Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 12
¨e l e v e n¨


Notas iniciais do capítulo

Capítulo de fim de semana! Não se esqueçam de comentar o que estão achando,é mto importante! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/738717/chapter/12

PARTE DOIS:
       THE ALLIED ONES

OS ALIADOS

☬  

 

O gosto amargo perdurava em sua boca, mesmo depois ter tentado amenizá-lo de todas as formas possíveis.

Valia a pena, a garota repetia para si mesma.

Podia se sentir mais leve mesmo após apenas alguns minutos depois de ingerir, antes de dormir, o líquido preparado por seu pai.

Naquela manhã, tentou materializar a caneta.

Nada aconteceu.

Corinna praticamente chorou de alívio.

Logo depois de ingerir a bebida, Evian lhe entregou o presente de aniversário.

—Não pudemos comemorar como eu planejara, mas acho que ainda dá para salvar o dia.

Era um conjunto de vestimenta: uma blusa, uma manta, uma calça e sapatos fechados com cadarços.

Todo o conjunto, exceto o sapato, era azul escuro com uma linha branca cortando o tecido.

A menina experimentou a roupa sentindo o tecido mais suave que ela já usara deslizar sobre sua pele. Não podia negar que estava preocupada com como seu pai havia pago por tudo aquilo. Eles não usavam a reserva de economias com coisas supérfluas, principalmente no inverno.

Corinna se repreendeu mentalmente por ter ficado encantada demais com o caimento e não ter questionado o pai. Aliás, sentia que deveria questioná-lo por várias coisas

Era preciso anular toda e qualquer desconfiança entre os dois. Voltar a ser o que era antes.

Contudo, era difícil fazer aquilo quando desconfiava até de si mesma. Quando não podia fazer com que ela mesma voltasse a ser como era antes.

Estava sentada numa cadeira ao lado dos outros três Escolhidos. Em cada um, havia um deorum empoleirado ajeitando os últimos detalhes. Marjorie prendia o cabelo da jovem num rabo de cavalo elegante, mas complicado.

Despediriam-se de Fortuna em pouco menos de uma hora e —ainda que a menina tentasse, com afinco, relaxar— seu coração batia tão forte no peito que, de tempos em tempos, precisava respirar profundamente para recuperar o fôlego.

Partiriam de trem.

Provavelmente um modelo especial, pois o que tinham disponível naquele vilarejo estava parado há anos. Depois que os Escolhidos eram anunciados, a população restante não ficava sabendo como era o processo para que eles chegassem no Setor Superior. Então Corinna não tinha muitas informações

Kallien estava estranhamente quieto ao lado da amiga. Ela não era capaz de discernir seus sentimentos. Seria plausível que estivesse nervoso, porém a moça sabia que se estivesse nervoso estaria falando pelos cotovelos, muito diferente da postura que ele estava assumindo.

Estaria ansioso? Com medo? Confiante? Não podia dizer.

Conversa entre os Escolhidos não era encorajada ali e o máximo de interação que Corinna conseguia era olhares furtivos e curiosos de Bastian.

Tomou um gole de água forçado, ainda na tentativa de neutralizar o gosto ruim da boca. Sabia que em poucos instantes a bexiga protestaria, mas aquele amargor era horrível.

Bem, o que esperava de um Sacríficio?

Pensou consigo mesma.

Ninguém nunca insinuou que seria fácil.

Callandrea foi a primeira a entrar para as despedidas.

Era visível que já havia procurado confusão com os guardas que vigiavam a porta do cômodo onde eles estavam. Um deles segurava seu braço com uma certa autoridade e a menina se livrou do toque com uma força admirável.

Corinna viu a amiga debater internamente para quem iria correr primeiro. Seu irmão Kallien ou sua amiga?

A Escolhida fez um sinal para que ela fosse para seu irmão e a loira lhe lançou um sorriso agradecido.

Logo outros pais, inclusive os de Kallien, tomaram conta do local.

Evian foi o último a entrar e a menina já segurava as lágrimas.

Mesmo querendo tanto aquilo, sempre teve certeza que o momento de se despedir de seu pai seria o mais difícil.

Seu amigo. Seu protetor. Seu guardião.

Um pai de coração que talvez muitos pais de sangue não chegassem aos pés.

Sentiria falta de dançar com ele pela casa. De conseguir rir, mesmo nos momentos de dificuldades. Sentiria falta ouvi-lo lendo histórias há muito esquecidas ou de encontrá-lo rodeado de livros enquanto estudava assiduamente.

Sentiria falta dele.

Os dois se abraçaram em silêncio até Callandrea parar a poucos metros deles. Evian deu o espaço que as garotas precisavam para se despedir.

—Não acredito que estão partindo os dois de uma só vez. É inacreditável!— Corinna sentia que sua amiga guardava um sentimento de ressentimento em seu coração.

