50 Tons - Sem Saída escrita por Mary Kate


Capítulo 4
Perdida em novidades.


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas queridas ! Resolvi postar o capitulo primeiro porque fiquei muito feliiiz com os coments de leitoras novas e segundo porque é sequência então é bom vocês lerem com continuidade para ficar melhor. Uma ótima leitura e não esqueçam de ler as notas finais ! ;*



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Sentados na cabeceira da mesa que é larga o suficiente para dois estão Grace e Carrick, Christian se sentou a direita próximo ao pai e eu fiquei de frente para ele, Elliot ao lado de Christian e Mia fez questão de se sentar ao meu, senhor Astolfo que creio não estar acostumado a sentar-se em outro lugar que não seja a cabeceira da mesa está ao lado de Mia. Gail então surge na sala.

— As entradas já serão servidas, um ótimo jantar a todos e meus parabéns senhor Grey Éllenis e senhorita Kaligarys. – Sorri olhando para mim e para ele, acho que deve trabalhar para essa família há muitos anos pela intimidade que demonstra ao falar com Christian.

— Obrigada. – Digo meio sem graça, porque para mim pêsames seriam mais apropriados, já que esse casamento é o enterro da minha liberdade.

— Obrigado Gail. – Christian diz com carinho para ela, nenhuma vez o vi tratar algum empregado assim. Na ilha com todos ele era extremamente formal, chega até a ser parecido com meu avô no tratamento com os funcionários: rude. Uma mulher vem trazendo os pratos junto com um rapaz, vestidos de uma forma impecável em seus uniformes. Trazem uma salada de folhas com frutos do mar. Bem interessante. Nunca tinha comido esses pratos chiques, só sei me virar com os talheres porque antes de começar a comer observo sutilmente o que todos estão fazendo. As conversas são leves e bem humoradas, percebo que realmente Elliot é o engraçado da família, toda hora conta alguma palhaçada e ama encher o saco de Mia. Por sua camisa espalhafatosa não podia esperar outro tipo de personalidade. Christian é mais observador e não faz nenhuma piada, às vezes vejo que encara meu avô com um olhar que o queimaria vivo se fosse possível. Reparando agora um pouco mais nos traços de cada um vejo que Elliot e Mia têm os olhos de Carrick, mas o filho mais velho se parece muito com Grace, enquanto Christian tem os olhos da mãe mas se parece em seus traços legítimos de um grego com o pai, exceto o cabelo pois Carrick que já tem mais fios brancos que escuros percebe-se que já foram bem pretos um dia.

— Você gosta de frutos do mar Anastácia? – Grace me pergunta.

— Sim, na verdade não tenho restrição a alimento nenhum. – Na verdade nunca pude comer muito bem, tínhamos sempre que decidir entre uma alimentação completa e as contas de casa, nos últimos meses então praticamente vivi de sanduiches e água ou biscoitos e água, o que fosse possível. E nesses dias que cheguei aqui meu apetite sumiu completamente, mesmo que meu estomago viesse reclamando de fome, não conseguia me alimentar bem, mas essa comida está tão boa e de alguma forma me sinto a vontade aqui, então estou gostando de comer.

— Eu também não, mas procuro sempre estar de dieta. Sabe como é, a gente tem que manter o peso! E quando se faz faculdade de moda então, nesse meio acaba-se ficando mais obcecado com essa questão de manter a forma. – Mia diz, e eu penso que nunca fiz dieta na vida, na verdade o que sempre desejei foi poder comer a vontade qualquer coisa que quisesse. E nem sei para que a mesma tem esses pensamentos, ela é tão linda e magra. Magrinha mesmo, acho que até esse vestido justo que estou ficaria sambando nela.

— Ah Mia que bobagem, isso tudo é uma grande besteira. Homem gosta de carne para apertar, você já está quase magra demais, nunca vai arranjar namorado desse jeito. – Elliot cutuca a irmã com olhar zombeteiro.

— Olha quem fala, você lá entende algo de aparência Elliot? Olha para como você se veste fora do trabalho, com camisas super cafonas como essa. – Mia o encara.

