A Herdeira Stark - Livro I escrita por Jojs


Capítulo 7
O Império Stark




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Happy caminhava de um lado a outro, os fotógrafos do lado de fora, a imprensa enchendo o salão de entrada e a secretária tendo que conter a maior parte das pessoas, acontecera tudo aquilo que Tony não queria que acontecesse, alguém tinha ficado sabendo da menina, pela cara que Coulson saíra da sua sala, ele era a última pessoa que queria envolver a criança em algo como aquilo, como ele, então quem teria contado? Bom ... Não importava mais.

O Stark alisava as suas têmporas, com os pés sobre a mesa e um copo de whisky apoiado no encosto da cadeira que ele ocupava. O  tic tac do relógio incomodava seus pensamentos, ele tentava lembrar de onde conhecia a maldita mulher, a tal Samantha, ele vivia cercado das mais belas mulheres, poderia ter quem quisesse e quando quisesse, mas ele não queria aquela criança, pois crianças são problema, elas falam, elas choram e não dá para comprar seu silêncio com dinheiro, pois elas querem amor.

— Tony! — Happy deu um rompante na porta. — Tem uma pessoa que quer te ver.

— Eu não estou atendendo hoje. — Tony balançava a mão para Happy sair. — Diga que volta depois.

— Eu temo que ...

— Anthony! — Um homem que ostentava um grande bigode tirou Happy da frente para olhar o Stark já sem os pés sobre a mesa. — Creio que você terá um tempinho para mim.

— Eric Rousseau. — Tony encheu os pulmões de ar, ele não gostava do homem, sabia que seu pai não gostava também, isso porque ele sempre cobiçou Maria. — A que devo a honra?

— Só vim ver como você está usando o dinheiro que eu invisto nessa empresa. — Ele sorriu observando o Stark, mas enquanto eu estava ali fora não pude deixar de ouvir toda a conversa sobre aquela menininha, ainda mais entre dois senhores.

— Não é nada que deva se preocupar, crianças ... — Tony riu. — Um Martini?

— Não, obrigado. — Eric comentou movendo os lábios. — Juro que ouvi algo sobre ela ser sua ... Hmmm... Filha?

— Quando se tem dinheiro sempre aparecem essas coisas. — Tony tomou um gole da sua bebida. — Eu acho que até sou infértil ou teria filhos meus por todo o mundo. Mas não foi sobre os efeitos do meu pênis que você veio falar, não é?

— Jamais. — Eric riu olhando o relógio. — Eu estou atrasado, mas ainda posso tomar um drink, whisky, por favor.

O dia de Phil e Lila foi cansativo, ele levou a garotinha para tomar sorvete, brincaram no parquinho que tinha várias outras crianças, ela fazia amizade com uma facilidade muito grande, ela sorria enquanto girava no carrossel e acenava para Phil, ele ficava de longe olhando a chuva de cores e risos das crianças sobre os acentos do carrossel, ele apreciava vê-la com um sorriso no rosto, ela até já tinha se esquecido das lágrimas e como Tony Stark tinha feito ela chorar daquela forma, isso que Phil apreciava nas crianças, seu poder de focar em outras coisas.

Eles almoçaram juntos, compraram alguns brinquedos para Lila com o dinheiro que Peggy havia mandado de presente a ela, fizeram tudo que ela queria fazer, o que incluía comer muito sorvete, assistir um filme ao ar livre em um dos parques da cidade e até mesmo brincar de esconde-esconde, tudo para o dia dela ser exatamente, perfeito, Phil não teve que dizer não a ela um só segundo, pois tudo que a menininha propunha poderia ser feito, não havia perigo, ela era responsável o bastante, Phil pensava já em uma boa escola para coloca-la, mesmo que isso só fosse acontecer no ano seguinte, já queria prepara-la para vida.

Lila dormiu dentro do carro antes mesmo de chegarem em casa, Phil a pegou no colo e a levou pra cama, só lavou os pés de Lila, que já estavam sujos pois ela correu descalço várias vezes, depois disso a deixou dormir, era melhor assim, ela tomaria banho pela manhã, a menininha já era bastante independente. A rotina deles seguiu aquilo, Phil ia trabalhar e em algumas vezes levava Lila consigo, Nick prometeu que entraria em contato em breve sobre ela, mas até ele não falava sobre essas coisas quando estavam no escritório da SHIELD.

