Obsessão escrita por Lucy Devens


Capítulo 6
Encontro




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Toda vez que meu celular tocava eu levava um susto. Eu estava esperando uma mensagem ou ligação especial, mas eram sempre as mesmas notificações de redes sociais ou anúncios aleatórios que lojas me mandavam. Eu estava quase desistindo.

Ally e eu decidimos ficar em casa na sexta feira a noite, estávamos usando nossos pijamas mais confortáveis, pantufas, comendo pipoca e doces enquanto assistíamos aos nossos clássicos, como Meninas Malvadas e As Patricinhas de Beverly Hills. Estávamos falando nossas frases favoritas juntos com as personagens.

— Por que você está tão obcecada comigo? - Dissemos juntas com Regina George.

Ally riu e enfiou um punhado de pipoca na boca.

— Você devia dizer isso para o Jared - Ela disse de boca cheia e eu revirei os olhos - O cara veio até Nova York só para levar um fora. Dá até dó.

Foi só ela terminar de falar que meu telefone tocou. Fui até ele com muita preguiça, como se soubesse que era Jared -Eu não podia falar o nome dele que ele já dava um jeito de aparecer-, mas na hora em que vi o nome no chamador eu senti meu coração dar um salto. Antes que eu pudesse pensar em atender o telefone minha amiga arrancou-o da minha mão e o atendeu por mim.

— Telefone da Srta. Manhattan - Ally disse em tom de brincadeira - Me desculpe Sr. Neil, ela está em uma reunião importante agora - Eu segurei o riso - Vou te colocar na agenda e avisá-la imediatamente. Obrigada Senhor, tenha uma noite agradável.

Ally desligou o telefone e eu olhei para ela com esperança.

— E então? - Perguntei.

— Então o que, garota? Vai se arrumar!!

Por dentro eu dei pulinhos de alegria, por fora eu tinha travado.

— Olha Chloe, ele vai passar aqui em mais ou menos uma hora. Cameron é um cara legal e está mais na cara que você curtiu ele, então se joga.

Eu puxei Ally comigo para me arrumar, ela me ajudou a escolher uma roupa legal e a fazer uma maquiagem. Não sabia onde estávamos indo, mas imaginei que fosse algum lugar tranquilo que tocasse rock, então coloquei uma roupa casual e despojada. Uma calça jeans boca de sino, uma bota de cano curto com um saltinho pequeno e uma blusinha preta de seda. Caprichei um pouco mais na maquiagem marcando mais os olhos para me sentir mais confiante.

Uma hora depois eu ouvi alguém batendo na porta. Minha amiga desistiu de atender, ela se recusava a aparecer na frente de alguém usando um pijama e pantufas. Eu ordenei para que as borboletas em meu estômago parassem, respirei fundo e atendi a porta.

— Uau - foi a primeira coisa que ele disse.

— Oi - Eu respondi com um sorriso.

— Ah, que melação - Ouvi Ally gritando do quarto dela - Saiam logo daqui.

Nós dois rimos.

— Sua secretária parece brava - Ele riu.

— Hey, eu posso ouvir vocês! - Ela gritou de volta.

Eu revirei os olhos e saí com ele pela porta. Fomos andando até o bar e dessa vez ele não deixou que eu fizesse silêncio, como eu tinha feito das últimas vezes que estávamos caminhando para algum lugar. 

— Chloe Manhattan? - Foi a primeira coisa que ele perguntou para quebrar o gelo.

— Chloe Emma Manhattan.

— E por que Manhattan?

Nunca ninguém havia me perguntado isso antes, apenas Ally. Mas ela sabia de toda a história da família. Decidi dividir a história com Cameron também.

— Meu avô e minha tia avó fugiram da França durante a Segunda Guerra. Minha tia avó era homossexual e nessa época eles estavam sendo perseguidos para serem levados para campos de concentração, então eles fugiram e vieram para Nova York. Quando meu avô chegou e viu a estátua da liberdade decidiu que seu novo sobrenome seria Manhattan. Dedicou o nome da família para a terra que lhe traria liberdade. 

— Que bonito - Cameron parecia pensativo, olhando para os prédios a frente.

— E você é Cameron Neil?

Ele sorriu.

— Cameron Robert Neil. Mas minha história não é tão interessante, meus pais eram de Indiana e se mudaram para New Jersey.

— Ainda é uma história de amor.

Chegamos ao bar que ele estava me levando. Era um lugar grande com dois andares. No térreo havia o bar, mesas de poker e mesas de bilhar. No piso de cima havia uma pista de dança. Pedimos uma cerveja grande para cada um.

— Sabe jogar? - Cameron apontou para a mesa de bilhar.

— Ah, não. Da última vez eu joguei sinuca acabei arranhando a mesa inteira e não acertei nenhuma bola.

Ele inclinou a cabeça para trás e soltou uma risada grave, eu dei uma pequena risada de nervoso e tomei um longo gole da minha cerveja. Como ele conseguia ficar tão tranquilo enquanto eu sentia que meu coração poderia explodir a qualquer momento?

— Vem - Ele pegou dois tacos e entregou um para mim - Vou te ensinar a jogar.

Cameron ajeitou as bolas de bilhar na mesa, depois de arrumar o jogo ele começou, acertou a bola branca que bateu nas coloridas e todas se espalharam na mesa. Ele tomou um gole de cerveja e apontou para a mesa indicando que era a minha vez de jogar.

— Eu avisei - Mordi o lábio e me posicionei para jogar.

Eu mirei na bola branca para acertar outra. Aconteceu que a bola branca não tocou em nenhuma outra, ela  andou pela mesa, bateu nos cantos e caiu em um buraco. Não dava para ser pior do que isso.

— Hmm - Ele olhou para mim - Você sabe que isso não devia acontecer, né?

— Eu sei- revirei os olhos.

— Ótimos - Ele pegou a bola branca e jogou na mesa - Então não estamos tão mal assim - Ele se aproximou de mim. Ficou tão perto que pude sentir sua respiração e seu cheiro - Posso?

Por um segundo achei que ele fosse me beijar, mas logo vi que ele estava falando do jogo. Me posicionei para jogar. Ele veio por trás, seu corpo estava colado no meu, segurou minha mão de trás com a sua mão.

— A mão de trás comanda - Ele disse com a boca perto do meu ouvido - E a da frente vai te dar o ângulo certo.

Então ele fez a jogada comigo e acertamos. Quando ele se afastou eu soltei o ar que não sabia que estava prendendo, queria que ele continuasse perto de mim. Tomei mais goles da minha cerveja para disfarçar.

Continuamos o jogo, eu estava melhorando com as aulas dele, apesar de não conseguir me concentrar muito toda vez que ele me tocava. Quando terminamos o jogo, Cameron havia vencido com muitos pontos na minha frente, mesmo assim foi divertido.

— Bom - Eu disse - Agora vamos fazer algo que eu sei fazer.

— O que vamos fazer?

— Vamos dançar!

Ele riu.

— Eu sou péssimo nisso - Ele disse e pegou minha mão e fomos em direção ao bar - Primeiro eu preciso de um pouco de coragem.

Justo. Eu também precisava. 


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Notas finais do capítulo

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