Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 2
¨o n e¨


Notas iniciais do capítulo

aqui vai o primeiro capítulo! espero que gostem ♥



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PARTE UM:

THE CHOSEN ONES

OS ESCOLHIDOS

☬  

  ❖  

A resposta de Kallien já era esperada, mesmo assim Corinna piscou no mínimo cinco vezes antes de dizer:

—É o começo do inverno. O Sacrifício acontece no verão.—sua voz estava tão inexpressiva quanto sua linguagem corporal.

—Pelo visto não dessa vez.— foi o que seu amigo respondeu. —Haverá um Sacrifício de inverno.

Corinna respirou fundo.

Não por ela, mas por Kallien que com certeza se inscreveria novamente.

Pelas famílias que ficariam apreensiva mais uma vez dentro de um período de meses. Pelo seu pai que a olharia com uma tristeza profunda nos olhos, mas não a impediria de comparecer às Audições.

—Você sabe que nós, eu e você, não precisamos...—Kallien começou, mas a menina o interrompeu deixando de lado o pão e o leite.

—Agora não, Kall.—Apesar de suspeitar da notícia, ouvi-la oficialmente tirara sua fome, como poucas coisas conseguiam fazer.

Não por mim, ela repetiu mentalmente, Não por mim.

O garoto apenas assentiu com a cabeça e pegou o seu antigo relógio de bolso.

—Eu preciso ir, Cori, meu pai disse que teremos muito trabalho pela frente com esse anúncio inesperado. Não sabia que horas você iria à cidade hoje, então achei melhor te dar a notícia para que você se preparasse—Kallien fez uma pausa ao se levantar—, da melhor maneira que puder.

Ela se levantou logo depois segurando os braços do amigo.

—Obrigada. Por tudo.— a menina então passou os próprios braços ao redor da cintura de Kallien. Ele apenas a abraçou de volta com toda a força que podia sem que a machucasse.

Como se ela fosse se desintegrar no ar se ele não a segurasse com firmeza. Do mesmo jeito que ele sempre começava a tocá-la cada vez que o Sacrifício se aproximava.

Corinna foi a primeira a se afastar, como sempre. O jovem apenas suspirou, acariciou a bochecha da garota e caminhou em direção à saída. No meio da passagem, ele parou e olhou novamente para a menina que o observava sair.

—Ainda temos dois dias.

A única resposta que ela poderia dar era um sorriso triste para o amigo que entendeu aquilo como um até logo e saiu finalmente.

O Sacrifício nunca foi um pesadelo para ela. Nem mesmo quando o pai a arrumou para sua primeira Audição aos dez anos.

Naquela época, a garota achou que era devido a sua natureza sempre calma. Achava que, por isso, ela era a única que consolava as crianças da sua idade que iam para o mesmo lugar. Com o passar dos anos aquele sentimento se tornou mais feroz, não era apenas uma sensação de cumprir um regulamento, mas de não falhar como qualquer destino que lhe havia sido imposto, provavelmente antes mesmo de ela nascer.

Apesar de sempre ficar de fora, Corinna tinha a impressão que seu nome seria escolhido um dia e que seria seu dever atender àquele chamado. Não porque ela se sentiria honrada em participar do Sacrifício — e dar sua vida para o entretenimento dos desgraçados que comandavam Excelsior — mas porque ela sempre achou que a melhor maneira de quebrá-los era de dentro para fora.

Kallien a chamava de ambiciosa por pensar que ela teria alguma chance de alterar um sistema que perdurava há séculos no mundo. Corinna apenas respondia — em sua mente— que para uma muralha ruir era necessário pelo menos uma primeira rachadura, e a jovem não se importava se ela pareceria ambiciosa ao pensar que talvez ela pudesse, de fato, ser essa fissura inicial.

Ainda tinha o fato sobre se conhecer a si mesma. Corinna não sabia muito sobre suas origens, também não sabia muito sobre seu futuro ou sua missão. A menina nascera na primeira madrugada de inverno no meio de uma floresta fechada, bem próxima de onde ela agora vivia com o pai que não compartilhava do seu sangue.