— Ah eu gosto de camisas divertidas, isso é moda também, se não para que as fariam?! – Ele dá língua para Mia que retribui.

— Querido fale um pouco do seu trabalho, como anda a Ell Arquitetura? – Grace se direciona ao filho mais velho. O mesmo a olha estava colocando uma garfada na boca, então mastiga para respondê-la.

— Muito bem mamãe, na verdade tenho uma novidade: vou fazer meu primeiro trabalho fora da Grécia! – Ele sorri vitorioso e todos o olham felizes o parabenizando, menos Christian que responde.

— Já não era sem tempo, você é o melhor no que faz só tinha que ter coragem de expandir seus negócios. – Fala sem olhar para o irmão, continua comendo tranquilamente.

— Obrigado por esse elogio confuso cara, mas eu nunca fui como você Christian com um tino e determinação gigantescos para os negócios. Sou mais tranquilo, só quero conquistar o meu espaço. A arquitetura é uma paixão e um hobby para mim, nunca quis virar o maior empresário do planeta.

— Você está dizendo que eu sou o maior empresário do planeta? – Christian o olha com uma sobrancelha arqueada e uma presunção que nem sei. Faço um bla baixo e sem querer, porém foi audível o suficiente. Droga como não consegui me conter?! Todos me olham e eu sorrio de nervoso, sinto-me corar e não sei o que falar.

— Ahaha... é que... negócios me entediam um pouco. – E pela primeira vez senhor Astolfo se manifesta durante o jantar. Ele puxa a respiração para falar como que estivesse sem fôlego.

— Por isso disse que ela não tem condições de cuidar do patrimônio da família, aliás, mulheres não podem cuidar de negócios mesmo. – Depois de dizer algo tão machista tem uma crise de tosse, creio que por verem que não passa e ele começa a ficar vermelho todos acabam se distraindo da resposta e Grace se levanta para acudi-lo.

— O senhor está engasgado? – Ela pergunta perto dele. Ele balança a cabeça negando e depois de alguns segundos ainda nesse processo entre tosse e falta de ar diz que precisa ir ao toalete, se levanta e então cai de volta na cadeira. Vendo o ocorrido Mia e Elliot vão até ele também para ajudar, fico um pouco atônita, mas então me lembro que ele está muito doente e por compaixão também vou ao seu auxilio.

— Tudo bem vovô, eu o ajudo a ir ao toalete. – Digo já segurando em sua mão. Mas ele primeiro puxa com violência, quando se dá conta dos três pares de olhos ao seu redor o encarando muda rapidamente, segura a minha mão e sorri falsamente.

— Eu mostro onde fica o toalete, me acompanhem. – Grace vai a nossa frente e nos leva por um corredor, um hall e chegamos ao lavabo. Vou todo o caminho apoiando senhor Astolfo, creio que se pudesse já teria me empurrado ao chão, já que treme um pouco, sinto sua pele gelada provavelmente deve ser por tamanha sua raiva de ter que ficar tão próximo a mim. Ele entra no banheiro, eu e a senhora ficamos no hall.

— Querida eu sei que deve ser um assunto muito delicado para você, mas seu avô está muito doente não é? – Me olha com ternura, uma doçura de mãe que tenho vontade de chorar e lhe contar tudo. Será que ela me ajudaria e não permitiria esse casamento, sei lá me emprestando o dinheiro que preciso?! Que idiotice de minha parte, é claro que não, essa mulher me odiaria se soubesse que a estou enganando e que seu filho não me ama coisa nenhuma, pior que o odeio e também odeio o marido dela. Como só a encaro ela prossegue. – Está tudo bem pode conversar comigo, eu sou médica, me especializei em pediatria e inclusive ainda cuido das crianças de algumas ONGs e instituições, não quis me aposentar ainda. Amo o que faço.

— É que é um assunto particular dele entende?! Não posso falar o que ele não quer que ninguém saiba. Ele é turrão e acho que não quer ver ninguém com pena dele. – Digo por fim, não falei nada de mais. Ela balança a cabeça afirmativamente e então ouvimos um barulho de pancada dentro do banheiro, nos assustamos e corremos para bater a porta. Ele não responde e a porta está trancada, ao ouvir nossas tentativas de comunicação com meu avô e as batidas na porta do banheiro um homem, alto forte e de cabelo castanho claro cortado curto aparece, está num terno preto. Lembro-me dele da ilha, acho que é Taylor seu nome.

— O que está havendo senhora Éllenis? – Ele se aproxima sério de Grace, ou melhor, compenetrado.

— Acho que Astolfo caiu lá dentro, não conseguimos entrar no banheiro. Abra a porta Taylor por favor. – Grace fala com exasperação, o mesmo prontamente pede que nos afastemos e com um bater de ombros impactante a porta é aberta ferozmente.

— Ai meu Deus! – Fico chocada ao ver meu avô caído em frente a pia do banheiro, a torneira aberta e uma toalha em suas mãos, parece que se agarrou nela na tentativa de não ir ao chão. Entramos rapidamente e Taylor checa seus sinais vitais, oberva o banheiro e o pega no colo. Nossa esse homem vale por um exercito.

— Ele está vivo, somente desmaiado. E não há sinais que outra pessoa também estivesse aqui no banheiro com ele.

— Leve-o para o primeiro quarto do andar aqui de baixo na zona leste da casa. – Pelo visto essa casa é realmente gigantesca. Taylor assente e o seguimos, vamos para o lado contrario de onde estávamos quando chegamos. Seguimos por uma sala enorme, depois um corredor e a direita entramos na primeira porta em um quarto lindo. É enorme com uma cama king size no centro encostada a uma parede, a decoração é clássica mas ao mesmo tempo refinada e elegante em tons pastéis. Senhor Astolfo é colocado sobre a cama, Grace e eu nos aproximamos.

— Taylor, avise a minha família o acontecido e traga minha maleta de trabalho. Diga a todos que nos aguardem na sala de estar onde estávamos.

— Sim senhora. – Taylor se retira.

— Ele está bem? O que será que aconteceu? – Digo o olhando tão pálido e desacordado.

— Eu vou examina-lo, por isso quero te pedir que se sente em uma cadeira das que ficam logo ai fora no corredor. Já que é um assunto delicado para ele, vai ser melhor estarmos reservados quando ele acordar, pode não gostar de ver várias pessoas o encarando. – Ela segura em meu braço enquanto fala com tranquilidade, não posso discordar apesar de que não sei como ele vai agir com ela quando acordar, tenho pena dela, ele está doente mas não deixa de ser terrível.

— Tudo bem, eu espero ali fora. Qualquer coisa pode me chamar. – Na verdade não quero ser chamada já conheço suas grosserias, principalmente se algo o aborrece, mas tenho que ser a neta preocupada. Saio do quarto e me deparo com Taylor que já está voltando com uma maleta preta na mão, passa por mim e entra no quarto, eu me sento em uma cadeira a um metro e meio da porta mais ou menos. Como essa há mais uma e então percebo que é um corredor decorado, tem um móvel com gavetas de madeira branca bem bonito e alguns quadros nas paredes. Então começa a pensar o que será que vai acontecer lá dentro?!

...***...

Grace examina Astolfo, checa todos os detalhes, abre alguns botões de sua camisa para ele respirar melhor e dá alguns tapinhas em seu rosto. Ele acorda um pouco zonzo, olha tudo com um ar perdido, ele realmente não está entendendo muito bem o que houve. Quando olha para o lado da cama vê Grace que o encara.

— O que aconteceu? – Pergunta com a voz fraca ainda.

— Você desmaiou Astolfo. Mas está bem, teve uma queda de pressão. Você está com câncer não é? Pulmão provavelmente. – Ela o olha sem transmitir emoção nenhuma. Na verdade ela sente um pouco de pena dele, mas ao mesmo tempo não sente nada. O velho se ajeita ficando mais sentado na cama, vai falar a verdade para ela, está um pouco sentimental depois de seu desmaio, muitas coisas vem passando na mente do mesmo desde que se deparou com os membros dessa família.

