50 Tons - Sem Saída escrita por Mary Kate


Capítulo 21
O passado que condena?!


Notas iniciais do capítulo

Olá meus zamoresss!
Tive um tempinho e cá estou com um presentinho
maraaaa para vocês!
Ótima leitura ;*



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Chegamos à porta da mansão de meu avô e meu coração está aos saltos dentro do peito. Meus sentimentos estão extremamente confusos desde que recebi a notícia de que ele quer falar comigo por estar morrendo. Sempre detestei meu avô, sempre houve uma magoa extensa entre nós, depois então que vim pedir a sua ajuda e o conheci melhor me senti ainda mais distante dele, porém por saber de sua doença tive pena. Hoje houve um pouco de melancolia quando recebi a noticia, ele é meu avô no fim das contas e fora mamãe só o tinha como parente vivo ainda. Mas agora tenho Mia também, o que conforta muito meu coração por sentir que uma parte de meu pai está viva de alguma forma. Christian segura minha mão com firmeza, me dando total apoio e logo a porta é aberta por Carina aquela bendita governanta que nunca foi com a minha cara.

— Olá senhor e senhora Éllenis. Entrem por favor. – Nos cumprimenta com polidez, sua expressão é nula, dessa vez mal me encara o que é novo já que antes só me olhava com desdém. Dizemos um simples obrigada e já estamos dentro do enorme hall. – Venham por aqui, senhor Kaligarys já aguarda a senhora. – Nos comunica já começando a andar, nos leva pelo andar de baixo mesmo. Passamos por salas enormes com aquela decoração antiquada que é a cara de meu avô: arte grega por todo lado, moveis escuros, tapetes vermelhos e muito dourado. Acho que ele se sente uma espécie de rei da Grécia. Chegamos então a uma porta grande que Carina abre e nos indica que entremos, sinto minhas pernas tremerem levemente, meu coração disparar ainda mais, tenho medo pelo que está por vir. Christian sente que reteso e segura em meus braços me virando para ficar de frente para ele, olha em meus olhos com ternura e afaga minha face.

— Está tudo bem meu amor, estou aqui com você e estarei em todos os momentos. Caso você não se sinta a vontade podemos ir embora. – Suas palavras são doces e firmes ao mesmo tempo. Respiro fundo e olho para a porta aberta, a senhora que a abriu nos olha com impaciência percebo que tenta segurar sua expressão, mas aquele velho olhar de nojo está lá para mim. Penso então que não vim até aqui para voltar atrás. Olho para meu marido e sorrio com firmeza e aliso seu rosto com carinho. Logo já começo a andar e adentro o ressinto, meu esposo vem atrás de mim. Reparo então que senhor Astolfo está é um enorme quarto adaptado para suas condições, cheio de aparelhos hospitalares é como uma UTI residencial. Vejo um armário de vidro cheio de remédios e material hospitalar recostado a uma parede, além de três profissionais de saúde no ambiente, parecem ser um médico, um enfermeiro e uma enfermeira. O quarto tem enormes janelas de vidro que estão fechadas mas sem cortinas assim iluminam o ambiente, as paredes são forradas de papel de parede vermelho com detalhes em dourado, há um grande sofá marrom encostado a uma parede ao fundo do quarto de frente para a cama enorme de madeira escura e cercada de aparelhos, coberto por lençóis brancos até o peito e de olhos fechados está senhor Astolfo. Aproximo-me devagar da cama, então reparo que ele está totalmente pálido, muito magro, a ponto em que vejo os ossos de sua face o fazendo parecer uma caveira somente coberta por uma pele totalmente acinzentada. Em cima de sua boca e nariz uma mascara de oxigênio o dá a condição de respirar. Suas mãos com dedos compridos e ossudos estão ao lado de seu corpo, uma tem em seu polegar o medidor de batimentos cardíacos que bipa devagar como se seu coração já estivesse cansado de bater. Engulo em seco me aproximando enquanto uma enfermeira sai do lado dele onde agora eu estou, olho para trás e vejo que Christian se sentou no sofá, sei que ele quer nos dar privacidade ao mesmo tempo em que não quer nos deixar sozinhos. Não sei o que fazer, se posso falar com ele ou não, mas como foi o mesmo que me chamou creio que devo falar.