Afinal, se tivesse aceitado o pedido de Kallien e tivessem ficado juntos, nada daquilo estaria acontecendo.

Entretanto, não podia pensar assim.

Não naquela situação.

—Voltaremos são e salvos.

—Por favor, sei que nunca me ouve, mas se cuide, está bem? Tenho certeza que você tem potencial suficiente para o que vier e que sabe se virar sozinha, mas tome cuidado. E... é egoísta da minha parte, porém...Tome conta de Kallien. Meu irmão parece durão, contudo não sei se tem estruturas o suficiente para sair inteiro física e psicologicamente daquela Terra de Demônios.— Callandrea continuou com um sussurro:—Não deixe esses monstros quebrá-los.

Segurando os ombros da amiga, Corinna pôde ver —pela primeira vez— uma emoção profunda ali. Pôde ver que a jovem à sua frente queria dizer cada palavra que proferira.

—Não vou deixar. Eu prometo.

A irmã de Kallien piscou rapidamente para expulsar as lágrimas:

—Não se esqueça de mim.

A Escolhida abraçou a garota:

—Nunca.

 

Em vinte minutos, os quatro Escolhidos embarcariam.

Corinna estava com seu pai novamente.

—Queria que estivesse lá comigo.—a menina não tentava mais conter as lágrimas e Evian capturava com os dedos as que conseguia. Ela era capaz de perceber que o pai também segurava firmemente suas próprias emoções.

Iria deixá-lo.

O homem ainda se movia com uma certa dificuldade devido à punição e a garota tentava não reparar muito ou acabaria desabando ali mesmo.

—Eu estarei com você. Ainda que não seja fisicamente, eu sempre estou, estive e estarei com você.— foi o que Evian assegurou quando sua filha passou os braços ao seu redor cuidadosamente na altura de sua cintura.

Ela poderia ficar ali para sempre.

Tentou gravar o cheiro, a voz, o ritmo de respirar dele, pois sabia que qualquer coisa que pertencesse a ele lhe daria forças quando ela precisasse.


—Sei que essa é a pior parte, mas é hora de irmos, Corinna.—Laeni tocou o ombro da garota mas ela custou a sair do abraço.

A Examinadora não reclamou.

—Segure minha mão esquerda.— a menina sussurrou para o pai e ele obedeceu. Algo cilíndrico enrolado num tecido apareceu entre suas palmas.

A caneta que ela havia materializado uma última vez antes de tomar a bebida que cortaria seus "poderes".

—Para que se lembre de mim.— a jovem disse finalmente.

Evian apenas concordou levando a mão diretamente ao bolso de sua calça quando a filha começou a se afastar.

Ailani, para a surpresa de Corinna, foi a última a falar com ela e dizer que, apesar de tudo, rezaria para que a menina também voltasse com seu noivo para casa.


A Escolhida lançou um sorriso simples, meio desconcertada, mas foi sincero.

Seguiu em direção aonde todos a esperavam, já do outro lado de uma espécie de portal que levava direto à estação de trem.

Kallien parecia estar experimentando algo, de fato, de outro mundo quando finalmente estendeu a mão para ajudá-la.

Ventava bastante do outro lado, mas a manta mantinha a garota bem aquecida.

Os do outro lado estavam de costas esperando o trem, mas Corinna ainda encarava aquele pequeno cômodo da Casa Central.

Onde seu pai, Callandrea, Ailani e outros parentes estavam.

A jovem fez promessas silenciosas.

Prometeu que Callandrea nunca mais teria que se submeter a algo contra a sua vontade para sobreviver.

Ela seria livre.

Prometeu que seu pai teria a vida que ele sempre mereceu e adquiriria os conhecimentos que ele sempre quis.

Ele seria livre.

Prometeu que Ailani veria seu noivo novamente, que traria Kallien de volta.

Eles seriam livres.

Prometeu que sobreviveria, que voltaria e voltaria bem.

Então, ela seria livre.

Quando se firmou no outro lado, as lágrimas dos que os Escolhidos deixavam para trás começaram a correr livremente por seus rostos e Corinna desejou de verdade cumprir todas aquelas promessas.

O portal finalmente se fechou revelando a paisagem real que era apenas uma floresta.

Não demorou muito para o trem surgir fazendo os cabelos balançarem e as roupas se agitarem.

Ao olhar o reflexo em uma das janelas dos vagões, com o arranjo de Callandrea que a amiga prendera no último momento em seu cabelo, o corpo coberto pelas roupas que seu pai lhe dera de presente, fez mais uma promessa.

A de que não morreria até cumprir todas as anteriores.

❖ ❖ ❖  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

hey, pessoal!

como vocês estão? o que acharam do capítulo?

deixem seu comentários, opiniões etc...

não se esqueçam de votar/favoritar e indicar para os amigos.

me sigam no twitter: @whodat_emmz

até mais

xx



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hearts Of Sapphire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.