50 Tons - Sem Saída escrita por Mary Kate


Capítulo 2
Conhecendo o inimigo.


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas queridas ! Boa noite ! Fiquei muito feliz com os comentários e de ver que já tem 4 favoritos e 9 acompanhamentos ! Estava com medo de ninguém gostar...rsrs Sabem como é, isso de escrever para o público é novo para mim. Mas quero pedir que essas pessoas que estão acompanhando se revelem por favor, não fiquem no privado. Sejam boazinhas comigo :D Espero que gostem do capítulo, fiz com muito carinho e empolgação. Boa leitura !



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Estamos no helicóptero eu, senhor Astolfo, três seguranças e o piloto. Nem acredito que já é um novo dia, passei o resto da tarde e da noite anteriores na mansão megalomaníaca dele, me hospedou a contragosto claro, mas como ele mesmo disse temos que garantir que ninguém desconfie de nada. Foi tão estranho estar naquela casa que só estive uma vez na vida, não me lembrava de nada sobre aquele lugar. Além da pouca idade que tinha, acho que apaguei da minha mente tudo daquela viagem, infelizmente só o dia trágico nunca consegui esquecer. Acho que a casa de meu avô foi o lugar que me senti mais nada a vontade na vida, apesar de ser gigantesco me senti oprimida, apesar dos empregados que circulavam para todo lado me senti mais sozinha do que nunca. Então optei por passar todo o tempo trancada no quarto que ele mandou que me instalassem, com certeza o mais longe do dele. Não o vi mais depois que saí do escritório e não consegui comer nada, só bebo água há dois dias, com certeza vai entrar para lista dos maiores períodos que já passei sem comer. Todas as minhas horas passadas foram remoendo tudo que me aconteceu no dia mais imprevisível e assustador da minha vida. A “conversa” com meu avô, que de conversa nada teve. Foi um show de horrores e ordens sobre a minha vida, os seus planos que irão mudar meu destino completamente e informações bombásticas que nem sei como digeri-las.

Nunca vou me esquecer de depois do acidente como tudo foi chocante e assustador para mim. Me lembro que quando acordei vários dias depois no hospital mamãe estava muito abatida, parecia estranha, hoje entendo que estava dopada de remédios por ainda estar em choque. Perguntei pelo papai e ela me explicou que ele estava no céu. Chorei demais... me lembro da dor que rasgava o meu peito dos meus soluços incessantes. Ele era um pai maravilhoso, me lembro com tanta saudade dele, das nossas brincadeiras, quando ele cantava para mim... Depois disso não conversamos muito mais sobre o acontecido, quando tocava no assunto mamãe sempre tinha crises nervosas e acabava piorando seu alcoolismo, a única coisa que ela me dizia era que tinha sido um acidente e que eu não pensasse muito a respeito, acho que ela temia que eu quisesse tentar aproximação com meu avô, que mais tarde descobri que após pagar nossa conta no hospital nos expulsou da Grécia no primeiro voo para os EUA, ameaçando me tirar de mamãe e me colocar num colégio interno para nunca mais vê-la, caso ela tentasse contato com ele ou voltasse a Atenas. Além disso tomou tudo que papai tinha em bens materiais conosco, a única coisa que sobrou foi uma conta poupança no meu nome que papai depositava um dinheiro para o meu futuro, com o valor compramos nossa casinha modesta no subúrbio de Seattle, o nosso único bem.

Assim eu cresci sem saber mais detalhes e nem ter como descobrir. Acho que com o passar dos anos e o fato de ter começado a trabalhar com dezesseis me fizeram esquecer o assunto, ou melhor, enterra-lo na minha mente, até para não sofrer mais pela falta do meu pai e pela mágoa de um avô que deveria ser alguém para me amar e proteger, mas na verdade me odiava. Aquela tinha sido minha primeira e até agora única viagem à Grécia, papai tinha retomado contato com o senhor Astolfo que de vez em quando me mandava alguma lembrancinha boba, ele aceitou me conhecer pessoalmente, disse que aceitaria nossa família se papai voltasse a cuidar dos negócios e da empresa em Atenas, por isso fomos visita-lo, então naquele bendito dia papai quis dar um passeio de barco e tudo aconteceu.

