Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 4
¨t h r e e¨


Notas iniciais do capítulo

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❖   

Marjorie observava a cena —quase— tórrida de amor que se desenrolava a sua frente. Não era sempre que ela tinha acesso a entretenimento humano.

Qualquer coisa que tirasse seu foco daquela fita horrível e arranhada que tocava o hino nacional. Qualquer coisa que tirasse seu foco da raiva, ainda crescente, por ser tirada de sua cama quase dois dias atrás e ser convocada para uma Audição de um Sacrifício fora de época.

Seus olhos e ouvidos estavam bem abertos desde que recebera o comunicado. Um Sacrifício em pleno inverno. A garota não lembrava de nenhum registro sobre algo do tipo, e o porquê daquilo estar acontecendo ainda era desconhecido para ela.

Não por muito tempo.

Bem, pelo menos ela tinha para quem exibir suas roupas de frio. Uma vez que o povo em sua Ordem, em sua casa, levavam ao pé da letra a tradição de hibernar praticamente um inverno inteiro. Com certeza, não foram eles que compactuaram com a ideia de um Sacrifício durante a estação do repouso.

Marjorie fez com que a xícara em sua mão enchesse pela milésima vez, cada rodada mais quente do que a anterior.

A blusa vermelha reforçada sob a jaqueta verde esmeralda afinavam sua silhueta. A meia calça grossa e branca era sobreposta por um shorts e uma polaina igualmente verdes, embora mais vibrante.

Verde Esmeralda. Na jaqueta, nos shorts, na polaina, nos acessórios. A cor de sua Ordem.

Ela abusara das cores para compensar as semanas que passaria usando aquele cinza ridículo destinado a todos da equipe.

Ou talvez ela tivesse sorte e, qualquer que fossem os Escolhidos de Fortuna, seriam eliminados na primeira semana.

Não. Sorte mesmo seria algum que Escolhido daquele vilarejo sobrevivesse à primeira semana e ganhasse aquela competição estúpida. Pelo menos ela ganharia uma boa quantia e alguma influência entre os Governantes.

Era meio mórbido pensar dessa maneira, mas ela não poderia mudar quem ela era, nem seu modo de pensar.

Marjorie passou a mão pelos cabelos acobreados que chegavam até o meio de suas costas e voltou a assistir à pequena discussão do casal. A mulher ouvia tudo com clareza, mas não precisava daquilo para saber quem eram aqueles dois.

Corinna Lestat e Kallien Steros. Ela, com uma determinação de ser Escolhida que só aumentava a cada Audição que comparecia. Ele, com a esperança tola de que a menina olharia para ele com um pouco mais do que o sentimento de amizade ou puro desejo carnal.

Agora, ele tinha um anel de compromisso no dedo.

Ela não.

Chegava a ser engraçado.

Ainda assim, era no pescoço da garota onde ele colocava um colar simplório para os padrões dos deorum, mas completamente fora da realidade para os humanos daquele vilarejo. Sobretudo pela a minúscula pedra preciosa no pingente central.

Interessante.

Pelo menos, combinava com os olhos da menina que era, ou muito burra de rejeitar um humano que tinha fundos o suficiente para dar um presente daqueles a uma amante, ou o garoto realmente não valia a pena.

Não que aquilo fizesse alguma diferença para Marjorie. Observar era só um passatempo.

Portanto, ela apenas olhou para o relógio que marcava segundos para o meio-dia, levantou-se e declarou:

—O Cadastro terá início agora.

A mulher apenas abafou dos ouvidos para o que seria o começo das lamúrias das crianças.

Corinna não quebrou o toque com Kallien até o momento que o nome dela foi chamado.

O que levou cerca de uma hora para acontecer.

Uma hora em silêncio ao lado daquele garoto — daquele homem— que prometia dar o que estivesse ao seu alcance para fazê-la feliz. Só bastava uma palavra —Corinna às vezes acreditava que bastaria apenas um olhar— e ele era dela.

A jovem já havia parado para pensar sobre como seria se ela aceitasse a alternativa que ele oferecia.

Kallien e sua família não eram ricos, porém eles tinham belos fundos, bons contatos e trabalho. O pai dele era comerciante, emprego que ele também assumiria oficialmente quando fizesse vinte anos. Emprego que daria liberdade aos dois para viajar entre os dez Vilarejos Humanos de Excelsior. Conhecer o mundo.

Kallien tinha tios e tias, parentes próximos e distantes para oferecer suporte.