— Avô?! – Pergunto com um fio de voz, creio que tenha sido quase inaudível então repito um pouco mais alto. – Avô! – Vejo que ele meche os olhos ainda fechados e lentamente os abre, olha para o lado e então vira o rosto vagarosamente. Percebo sua respiração cansada, seu peito magro subir e descer devagar vestido em um pijama de linho.

— Olá Anastácia. – Sua voz está rouca e fraca. – Se aproxime mais, por favor. – Me diz lentamente. Vou mais para perto da cama. – Sente-se. – Fala e mexe um pouco a mão na cama, indicando que eu me sente ao seu lado. Franzo as sobrancelhas, mas é tanta pena que sinto dele que resolvo ir. Sento-me ao seu lado, colocando sua mão tão frágil em cima de seu peito. Ouço cada vez que ele fala o barulho do oxigênio na máscara, o que gera uma certa aflição. Seus olhos têm olheiras profundas e arroxeadas em baixo, além de estarem amarelados. Mas aquele mesmo azul intenso que herdei ainda está lá.

— O senhor pediu para me ver... – Digo olhando-o nos olhos, ele me encara de uma forma diferente de antes, parece ternura.

— Sim, preciso conversar com você. – Fala compassadamente. – Eu sinto muito querida, muito... – Para respirando fundo. – É de coração.... estou totalmente arrependido... da forma como te tratei a vida inteira... – Vai falando devagar, sempre parando para puxar o ar com dificuldade. Vejo sinceridade em seus olhos, sinto mais pena dele ainda, meu coração se aperta. É como se sentisse um nó por dentro, meus olhos marejam. – Eu sei... que não foi fácil para você... mas hoje quero lhe explicar... – Puxa o ar com mais força. – Explicar tudo direito. Quero que você... me perdoe. – Não quero que ele se esforce, se é o meu perdão que ele quer eu darei e pronto.

— Se é do meu perdão que o senhor precisa já o tem. Eu te perdoo, de verdade. – Seguro em sua mão fria. – No fim das contas foi o melhor que poderia ter me acontecido esse casamento com Christian. Nós nos amamos. – Vejo que ele quer falar mais. – Está tudo bem de verdade. – Aliso sua mão enquanto falo, ele olha em meus olhos e posso ver que eles brilham um pouco.

— Isso me deixa muito... feliz... mas ainda quero... te contar tudo... e então você decide se... realmente me perdoa. – Diz lentamente. Percebo que é importante para ele, vou deixa-lo falar. Balanço a cabeça afirmativamente o encorajando a falar. O enfermeiro então se aproxima do outro lado da cama com uma bandeja com alguns comprimidos.

— O senhor precisa tomar os seus medicamentos. – Sinaliza, vejo que o velho frágil deitado faz uma careta de reprovação, claro ele não perderia sua essência rabugenta mesmo estando nas ultimas penso até com bom humor. O enfermeiro abaixa sua mascara de oxigênio e dá dois comprimidos para ele dando um pouco de água logo em seguida, depois repete o processo mais duas vezes. Me espanta quantas pílulas ele teve que tomar. Fica visivelmente cansado com esse esforço mínimo, fecha os olhos e puxa o ar com força e dificuldade mesmo estando com a mascara novamente.

— É algum sedativo, ele precisa descansar? – Pergunto para o enfermeiro que verifica os aparelhos ao redor de senhor Astolfo. O mesmo se vira e me olha com tranquilidade para responder.

— Não, a senhora pode permanecer aí. Ele só está se recuperando, qualquer esforço é realmente difícil para seu avô no momento. Depois que ele se recompor poderá voltar à conversa, caso ache que ele precisa de algo é só apertar esse botão. A equipe médica irá se retirar do quarto por pedido do senhor Kaligarys, para que tenham privacidade ao conversarem. Com licença. – Me explica e já se encaminha para a saída do quarto, juntamente com os outros dois profissionais de saúde. Olho para meu marido no sofá que parece confuso se permanece no ambiente ou não. Digo um: fique, por favor. Inaudível mas que ele lê em meus lábios, então balança a cabeça afirmativamente e também diz: fique tranquila. Que também leio em seus lábios. Sorrio para ele e ouço meu avô tossir, logo volto minha atenção para ele novamente. Ele tosse várias vezes roucamente, parece sofrer pois faz caretas. Fico aflita e acarinho seu rosto, ele começa então a puxar o ar mais vagarosamente e consegue se acalmar aos poucos, abre os olhos e me encara já que continuo a fazer carinho em seus cabelos totalmente brancos.