Naquela ocasião Lila coloria deitada no chão perto de Phil, o agente assinava alguns papeis, essa era sua vida depois da chegada dela, papeis e mais papeis, não tinha como sair em uma missão e deixa-la por aí, nem mesmo em Nova York quando a deixava com a senhorinha, ele era mais comandante de missões do que agente de campo, parte dele sentia falta disso. Phil já estava nos últimos papeis quando Nick abriu a porta, estava visivelmente preocupado.

— Lila, querida. — Ele sorriu estendendo um pirulito a garota. — O tio Nick quer que você vá buscar um café, consegue fazer isso?

— SIIIIIIM. — Ela pegou um pirulito e pulou rumo a porta. — Faço isso sempre pro tio Phil.

— Toma cuidado com o café. — Phil falou a vendo sair pulando da sala. — O que aconteceu?

— Isso aconteceu. — Nick ligou a TV da sala no noticiário, falava sobre Tony Stark.

A mulher da televisão falava sobre a suposta filha do bilionário bélico e os motivos pelos quais ela não morava com o pai. As pressões sobre Tony não era pequenas, todos queria saber a verdade, todos queriam saber se o império dos Stark tinha uma herdeira e quem ela era, todo aquele ímpio em escondê-la fora por água a baixo quando seu pequeno rosto estampava os jornais daquela hora da manhã, a pequena garotinha tinha sido descoberta e isso fazia com que o estômago de Phil revirasse.

— Nós precisamos ir embora. — Phil se levantava da mesa. — Para onde pode nos mandar? O mais longe, por favor, diretor Fury.

— Sr. Coulson. — Nick olhava o agente. — Vocês não podem ir embora.

— Eu não vou expor a Lila a isso de novo. — Phil procurava as chaves na gaveta. — Não quero que ela escute desse idiota que não é pai dela, isso a magoa.

— Phil... Não adiante fugir, ele vai achar vocês. — Nick tentava dialogar.

— Ele não vai nos procurar Nick, ele não quer saber dela. — Phil apontara a chave ao diretor.

— Ele vai sim. — Nick pegou o controle aumentando o volume da TV. — Ouça...

A voz da mulher da TV mudara para Happy, o segurança particular de Tony, o homem falava em nome do Stark, dizia sobre ir atrás da criança, sobre esclarecer a verdade, para Phil era o mínimo de decência que Tony poderia apresentar, mas ele não queria que o mesmo se aproximasse de Lila, seu rosto ficava vermelho de raiva só de pensar naquilo, só de pensar que sua menininha iria embora, ele tinha prometido a Samantha que a protegeria, agora estava prestes a ter que deixa-la ir, Phil sabia da verdade.

Os olhos do agente recaíram sobre o diretor da organização, quando Nick desligou a TV o silêncio pairou sobre a sala, eles se olharam, Nick estava pronto para falar alguma coisa quando Lila voltou com o café em mãos, seus cabelos caíam um pouco sobre sua faze, seu sorriso faceiro de quem tinha conseguido executar uma tarefa que haviam ordenado, ela era obediente e independente. Nick sorriu se abaixando e pegando o café nas mãos dela, ainda estava sobre os olhares atentos de Phil, quando o diretor se levantou estendeu um cartão para o agente Coulson.

— Laboratório Labonnair. — O caolho dizia. — Oito e meia da manhã, entrem pela rua de trás, vocês farão o exame e logo o resultado sai, aconselho já deixar tudo arrumado.

— Eu não vou entrega-la antes do natal. — Phil pegou o cartão encarando Fury.

— Você não dá mais as ordens, Agente. — O diretor enfiou a mão no bolso levando o café aos lábios no outro. — Você as segue. Não me obrigue a agir contra você, é pior.

Phil revirou os olhos, Lila tinha voltado a colorir, faltavam pouco mais de uma semana para o natal, o ano estava acabando e o que ele menos queria era perde-la antes das comemorações de fim de ano, prometeu a Lila tanta coisa na ocasião, iriam fazer compras, ela queria uma boneca em específico, também gostaria de lápis de colorir novos, um bloco para seus desenhos, tudo desse tipo de coisa, era normal para uma criança, Phil queria que ela pudesse ter sua infância, que fosse ele a leva-la em seu primeiro dia na escola no ano seguinte, mas pelo visto não seria.

