Novas direções escrita por Aurora Vermelha


Capítulo 3
A ligação


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores! Seria um milagre eu estar postando de manha? Sei que estou devendo um capítulo para vocês, então aqui está! Espero que gostem.
Gostaria de agradecer ao pessoal que está comentando e acompanhando! Sei que ainda não são muitos, mas vocês me inspiram a continuar.
Grande beijo e espero que curtam.



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Muitas pessoas já me disseram que os sonhos são a nossa forma de encarar a realidade ou que são avisos do futuro. Eu nunca acreditei na segunda opção, sempre usei o mundo imaginário dos meus sonhos para fugir da realidade ou simplesmente esquecer um pouco dela. Quando eu era pequena e tinha pesadelos, sempre acordava chorando e meu pai dizia que tudo ia ficar bem e me fazia um chá de camomila. Hoje em dia, quando tenho pesadelos, não tenho ninguém para me acalmar ou para me fazer o chá.

Desde o acidente eu só tenho sonhado com aquela maldita noite, e muitas vezes, fui dormir chorando pensando nela. Aquele dia estava tomando conta da minha vida. Tudo que eu fazia era em função ao acidente ou ao meu sentimento em relação a ele. 

Ontem eu poderia ter perdido a festa, mas eu estava precisando chorar, e principalmente, de um ombro amigo. Hugo e Mariana se demonstraram ótimos amigos. Fiquei muito feliz com a presença deles e pelo fato deles terem me ajudado e acolhido. Claro que Priscila também havia me ajudado no início do dia, mas os dois me viram em um momento de crise.

—Você acha que ela vai acordar a tempo? –Ecoou uma voz conhecida pelo quarto.

Por incrível que pareça, aquela foi a única noite que eu dormi e não sonhei com o acidente dos meus pais. Por esse exato motivo, eu não queria acordar e levantar da cama, mas as vozes no meu quarto me impediram de continuar um lindo sonho que eu estava tendo.

—Ela não pode perder o primeiro dia de aula –Respondeu Yasmin –Sai da minha frente.

—Ela não teve um dia bom. Não percebeu que ela faltou a festa? –Retrucou Mariana.

Abri meus olhos lentamente para tentar entender a situação que estava no meu quarto.

—Ah, graças a Deus, eu já ia te acordar –Respondeu Bianca sorrindo e olhando para Mariana e Yasmin.

Yasmin olhou para mim e voltou a se olhar no espelho penteando suas enormes madeixas. Bianca voltou a arrumar a cama de Yasmin e Mariana continuou em pé do meu lado me encarando.

—Você dormiu no chão? –Perguntei para Mariana.

—Claro que não, quando você dormiu eu fui para a festa. Uma pena você não ter ido. Teve um pessoal que preferiu ficar no salão lounge e não quis ir para a festa, mas eles não sabem o que perderam –Disse enquanto dava risinhos com Bianca.

—É melhor você se arrumar logo –Yasmin disse fitando-me. Seu tom de voz não parecia nada feliz. –Não podemos perder tempo.

Me levantei e percebi que todas as roupas que eu havia jogado no chão na noite anterior não estavam mais lá. Mariana ao perceber a minha reação, apontou para a minha cômoda e sorriu.

—Finalmente acabei –Suspirou Yasmin aliviada de ter acabado de pentear seu cabelo.

—Nos vemos no refeitório, tá bom? –Disse Bianca saindo junto com Mariana e Yasmin.

Peguei minhas roupas e fui para o banheiro tomar um longo e demorado banho. Estava me sentindo muito melhor com o sonho que eu tive e com as novas amizades que estavam surgindo na escola. Terminei meu banho, vesti uma calça jeans e uma blusa de flores que eu adorava e saí pelos corredores a procura do refeitório. Não foi difícil de encontrar, difícil mesmo foi achar a mesa que as meninas estavam sentadas.

—Não te vi ontem na festa –Disse Priscila encostando no meu ombro por trás, resultando em um lindo susto

—Eu não estava me sentindo muito bem, decidi ir dormir –Respondi me recuperando do susto.

—É, você disse no jantar que não estava muito animada... Bom, se quiser conversar sobre isso, sabe que estou aqui –Sorriu para mim e segurou minha mão –Bom, vamos nos sentar.

—Eu estou procurando as meninas.

—Que meninas? –Perguntou com um tom desconfiado.

—Yasmin, Bianca e Mariana –Respondi sem dar muita importância.

—Ah, esqueci que você divide quarto com elas –Respondeu meio desapontada.

—E você com a Mariana –Disse enquanto procurava elas naquele imenso refeitório lotado de alunos.

