A Garota e o Lobo escrita por Manusinha Mayara


Capítulo 4
O lado oculto de cada um


Notas iniciais do capítulo

Oii
Aproveitem o cap!!



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Mamãe e eu estávamos nos adaptando extremamente bem a nossa vida nova. As semanas passaram depressa e finalmente sentia que podia relaxar um pouco.

Naquela sexta após minha última aula, resolvi dar um pulo na biblioteca e resgatar meu hábito de leitura que andava meio fraco nos últimos tempos. Quase todos já haviam ido embora, então estava praticamente vazia. Comecei a caminhar devagar entre as prateleiras na procura de algo que me chamasse à atenção.

 Na terceira fileira, esbarrei com algo que me fez perder o equilíbrio, fechei os olhos esperando o choque contra chão, mas ou invés disso alguém interrompeu minha queda, segurando-me em seus braços. Abri os olhos, encarando-me ali, estava o loirinho que adorava me olhar nas aulas, já havia descoberto seu nome, Sebastian.

 - Você é lerda ou fez de propósito? – ele pergunta insolente.

 - Como assim? – pergunto sem entender e sem me mover. Nossa situação ali era no mínimo constrangedora, ele estava sentado no chão, e eu deitada em seu colo, seus braços em volta dos meus ombros era a única coisa que havia impedido minha queda catastrófica.

— Não me viu aqui no chão e saiu me levando junto com você. – ele responde parecendo irritado.

— Não te vi mesmo, pessoas normais sentam nas cadeiras. – respondo no mesmo tom. Ele me encarou como se estivesse irritado, mas seus lábios se curvaram em um sorriso irônico.

— Vai continuar me usando de cama? Você não é tão levinha quanto parece sabia?! – retruca zombando de mim.

— Ok, foi mal. – respondo levantando depressa. Sebastian se levanta também, no chão estão sua mochila e um livro que ele devia estar lendo.

— Não fomos oficialmente apresentados, meu nome é Sebastian. – ele diz, estendendo a mão para mim.

— Eu sei, temos aulas juntos. Eu sou Mia. – digo apertando sua mão.

— É um prazer conhecê-la Mia. O que procura por aqui? – ele pergunta.

— Só algo para me distrair. – respondo, começando a caminhar.

Para meu espanto, Sebastian pega suas coisas e começa a seguir-me pela biblioteca. Não pude deixar de reparar na enorme tatuagem no seu braço esquerdo, um dragão horrível.

— Sua vida anda chata por acaso? – ele pergunta invasivo.  Agora ele esta apoiado em uma das prateleiras analisando-me.

— Não acho que somos íntimos o suficiente para poder te contar sobre isso. – respondo evasiva. Mal sabe ele quanta ação minha vida já teve antes dali.

— Podemos nos tornar, nunca é tarde para isso. – ele retruca. Enrubesço, não tenho resposta para isso.

Felizmente a má humorada bibliotecária vem até nós, salvando-me daquela situação.

— Você tem mesmo problema em obedecer a regras Sebastian. Silêncio! – ela diz lançando um olhar zangado para nos. Pego um livro qualquer na prateleira e vou em direção ao balcão.

 Sebastian não me segue, mas continua apoiado na prateleira  observando-me.

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Estava concentrada em meu trabalho de história, teria que fazer uma mini-palestra sobre uma personalidade importante na história. Como não tinha uma panelinha formada em minha sala, resolvi fazer sozinha. Meu telefone toca, dou uma olhada rápida no visor, é Lia.

— Oi Lia. – atendo, cumprimentando-a.

— Oi Mia, nem vejo você mais no almoço, época de campeonato é uma correria. – diz ela. Lia havia entrado para equipe de natação do colégio e seus horários livres se tornaram praticamente escassos durante a temporada.

— Eu imagino. Como vão as coisas? – pergunto, puxando assunto.

— Bem. O que você esta fazendo de bom? – ela pergunta interessada. Senti falta disso, uma amiga para jogar conversa fora.

— Trabalho de história. – repondo sincera, rindo.

— Nossa, sua sexta-feira está triste. Que tal sairmos amanhã? – ela pergunta animada.

— Pra onde? – pergunto animada também.

— Meus irmãos, estão querendo jogar boliche. Você gosta? – ela pergunta.

— Claro. Quem vai? – pergunto curiosa. Ela tinha muitos irmãos e eu só conhecia três.

— Eu, Luca, Adam, Luan e Brian, meu irmão caçula. – ela responde.

— Legal, podemos formar duplas. – digo animada.

— Ok. Vamos te buscar ou você nos encontra lá? – ela pergunta.

— Que horas? – pergunto.

— 19 horas. – Lia responde.

— Pode vir me buscar, não sei como chegar lá mesmo. – respondo pensando em como seria difícil me localizar de carro por ali no escuro para um lugar que não conhecia.

— Ok, meu irmão passa ai amanhã, uma meia hora antes do horário. Tenho que desligar. Beijo Mia. – Lia diz despedindo-se depressa.

— Beijo, até logo. – retruco automaticamente.

Ótimo, estava realmente precisando sair um pouco e agir como um adolescente normal.

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Na manhã seguinte, acordei tarde, sentia-me descansada. Minha mãe teria ficado louca, mas felizmente ela já tinha ido trabalhar. Ultimamente mal nos víamos, ela estava animada no emprego novo e praticamente vivia por lá. Depois de tantos anos presa cuidando da casa e da família, estava feliz por vê-la tão engajada.

Resolvi fazer uma faxina na casa e levei a tarde toda para colocar as coisas em ordem. Umas 17 horas meu celular começou a tocar, era Lia, devia estar querendo confirmar nossa saída de hoje.

— Oi Lia, não vai me enrolar não. – atendo brincando com ela.

— Nunca faço isso! – responde ela rindo.

— Que houve? – pergunto curiosa.

— Eu e os meninos viemos mais cedo no centro com meu pai resolver umas coisas, