Novas direções escrita por Aurora Vermelha


Capítulo 5
Um beijo e uma traição


Notas iniciais do capítulo

Olá meus leitores! Como vocês estão? Espero que muito bem.
Bom, eu estou com um lindo bloqueio criativo, então está fod@ para escrever. Mas segue aí um capítulo e por favor não me matem hahahha (vocês vão entender o motivo de eu estar falando isso assim que lerem).
Bom, beijinhos ♥



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Desde pequena eu adorava observar as estrelas. Toda noite eu deitava na varanda com meu pai e ficávamos nomeando as estrelas que apareciam. Era quase uma tradição. Conforme fui ficando mais velha, as vezes que isso acontecia diminuíam, mas quando eu resolvia deitar na varanda para relaxar, automaticamente já me via nomeando as estrelas.

Naquela noite e naquele exato momento, abraçada com Hugo, o imaginei como se fosse uma estrela, mas não uma estrela qualquer, a minha estrela.

Fomos para o jardim do internato. Eu particularmente achava que aquele jardim era proibido, mas ele me mostrou o contrário. No caminho fomos conversando sobre o nosso dia e as nossas aulas. Claro que ele não perdeu a oportunidade de me zoar por eu ter entrado na multimídia no meio da aula dele.

—Ah, para, eu só estava perdida –Retruquei sentando em um banco do jardim.

—Sei –Respondeu sarcasticamente e sentou-se do meu lado –Mas manda, o que queria me dizer?

Nesse momento nossos olhares se cruzaram e meus pensamentos se embolaram. Fiquei o encarando enquanto organizava os meus pensamentos. Ele soltou um sorriso sem graça enquanto esperava eu responder. Respirei fundo e disse:

—Apenas queria te agradecer por ontem –Respondi tão rápido que algumas palavras saíram emboladas.

—Sério que a gente teve que sair do salão para você me falar só isso? –Respondeu com tom de brincadeira, mas no fundo dava para ver que ele esperava que eu dissesse algo mais –Não tem mais nada que queria me falar? –Se aproximou de mim e me encarou.

Malditos olhos azuis pensei.

—Eu te achei um cara muito legal –Continuei sustentando meu olhar –Muito mesmo! E não vou negar que senti uma leve atração por você. Achei que talvez... Sei lá, sabe? Ah, não sei nem o que estou falando, deixa pra lá –Ameacei me levantar, mas antes que o fizesse, ele segurou minha mão e me manteve sentada.

Hugo gargalhou, mas não foi uma gargalhada qualquer, foi com satisfação, como se tivesse comprovado alguma tese ou descoberto uma terra cheia de ouro. O encarei sem entender nada, e assim que parou de gargalhar, respondeu:

—Eu também te acho muito bonita –Um sorriso apareceu em seus lábios –E tenho muita vontade de te conhecer melhor.

—Pode conhecer agora –Respondi com toda a coragem que tinha me aproximando até nossos rostos estarem a milímetros de distância.

Hugo encarou a minha boca com um sorriso travesso em seus lábios. Passou sua mão pela minha cintura me aproximando mais de seu corpo e colou as nossas testas. Nossos lábios estavam a milímetros de distância e uma sensação de nervosismo e prazer tomou conta de mim. Envolvi seu pescoço com os meus braços e encarei sua boca quase suplicando por aquele ato. Passou seus dedos no meu rosto, na minha boca, e por fim, segurou meu queixo e selou nossos lábios.

Por alguns minutos eu pude me desligar de tudo que estava acontecendo. O vento frio que rondava o jardim batia em meus cabelos, mas nem isso conseguiu atrapalhar o momento. Ele era o primeiro garoto que eu beijava depois de terminar com Thiago. Hugo era um garoto delicado, e parecia que ia me proteger do mundo com seu abraço.

Cada beijo, cada toque, tudo isso me fazia me sentir mais viva. Um beijo rápido, feroz e ao mesmo tempo com os movimentos certos. Sua mão segurava o meu rosto e a outra fazia pressão no meu corpo contra o seu. Cada vez que terminava o beijo com um selinho ele me puxava para mais um, e assim se seguia até ficarmos sem ar.

—É, ruiva, que bom que veio falar comigo –Disse entre um beijo e outro.

Antes que eu pudesse contestar, mais uma vez selou nossos lábios.

—Vou ter que jogar gelo aí para apagar o fogo de vocês? –Gritou Bruno do corredor que dava para ver o jardim.

No susto, me soltei de seus braços e interrompi o beijo para ver se tinha mais alguém olhando aquela cena. Hugo se virou com raiva para Bruno e revirou os olhos ao ver que Bruno se divertia com a cena.

—Vamos voltar para o salão? –Perguntei para Hugo.

—Tem certeza de que não quer continuar aqui? –Perguntou no meu ouvido.

Arrepiei.

—A Yasmin deve estar sentindo a sua falta –Provoquei.

—Não me importo –Beijou meu pescoço.

Para quem não ficava com ninguém da escola, até que ele sabia muito bem o que fazer. As coisas estavam esquentando demais e eu não queria passar daquilo naquele momento.