Antes que Priscila pudesse responder, um garoto a abraçou por traz fazendo ela soltar um gritinho que imediatamente me fez perder o foco da busca e olhar para aquela cena.

—Porra, Bruno –Reclamou dando um tapa de leve em seu braço –Da próxima vez avisa quando for abraçar.

Bruno tinha mania de abraçar as pessoas por trás, já tinha dado para perceber isso. Ele estava devidamente vestido com seu uniforme e com seu cabelo bagunçado. Sua pele bronzeada chamava bastante atenção em contraste com o uniforme da escola.

—Bom dia para você também, princesa –Respondeu dando um beijo em sua bochecha.

—Ué –Deixei escapar a minha confusão com a situação –Mas você...

—Terminamos –Respondeu sem me deixar completar a frase –Você perdeu muita coisa nessa festa, mas se tiver dúvida sobre o que aconteceu, pergunta pra ela.

—E aí você voltou com a Pri?

—Eu resolvi dar outra chance para ele –Priscila sorriu enquanto segurava a mão dele carinhosamente.

Consegui encontrar a mesa das meninas e me despedi do novo casal do colégio. Assim que cheguei falei com todas e me sentei ao lado de Bianca. Lucas e Hugo estavam na mesa com os outros meninos que usavam jalecos da turma de biologia.

Na nossa mesa tinha todo tipo de comida que você possa imaginas. Desde pães e cereais até tortas salgadas e doces. Peguei um suco e uva e um bolo de cenoura e me dei por satisfeita. As meninas começaram a contar sobre os babados da festa do dia anterior, e Yasmin ficou calada a conversa inteira.

—Não fica assim, amiga, ele é um idiota –Disse Bianca ao ver que a amiga estava segurando o choro.

—Eu estou pouco me lixando para ele –Respondeu tentando ser seca.

—Mas temos que admitir que você também errou, né Yasmin –Mariana bancou a realista –Não deveria ter feito o que fez –Disse dando goladas em seu café com leite.

Observei atenta o rumo da conversa e pelo pouco que elas estavam dizendo, já estava conseguindo deduzir o que havia acontecido. Eu esperava muito que Yasmin não tivesse feito o que eu estava pensando.

—Eu sei que errei, mas não quero saber também, que ele fique feliz lá com a ex dele. É incrível como esses garotos são rápidos hoje em dia. É só terminar que no dia seguinte eles já estão com outra –Desabafou e por fim disse –Não tenho estômago para ver esses dois juntos, me encontrem na sala –E se retirou.

Uma troca de olhares ocorreu e assim que Yasmin saiu, Bruno e Priscila sentaram-se com a gente.

—Precisava ficar se agarrando na frente dela? –Bianca deu um tapa no braço de Bruno.

—Me agarrando? Isso não é nada, só tô abraçado com a minha mina –Disse acariciando o braço de Priscila.

—Sempre soube que um dia vocês voltariam –Respondeu Mariana.

—A Yasmin está mal –Disse Bianca –Você deveria defender a sua amiga.

—Bianca, a Yasmin errou. Ela sendo minha amiga ou não, eu não vou defender uma atitude errada. Você conheceu ela tem dois dias, eu conheço vai fazer dois anos. Sei muito bem que ela vai logo superar isso –Retrucou dando os ombros.

Bianca fechou a cara e continuou a comer o seu bolo sem silêncio. Mariana poderia até soar meio grosseira, mas uma qualidade dela era que a menina era bastante realista.

Depois de jogar um pouco de conversa fora, terminamos nosso café da manhã e fomos direto para as nossas salas de aula. A ala das salas de aula era um pouco distante do refeitório e dos dormitórios, mas não demorou muito para que eu conseguisse chegar lá.  Assim que cheguei na sala do segundo ano eu sentei na primeira carteira para poder prestar atenção na aula. Bianca se sentou do meu lado e ficou o tempo inteiro tentado puxar assunto sobre o ocorrido do café da manhã.

Os tempos de aula passaram bem rápido, e todos os trabalhos em dupla que os professores passaram em sala, eu fiz com a Bianca. Nesse meio tempo descobri que ela é filha única e que os pais trabalham como médicos. Seu interesse por Lucas desapareceu assim que descobriu que Mariana e ele estavam juntos, assim resolvendo focar naquilo que realmente importava para ela: dançar.

Bianca fazia balé desde os 5 anos de idade. Seus pais achavam que ela era uma graça dançando, mas resolveram tirá-la do balé quando perceberam que ela queria levar isso para a vida. Eles queriam que ela fosse médica, igual a eles.

Assim que as aulas do turno da manhã acabaram Priscila veio me procurar dizendo que a diretora queria falar comigo. Eu simplesmente congelei ao lembrar da definição que ela havia dado a diretora no dia anterior.