— O senhor pode falar o que quiser, estou aqui para ouvi-lo. – Digo. Ele sorri um pouco e começa a falar.

— Anastácia... vou lhe contar a história de minha vida agora. – Sua voz parece ainda mais rouca. Ele endireita sua cabeça no travesseiro olhando para o teto e começa a falar.

— Flashback ON (pov autora) —

Astolfo Leíandros Kaligarys nasceu em uma família grega extremamente tradicional e multimilionária, seu pai era parlamentar grego e sua mãe uma inglesa de família nobre. Cresceu sem muito amor, era filho único e sempre estava sozinho. Foi criado pela babá mais que pela sua mãe, que sempre se preocupava mais em estar impecável do que pegá-lo no colo ou contar-lhe uma estória antes de dormir. Assim ao chegar ao inicio de sua adolescência viu seus pais se desentenderem completamente. As brigas eram terríveis, seu pai sempre estava bêbado e muitas vezes bateu em sua mãe. Ele separou muitas brigas o que acabava o colocando na mira da raiva de seu pai que o espancava. Certo dia sua mãe fugiu e ele nunca mais a viu, daí por diante só ouvia de seu pai a grande merda que era ter se casado com uma estrangeira, que mulheres gregas não abandonavam seus filhos. Os anos se passaram e Astolfo se tornou um adulto duro, sem amor ao próximo e com raiva de estrangeiros, principalmente as mulheres. Pois para ele sua mãe o abandonara por ser uma estrangeira. Seu pai havia perdido praticamente todo o patrimônio da família e já passava os dias e noites em casa sempre caído em algum canto. Astolfo então decidiu mudar sua vida completamente, ser um homem de negócios, ter um império e jamais se casaria ou nutriria sentimentos por alguém. Depois de já estar quase em seu auge ainda com pouco mais de vinte anos perdeu o pai e descobriu que a mãe havia falecido de câncer depois de já ter constituído uma nova família na Inglaterra, fatos que o fizeram se tornar ainda mais amargurado. Os anos passaram e Astolfo estava cada vez mais rico, poderoso e temido. Mas ao mesmo tempo se sentia cada dia mais vazio e solitário. Sua vida era trabalho e mais trabalho, não possuía amigos ou pessoas próximas que se importavam com ele ou que ele se importasse. Se sentia já cansado da monotonia de sua vida, era tediante estar tão alto na vida mas sem alguém ao seu lado, era duro para ele mas tinha que admitir que precisava de algo para fazer seu coração bater mais forte. Foi então que com trinte e oito anos decidiu fazer uma viagem à Rússia, uma espécie de férias para conhecer um lugar novo e para comprar vodkas caríssimas, já que tem paixão pelas mesmas. Depois de alguns dias na cidade comprou uma entrada vip para assistir no camarote principal uma espetacular apresentação do Ballet Bolshoi. Foi uma noite realmente mágica, Astolfo ficou encantado pela apresentação coisa que nunca pensou que aconteceria, mas lá no fundo foi seu encantamento pela bailarina principal que fez toda a diferença. Na festa pós-espetáculo ele viu parada ao lado de uma pilastra a linda jovem de cabelos pretos como o ébano, olhos verdes límpidos e pele alva como a neve que caia lá fora, aquela bailarina que despertou sua atenção durante a apresentação. Decidiu então se aproximar, já que seu coração palpitava como nunca antes.

— Olá senhorita, boa noite. Foi um lindo espetáculo! – Chegou a cumprimentando e já elogiando. Sentia a boca seca, então toma um rápido gole de sua vodka. A moça o olha com curiosidade, achou ele um homem muito bonito, parecia já ter mais de trinta anos mas sua altura e imponência chamavam a atenção, além de seus lindos olhos azuis destacados por seus cabelos escuros.

— Obrigada senhor. Deve ser grego pelo sotaque, acertei?! – Fala com timidez e seu forte sotaque russo. Analisando o belo homem a sua frente, que a olha de uma forma que ela nunca viu antes.

— Sim, acertou. Sou Astolfo Kaligarys. Como se chama? – Pergunta.

— Pietra Ritickovisck. – Fala simplesmente, ainda o tentando decifrar.

—É realmente uma satisfação conhecê-la senhorita Ritickovisck! – Diz com entusiasmo, pois achou seu nome lindo assim como ela.