Pelo impacto da explosão tive traumas graves nas tubas uterinas ficando estéreo, além de papai mais dois funcionários que estavam no barco faleceram. Mamãe foi a menos atingida porém suas sequelas foram emocionais. O que me lembro com mais exatidão foi da sensação de estar me afogando, com o corpo todo doendo, a cabeça zonza, um zumbido estridente lá dentro, via chamas e fogo lá em cima, coisas afundavam perto de mim, eu me debatia apavoradamente, o ar faltava em meus pulmões, eu abria a boca e engolia aquela água amarga e salgada, ardia meu peito como em chamas, a sensação de desespero até ser resgatada da água. Um milagre, uma pessoa a nado me salvou daquela imensidão azul, daquele monstro que traga para seu fundo sem fim. Por isso tenho pavor do mar, na verdade é uma fobia real, não gosto de vê-lo nem de longe e só o fato de estar nesse helicóptero sobrevoando essa imensidão azul, me causa calafrios, minhas mãos estão suando, sinto que se não focar em meus pensamentos posso desmaiar a qualquer momento só de olhar esse mar, que tragou todas as minhas possibilidades de uma vida normal e feliz. Por que eles tinham que marcar o encontro justo em sua casa em uma ilha? Qual o problema com a terra firme?! Por isso odeio esse lugar, esse país, onde só há sol, calor e mar para todo lado. Seattle combina muito mais comigo, cinzenta, chuvosa, nublada, cheia de asfalto.

E agora ainda mais pelo que entendi, senhor Astolfo culpa Carrick pelo acidente. Pelo visto nunca se obteve provas, mas ele o acusou claramente ontem durante a nossa “conversa”. Eu nunca tinha racionalizado sobre a questão da bomba, por falta de detalhes que não sabia, por falta de idade para entender, por falta de fontes ou alguém para perguntar A única coisa que o inquérito policial disse foi que a causa da explosão foi plantada, provavelmente uma bomba ou explosão de combustível. Isso foi a única coisa que consegui tirar de informação de mamãe que também nunca pode buscar por mais detalhes já que nunca mais voltamos a Grécia. Agora sabendo o responsável, tendo sido esse homem capaz de tentar matar a mim e a minha família, conseguiu tirar a vida do meu pai... Nunca vou conseguir sentir outro sentimento por esses Éllenis que não seja ódio! Ele acabou com a minha vida. Odeio tanto ele quanto senhor Astolfo, a Grécia e também esse Christian que quer se casar comigo através desse contrato. Os odeio com todas as minhas forças, se não fosse uma questão de sobrevivência e principalmente por mamãe já teria sumido daqui. Mas vou entrar de cabeça nessa situação, só permanecerei até que tudo se estabilize e então eu fujo, sumo, desapareço e ninguém nunca mais irá me encontrar e muito menos poder me usar. E se esse Grey Éllenis pensa que vai ser fácil ficar casado comigo, ele que aguarde, pois conhecerá a verdadeira Anastácia depois do casamento e adeus esse papel de boneca engessada.

...****...

— Ah papai eu não vejo a hora que eles cheguem, estou tão curioso! Essa neta dele deve ser muito feia, louca, ou ter alguma doença perigosa para transmitir para os meus herdeiros, já que aceitar um casamento assim hoje em dia não é nada normal. Nunca a vi em tabloide nenhum, fiz uma pesquisa na internet e não achei nada atual dela, somente as notícias da época do acidente. O que nem é grande coisa, já que o velho fez com que tudo fosse abafado ao máximo possível... também ele ficou inconsolável com a morte do filho... – Faço um pausa um pouco pensativo, passo a mão em meu rosto, afinal foi algo trágico. - Depois disso a garota e a mãe simplesmente sumiram do mapa!- Falo com uma ansiedade que confesso há tempos não sentia, eu e meu pai estamos sentados na varanda da casa da minha família em uma mesa, em frente à praia esperando os Kaligarys chegarem para o encontro. Papai está achando hilário eu aceitar esse encontro, já que nunca me viu tão interessado em uma mulher. Mas não é pela mulher é pela empresa oras. E ao mesmo tempo demonstra preocupação desde ontem, ele nunca pensou que esse acerto de contas um dia fosse realmente se realizar. Sorri para mim enquanto me olha carinhoso.

— Meu filho tenha calma, está quase pulando da cadeira enquanto fala, nunca te vi assim Christian. Outra coisa não é cortês de sua parte só pensar na aparência da garota e além do mais serão herdeiros dela também, para que ela prejudicaria os próprios filhos?! – Meu pai me repreende com o olhar também.

