionando a lâmina metálica contra a carne —, a estupidez é sem dúvida sua.

O movimento fatal foi feito, mas não finalizado. Somente metade da lâmina fria entrou antes que o pai detivesse suas mãos.

Adam se viu confuso e derrotado, de joelhos e desarmado, sem esperanças ou certezas sobre o mundo. Ou sobre o que o aguardava.

— O que quer de mim, pai? — perguntou ele, lágrimas nos olhos e sangue na boca.

— Quero torná-lo meu herdeiro. Quero torná-lo imortal!

—... Imortal como um demônio maldito? — perguntou ele, conformado com o fim. — Eu rejeito, prefiro a morte.

— Mas é exatamente isso que quero, meu filho. Quero que morra. — Presas expostas, em um instante se afundando no pescoço do filho. — E então, renasça!


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram do lendário Drácula? Espero que sim, pois em breve teremos mais dele...e do Adam.



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