— Obrigada senhor Kaligarys, me chame só de Pietra. – Responde franzindo os olhos e com um leve sorriso de lado. Pois está se sentindo totalmente atraída por ele, como nunca antes havia se sentido por nenhum homem. – Mas creio que o senhor ainda não possa afirmar que é uma satisfação me conhecer, não sabemos nada um do outro. – Levanta as sobrancelhas o encarando em desafio, ele sente seu sangue aquecer em suas veias. Essa moça além de linda é intrigante. Gosta disso, a atração só aumenta a cada minuto em que estão se falando.

— Somente Astolfo, por favor. – fala e dá uma risada após virar o ultimo gole de sua bebida. – Pois eu creio que será uma grande satisfação, sou bom em deixar as pessoas satisfeitas. – Fala com presunção, Pietra dá risada, achando que ele é um grande convencido.

— Eu não sou do tipo que se satisfaz com facilidade. Não sou do tipo que deve estar acostumado. – Diz olhando nos olhos dele, sente seu coração palpitar. Ele a tirou do sério com essa afirmação.

— Eu imagino que não. Não consegui tirar meus olhos de você desde o espetáculo, você é uma bailarina incrível além da mulher mais linda que já vi! – Diz com sinceridade, de alguma forma essa mulher o desarma e faz com que ele não queira agir como é com as outras, que ele simplesmente come e não quer ver nunca mais.

— Olha, eu não estou interessada em cantadas baratas. Tenha uma boa noite senhor Kaligarys. – Responde já começando a se virar para se afastar do homem. Mas ele segura em seu braço, a adrenalina sobe em ambos. Há uma química palpável entre eles. Ele sente que não pode e nem quer perdê-la e ela se sente atraída completamente.

— O que acha de sairmos dessa festa sem graça e irmos a um restaurante para um jantar? – Pergunta de cara, ele não é do tipo que espera ou fica fazendo charme, o que ele quer ele vai atrás e consegue, ponto. A doce jovem o encara com duvida, não sabe se deve aceitar o convite de um completo e charmoso estranho. Pondera um pouco, enquanto o olhar de um azul fulminante a encurrala.

— Eu não sei... – Pondera, pois realmente seu corpo e seu coração dizem que sim, mas seu cérebro diz para que ela não aceite. Ele larga seu cotovelo aos poucos, e ela sente saudade do toque dele. Enquanto Astolfo quer toca-la ainda mais e mais. São longos segundos dos dois se olhando para que finalmente Pietra se pronuncie. Ela sorri entortando um pouco a cabeça de lado. – Sim, por que não?! -Diz aceitando e pensando ser a maior loucura que já fez em sua vida. Astolfo nunca se sentiu tão vitorioso como agora, com algo tão simples.

Depois desse jantar os dois acabaram percebendo que havia uma paixão avassaladora entre os dois. Era tanta adrenalina, furor e emoção que eles não queriam e nem podiam mais se largar. Astolfo sentia se perder a cada vez que olhava para imensidão verde dos olhos daquela linda jovem. Pietra não sabia o que fazer, pois seus pais a “matariam” se ela se casasse com apenas vinte anos. Estava se tornando uma grande bailarina, já havia assumido seu primeiro grande espetáculo como primeira bailarina. Esse era o sonho da vida deles, ela amava demais dançar mas pela primeira vez na vida queria seguir seu coração em vez da disciplina. Astolfo estava entregue nas mãos de Pietra, faria qualquer coisa por ela, nunca imaginou que poderia amar tanto alguém. Então a chama para fugir com ele para a Grécia, para se casarem e ficarem juntos para sempre. A linda moça aceita e os dois embarcam na maior aventura de suas vidas. Poucas semanas depois Pietra descobre estar grávida e seu marido não podia estar mais feliz. Seu casamento era perfeito, sua felicidade era cada dia maior. Pietra e Astolfo eram o casal perfeito, com um lindo menininho chamado Reymond Leíandros Kaligarys para completar ainda mais a sua imensa felicidade. Alguns anos se passaram e Reymond era uma criança de sete anos quando seus pais conheceram os recém-casados Grace e Carrick Éllenis, que viraram seus grandes amigos. Astolfo estava com vontade de ter um sócio para dividir as responsabilidades da empresa e por isso decidiu que esse seria Carrick, seu melhor amigo. Assim começaram. Carrick estava empolgado pois era tudo o que ele tinha de herança e resolveu aplicar na empresa, fazendo com que os dois se tornassem sócios igualitários. Mais alguns poucos anos se passaram Elliot nasceu e a amizade das famílias era ainda mais forte. As mulheres eram melhores amigas e os homens se fortaleciam a cada dia como amigos e no trabalho, fazendo a empresa se tornar uma multinacional a nível internacional. Mas um belo dia Astolfo conhece seu meio irmão Trippy um homem ganancioso, sórdido e implacável nos negócios. Sua dor foi imensa por conhecer aquele homem filho de sua falecida mãe com o marido inglês que teve depois de seu pai. Trippy tentou de toda forma destruir os negócios de Astolfo e Carrick, essa se tornou uma batalha que duraria anos a seguir. Então quando Christian nasceu foi o estopim de tudo.