— Não estou pensando só na aparência. Algo errado deve haver com ela, vai ver é uma sequelada ou tem dupla personalidade, aliás, depois que entender de verdade as intenções do velho Astolfo Leíandros Kaligarys e ver qual é dessa neta sumida dele não vou perder a oportunidade de ter a sua empresa de volta papai. – Falo seguro de que sou capaz de entender se for um golpe, afinal estou no auge. Sou o empresário mais bem sucedido da Grécia, não tem quem não conheça ou tema Christian Grey Éllenis. Sou implacável nos negócios, a Grey-Éllenis é a maior empresa de telecomunicações e tecnologia de ponta da Europa, está entre as maiores do mundo. Consegui fazer um império do que restou da fortuna do meu pai, já que ele foi roubado por Astolfo. Sou conhecido por ser impiedoso e frio, mas não posso negar que as mulheres vivem caindo aos meus pés. No entanto meus casos são rasos e rápidos, não consigo me apegar a ninguém. A única que tenho uns remembers de vez em quando é Leila, mas é só pela comodidade de poder fode-la quando quero e estou sem ninguém em vista. Sei que por onde passo minha aparência chama atenção, tenho 1,85 m de altura, gosto de praticar esportes e meus treinos de luta com Bastille me desenvolveram músculos por todo corpo, além do esporte ser uma forma de escape para mim também prático BDSM há anos. Sou um Dom e amo isso. Mas ninguém sabe, sou muito discreto quanto a minha vida privada e nunca trouxe uma mulher para apresentar a minha família. Creio que essa situação apesar de estranha de alguma forma também tenha acalmado papai, já que às vezes penso que minha família tema que eu seja gay pela discrição com minha vida amorosa.

— Eu entendo que você sempre quis recuperar a empresa Christian. Eu me sinto até mesmo culpado por ter demonstrado demais a minha raiva e amargura com relação à Astolfo ao longo de todos esses anos, vocês cresceram vendo este rancor em mim e isso não é bom, te fez ficar assim duro demais com os negócios – Papai interrompe meus devaneios, me olhando com atenção, também vejo a sombra da culpa em seus olhos. - Mas você não pode se casar com alguém somente por esse motivo, casamento precisa de sentimentos. – Olho para ele não posso deixar de sorrir, na verdade acabo soltando uma gargalhada e então junto minhas sobrancelhas de forma séria e digo.

— O senhor não deve se culpar de nada e sim aquele velho asqueroso! Estou muito bem assim, fui muito bem criado papai. E sentimentos são o de menos, um casamento precisa de confiança e respeito. Casamentos que se mantêm por amor são raros demais, você e mamãe são o único exemplo real que conheço. Olha só o Elliot acabou sendo traído e deixado pela esposa. - Falo do meu irmão mais velho com pena, ele sempre foi um galinha, mas depois que conheceu Dayna se apaixonou e quietou o facho. Se casaram em um mês e não durou sei meses. O que não deixou de ser um recorde para o mesmo. Elliot é um arquiteto bem sucedido, tem um coração de ouro, é meu melhor amigo só não tem jeito com as mulheres.

— Seu irmão foi inconsequente Christian, ele sempre foi irresponsável quando se trata de mulheres. Já era de se esperar que aquela relação não fosse dar certo. Seja mais cauteloso meu filho, casamento é coisa séria. - Ele entorta a boca enquanto fala num tom de desgosto, eu encaro a praia já ficando impaciente e olha que são 11:00 horas agora.

— Sim, mas eu quero ter filhos. Preciso de herdeiros para nosso patrimônio, não construí tudo atoa, logo não deixa de ser uma vantagem me casar. Estou em uma idade boa para começar a minha prole e sinceramente por amor não me casaria com ninguém mesmo, nunca conheci uma mulher que me despertasse a vontade do casamento e também não acredito em uniões assim. O meu dinheiro só atrai aproveitadoras. Já essa Kaligarys não precisa do meu dinheiro, o que fará do nosso acordo um negócio equilibrado e sem mentiras das duas partes. – Digo com convicção enquanto vejo Taylor se aproximar de nós.

— Bom dia senhores. O helicóptero do senhor Kaligarys está pousando no heliporto. - Taylor diz olhando para mim, ele é o chefe da nossa equipe de segurança.

— Certo Taylor, vamos papai. – Digo me levantando e olhando para o mesmo também o faça. Descemos os degraus da varanda e vamos para o heliporto que fica lateral e distante uns quinhentos metros da casa em frente à praia. Vejo as hélices do helicóptero pararem e descer com a ajuda de seu segurança o velho vestido em um de seus caríssimos ternos brancos de sempre. Depois deles descem mais dois seguranças. O velho Astolfo parece não confiar muito em mim e em estar em meu território. Paramos eu e papai próximos do helicóptero e então sinto que minha testa sua pela ansiedade que estou em ver a tão aguardada moça, nunca me senti assim antes, pareço um menino em véspera de Natal. Logo vejo um par de pernas apontarem pela porta do helicóptero, brancas como porcelana, torneadas e um par de sapatos de salto nos pés. Não esperava menos, só pode ser uma patricinha. Então um segurança do velho vai ao seu encontro no transporte aéreo e segura uma mão a apoiando para descer finalmente, logo tenho a mais grata e feliz surpresa possível: uma deusa de cabelos castanhos aloirados compridos surge em minha frente, com um vestido tentadoramente curto e justo, um corpo realmente sensual, seios médios lindamente desenhados sob o vestido... É parece que alguém veio para mostrar o produto à negociação. Então reparo em seu rosto um par de olhos azuis como o mar da Grécia a nossa frente me encara com um ar de surpresa. Ela é linda como um anjo, seu rosto parece desenhado à mão, é com certeza a mulher mais linda que já vi. Começam a andar o velho a sua frente, ela atrás e os seguranças depois dos dois.

— Senhor Kaligarys como vai?- Aperto sua mão o cumprimentando, ele faz o mesmo.

— Olá senhor Éllenis. – Então cumprimenta o meu pai também, todos estão com uma máscara de cordialidade e sorrisos, menos eu, amistosidade não faz parte do meu currículo. Ainda mais quando sabemos que esse clima amigável não existe. Astolfo se afasta e chama a neta para que se aproxime para nos apresentar.

— Essa é minha querida neta Anastácia Steele Kaligarys, estes são Christian Grey Éllenis e seu pai Carrick Diogo Éllenis. - Aponta-nos uns aos outros enquanto ela nos olha com timidez, então estende sua mão para mim. Quando sinto sua pele na minha há uma corrente elétrica que me faz ficar um pouco tenso, mas não demonstro percebo que ela também sentiu essa sensação estranha, já que se retesa um pouco e cora, o que é uma graça além de atraente.

— Prazer. – Sua voz melodiosa me pega de surpresa, então Anastácia cumprimenta meu pai que pelo que vejo em seu rosto foi com a cara dela. Provavelmente porque conheceu o pai da senhorita angelical desde a infância, me disse algumas vezes que era um bom rapaz.

— Prazer senhorita Kaligarys. – Meu pai diz sorrindo.

— Vamos para a varanda da casa, por favor nos acompanhem. – Digo a encarando, que se encolhe um pouco e espera o avô começar a caminhar para então seguir como todos nós para a casa. Ela parece bem submissa e dependente do avô, a parte submissa me agrada porque pode ser bem útil no meu playroon. Mas essa ligação com o avô, não sei, me parece estranha já que Astolfo nunca demonstrou ser um mega avô, nunca apresentou sua neta para a alta sociedade grega, nem nunca ouvi falar dele sendo carinhoso com alguém. Até porque nunca houve menção sobre ela por aqui com ele, este é o tipo de coisa que geralmente circula na boca das pessoas socialmente. Ao chegarmos à varanda sentamos todos a mesa, e o velho é quem puxa a cadeira para Anastácia que se senta ao lado dele. Eu e ele ficamos de frente, meu pai de frente para ela. Eu e papai estamos de frente para a praia. Observo atentamente Anastácia ela é realmente linda, mas não levanta o olhar, só olha para as mãos em seu colo e sua respiração parece acelerada, estará nervosa, ansiosa?!

— Então senhor Kaligarys – começo a falar, agora olhando para o velho a minha frente que parece abatido e pálido como não me lembrava que fosse. Falo sério e firme, pois preciso ler suas reações por isso o olho nos olhos. – Gostaria de entender melhor a sua proposta, o motivo dela e por que agora?

— Como disse ao seu pai senhor Grey Éllenis – presto atenção na forma como me chama pelos dois sobrenomes, sei que ele detesta estrangeiros, e como minha mãe é americana fala o sobrenome que herdei dela com deboche. Como se isso me afrontasse, coitado não sabe do que eu sou capaz. Continuo olhando-o atentamente – Minha neta Anastácia é uma jovem linda, já está na idade de casar, como sou muito cuidadoso com ela quero que se case com alguém descente. E quem melhor do que o homem solteiro mais cobiçado do país?- Cada palavra que sai da boca do homem a minha frente sai de forma convicta, ou ele está sendo sincero ou é um ótimo ator.