— Sim Grace. Você realmente sempre foi uma excelente médica. O estágio já está avançado. – O velho diz de forma pesada, no final das contas não queria morrer muito menos assim.

— Obrigada. Por que você não fez quimioterapia? Está com todos os cabelos e outros sinais de quem não fez o tratamento. – Grace o olha com curiosidade. Astolfo respira fundo e a olha nos olhos, vindo em sua mente todo o esforço que fez e todo dinheiro que gastou tentando salvar a própria vida.

— Porque não adiantaria, fiz vários tratamentos alternativos muito mais caros e não resolveram. Além do que ficar debilitado e precisando da ajuda dos outros não combina comigo. Você sabe que isso não é do meu feitio.

— E como sei. Fazia anos que não nos víamos, não sei como aceitou vir à casa do meu filho, ou melhor, como aceitou esse noivado. – Grace junta às sobrancelhas enquanto fala. Ficou muito surpresa ao saber do casamento do filho com a neta do inimigo de sua família. Mas se os dois se amam, jamais deixaria de apoiar seu filho por causa de um passado tão distante.

— Porque Anastácia precisa se casar já que não estarei mais aqui para cuidar dela, e se é seu filho que ela escolheu não posso fazer nada. – O velho responde de forma vazia, já que sabe que não é verdade. Ele nem ligava para existência de sua neta, não queria vê-la nunca mais. Mas como a mulher a sua frente não sabe e nem pode, tem que fingir para a mesma. Logo a questão que povoa a mente do homem há tantos anos vem a sua mente. - Ah Grace não entendo como você pode continuar com Carrick, realmente nunca vou entender esse seu jeito amoroso e sem rancor, não entendo como nunca tentou castiga-lo pelo que fez a você e a sua família. – Apesar do velho não gostar de mulheres estrangeiras, há mais de trinta anos atrás quando ele e Carrick eram melhores amigos ele tinha muita simpatia por ela, afinal a mesma sempre foi um amor de pessoa, não tinha quem não gostasse da mesma.

— Eu o perdoei e vocês dois deveriam se perdoar também, você agora está vendo como a vida é passageira, não vale a pena se perder o que realmente é importante por conta de coisas pequenas. – Grace falou com os olhos um pouco iluminados por lágrimas, lembrar o passado ainda a machucava mesmo que já tivessem se passado mais de vinte anos dentre todos os acontecimentos. E se Astolfo já tinha um ódio mortal de Carrick nem queria imaginar do que ele seria capaz contra ele ou sua família se descobrisse o que aconteceu anos depois do rompimento da amizade e do golpe da empresa.

— Você sabe que não é só sobre a empresa que precisaríamos nos perdoar... e o mal que Carrick me causou nunca serei capaz de perdoar. O odeio Grace! E infelizmente seu filho do meio se saiu ao pai, ambos são iguais e nutrem o mesmo ódio por mim. – O velho diz com ódio na voz e o olhar queimando o espelho enorme na parede em frente à cama. Ele jamais será capaz de perdoar a traição de seu melhor amigo, e se o filho de seu inimigo é igual ao pai então quer que os dois se danem. A senhora elegante caminha em direção à janela do quarto puxa a cortina e olha o céu, a lua tão linda, as noites gregas são maravilhosas. Admira a beleza da noite e pensa que foi pelo ódio que Carrick demonstrou sempre lembrando que Astolfo tomou sua parte na empresa que fez com que Christian crescesse odiando o velho. Seu filho sempre teve personalidade forte e resolveu tomar as dores do pai.

— É complicado, virou uma bola de neve. Mas Christian o odeia somente pela empresa, os outros acontecimentos ele nem os irmãos nunca ficaram sabendo. Eu é que odeio todo esse clima hostil, uma amizade tão bonita ter virado inimizade, e agora mais complicado ainda nossas famílias irão se unir. – Ela diz com pesar, e ao mesmo tempo se sente nervosa porque o velho a sua frente nunca poderá descobrir o que houve novamente cinco anos depois do estopim.