Entretanto, a menina não se sentia no direito de reivindicá-lo para si. Não quando ela não sentia nem um terço do sentimento que ele queria e esperava dela. Pelo menos, não da maneira que o rapaz gostaria.

Ela tentou.

Quando, aos treze anos, ele se declarou tão fervorosamente, a garota tentou plantar o sentimento dentro de si e rezou para que florescesse. Ela rezou cada vez que entregava parte de si a ele. O primeiro beijo, a primeira noite...

É questão de tempo, ela dissera consigo mesma. Embora não era. Não foi.

A moça tinha sentimentos fortes por ele. Amizade, afeto, atração, amor... Porque Corinna o amava, porém não como ele merecia e ela se odiava por isso.

Apesar de tudo, ambos sabiam que uma união entre os dois nunca aconteceria de fato. Eles eram incrivelmente quebrados pelo sistema e muito cientes disso para sequer pensar em consertar um ao outro. Apenas viveriam os anos satisfazendo seus desejos carnais, instintivos e materiais, que no final não lhes acrescentariam grande coisa.

A menina continuou a segurar o braço do rapaz porque esperava que o seu toque passasse a mensagem que seus lábios não conseguiam.

Que parte dela sempre estaria com ele também.

—Lestat, Corinna.

Inspirando fundo, a garota se encaminhou para o costumeiro cômodo do Cadastro.

A garota ruiva da xícara de chá foi quem pronunciou o seu nome, com o costumeiro sotaque carregado. Era muito difícil encontrar um deorum que não o tivesse; ele deixava a língua muito mais rebuscada do que quando saía da boca dos humanos.

A mulher agora estava de pé para guiar as crianças que estavam ali pela primeira vez ou que estavam assustadas demais para dar um passo sem soluçar.

Nos últimos anos, Corinna conhecia muito bem o caminho, mas lembrava-se bem da primeira vez que esteve na Casa Central para uma Audição.

Ela—aos dez anos— alisava seu vestido novo de verão quando a mulher de cabelos cor de cobre cantou seu nome da forma mais bonita que Corinna já havia ouvido.

Ela lembrava que ficou uns bons segundos encarando a garota e seus olhos com de ouro com o detalhe esverdeado. Era a coisa mais impressionante que a criança já havia visto.

A deorum apenas deu um sorriso perfeito demais para ser humano e foi o que tirou Corinna do transe.

Apesar de não estar chorando antes, nem quando seu nome foi chamado, uma agitação preenchia seu estômago. A menina nunca estivera tão próxima de um deorum antes, não tinha ideia de que tipo de pergunta fariam, se a abordariam com sorrisos ou com garras e caretas.

Tudo isso pareceu se dissipar no ar quando a deorum que lhe sorria tocou suas costas para guiá-la até o Cadastro. Seu toque era suave como uma brisa do bosque, ela sentiu seus músculos relaxarem e sua respiração se normalizar.

"Você é uma jovenzinha muito corajosa." foi a única vez que ouviu aquela mulher falar diretamente com ela. Corinna não respondeu enquanto se deixava ser guiada.

No ano seguinte, a deorum ainda estava lá guiando os mais jovens. E então no próximo, e no próximo...

O sorriso afável diminuíra gradativamente através do tempo, assim como o brilho de animação dos olhos da mulher. Apenas o toque tranquilizante era o mesmo e Corinna teorizou que seria parte de algum regulamento que os deorum teriam de seguir. Fazer com que não parecesse que eles levavam os bois ao matadouro.

O sorriso cínico e a piscadela que a deorum dos olhos dourados e cabelos acobreados lhe lançou quase fizera a menina tropeçar nos próprios pés, embora ela tivesse mantido a compostura.

Apesar de ser a primeira vez—após oito anos— que ela interagia com a garota, não era a primeira que Corinna reparava a mulher fitando ela e Kallien enquanto ambos esperavam ser chamados.

Se as histórias nãos eram exageravam, os deorum tinham uma audição bem desenvolvida. A moça não queria pensar que aquela mulher poderia ter passado anos ouvindo a conversa dos dois.

Ela não podia pensar sobre aquilo naquele momento, mesmo que não pudesse evitar o rubor que pintava suas bochechas.

Corinna fez de tudo para ignorar o risinho quase imperceptível que a deorum soltou quando a menina passou por ela.

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Notas finais do capítulo

Agradecimento: Jor Trindade que favoritou a história! Espero que esteja gostando ♥

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