— Esses motivos são muito vagos Astolfo. – Meu pai diz com aborrecimento, encarando o velho rival, que vira a cabeça para o lado de meu pai.

— Entendam estou velho e cansado, com a saúde um pouco frágil. Anastácia não tem mais ninguém. Precisa de alguém para cuidar dela, já que não sabe nada de negócios não pode cuidar da empresa. Não quero que ela caia nas mãos de um caça dotes qualquer. Fora que quero netos antes de morrer, já sou um velho Carrick! – Fala com um olhar de quem quer piedade, como se fosse um velhinho pobre e coitado. Minha vontade é de rir, esse teatro de velho coitado é um pouco demais já que de pobre e coitado ele nada tem, mas o restante faz sentido. Porém preciso ouvir o que ela tem a dizer.

— Então senhorita Kaligarys, concorda com seu avô? – A olho com curiosidade quero vê-la olhar para mim novamente. Então ela levanta o olhar, mas encara o avô que a fita e sorri.

— Sim, ele só quer cuidar de mim. – É somente o que ela diz, ainda olhando para ele. Fico perplexo, ela não pode ser tão tímida.

— Mas senhor Kaligarys quais seriam os termos do acordo desse contrato nupcial? – Volto minha atenção novamente para o velho, que me olha ainda sorrindo.

— Bem, com o casamento a minha empresa passa para você completamente. Como sou o único dono, não terá que dividir ações com mais ninguém. Em troca minha neta tem que ter todo o conforto e estabilidade de um lar e uma quantia mensal de alguns milhares de dólares para seus gastos pessoais, você entende não é?! Mulheres precisam de dinheiro para seus luxos, sapatos e salão de beleza. – Enquanto fala olha para ela e depois para mim e faz uma cara de paisagem.

— Você sabe muito bem porque ninguém mais tem ações na empresa Astolfo, a mesma já foi minha também. – Papai fala de forma ríspida, pela primeira vez nos últimos anos vejo que está com muita raiva e temo que ele perca a paciência. Sua boca está uma linha fina e seus olhos vidrados no velho a minha frente. Astolfo o encara de forma tranquila vejo em seu olhar um brilho de ira, mas sua expressão é nula.

— Oras Carrick, isso é passado, vamos passar uma borracha nele. Seu filho já vai ter a empresa integralmente com esse casamento. Deveria estar feliz! – Enquanto diz as palavras suavemente, se recosta mais na cadeira e no final tosse um pouco.

— Ah tá, feliz ?! – Vejo que papai não está conseguindo se controlar, creio que a raiva acabou acordando com as palavras do velho. Ele fica ainda mais reto em sua posição na cadeira, vejo que vai falar mais então resolvo interrompe-lo.

— E qual seria a clausula de quebra do contrato ou para possibilidade de divórcio, porque tem que haver não é mesmo? – Olho para o meu pai que balança a cabeça como se tentasse se controlar, sua respiração está alterada, mas depois de respirar fundo olha para mim e dá um meio sorriso, vejo que percebeu que não quero que ele se descontrole. Só aí reparo que com a atenção voltada para os dois não me atentei em como Anastácia reagiu a esse pequeno embate, provavelmente então porque ela deve ter permanecido na mesma posição de olhos baixos como está desde o começo. Mas que diabos há com essa mulher que não se expressa?

— Sim, claro. Será uma clausula bem simples: se depois que tiverem filhos, pelo menos um herdeiro legitimo, quiserem se divorciar poderão .- Astolfo diz e seus olhos brilham, realmente ele deve estar querendo muito ser avô.

— Realmente muito simples... Hmm. Bem eu quero conversar com a senhorita em particular, preciso conhecer melhor minha futura noiva. Enquanto isso nossos advogados que estão no escritório da casa analisam o contrato pré-nupcial. Senhor Kaligarys tudo estando de acordo e a depender primeiramente de como for minha conversa agora com sua neta, aceitarei esse casamento. – Falo olhando os três a minha frente o velho que sorri, a moça de cabeça baixa e meu pai que parece chocado. Preciso realmente entender melhor essa mulher, se ela não for nenhuma maluca e com a atração que estou sentindo por ela, esse casamento está me parecendo uma ótima ideia. Não poderia ser mais fácil reaver meu patrimônio por direito. Levanto-me, vejo meu pai mensurar dizer algo, mas somente abre e fecha a boca. – O senhor não se importa que dê um passeio com sua neta pela praia não é senhor?- Digo o fitando.