Grace teve depressão pós-pastor e tinha brigas terríveis com Carrick, descontando nele suas frustrações e questões psicológicas. Foram quase dois anos assim e o homem fazia de tudo para apoiar e cuidar de sua tão amada esposa, pois ela é desde que se conheceram na faculdade o grande amor de sua vida. Mas a situação estava realmente difícil de sustentar. A empresa tinha problemas graves, pois Trippy não dava trégua, Astolfo estava se tornando obcecado em vencer o meio irmão e já não era mais o mesmo. Infelizmente Astolfo estava adotando os mesmos traços já esquecidos de seu passado, esquecia-se da família, não ligava mais para nada a não ser acabar com os negócios de Trippy. Uma noite então na tentativa de retomar seu lado bom, reavivar seu lado relaxado resolveu ir a um bordel para acalmar seus ânimos. Mas lá percebeu que por mais bonitas que fossem aquelas mulheres o sexo nunca seria igual ao que fazia com Pietra, porque na verdade eles faziam amor. Foi mais algumas vezes na tentativa vã de alguma mudança, pois quando tentava se aproximar de Pietra a mesma o repelia. Esta por sua vez estava magoada por tantos meses de brigas e afastamento entre os dois. Para piorar a situação um dia ela descobriu que seu marido estava frequentando bordeis o que a magoou tanto, que quase a deixou de cama. Quando finalmente se sentiu forte o bastante a mesma foi ao encontro de seu marido e tiveram uma briga feia no escritório dele, na sede da empresa.

— Eu não acredito Astolfo!!! Eu não acredito!!! É isso que eu ganho depois de dezesseis anos juntos?! Achei que nós tínhamos a família perfeita... mas o que há com você nos últimos tempos? – Pietra grita indignada com seu marido. Ele a encara ainda sentado confortavelmente em sua poltrona de couro. Não queria aquela briga agora, amava demais sua mulher, mas precisava resolver as questões de seu patrimônio primeiro.

— Pietra, por favor! Agora não é o momento... já te disse que Trippy está fazendo de minha vida um inferno! – Fala alisando o rosto sem paciência, a mulher em pé a sua frente se enfurece e joga tudo da mesa do marido no chão, o que o faz levantar da cadeira irado.

— Agora é só Trippy, Trippy, Trippy!!! Para todos os malditos lados!!! Você não se importa mais comigo, nem com o seu filho... com nada, Astolfo! – Esbraveja como nunca na vida, falta ar em seus pulmões tamanho seus gritos. Astolfo dá a volta em sua mesa e puxa a mesma pelo braço.

— Pare com essa merda!!! Você está ficando louca por acaso?! – A sacode com força, falando no mesmo tom que a mulher. Ela segura em sua mão tentando desvencilhar-se, pois seu braço dói.

— Me solte Astolfo!!! Agora é o que falta, você vai me bater também?! – Fala de toda altura. O mesmo a encara com raiva e ela o desafia com os olhos queimando de ódio sobre ele. Não há tempo de reações porque Carrick invade a sala preocupado, pois era possível ouvir até o outro corredor a briga, mais fácil ainda de seu escritório que era colado ao de seu sócio. Carrick corre até os dois aflitamente.

— Parem com isso, por favor. Solte ela Astolfo, você não é assim amigo. – Fala ao lado do casal, tentando acalmar a situação. Os dois ainda se encaram mortalmente. – Por favor, a empresa inteira está ouvindo a briga. Vamos acalmar os ânimos! – Diz e lentamente toca o ombro do amigo, que por fim solta a esposa. Pietra puxa o braço com violência e diz enquanto algumas lagrimas escorrem por sua face.