— E a mim Grace? Você me odeia por ter tirado o maior bem financeiro de vocês quando seus filhos eram tão pequenos ainda? – Elliot era uma criança de cinco anos e Christian nem dois anos ainda tinha. Grace o olhou com amargura e pela primeira vez em anos sentiu ódio novamente.

— Na época odiei muito, senti raiva de você, raiva de Carrick e da minha vida. Não vinha sendo fácil para mim desde que Christian nasceu. Tive depressão pós-parto, já havia uma crise em meu casamento e aí pelo seu descontrole emocional, você tirou a empresa de meu marido, nos afundando em dividas, ficamos praticamente falidos com duas crianças pequenas. A sorte foi que Carrick conseguiu advogar, começou a exercer a profissão na qual se formou, eu voltei ao trabalho e com o tempo nos reerguemos. Você foi inconsequente e destemperado Astolfo, mesmo tendo um filho de dezesseis anos não pensou na minha família, não teve consideração pelos meus filhos que você viu nascer. A sua amizade com Carrick não era de poucos dias era de nove anos! – Grace acabou desabafando tudo o que queria, ou quase tudo. Na época não tiveram uma conversa, afundada em tantos problemas chorava em casa o dia todo, quando ficou sabendo que seu marido tinha perdido o patrimônio da família só conseguiu culpa-lo e odia-lo, mas pelo bem de seus dois meninos ainda tão pequenos o perdoou. Nunca mais tinha se encontrado com o velho a sua frente, hoje quando o viu chegar não tinha sentido nada, estava mais interessada em conhecer a neta dele. Mas agora tudo aflorou dentro dela novamente, uma amargura retornou por lembrar-se da primeira de duas das piores épocas de sua vida.

— Eu te entendo Grace, de você não sinto ódio. Estávamos no mesmo barco, mas você não pode me julgar por querer acabar com o seu marido, aquele crápula! – Astolfo fala e tosse depois de se exaltar com o final de sua frase.

— Já chega dessa conversa, não vai nos levar a lugar nenhum. O passado tem que ficar no passado, meus filhos nunca vão saber tudo o que houve realmente. E você está morrendo Astolfo, deveria mudar de postura a essa altura e se cansar menos. Essa conversa fica aqui e não ofenda mais a minha família porque eu não vou permitir. – Grace fala com seriedade enquanto guarda seus equipamentos em sua maleta médica e por fim o encara com o olhar de quem não está brincando e faria qualquer coisa pelo bem estar e união de sua família. – Vou chamar sua neta para vê-lo.

— Não Grace, eu vou para casa. Peça ao meu motorista para me ajudar, não tenho condições mais de permanecer nesse jantar, estou me sentindo fraco e essa conversa me deixou ainda mais amargurado por reavivar tudo em minha memória. Mas fique tranquila Anastácia também não sabe de nada. Peça que ela fique com o noivo, não quero vê-la agora. – O velho fala compassadamente enquanto puxa o ar para os pulmões. Bastava de emoções por hoje e depois dessa conversa estava com mais raiva ainda de Carrick, seria capaz de mata-lo, se lembrar do passado era ainda pior com o passar dos anos.

— Tudo bem. – Grace sai do quarto e se depara com Anastácia sentada em uma cadeira que ao escuta-la sair do cômodo imediatamente a encara. A senhora acha engraçado como desde que a moça pisou nessa casa sentiu uma enorme afeição por ela, além de ter tido muito carinho pelo pai de Anastácia, o fato dela ter conquistado o seu filho mais difícil de alcançar o coração fez com quem ela já virasse sua fã. No fundo ela tinha medo que o futuro de seu filho fosse cheio de sucesso e fortuna mas completamente solitário.

...***...

Grace sai do quarto e a olho, está estranha com o olhar meio brilhante de lágrimas e com um jeito diferente de quando sai dele.

— Está tudo bem? – Pergunto para ela me levantando, na verdade estou preocupada com ela, afinal me tratou muito melhor que qualquer um nos últimos dias e com um carinho maternal que não consigo crer que não seja sincero, espero não estar sendo muito burra e caindo numa farsa.

— Sim, ele está melhor. Acordou e quer ir para casa, mas não quer atrapalhar o jantar de noivado então pediu para que você se reúna com o restante da família, ele irá com o motorista. – A senhora agora com seu jeito voltando ao normal fala e vai me puxando com ela para que voltemos à sala de estar. Quando chegamos ao hall Taylor está parado e ela pede a ele que comunique ao motorista de senhor Astolfo sobre sua decisão e o ajude se for necessário, o mesmo assente e nós seguimos para a sala de estar onde tudo começou essa noite.

— Oi querida, ele está bem? – Christian vem até mim e me pergunta passando a mão em meu rosto. Ele poderia deixar desse teatro ridículo, sua mão em meu rosto esquenta as minhas bochechas, me contorço um pouco desconfortável.

— Sim, mas vai para casa. Eu vou ficar para prosseguirmos com o noivado. – Não sabia bem como classificar, festa de noivado não é apropriado e pedido eu não sei se ele vai me pedir oficialmente com aqueles galanteios e tudo mais. Então minha vontade era de falar com essa farsa de noivado e com o contrato. Mia vem também em minha direção e me abraça pelos ombros de lado.

— Então vamos prosseguir com a festa, ele vai ficar bem! – Sua voz é de quem quer me transmitir força e tranquilidade.

— Vamos comer que eu ainda estou morrendo de fome e hoje especialmente quem cozinhou foi Gail, então não vou perder esse rango! – Elliot diz e todos dão risada. Grace o repreende pela forma como falou e voltamos todos para a sala de jantar. Depois da refeição que incluiu ainda mais dois pratos quentes, já que a vez da salada havia passado seguimos novamente para a sala de estar. As conversas vinham sendo normais, Mia e Elliot falando mais que todos e eu me divertia de ver. O que me agradou até aqui é que nenhum deles me fez perguntas sobre minha família, creio que não querem me deixar desconfortável. Ao chegarmos à sala percebo que agora há um bolo branco de dois andares lindamente decorado em uma mesinha alta no espaço do meio entre os sofás, essa mesa não estava aí antes.

— Ah que lindo! Hora do pedido pombinhos. – Mia fala com seu jeito empolgado em meio a gritinhos e pulinhos, vai até a mesa e fica encarando a mim e a Christian que estamos de braços dados um pouco depois da porta de acesso. Todos ficam próximos ao bolo e eu não consigo me mover, então meu noivo me puxa não muito gentilmente para que andemos até a mesa também. Nós paramos e Christian me vira de frente para ele, tira do bolso da calca uma caixinha aveludada da Tiffany e ouço um oh de Mia é claro. Quando ele abre a caixa vejo um diamante solitário com um formato que me lembra um floco de neve, cristalino e enorme que com certeza por si já resolveria minhas questões financeiras. Como nunca tinha me imaginado casando, nunca tinha cogitado usar uma joia assim dessa magnitude. Ele me olha nos olhos, percebo um olhar sombrio e compenetrado, eles estão cinza como uma tempestade de outono, tempestade essa que vai entrar em minha vida. Segura a minha mão e começa

— Anastácia Steele Kaligarys aceita se casar comigo? – Sua voz é grave e seus olhos permanecem nos meus.

— Sim. – É só o que digo, para um pedido simples uma resposta simples. Todos aplaudem e Christian beija minha mão, de uma forma lenta, sensual mas ao mesmo tempo rápida. Pelo menos ele não beijou minha boca, pois minha mão já ficou formigando com esse beijo. Não sei o que esperar se ele me beijar. O que será que está havendo comigo, ai que ódio desse homem. Depois disso todos nos abraçam, Grace me diz bem-vinda a família com os olhos emocionados e Mia diz que agora seremos irmãs, como ela sempre quis um dia ter. Gail aparece com um champanhe e os mesmos funcionários que serviram o jantar nos dão as taças de cristal é claro. Fazemos um brinde e me pedem para cortar o bolo, nos sentamos nos sofás enquanto comemos e depois de terminar minha fatia Christian me chama para darmos um passeio do lado de fora da mansão. Saímos pelas portas francesas desta vez sem nenhum toque da parte dos dois.