— Não acho necessário, ela é muito tímida, podem conversar aqui. – Ele diz sério me encarando.

— Por acaso este casamento será a três? Na lua de mel o senhor irá conosco também? – Falo ríspido, como pode esperar que eu me case com alguém que não posso falar a sós. Minha postura nesse momento é do homem que sempre fui duro e controlador. Anastácia nos olha como que abismada, claro nunca deve ter visto ninguém enfrentar seu avô assim, o temido Astolfo Leíandros Kaligarys.

— Tudo bem, futuros noivos precisam se conhecer melhor. Vá Anastácia, se levante! – diz olhando para a moça a minha frente, depois de me encarar com certo desgosto, creio que se controlou para que não começássemos uma briga a qual não seria nada amenizada somente por ele ser um velho.  Anastácia se levanta e o encara dando um sorriso afirmativo. Parece querer passar alguma mensagem para ele, ou só está buscando apoio não sei. Aproximo-me dela e estendo minha mão para ajuda-la a descer as escadas. Quando nos tocamos aquela eletricidade aparece novamente mas não a solto até chegarmos ao chão depois do último dos cinco degraus. Vamos caminhando em direção à praia e começo a conversa, já que parece que ela não vai abrir a boca.

— Então senhorita Kaligarys quantos anos tem? – Olho para ela quando paramos na faixa onde a areia começa.

— Tenho 22 anos. E o senhor Éllenis? – Pela primeira vez me olha e noto que observa o meu rosto atentamente agora que estamos lado a lado, ela é ainda mais linda e angelical de perto, se não fosse neta do diabo acreditaria nessa doçura.

— Tenho 30 anos, me acha muito velho para você? –

— Não, não vejo problemas sobre idades um pouco diferentes. - Ela sorri um pouco, com esses lindos lábios carnudos e rosados, mas o sorriso não chega aos olhos.

— Vamos andar na praia.

— Não acho necessário, aqui já é o suficiente. – Parece se retesar um pouco, fica até mesmo um pouco pálida enquanto encara a praia adiante.

— Não me sinto a vontade para conversar aqui com seus seguranças atrás de nós. – Ela olha para nossas costas.

— Hmm meu seguranças?! Ah não tinha reparado neles aí... - Suas palavras são um pouco sem jeito. Mas também a neta de um arquimilionário tem que ser muito bem assegurada mesmo, só que preciso de privacidade com ela.

— Então podemos? – Pergunto para seguirmos em direção a areia. Ela afirma com a cabeça, então digo a Taylor que mande os seguranças permanecerem ali. A puxo pelo cotovelo e quando andamos um pouco na areia ela para, se apoia em mim com uma mão e com a outra tira um sapato, faz o mesmo processo trocando de mãos, a observo curiosamente. As mulheres que conheço escalariam montanhas de salto, não abrem mão para nada, muito menos num primeiro encontro.

— Desculpe, prefiro sentir meus pés na areia. – Fala sem olhar para mim. Prosseguimos andando sem nos tocar.

— Por que quer se casar senhorita Kaligarys? – Olho para ela, o vento bate em seus cabelos e seus olhos se estreitam pelo sol. Então responde sem me olhar.

— Porque meu avô tem razão. Ele sabe o que diz.. me aconselhou a isso, então acho que é o melhor para mim. – Sua voz soa sem sentimento algum, quero saber mais dela. Preciso entender essa mulher nunca tive dificuldade em ler as pessoas, muito pelo contrário, mas essa bela mulher a minha frente é um grande ponto de interrogação.

— Mas com um homem que não conhece? – Digo olhando para a praia também, já que ela não me olha.

— Mas meu avô conhece e confia em você e na sua família, para mim é o suficiente. – Diz ainda sem emoção, mas com firmeza. Paro e a olho virando de frente para ela, que faz o mesmo. Cruzo meus braços.

— Mas você deve saber que nossas famílias são inimigas. Seu avô deu um golpe no meu pai e se vou me casar com você é porque quero reaver o que é meu por direito. -  Digo e a encaro, quero ver sua reação.

— Ambas as partes vão sair satisfeitas com o acordo isso que importa. Você com o que diz ser seu e eu com o meu. – Dessa vez ela desvia o olhar para a praia quando fala. Achei que ficaria revoltada com as minhas palavras, que brigaria comigo, vejo em seus olhos algo mais forte do que ela quer realmente demonstrar. Isso me intriga ainda mais.

— Para que quer tanto dinheiro mensalmente? – Continuo a encarando, com o olhar estreito sobre ela.