Ele não dormiu naquela noite, ele passou na verdade, virava de um lado para outro, enquanto isso no quarto ao lado a pequena Lila dormia como um anjo. Várias vezes ele se pegou olhando para o teto, a única coisa que entrava era a luz da lua que não chegava a encontrar a lâmpada no meio do quarto que era branco. Parte de Phil tinha pesadelos com a voz de Sam, dizia que ele não protegera Lila o suficiente, outra parte, no entanto, nem conseguia dormir, por isso mesmo as 6h ele já estava de pé e com o café pronto para acordar Lila as 7h em ponto.

— Eu não quero ir tio Phil. — Lila resmungava enquanto entrava no banheiro com o cabelo bagunçado. — É cedo.

— Eu sei que é cedo. — Ele beijou o topo da cabeça dela. — Mas vai ser rápido, você poderá dormir depois.

— Mas e a SHIELD? — Ela fez biquinho encarando Phil, era engraçado se o momento não fosse tenso.

— Nós só vamos a tarde. — Ele tentou convencê-la. — Podemos ir almoçar no restaurante mexicano que você adora, mas vai escovar bem os dentes, como o titio te ensinou.

Aquilo não pareceu convencê-la, mas Lila foi mesmo assim, ela adorava fazer as coisas sozinha e Phil agradecia por isso. Eles saíram de casa faltavam apenas cinco minutos para as oito, o agente ainda olhou o cartão que Nick tinha lhe dado, conhecia bem a cidade, mas não tinha ido para aquele lado desde que morara ali com Lila. Ao estacionar o seu carro ao lado de um outro, Phil teve a certeza de que Tony já estava lá, pois o carro do bilionário destoava de outros como o dele, um pouco normal

A aglomeração na entrada só deu a certeza, Phil tratou de colocar o capuz no rosto de Lila, junto com os óculos e pegá-la no colo. Ele não queria ter que fazer isso, mas quando de longe uma das pessoas o viu, isso o obrigou a correr com todas as forças para dentro do prédio entrando pelos fundos como Nick havia dito, aquilo era no mínimo ridículo, mas o que ele não fazia pela sua menininha? Lila era um mundo inteiro para Phil. Quando eles entraram, já eram guiados pelos corredores até uma sala, lá Phil teve a desagradável visão de Tony e Happy, Lila se escondeu atrás da perna do agente.

— Tio o que ele faz aqui? — Lila perguntou baixo.

— Ele também vai fazer o exame com a gente. — Phil disse se abaixando e ficando da altura dela. — Vai ser rapidinho, só uma picadinha no seu braço e pronto.

— Mas isso vai doer? — Os olhos dela enchiam-se de água. — Eu não quero tio Phil.

— Ei, ei. — Ele secava as lágrimas dela. — Não precisa ter medo, não vai doer nada, só um pouquinho, mas você é corajosa, muito corajosa, lembra? — Phil estendeu o dedinho a ela.

— Lembro. — Lila pegou o dedinho dele com o seu. — Eu posso fazer isso!

— Claro que pode. — Phil sorriu beijando a testa dela e a pegando no colo. — Essa é a minha menina!

Tony olhava com certo desdém toda aquela cena, revirava os olhos com tanta melosidade, já Happy sorria de lado com o fato de como o agente lidava com a criança com tanto amor e proximidade, ele sabia que se ela fosse mesmo filha de Tony, teria que ser ele a fazer aquelas coisas, já que o Stark não era daquela forma, não era de se preocupar, Tony era de suma um bocado jovem, não tinha mais do que vinte e poucos, ainda não chegara aos 30, mas deveria começar a amadurecer logo, para o bem da menina e dele mesmo.

O Stark foi o primeiro a fazer o exame, a coleta de sangue, depois foi Lila que ficou com Phil o tempo todo, quando ela saiu do lado de fora só estavam ela e Phil, Tony e Happy já haviam ido, partes por não querer aquele contato, em outras era por causa da multidão que estava lá fora, essa que se esvaía com a partida dele. Phil e Lila foram tomar sorvete depois daquilo, o coração do agente batia forte só de pensar em como seria a partida dela, ele já começara a arrumar as coisas dela na madrugada anterior, na qual não dormira nenhum pouco.

— Tio. — Lila tirou Phil de seus devaneios. — Porque fomos lá naquele lugar e tiraram o meu sangue?