Lá no fundo, ela tinha o sentimento estúpido que o Sacrifício era uma etapa nesse caminho.

A porta se abriu com um rangido e a figura de um senhor Lestat encharcado revelou-se na porta.

Evian Lestat era um homem próximo aos quarenta anos.Os cabelos eram curtos e com uma coloração de grãos de areia. Os olhos eram verdes acinzentados e seus atributos físicos não eram nada se comparados aos atributos mentais. O que dizia muito já que ele era considerado um dos melhores — se não o melhor — caçador de Fortuna.

Corinna também tinha adquirido esse simplório título nos últimos anos.

O homem, devido à uma promessa que havia feito há muitos anos à filha — e previamente à própria mãe da menina em seus últimos minutos de vida—, ensinava tudo o que ele podia à menina.

Ambos eram fortes e inteligentes. Uma combinação não muito comum naqueles dias.

Corinna levantou da cadeira, onde lia um livro velho, e caminhou em direção ao pai, ajudando-o a tirar o casaco molhado e pegando o embrulho lacrado de livros que ele trazia da escola.

Evian era professor por prazer, comerciante por necessidade e caçador por ambos.

—Como foi a aula hoje?— a menina perguntou ao voltar de um dos armários com uma toalha na mão, entregando-a para o mais velho que se sentava no sofá improvisado e desgastado no canto do cômodo.

Os ombros do homem se curvaram em desgosto:

—Mais da metade da sala já não compareceu hoje. Não duvido que o número diminua até que a seleção para o Sacrifício acabe e, mesmo assim, temo que muitos já não se animem em voltar mesmo depois desse período.—o pai tirou os óculos limpando-os com a toalha e em seguida enxugando sua própria testa.—As baixas na escola já eram consideráveis quando tínhamos apenas uma competição por ano. Agora, com duas, creio que a situação só piore.

A jovem esfregou o rosto:

—Alguma teoria para o porquê disso?

O homem negou com a cabeça, mas respondeu:

—Seja o que for, não acho que seja para facilitar nossa vida.—aquela sombra que sempre passava pelos olhos do pai de Corinna quando ele se referia ao governo pairou novamente.—Nunca é.

Corinna suspirou:

—Kallien provavelmente virá falar com o senhor nos próximos dias. Algo sobre a minha mão.—o pai olhou para filha e arqueou uma sobrancelha.

—Ele vai pedir de novo? A decisão é sua e sempre vai ser, você já não deixou claro isso?— a garota olhava na direção da janela observando a tempestade que fazia com que a tarde parecesse noite.

—Não acho que ele vai desistir algum dia.— ela deu um sorriso triste para o homem e não tinha um pingo de arrogância quando continuou —Não de mim. Contudo, tente fazer com que ele entenda que não é nada pessoal.

Evian sorriu e passou a mão pelo cabelo da filha:

—Isso quer dizer que você não desistiu de conseguir participar.

—E você me acha uma tola por isso.— ela tentou desviar o olhar, mas o toque de seu pai no seu ombro a fez manter o olhar firme.

—Jamais. Sempre encorajei você a seguir seus instintos. Muitas vezes, as pessoas que estão em volta vão te julgar e não vão compreender, mas o que você tem dentro de você— ele colocou a mão sobre o coração da menina— nunca vai te enganar. O mundo inteiro pode ficar contra você, Corinna, porém você pode ter certeza que eu estarei do seu lado.

A garota abriu os braços e puxou o homem para um abraço, mesmo que aquilo tornasse suas roupas tão molhadas quanto as dele.

Corinna fungou duas vezes:

—Vou esquentar a água para o seu banho.

O pai bagunçou os cabelos escuros da menina:

—Eu estava esperando por esse insulto.

Ela apenas gargalhou como resposta e seguiu para a cozinha.

O sangue em suas mãos ainda estava quente.

O peso do animal era um conforto em suas costas enquanto ela caminhava contando os passos até o rio mais próximo. Que, somente quando ela já estava ofegante depois de uma caçada, ela percebia que não era tão próximo assim.

Corinna passou por seu lago preferido, mas não parou, embora o sangue a cada segundo ficasse mais seco e grudento entre os dedos.

Aquele lago não poderia ser contaminado de jeito nenhum. Se a visão do seu pai estivesse fiel naquele em dia que achou ela e a mãe dela, então bem ali teria acontecido acontecido o encontro.

Apesar de Corinna ter um grande afeto e respeito por aquele lugar, ela não apreciava pensar muito profundamente sobre sua mãe ou em como —depois de levar a recém nascida para a segurança do casebre — Evian voltou para buscar a mulher desfalecida e ela tinha simplesmente desaparecido.

Como se nunca tivesse estado ali.

Seu pai comentou que nem mesmo a pequena poça de sangue perdido da mulher tinha ficado como evidência. Ele procurou pelos arredores, mas não teve muito mais sorte, então voltou às pressas para o casebre onde havia deixado o bebê.

A jovem apressou o passo quando foi possível ouvir o barulho de água corrente. Trinta metros, ela chutara. E, de fato, trinta metros ela marcara com suas passadas.

A precisão de uma caçadora.

Ela soltou a corça na margem do rio e imergiu as mãos na água congelante e refrescante.

Caso ainda fosse um dos dias quentes de verão, ela teria entrado completamente nas águas e deixaria que o sol secasse suas roupas no caminho de volta para casa. Porém, não poderia arriscar ficar doente quando o Sacrifício estava tão próximo. Então teria que se contentar apenas com o contato do rio em suas mãos sujas e no seu rosto cansado.

O frio fez um arrepio percorrer seu corpo e então um vento incomum e morno a envolveu bagunçando as mechas soltas de seu cabelo e trazendo o cheiro da floresta para suas narinas. Seu cheiro favorito no mundo inteiro.

Corinna acabou sentando na margem, ao lado do animal morto, enquanto o vento continuava a acariciar os pedaços de pele que encontrava descobertos.

Lembrou de quando tinha o costume de ir ali quase todas as tardes após frequentar as aulas do pai na escola. Sentava-se perto do lago preferido com um amigo sem nome e sem rosto. A menina nunca foi de ter muitos amigos.

Na verdade, eram apenas Kallien e a irmã dele, Callandrea. E ainda assim, ela gostava de se ficar ali sozinha com aquele amigo inventado que, decerto, tinha voz apenas em sua cabeça, mas que a compreendia melhor do que ela mesma.

Amigo imaginário, seria o nome que seu pai teria dado a ele se ela tivesse ousado falar algo sobre.

Não o havia feito não por vergonha de parecer infantil, mas por saber que seria uma fase e esse amigo logo partiria.

E ele partiu. Assim como sua curta infância.

Mas ela ainda se lembrava. Sempre lembraria.

Respirando fundo, ela finalmente tocou a água de novo e agradeceu silenciosamente, para qualquer divindade que se desse o trabalho de ouvir, pelo animal.

O inverno não deixaria que encontrassem alimento com tanta abundância então ela e o pai tinham que aproveitar os últimos dias de outono restantes.

—Pronta para fazer o caminho de volta?— a voz paterna fez com que Corinna se levantasse prontamente. O homem carregava um cordeiro com um sorriso no rosto que logo foi espelhado no rosto da jovem. Se não achassem alimentos quando acabasse a carne, aquela pele de cordeiro garantiria pelo menos uma renda que durasse até o fim da estação.—Acho que conseguimos o que precisávamos para ficar longe desse frio da floresta por alguns dias.

Ele piscou para a menina, que apenas colocou o seu animal nas costas novamente e caminhou ainda sorrindo ao lado do pai.

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Notas finais do capítulo

Hey, pessoal. Espero que se interessem pela jornada de Corinna e a acompanhem até o fim.

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