Me deparo com um lindo jardim lateral a casa, todo um caminho de pedras com uns postes baixos de luz, uma lua enorme brilha no céu, de tão grande chega a parecer o sol. Andamos pelo caminho sem falar nada e no final dele chegamos ao quintal da casa, bem quintal não é palavra correta para chamar esse lugar. É um pátio gigantesco, com uma piscina enorme em dois níveis, sua lateral é transparente pois enxergo bem o outro lado onde tem algumas espreguiçadeiras e umas mesas com guarda-sol. Uma vista total da praia, para quem gosta seria de tirar o fôlego no meu caso essa perca do mesmo é de nervoso por ver o mar iluminado brilhantemente pela lua. Vejo também todo um lugar equipado, um espaço gourmet bem mais a direita de onde estamos, tem churrasqueiras, balcão, geladeira, realmente muito requintado e pomposo. E atrás de nós um nível acima a varanda do térreo da casa com sofás e poltronas.

— Então A-nas-tá-cia o que achou do jantar de noivado? – Christian começa a falar comigo, vejo seus olhos de gavião sobre mim e sua forma de soletrar meu nome é como se testasse a forma de dizê-lo agora que estamos a sós.

— Constrangedor. Não sabia que sua família seria enganada. – Digo encarando as minhas mãos. Ao contrario daquele dia na praia que consegui confronta-lo, agora aqui à noite, parecemos mais reservados e mais íntimos com o clima que permeia entre nós, estou ainda mais desconfortável, gostaria de sair correndo daqui.

— Papai e eu achamos melhor que mamãe e Mia não soubessem que tudo se trata de um contrato. Além do fato que elas não iriam gostar nada, não iriam me apoiar nem concordar, não quero decepcionar minha mãe. Ela não merece sofrer. – Ele diz com tranquilidade, percebo preocupação com sua mãe na maneira de falar além de um carinho enorme por ela e pela irmã. Eles me parecem se amar muito mesmo.

— Mas e Elliot?

— Com ele não tive tempo de conversar pessoalmente, por isso ainda não contei. Mas se soubesse que ele iria ficar com tantas gracinhas teria contado por telefone logo, apesar de que o jeito de Elliot é incorrigível, duvido que isso pare as brincadeiras dele. – Enquanto conta seu tom de voz varia de aborrecimento e bom humor. – Você vai continuar olhando para suas mãos? Prefiro nosso embate de frente, como foi na praia. – Então me vira abruptamente e ficamos cara a cara, encara seus olhos e há um brilho diferente neles. Parece desejo, luxuria, suas mãos sobem de meus braços vagarosamente até meus ombros, os acaricia lentamente sinto que meu corpo começa a esquentar. Quando suas mãos passam para meu pescoço um arrepio sobe por minhas costas e sinto meu rosto corar. Fico com a boca seca e passo a língua em meus lábios para umedecê-los. Ele sorri para mim, vejo seus dentes perfeitos que parecem presas de um vampiro sedento por meu sangue. Falo nervosamente

— Mas é ridícula essa situação. Deveria ter me avisado que terei que fingir para elas, isso não é correto.

— Não é correto? - Depois de repetir minhas palavras ele sorri e pende a cabeça para o lado como se me analisasse. Balanço a cabeça em negação. – Mas é por uma boa causa, tem que ser feito. Achei que a senhorita gostasse de dissimulações. Vive alternando entre um tipo recatado e uma boca certeira em respostas provocativas. Por que hoje está tão distante? Está com medo de mim? – Uma de suas mãos volta a me tocar agora a passa por meu rosto, com o polegar afaga meu queixo. Minha respiração fica pesada, estou sentindo calor, quero sair dessa situação mas minhas pernas não me obedecem.

— Pare de dar uma de galanteador Christian! Pare de me alisar e agir como se fossemos namoradinhos. Achei que aquele dia na praia nossas reais intenções tivessem ficado claras o suficiente. – Dou risada internamente não sei de onde tirei essa coragem toda, viva minha reação! Nossa falei o nome dele, gostei, grita-lo no meio de uma briga vai ser interessante.