— Para coisas femininas, sapatos, roupas, maquiagem... – Olha para mim e gesticula mexendo os sapatos com um gracejo, suas sobrancelhas se arqueiam e seu semblante é de pouco caso enquanto fala. Mas seu rosto não parece estar maquiado, vejo uma linda beleza ao natural a minha frente. Será que é somente para essas futilidades que ela quer o dinheiro?! Se ela já é herdeira de uma fortuna gigantesca para que quer se casar por mais dinheiro? Só posso pensar que seu avô venha cortando seus luxos, vai ver podando suas regalias, tirando a liberdade dela para gastar. Então quer entrar nessa para se livrar das amarras e se afundar no shopping. Algumas colegas de Mia já fizeram isso, se casar para virar esposa profissional, ter todo o luxo com a comodidade de não precisar trabalhar nem dar satisfações. Ela mesma me contou essas histórias de forma embasbacada, ah minha doce Mia... Resolvo voltar minha atenção para ela.

— Para ainda mais do que já deve ter? Futilidades nunca tem fim? – Cutuco, quero ver se há uma onça de baixo dessa carinha de anjo. A observo atentamente, ela passa a língua nos lábios para umedecê-los o que acaba despertando minha masculinidade dentro das calças. O que é ridículo, nunca passei por isso antes. Então me ponho de lado a puxando para voltarmos a andar, não quero correr o risco que ela perceba. Noto que fica confusa e enruga a testa como quem medisse o que vai dizer.

— Mulheres sempre querem mais, há sempre novidades... Então nunca tem fim senhor. – Seu olhar é para o horizonte. Então me vem à cabeça algo e paro abruptamente a encarando nos olhos de frente novamente.

— Já que mulheres sempre querem mais, você deve saber o que os homens sempre querem mais não é senhorita Kaligarys? – Seu olhar no meu é de espanto, suas bochechas coram, vejo que ela entendeu o que quis dizer então resolvo ir mais além. Passo uma mão no seu rosto sentindo a suavidade de sua pele deliciosa, macia e quente pelo sol, mas acho que pela temperatura entre nós também. – Sexo. Você sabe que nosso casamento só poderá ser desfeito com filhos, então caso queira em algum momento se livrar de mim teremos que praticar bastante antes. Ou o nosso acordo não incluirá sexo?- Vejo que abre a boca e fecha duas vezes, passa a mão pelos cabelos e então resolve falar.

— Sexo é algo natural, sendo um casamento nada mais normal do que termos que fazê-lo. Se acha capaz de me satisfazer completamente senhor Éllenis? – Ela sorri de uma forma cínica, aham sabia que ai debaixo dessa beleza pura tinha que haver uma diabinha. Ela quer me provocar, é melhor tomar cuidado onde está se metendo senhorita olhos de oceano.

— Eu posso te ensinar muitas coisas senhorita, coisas que nunca deve ter imaginado, posso lhe proporcionar tanto prazer como nunca sonhou, posso deixa-la de pernas bambas agora mesmo se assim desejarmos. Posso ver pelo sua frieza em falar de “sexo” que nunca foi completamente realizada na cama, nunca deve ter tido parceiros suficientemente satisfatórios. Eu posso mudar seu conceito e experiências no assunto completamente. - Digo cada palavra como se as saboreasse lentamente, para poder ver uma a uma as reações que passam pelo rosto de Anastácia. Vejo clara excitação, surpresa mas também receio.

— Não acho que aqui hmm.. esse é.. aqui seja o lugar ideal para esse tipo de situação. Ou melhor, nem o momento não é mesmo?! E o passado da minha vida sexual não está em questão. – Fala tão rapidamente que tropeça em algumas palavras, acho engraçado e sorrio. – Rindo de mim senhor Grey Éllenis? – Fico sério instantaneamente então agora essa diabinha disfarçada quer por as manguinhas de fora. Também acha que me ofende ao me chamar pelos dois sobrenomes? Será algum tipo de piada entre ela e o avô? Assim como eu ela é parte americana, inclusive está aí por onde vou mandar Welch começar a pesquisa sobre a vida dela.

— Sim, rindo da imagem que quer passar. Por acaso tem dúvidas entre ser a puritana e a diaba? – Falo perdendo um pouco a paciência. Seu olhar é de espanto então vejo que ela encolhe um pouco os ombros e respira fundo para então olhar bem nos meus olhos erguendo uma sobrancelha com um jeito de quem quer provocar antes de me responder.