—É sério, vamos lá, eles já devem estar sentindo a nossa falta –Disse séria.

Ele fez que sim com a cabeça e nos levantamos. Passou seu braço pelo meu ombro e caminhamos abraçados até o salão. No meio do caminho encontramos com Bruno, o que amenizou os comentários ao chegarmos lá, já que entramos em três, não em casal.

Mariana me encarava com um sorriso no rosto e Yasmin me encarava com raiva. Certamente alguém já tinha espalhado o que havia acontecido. Fomos para a rodinha de antes. Todos começaram a conversar sobre assuntos aleatórios, e enquanto conversavam, eu trocava olhares com Hugo. Em questão de minutos ele saiu da roda e foi em direção à Yasmin. Fiquei observando a cena e Bruno disse em meu ouvido:

—Não se preocupe, ele só vai terminar o que sem querer tinha começado.

*** 

Uma semana já havia se passado e Hugo ainda não tinha conversado normalmente comigo. Ás vezes trocávamos alguns olhares na hora do almoço, ou jantar, mas ele nunca mais tinha sentado com a gente. Em compensação, todas as noites eu ia para o salão junto com o Bruno para ficar com o pessoal e ver se o Hugo iria aparecer lá. Nos aproximamos de uma maneira incrível. Eu sentia que conhecia Bruno há anos.

—...E aí ela disse que eu estava louco. Vê se pode? Só queria experimentar coisas novas –Disse entre risadas enquanto contava de sua última aventura com Priscila pelo colégio

Todos caíram na gargalhada, inclusive eu. O lance entre Bruno e Priscila estava mais sério a cada dia. Ele não tinha pedido ela em namoro, mas agiam como se fossem namorados. Mariana e Lucas não se largavam um segundo. Depois que eles descobriram o clima romântico que tinha na varanda, eles não queriam outra coisa.

—Que foi, Cat? Está tão quietinha –Disse Priscila me olhando.

Realmente eu estava muito aérea. Meus pensamentos estavam todos voltados a aquele beijo. Voltados a aquela sensação maravilhosa que ele me provocou. Estava querendo conversar com Hugo sobre qualquer coisa, só para estar perto dele e poder me envolver naquele abraço mais uma vez. Não que eu estivesse apaixonada, longe de mim, mas eu estava muito feliz por ter encontrado um amigo para conversar e ainda por cima poder dar uns beijos quando der vontade. Era coisa de outro mundo.

—Ah, nada –Respondi olhando em volta.

Hugo não tinha aparecido no salão desde o nosso beijo. Por coincidência Yasmin também. Ela nunca mais sentou conosco nas refeições e deixou de andar com a Mariana e Bianca. Pelo visto tinha arranjado novas amigas. Não queria criar paranoia, talvez seja apenas uma coincidência eles não aparecerem lá desde aquele dia.

—Fala Huguinho! –Disse um dos garotos da roda abraçando Hugo.

Me virei quase que imediatamente para ver se era verdade. Ele estava ali. Lindo como sempre usando seu uniforme desarrumado. Ele sorriu e falou com todos da roda, deixando para falar comigo por último.

—Achei que não iria mais aparecer –Disse sorrindo.

—Eu vim rapidinho –Respondeu sem dar muita importância para o que eu disse.

—Fala aí –Disse Bruno o abraçando, que logo foi correspondido –Onde que tu estava?

—Resolvendo umas coisas.

—Ah, sei bem o tipo de coisa que tu estava resolvendo, né safado –Deu um tapinha em seu ombro.

—Que isso –Gargalhou –Minha coleira não permite fazer essas coisas.

—Tá de coleira? Quem te amarrou? –Respondeu estranhando.

Um silêncio reinou na roda. Trocamos olhares sérios. Senti um frio na barriga, mas segui sustentando meu olhar. Como assim ele está de coleira? Só ficamos uma vez, e se ele estivesse com alguém, certamente teria me contado. Isso se chama consideração, coisa que pelo visto, ele não tinha. Tudo bem que não éramos melhores amigos nem nada, mas como rolou algo entre nós, era conveniente falar. Meus pensamentos se embaralharam, mas segui firme o encarando. Queria muito saber o que ele tinha a dizer.  Ele me encarou como se não quisesse fazer aquilo. Respirou fundo umas duas vezes organizando as palavras em sua mente. Meio sem graça e com um tom um tanto sério me perguntou:

—Catarine, podemos conversar? 

Já sabia que rumo aquela conversa iria levar.

—Nossa Hugo, bem conveniente você fazer isso agora –Deixei meu copo em cima da mesa e saí do salão o mais rápido possível.

Fui correndo para o jardim sem me importar com os inspetores que me gritavam reclamando que não pode correr no colégio. Colégio estúpido, idiota, com pessoas mais estúpidas e idiotas ainda. Me sentei no banco que tinha lá e comecei a chorar. É isso que dá confiar em qualquer garoto. Sair beijando sem ao menos conhecer.

—Catarine –Escutava gritos pelo corredor, mas não reconheci a voz. E que se foda quem era, não quero conversar com ninguém agora.