— Aí está à verdadeira você novamente. Oras... estou querendo testar como nossas peles reagem ao toque uma da outra. Já somos noivos oficialmente. Não podemos nos tocar? – Vejo que suas intenções estão estranhas, seu rosto se aproxima do meu, sua boca da minha, sua mão vai para minha nuca. Meu cérebro começa a entrar em parafuso, ai meu Deus ele vai me beijar? Mas eu não quero, ou eu quero? Não eu não quero. Eu odeio esse homem!

— Pombinhos! Achei vocêsss...xi desculpem interromper ! – Mia aparece na porta da varanda nos gritando. Bendita seja, fui salva pelo gongo, sorrio amplamente, já me desvencilho de suas mãos/garras e dou uns passos para o lado. Vejo que Christian me encara com os olhos semisserrados e com raiva, parece que o garanhão não gosta de ser desapontado. Então pergunta.

— O que é Mia? – Sua voz está totalmente aborrecida.

— É que o motorista de Anastácia pediu para avisar que ela tem que ir embora antes das vinte e três horas e só faltam dois minutos. Ordens do vovô! – Mia fala sem jeito algum, tentando ser engraçada no final. Senhor Astolfo deve ter ficado com medo que ficasse demais aqui e algo desse errado, mas pela primeira vez fico feliz com uma atitude dele.

— Certo, muito obrigada por dar o recado Mia. Tchau querido até breve! – Falo e dou um tapinha no ombro de Christian que me olha enfurecido pior ainda depois do comprimento. Então como já queria ter feito ando rapidamente até Mia e entramos na casa. A sala em que entramos é mais uma novidade, é uma sala de jogos. Tem mesa de sinuca, duas TVs enormes, um balcão com bar, tudo que um espaço de diversão deve ter. Saímos dela atravessamos os outros cômodos chegando ao hall de entrada onde todos me aguardam menos Christian.

— Desculpe ter atrapalhado vocês. – Mia murmura bem próxima a mim entortando um pouco os lábios.

— Tudo bem, foi um prazer te conhecer. – Falo olhando para ela, não sei porque mas gosto dela, sinto algo bom quando a olho, por sua energia e pelo modo como me recebeu. Ela me abraça, então Grace é a próxima.

— Ah querida não esqueça que marcamos de passar o dia juntas nós três amanhã. Afinal temos um casamento para organizar e só oito dias! Mas não se preocupe, vai ser lindo! – Ela me abraça apertado e diz suas palavras empolgadas segurando as minhas mãos. Me sinto tão sem graça... mas sorrio, já tenho uma certa afeição por ela também. Oh Deus espero não estar me enganando com essas pessoas.

— Boa noite Anastácia e cuidado com essas duas. Principalmente Mia, ela fica louca quando o assunto é organizar eventos! – Elliot diz rindo, me abraça rapidamente. Vejo que a irmã caçula o encara com um biquinho de aborrecimento e braços cruzados, todos acabam rindo.

— Boa noite e bem-vinda a família Anastácia. – Carrick diz me abraçando rapidamente também, ele soa tão terno que me dá enjoo. Homem dissimulado, crápula, podia parar de fingir que se importa comigo, esqueceu que já tentou me matar por acaso?! Como tenho que ser falsa sorrio forçadamente para o mesmo e me encaminho para a porta. Da mesma olho para trás e aceno para todos dizendo um até logo para as damas presentes. Taylor é quem abre a porta para mim acenamos com a cabeça um para o outro e trocamos um boa noite. O motorista me aguarda com a porta aberta, entro e vou para aquele mausoléu digerir tantos acontecimentos mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram ? :D
Essa estória já está há muito tempo na minha cabeça e fico muito feliz de finalmente estar compartilhando com vocês !!
Por isso quero pedir que vocês comentem muito, curtam e acompanhem no modo visível para eu saber que estão gostando !
Ah estou sentindo falta de algumas leitoras que comentaram nos 2 primeiros caps e não falaram mais nada, cadê vcs meu povo ?! kkkk
Aguardem que terça-feira que vem tem mais e o grande dia (casamento) se aproxima ! Essa fic vai ficar HOT ! Bjusss ;*



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