— O que o senhor prefere? – Ela olha atentamente para mim e fala em tom de desafio, fico surpreso e ainda mais confuso sobre essa mulher, ela é realmente intrigante. Minha vontade era de coloca-la agora mesmo sobre meus joelhos e dar umas boas palmadas nessa bunda perfeita que ela tem, para mostrar quais são minhas preferências.

— Prefiro que a senhorita seja quem é. Gosto de conhecer as pessoas a fundo e sou muito bom nisso, sou rápido em perceber quem é quem e suas reais intenções. – Digo muito confiante, tenho que mostrar para ela que eu é quem vou mandar nessa história e caso ela tenha algo a esconder não vou demorar a desvendar.

— Evidentemente. – Ela diz com o olhar perdido em pensamentos. – Mas o senhor deve ter alguém, alguma namorada, quando nos casarmos vai manter seus casos? – Diz voltando-se a mim, me olhando fixamente.

— Vai querer exclusividade senhorita? – Digo sorrindo com a possibilidade. Eu não aguento ficar muito tempo com a mesma mulher, me entedio rápido, preciso variar. Fora que não sei se ela vai encarar bem meu gosto pelo BDSM, assim vou precisar de alguma submissa.

— Não me importa que tenha outras mulheres, assim podemos deixar essa parte do casamento de nos conhecermos intimamente para quando nos conhecermos melhor. – Ela diz com um tom de quem parece arrependida por ter provocado meu lado predador sexual, parece que ficou com medo. Ou talvez queira um jeito de me evitar.

— O que você quer então com esse casamento? Se não quer ter intimidades comigo, até não se importa se eu tiver outras mulheres, como nossa relação fica realmente? – Passo a mão em meus cabelos que estão sendo bagunçados pelo vento e aprofundo-me no mar azul dos olhos da mulher a minha frente.

— Não existe relacionamento, vamos ser práticos você quer a empresa, eu tenho a estabilidade que preciso com esse casamento e simples assim. É um contrato e ponto. Não vamos nos ater a coisas insignificantes. – Sua boca faz um sorriso que não mostra os dentes no final do seu discurso.

— Então como você vai querer que se cumpra o nosso acordo, que eu leve a mala com a sua mesada para nossa cama para garantir a sua satisfação ? – Ela me olha com os olhos arregalados.

— A mala não nem o seu ego gigantesco. – Estou adorando isso, ela está me desafiando, nenhuma mulher nunca me enfrentou antes, todas sempre concordam com tudo o que digo, sua boca é bem esperta, vou adorar a calar das mais diversas formas.

— Será interessante isso, um casamento por normas contratuais e quando tivermos sexo terei pago por ele. Isso é novo para mim, nunca paguei por sexo antes. – Anastácia me olha e não consegue segurar um risinho de deboche.

— É claro que já pagou, para as dezenas de namoradas que teve. Por que acha que se envolveram com você? Para ter joias, passeios de luxo, andar nos seus carrões, viagens em seu jato, circular na alta roda. Se isso não for pagar, então não sei o que é. – Minha boca se abre em um Ó, sinto um pouco de raiva me aquecer por dentro. Depois sorrio pela sua coragem em me dizer tais coisas ela está querendo atingir a minha imagem, fazer pouco do meu estilo de vida. Nenhuma mulher nunca mexeu assim comigo antes. Essa criatura é realmente surpreendente, de extremamente recatada há minutos atrás agora está me enfrentando cara a cara. Não costumo dar muita conversa para as mulheres, nem para as quais me relaciono. Sempre me dão preguiça com aquelas tagarelações sem fim, é de encher o saco. Mas Anastácia me intriga, confronta, ofende ao mesmo tempo em que é tímida e misteriosa.

— É uma troca, elas têm o que querem e eu o que quero delas pelo tempo que me satisfaça. - Ela balança a cabeça e sorri fraco.

— Exatamente, e nós estamos entrando nesse acordo ambos para termos o que queremos. - Ficamos nos olhando por alguns segundos. Então decido que é hora de voltarmos e assinarmos de uma vez esse contrato.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...e esse primeiro encontro entre esses dois ein ?!
Temos um misto de emoções aí da parte dos dois, mas com certeza a atração é mutua.
Tem muitas surpresas pela frente nessa estória, que estou apaixonada de poder contar.
Comentem, favoritem, acompanhem e se alguém quiser recomendar vai me fazer a escritora mais feliz do mundo !!!
Terça-feira que vem tem mais ! Mas quem sabe não trago uma surpresinha antes ?!
Beijuuss meus amores e uma ótima semana ;*



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