—Ei, ei, ei –Disse se aproximando de mim –Calma menina –Sentou-se do meu lado.

Virei meu rosto para ver quem era. Como se eu não suspeitasse.

—Foi uma resposta bem babaca e sugestiva a dele –Bruno limpou minhas lágrimas –Não sabia que você estava gostando dele.

—Eu não estava gostando! –Exclamei –Só, sei lá, achei ele diferente. Mas com essa ele me provou que vocês são todos iguais.

—Sabe ruiva, tem muita coisa com dois sentidos que a gente acaba levando pro lado errado –Disse me encarando –O Hugo e a Yasmin são melhores amigos desde que entraram aqui no colégio. Eu não vejo maldade na relação deles.

—Mas eles ficaram na festa, eles sumiram durante uma semana e agora ele aparece do nada dizendo que está de coleira! O que você quer que eu pense? Quer saber, eu estou pouco me lixando para esses dois –Disse tentando me conformar e limpando o resto das lágrimas que estavam no meu rosto.

Bruno não disse mais nada e simplesmente e abraçou. Ele sabia exatamente o momento de parar de falar. Tinha descoberto que eu era uma menina muito teimosa e cabeça dura. Talvez um tanto ciumenta e muito carinhosa. Com uma semana de convivência ele sabia mais de mim do que muitos amigos meus. A única diferença é que ele não sabia como era a minha vida antes de entrar no internato.

—Ele foi bem babaca. Se estiverem juntos não vai durar não –Comentou tentando me confortar.

—Foi ridículo! Ele fica com ela, depois fica comigo e aí volta a ficar com ela como se nada estivesse acontecido. Muito babaca! Um idiota! Estúpido! Que ódio! –Exclamei muito mais alto do que deveria.

—Nossa, não sabia que você pensava tudo isso de mim –Disse Hugo se aproximando.

Como que esse garoto apareceu aqui? Sai daqui seu embuste!

Revirei os olhos e ameacei sair do lugar. Bruno segurou meu braço me fazendo ficar sentada.

—Penso tudo isso e muito mais –Disse o encarando.

—Posso me explicar?

—Agora, Hugo? Você não tem nem 1% de senso, não é possível. Volta lá para a Yasmin, ela deve estar se doendo com o chifre que você deu nela. Ah, esqueci, você não se importa –Respondi me debatendo para soltar meu braço das mãos de Bruno.

—Cara... –Soltou uma risadinha.

—Sério que você vai rir da situação? Você é mais idiota do que eu pensava –Finalmente consegui me soltar –Não me segura –Me virei para Bruno e disse isso olhando em seus olhos.

Fiquei parada na frente de Hugo esperando uma última explicação.

—Quando eu fiquei contigo, eu já tinha ficado com a Yasmin, confesso, mas não era nada sério. Só que no decorrer dessa semana, eu vi uma Yasmin diferente, eu a vi com outros olhos. E como ela estava solteira, eu pensei por que não? Seria uma boa eu tentar. A questão é que as coisas entre nós dois estão na mesma intensidade. Eu estou realmente gostando dela.

—E não passou pela sua cabeça falar comigo? –Disse ainda indignada.

—Cara, pra que? –Soltou mais uma risadinha que me fez perder a paciência –A gente só ficou uma noite. Desculpa, mas eu não te devo satisfações.

Infelizmente ele estava certo, eu não poderia cobrar satisfações, mas como um amigo, ele poderia se explicar, dizer o porquê de ter se afastado de mim.

—Que se dane se a gente ficou ou não, Hugo, você poderia ter falado comigo como amigo, mas não, preferiu me evitar a semana inteira e sustentar uma troca de olhares sugestiva, me dando esperanças.

—Olha, nossa noite aqui foi legal e tal, você é uma menina muito legal. Um amor de pessoa, eu diria. Estávamos mantendo uma amizade maneira, mas acho que foi um erro a gente ter ficado. Eu já estava afim de você, confesso, mas existe uma diferença entre “estar afim” e “gostar”. E nessa semana eu descobri que gosto da Yasmin. Ela ficou sabendo que a gente ficou naquela noite. Ela pediu para eu me afastar de você.

—E você seguiu as ordens dela? Você é um babaca mesmo. Não sei porque eu ainda estou perdendo o meu tempo falando com você –Me retirei e não ousei olhar para trás.

Eu simplesmente não estava acreditando naquilo. Fui correndo para o meu quarto e dei de cara com Bianca conversando com Priscila. Elas perguntaram onde eu estava esse tempo todo e o motivo de Bruno ter me seguido. Certamente Priscila havia contado toda a história para Bianca. Segurando as minhas lágrimas de raiva, me sentei na cama e contei tudo que tinha acontecido para as duas. Certamente não dava para continuar assim, sendo coração mole. Quando a gente mergulha fundo em pessoas rasas, damos de cara no chão.


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Notas finais do capítulo

Pode falar, o Hugo foi um babaca.
Desculpa se alguém shippava o Hugo e a Cat hahahah
Comentem o que acharam, por favor ♥



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