— Eu te odeio Astolfo, odeio! Você me trai, acaba com meu coração e ainda agora fere a minha carne também... – Caminha em direção à porta alisando o braço muito vermelho. Vira-se e olha para trás, onde Astolfo a olha com confusão, pois sente em seu coração uma dor imensa pelo que acabou de fazer, pois está passando por um momento difícil mas ama essa mulher mais que tudo. Carrick sente uma pena terrível da amiga que conhece há mais de nove anos, sente seu coração apertado por vê-la nesse estado. Ele sabe como tem sido difícil lidar com Astolfo, mas ainda o considera um grande amigo, ou melhor seu maior amigo. – Sabe o que me consola senhor Kaligarys todo poderoso?! Eu só tenho trinta e seis anos e você já passou dos cinquenta! E apesar de eu ter largado a minha vida, meu balé, meus sonhos por você... eu ainda posso recomeçar e ter muitos outros novos! – Diz com lagrimas caindo de sua face e soluços escapando de seus lábios trêmulos. Astolfo sente aquelas palavras rasgarem-lhe a pele, a dor é física além de emocional. Vai em direção a mesma com fúria para responde-la, mas Carrick vai a frente o impedindo.

— Eu vou te levar para casa Pietra, venha comigo por favor. – Diz já tocando o outro braço da amiga e a puxando levemente. A mesma olha para Astolfo e chora mais ainda enquanto começa a caminhar com seu amigo, limpa o rosto com um lenço que tira da bolsa e deixa para trás um homem furioso que praticamente quebra todo o escritório.

Naquela tarde Carrick levou a amiga para casa em seu carro, ambos em silêncio durante a viagem. Mas em certo ponto Pietra disse que não queria ir para casa, pediu para o amigo leva-la a qualquer lugar mas que não fosse a sua casa, pois não saberia como encarar seu filho adolescente. Reymond era um jovem doce demais e que não merecia ficar no meio daquela crise. Carrick acabou concordando e levou Pietra para uma praia isolada, os dois desceram do carro e passaram algumas horas conversando. Ao longo dos minutos que se passavam, por estarem ali sozinhos e vendo a mulher abrir seu coração, ele acabou expondo seus problemas com Grace, contou que estava muito difícil e que ele já não sabia mais o que fazer para ajudar sua esposa, mais ainda que se sentia totalmente sozinho, perdido e já sem forças. Claro que Pietra sabia da situação, mas não profundamente já que Grace não queria proximidade nem com ela. Estavam distantes como nunca tinham estado antes, mas o que ela mais sentia era pena de sua amiga por também não saber o que fazer para ajuda-la, já que sua cabeça estava lotada com seus próprios problemas. Diante dos lamentos dos dois e da fragilidade da situação acabaram se beijando, depois do beijo movido pela carência ficaram confusos e se olharam perdidos. Mas acabaram se beijando de novo e de novo, trocaram carinhos que acabaram levando-os a fazerem sexo na areia da praia. Foi algo espontâneo, impensado e complicado. No momento os dois sentiram que pela primeira vez em muito tempo tiveram o carinho de alguém, a atenção e amor que costumam dar. Porém depois veio a culpa e o gosto amargo da traição, Pietra assim como Carrick se sentia pior muito mais por Grace do que por Astolfo. Mas ambos não queriam ferir nenhum de seus parceiros.

Os dias se passaram e a crise no casamento de ambos só piorou, Grace passava a maior parte do tempo dopada por remédios, deixando o cuidado total de seus meninos para Gail, que já nutria muito amor por Christian por vir cuidando dele mais que qualquer um desde que nascera. Quando Grace não estava dormindo estava triste na cama ou tendo crises nervosas com Carrick. Astolfo por sua vez, tratava Pietra pior a cada dia. Os dois brigavam muito e Reymond escondido presenciou muitas delas. Assim os amantes acabaram se aproximando mais e mais, e o que era para ter sido um momento de carência na praia virou constante. Pietra e Carrick estavam tendo um caso, o que durou semanas.

 

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Esse cap está bafônicoooo além de emocionante!
Estou quase em lágrimas aqui!
Estou fazendo o possível para postar o próximo cap, ainda
em algumas horas ou amanhã (sábado)!
Mas comentem muito nos dois para eu saber o que estão achando...
Tem muita revelação vindo por aí ainda!
Vem sexta-feira sua lindaaaa!
Um ótimo fds para tds!
Bjuuuus ;*



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