Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 19
¨e i g h t e e n¨


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um capítulo de Hearts Of Sapphire ♥ Espero que gostem! E não se esqueçam de comentar e favoritar a história!
Façam uma autora feliz!!



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Uma Semana e Meia Antes

 

—Isso é um absurdo! Vocês não podem estar falando sério!— a Senhora Jade se levantou e bateu a mão na mesa. O pai do Senhor Esmeralda elevou sutilmente a garrafa de vinho da mesa para evitar que caísse.

O que ela queria mesmo era destruir metade daquela sala.

O homem ao seu lado tocou a sua mão livre, falando em sua cabeça.

Acalme-se.

Ela olhou para o amigo com um olhar furioso. Como ele poderia compactuar com uma coisa dessas?

Não concordo, mas não vamos conseguir nada nos exaltando.

A Senhora dos Bosques respirou fundo e se sentou novamente.

—Você tem alguma ideia melhor, Jade? Estamos enfraquecidos em relação ao Continente Sombrio. Precisamos lutar.— o Senhor Ouro disse claramente depois de ter sofrido uma lavagem cerebral.

—Sim, precisamos lutar. Nós. Mas parece que nenhum de vocês têm planos de colocar os pés num campo de batalha, não é mesmo? Vocês não acham pouco o que fazem com os humanos a cada ano? E agora isso?

—Perceba, minha querida. Os humanos que estão causando isso. Mesmo que não sejam os nossos humanos, ainda é a espécie deles que nos ameaça do outro continente.— a Senhora Prata disse calmamente.

—Ameaçam-nos há décadas e nunca fizeram nada. Por que fariam agora?

—Talvez estivessem se preparando.— a Senhora Prata disse com sua voz arrastada e pesada em sotaque.—Pergunte ao seu amigo Safira, os movimentos dos mares estão mudando.

A Senhora Jade encarou o colega esperando uma negativa que não viria.

—Então você também concorda com isso.— foi mais uma afirmação do que uma pergunta.

—Não posso negar que os meus vigilantes notaram uma movimentação estranha vinda do Continente Sombrio, nem que não acredito que um confronto seja iminente, porém isso não quer dizer que concordo com o que está sendo proposto.

—Vocês têm razão...- o Garoto Ônix falou pela primeira vez cruzando o tornozelo sobre uma perna com sua postura insolente.— Agora seria mesmo um ótimo momento para nos atacar, visto que alguns de nossos companheiros estão... ficando vulneráveis.

—E estamos querendo fazer procedimentos em humanos deliberadamente para compensar nossa "vulnerabilidade"?— a Senhora Jade questionou.

—As estatísticas são bem favoráveis para eles.- o pai do Senhor Esmeralda ressaltou.

A mulher riu com escárnio.

—Não venha falar de estatísticas comigo.— a Senhora Jade voltou a se sentar fazendo um gesto desinteressado com a mão. — Eu vi com meus próprios olhos aquele disparate. Sessenta por cento é favorável para você? Se você fosse indicado a um procedimento onde teria apenas sessenta por cento de chance de sair vivo, isso sem considerar as sequelas, você se voluntariaria?

—Se fosse para salvar o mundo como eu conheço? Mas é claro!— o pai disse com suas bochechas ficando vermelhas.

—Pare de ser hipócrita! Os jovens nem saberão o que os atingiu quando acontecer, muito menos o porquê. — a mulher tamborilou o dedo na mesa de madeira.— Você querem demonstrar poder sobre os humanos? O Sacrifício já não é o suficiente? Que desculpas você vão lançar para recrutar mais duas dúzias de crianças para seus experimentos doentios?

A sala toda ficou em silêncio, mas a Senhora Jade sabia que não era porque os Governantes consideravam suas palavras. Como sempre deveriam achá-la uma tola sentimental.

—É admirável um ser sem coração como você se importar tanto com os humanos.— A Senhora Rubi passou a unha na borda de sua taça, olhando para a outra por baixo dos cílios espessos.

A Senhora Jade apenas ignorou o comentário da Governante.

—Poderíamos acabar com o Sacrifício e ficar só com esse novo "recrutamento".—O Governante Ônix chamou toda a atenção para ele, que apenas deu de ombros.

—Acabamos de oficializar um Sacrifício de inverno, não podemos revogar.— O Senhor Ouro disse cruzando seus braços enormes e definidos que estranhamente naquele momento o deixavam parecendo uma criança mimada.

—Que seja o último então.— a voz do Governante da Ordem Safira soou um tanto ansiosa demais. A amiga sabia o que aquilo significaria fundamentalmente para ele.

Um último Sacrifício.

Uma doença sem nome entre os deorum.

Uma ameaça vinda do outro lado dos mares.

Estava claro que aquele modo de governo estava prestes a encontrar o seu fracasso.

Os tempos estavam mudando.

Mas nenhum deles queria acreditar.

O fim daquele mundo estava próximo. E um novo estava para nascer.

Ainda que a Profecia não fosse mais realizável. Ainda que estivesse quebrada para sempre.

Em breve Excelsior nunca mais seria o mesmo.

 

 

Todos saíam da sala em silêncio.

Athlin ajeitava o blazer verde impecável quando viu Sage, a Governante da Ordem Bronze, passar por ele com risinho zombeteiro.

—Um pouco atrasado, senhor Esmeralda, mas não se preocupe seu pai fez um bom trabalho ao te representar... bebendo todo o vinho da sala.— a menina ajeitou as mangas metálicas de sua roupa antes de ir embora.

—Athlin.—Conway e Clyne, de Safira e Jade, o cumprimentaram ao mesmo tempo. As Governante da Ordem Prata e Rubi não fizeram mais do que lançar um olhar de desprezo para o garoto.

—Mandou bem lá dentro.— zombou Theodor, o Governante da Ordem Ônix, arrancando um riso nada discreto de Alaric, de Ouro.

Athlin aguentou firme e por um momento quis pendurar seu pai pelas tripas no portão da frente. Estava passando vergonha por culpa daquele desgraçado.

Com certeza ele havia ordenado aos empregados que lhe informassem a hora errada da reunião.

Não demorou muito para o patriarca aparecer no corredor com o rosto inchado e as bochechas ruborizadas pela bebida.

—Quanto tempo vai durar mais essa punição?-perguntou o filho ao acompanhar as passadas do senhor ao seu lado.

—Até quando eu quiser, garoto.

Poderia matá-lo bem ali, sua mente apontou.

—Porém, acho que não durará muito.

Prensá-lo contra a parede como quem mata uma mosca.

—Tenho uma nova oportunidade para você e espero que não me decepcione... de novo.

Athlin sacudiu a cabeça levemente respirando fundo.

—E pare de olhar como se quisesse me matar o tempo todo. Além de ambos sabermos que você não tem coragem para isso, o seu cheiro fica constrangedor.

 

 

Baile de Boas-Vindas

 

Ao entrar pela porta, a menina irradiou silêncio.

Como um imã, ela —junto com duas Examinadoras— atraiu todos os olhares para si.

Corinna era capaz de sentir seu coração pulsando numa velocidade alucinante quando deu o primeiro passo ali.

As enormes portas se fecharam com um clique. Um clique que pausou o coração da Escolhida ao mesmo tempo que Laeni dissera:

—Cumprimentaremos os Governantes primeiro.

A garota não demorou a avistar o grupo imponente de sete indivíduos no centro da sala.

Tudo bem, se alguns segundos atrás ela estava se sentindo mais bem vestida do que em toda a sua vida, naquele momento ela se sentia completamente nua.

Corinna se forçou a continuar andando na direção ordenada.

Ao chegar perto o suficiente, arriscou uma reverência desajeitada, replicada muito mais elegantemente pelas duas deorum ao seu lado.

Eles eram deslumbrantes. Belos era uma maneira muito simplória de classificá-los e—

A garota parou o pensamento no meio do caminho.

Quase engasgou na própria saliva.

Ali, entre aquele grupo de sete pessoas, estava ele.

Ela teria reconhecido o brilho daqueles olhos em qualquer lugar.

—Graças aos Céus, alguém que sabe fazer uma entrada digna.— a menina se forçou a olhar para a voz feminina e tirar os olhos de Athlin.

Sua cabeça doía como se mil facas a atravessassem, mas ela se virou.

A mulher era apenas um pouco mais baixa que Corinna e muito mais curvilínea. Seus cabelos escuros seguiam rigorosamente retos até o meio de suas costas. O vestido florido num tom verde leitoso era bem justo e chegava até o chão. Sua pele bronzeada parecia brilhar sob a iluminação do local.

Adornos estavam espalhados por seus braços.

Radiante seria um eufemismo para a mulher que segurou suavemente a mandíbula da Escolhida e nivelando o olhar com o dela.

As pontadas na cabeça estranhamente aliviaram um pouco.

—Corinna Lestat é um prazer. Sou Clyne, a Senhora dos Bosques, Governante da Ordem Jade.— a menina sentiu seu interior de aquecer, mas não de uma forma ruim. Chegava até a ser familiar.

Esse deveria ser um dos truques maldosos dos deorum, ainda que aquela mulher não parecesse ter nada de maldoso.

Corinna lembrou-se do cumprimento que Laeni a ensinara e pegou a mão da Governante encostando-a em sua testa.

Clyne analisou cuidadosamente o gesto.

—Não espere apresentações tão pomposas como a de Clyne. —um homem com uma voz que soava como trovão comentou.

Ele usava azul como ela, mas era um azul claro e calmante enquanto o de Corinna era agressivo e revolto.

—Conway, Governante da Ordem Safira.— ele disse simplesmente e a menina se apressou em segurar sua mão firme e calejada levando-a também até sua testa.

O cessar das pontadas foi tão abrupto que pareceu uma explosão interna em sua cabeça.

Corinna seguiu para o próximo e para o próximo.

Alaric, Ordem Ouro.

Rexta, Ordem Rubi.

Raina, Ordem Prata.

Sage, Ordem Bronze.

E finalmente Athlin. O cara que a ajudara no corredor, com quem ela havia sido tão grosseira, tinha apenas a vida dela em suas mãos.

O rapaz deveria ter rido muito por dentro naquele momento.

Uma mísera humana sendo agressiva com o Governante da Ordem Esmeralda.

Poderia matá-la com um olhar. Na verdade, parecia que o garoto já estava fazendo aquilo.

Seus olhos buscavam os dela a todo instante. Corinna tentou ser o mais rápida possível no cumprimento mas ele segurou sua mão firmemente ainda que parecesse o mais delicadamente possível.

Uma descarga elétrica passou por ela com o contato.

—Esperamos que aproveite a noite.— foi a Senhora Rubi que disse. A Governante de longe era uma das mais belas no Salão. Suas feições não eram exatamente jovens, mas eram na medida certa.

Simetricamente perfeita. Exceto por uma cicatriz que cortava o lado direito de seu rosto da testa até o queixo, que fazia o estômago da Escolhida revirar bruscamente.

Quando se viu livre para sair da presença daqueles sete deorum — sete deuses vivos, de fato, agora que ela os havia conhecido— a menina se apressou em ir para o outro lado do Salão. O mais longe deles possível.

—Você foi ótima.—Marjorie disse quando chegaram a uma distância segura deles.

—Sério? Por que eu me sinto um lixo que fez tudo errado?— a Escolhida disse deixando a postura vacilar por um instante.

Laeni riu.

—É normal, acredite. É como se estivesse na essência deles fazer com que a gente se sinta...inferior de certa forma. Até entre os deorum é assim.— ela tocou o ombro da menina reconfortando-a.— Mas você foi ótima mesmo. Acho que Clyne gostou bastante de você.

—Eu não abri a boca.

—Não precisa, os Governantes conseguem sentir, digamos, a energia de uma pessoa só pelo olhar. Principalmente, Clyne. Como ela disse, é a Senhora dos Bosques, e a ligação dela com a natureza facilita a “sensação”.

—Uma pena que ela há muito tempo não se habilita a ser Simpatizante.—Marjorie falou cética.