— Bom ... — Phil pensou se deveria contar a verdade a ela. — Lembra que eu te falei que ele era o seu papai? Então, fomos fazer o exame para ter certeza.

— Se eu for mesmo, terei que morar com ele? — Lila enfiava a colher no seu sorvete de flocos.

— Sim. — Phil a encarou, ele preferia sorvete de limão. — Mas eu irei te ver sempre.

— Tudo bem. — Ela ergueu e abaixou os ombros.

— Tudo bem? — Phil arqueou a sobrancelha. — Quer ficar livre do titio, é pinguinho de gente?

— Não é isso tio. — Ela respirou fundo. — É que ... Se ele for meu papai, eu tenho que ficar com ele, né?

— É ... — Phil torceu os lábios pensando na desenvoltura que aquela pequena criança tinha. — Quer ir fazer as compras de natal?

— Mas não é natal, tio. — Ela riu terminando o seu sorvete.

— Faltam oito dias pro natal. — Phil comentou sorrindo. — A gente já pode ir comprando algumas coisas, você disse que queria dar óculos legais para o tio Nick, esqueceu?

— É MESMO!!!!! — Ela falou levando as mãos ao rosto. — Vamos, vamos.

Eles compraram os presentes em prestações, foram mais de uma vez para garantir que todos que Lila conhecia ganhariam um, que fosse a moça do apartamento da frente, até mesmo o porteiro do prédio deles, Lila queria que todos tivessem um natal feliz, então ela dava presentes a todos, o que estava deixando Phil um pouco falido, ele tentava sempre contornar dando ideias baratas a ela, funcionava, apesar de que ela pulava toda serelepe e acabava o convencendo a fazer o contrário. Então depois ela distribuía por aí os presentes um a um, munida de seu saco de presentes e um gorro verde em que ela dizia ser a ajudante do papai noel.

Os dois passaram a noite de natal na ceia do prédio onde moravam, era organizado pela síndica do condomínio, uma senhora de idade para quem Lila deu um porta retrato, para colocar uma foto das duas, a mulher tinha a idade para ser mãe de Phil com algumas sobras, em alguns momentos ela cuidava de Lila, mas o fato de fazer tortas e cuidar dos afazeres do prédio quase sempre a impossibilitava de cuidar da menina, que sempre comia demais quando estava por lá.

O natal para Tony, no entanto, era bem diferente do natal de Lila. Enquanto para a garotinha era animado, para o homem era solitário, se lembrava sobre os seus pais, não era algo que ele gostava de recordar, mesmo se entupindo de bebida e dando festas a pessoas com quem ele não se importava nenhum pouco, fazia parte de preencher o vazio existencial que seus pais haviam deixado, a lacuna no seu peito que nunca se fechava realmente e que fazia Tony beber mais do que o necessário.

— Tony? — Happy bateu na porta duas vezes. — Os convidados já estão lá em baixo.

— Eu já vou descer. — O Stark se olhava no espelho ajeitando a gravata. — Eles podem esperar.

— Aconteceu algo? — Happy era amigo de Tony a um tempo, sabia quando ele não estava bem, você sabe que pode confiar em mim, não é?

— É só isso. — Tony apontou a cabeça para o envelope sobre a escrivaninha. — Minha secretária entregou essa manhã quando você foi levar aqueles papeis pra mim.

— Laboratório? — Happy comprimiu os lábios e encarou Tony que balançava a cabeça de forma positiva. — É melhor você já abrir de uma vez ou quer que eu abra?

— Por favor ... — Tony pegou o envelope estendendo a Happy.

Happy pegou o envelope, ele mesmo tinha as mãos trêmulas, como contornar aquilo, como fazer de forma fácil, apenas fazer. Ele abriu o envelope, os olhos de Tony estavam sobre si, mas o Stark não fazia ou falava nada, apenas o olhava, a garganta estava seca, o jeito como ele não conseguia se mover era assustador para si. Happy passava os olhos de forma acelerada em tudo aquilo, em busca da resposta concreta, mas não tinha muito onde ir, a maioria das folhas dobradas no envelope era laudos que explicavam o resultado final, mas esse poderia ser encontrado com ênfase na primeira folha. O segurança abaixou as folhas e encarou Tony nos olhos.

— Espero que você saiba contar boas histórias. — Happy colocou as folhas sobre um móvel ao seu lado. — Ela é a sua filha.


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