Segui até a sala da diretora junto com Priscila, e durante o caminho inteiro fiquei tentando arrancar alguma informação, mas ela se negava a dar. Assim que cheguei na sala a diretora pediu para que eu fechasse a porta e que Priscila esperasse do lado de fora. Fez um gesto me convidando a sentar e se levantou para dar as boas vindas.

—Bom, Catarine, certo? –Disse olhando para uma papelada que estava em cima de sua mesa –Primeiramente seja bem-vinda ao colégio Spirit. Como Priscila já deve ter lhe dito, aqui nós temos algumas regras de convivência. Caso desrespeite alguma delas, você leva uma advertência. Se chegar a três advertências, você fica sem direito a passear pela escola. Será todos os dias do quarto para a sala de aula. E é claro, fica em um quarto sozinha. Chamamos de quarto da solidão. A Priscila já deve ter te contado.

Um frio tomou conta de meu corpo e observei atentamente a diretora.

—Somos bastante rígidos. É o lema da escola –Disse foleando a papelada –Mas vamos ao que interessa. Aqui consta que seus pais sofreram um acidente de carro e que você desde então passou uns tempos com a sua avó.

Concordei com a cabeça com um olhar triste.

—Sua avó ligou ontem a noite para cá. Queria saber como foi o seu primeiro dia, mas infelizmente recebemos a notícia de que você tinha passado mal.

Nossa, como eles são rápidos pensei enquanto escutava atentamente.

—Nós a informamos e a tranquilizamos. Passei para ela todas as informações de visitas ao internato que você pode ver aqui –Disse me entregando um panfleto –As visitas são restritas apenas para família –Completou ao ver meu rosto esboçar um sorriso.

Claro que naquele exato momento eu já tinha imaginado Thiago indo e visitar e me pedindo desculpas pelo tempo que quis e minhas melhores amigas me abraçando morrendo de saudade. Só de imaginar que minha avó poderia me visitar, eu já ficaria feliz. Segui com um sorriso no rosto para mostrar que não me abalei com seu comentário.

—Bom, agora se me der licença, tenho muito trabalho para continuar. Se passar mal outra vez, vá até a enfermaria, elas vão cuidar bem de você. Pegue aqui seu uniforme. Vocês não sou autorizados a andar pela escola sem usá-los –Deu um sorriso de lado e fez um gesto para eu me retirar.

Saí aliviada da sala da diretora com o panfleto na mão, e do lado de fora, encontrei Priscila e Bruno foleando algumas revistas que ficavam perto dos bancos da recepção.

—Até que foi rápido –Comentou surpresa.

Nós três saímos de lá e nos dirigimos ao refeitório para almoçar. Assim que cheguei lá peguei meu prato e me sentei em uma mesa que estava vazia. Naquele momento não me preocupei em sentar com as meninas. Não estava com cabeça para ficar escutando elas debatendo sobre garotos, traição ou festas.

Incrível que com dois dias no internato eu já estava cansada dos assuntos do lugar. Parecia ser uma especialidade minha me enjoar logo das coisas. Algumas pessoas aleatórias se sentaram comigo, pois não tinha mais lugar no refeitório, e eu claro, cedi o lugar e não me importei. Comi rapidamente e saí do refeitório em direção ao meu quarto. Sem olhar pelos corredores, apenas queria chegar rápido no meu quarto para tirar um cochilo entre o intervalo e o horário da próxima aula. Sem perceber esbarrei com uma pessoa e deixei meu panfleto cair no chão.

—Ah oi!

Peguei meu panfleto e me levantei olhando seu rosto. Era Hugo.

—Oi –Respondi esboçando um sorriso –Só vai comer agora?

—Aula de biologia avançada foi intensa, só acabou agora –Respondeu apontando para o seu jaleco.

—Entendi...

—E como você está? Melhorou de ontem? –Disse passando a mão pelo meu braço, acariciando lentamente.

Estremeci.

—Ah, sim, estou –Por impulso tirei meu braço de perto e esbocei em meu rosto um pedido de desculpas por aquele ato –Eu estou atrasada.

—A gente se vê por aí –Respondeu saindo da minha frente.

Era incrível como Hugo era uma boa pessoa, super carinhoso e prestativo. Fiquei pensando se ele tinha algum envolvimento no término de Yasmin e Bruno, mas logo tirei esse pensamento da minha cabeça. Segui andando em direção ao meu quarto, e quando finalmente cheguei, escovei meus dentes e deitei na minha cama para cochilar. O resto do dia seria bem intenso.


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Notas finais do capítulo

Fala pessoal, o que acharam do capítulo de hoje? Não esqueçam de comentar!
Grande beijo ♥



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