—De qualquer forma, agradar qualquer um que está aqui hoje pode ser bastante útil.—Laeni retrucou.

—Então...—Corinna disse ao avistar Marjorie e Conall próximos de onde ela estava. —O que eu tenho que fazer agora?

—Hm, —a Examinadora dos cabelos pretos ponderou— Aproveite a comida. Os Governantes vão se apresentar quando o último chegar e então os Simpatizantes estarão autorizados a ir atrás dos Escolhidos de seu interesse.

Corinna assentiu.

Soava como uma temporada de caça.

E ela não estava acostumada a ser a presa ao invés do predador.

 

 

—Você está tão...—Conall balançou a cabeça enquanto analisava a aliada de cima a baixo. —Eu não tenho palavras.

Corinna sentiu as bochechas esquentarem.

—Eu faria qualquer coisa por uma túnica. Esse chiffon está irritando minha pele.—Mattia segurou o tecido da veste da caçadora.

Eles estavam como um sonho.

Conall usava um colete preto sobre uma camiseta lilás junto com a calça social bem alinhada, impecavelmente se ajustando ao seu corpo.

Mattia usava um vestido vinho de chiffon tão leve que parecia que ela estava vestida de nuvens. Seus cabelos vermelhos ressaltavam seus olhos dourados, seus pés eram calçados por saltos cravados de pedras brilhantes vermelhas. Lembravam bastante granada, mas Corinna não tinha certeza.

—Então é assim que caímos na deles?—ela questionou olhando para as próprias vestes. —Algumas roupas bonitas e um bom banho?— sua risada foi amarga.

—Tenho certeza que precisará um pouquinho mais do que isso para nos ganhar, não é?— Corinna ofereceu.

—Por que apenas não aproveitamos o momento? Estão nos dando vestes, comida e bebida de graça. Nos exploram durante toda a nossa vida.— Conall passou o braço pelos ombros das duas garotas.—Vamos fingir que estamos dentro do jogo deles e então...pow, damos a cartada fatal.

Mattia revirou os olhos:

—Você é louco, menino.

Porém, Corinna assimilou bem as palavras do aliado. Apesar do tom de brincadeira dele, seus olhos brilhavam com algo mais.

Talvez a aliança com Conall pudesse ir mais longe do que aquela competição, afinal.

 

 

Todos, sem exceção, estavam muito bem vestidos, apesar de alguns exageros aqui e ali.

A pequena multidão de Escolhidos naquele momento se aglomerava em frente a uma plataforma elevada onde sete dos Governantes preparavam-se para se pronunciar.

—Boa noite.— foi Raina, a Governante da Ordem Prata, que começou. Dos sete presentes, ela era a que aparentava ser a mais velha.

Não era característica dos deorum terem rugas ou sinais de envelhecimento, e algumas bocas diziam que se algum deles tinham aquela aparência significava que cada imperfeição, cada traço “mortal” era por coisas muito ruins que eles tinham causado.

Se aquilo fosse verdade, a Escolhida de Fortuna não queria nem pensar quais poderiam ter sido as coisas que Raina causara.

—Espero que todos vocês já estejam se sentindo acolhidos aqui no Setor Superior e que continuem assim.— Sua voz era estranhamente jovem, como se outra pessoa falasse em seu lugar.

Depois da deixa de Raina, cada um dos Governantes deram um passo à frente, declarando seus nomes e as respectivas Ordens que lideravam. Todos estavam categoricamente vestidos com representações delas.

Bronze. Dourado. Prata. Verde-jade. Vermelho-rubi. Verde-esmeralda. Azul-safira.

Todos eles vibrantes, certamente para se destacar dos deorum comuns que misturavam várias dessas cores em seus conjunto de roupas.

Alguns deles em meio a apresentação se apresentavam não só como Governantes, mas também como parte do time de Simpatizantes.

Corinna tinha certeza que ser “escolhido” por um deles deveria significar algo muito importante e bastante promissor na competição.

O homem da voz de trovão tinha acabado de se apresentar quando o barulho das portas duplas sendo abertas foi ouvido.

O oitavo Governante finalmente chegara.

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Notas finais do capítulo

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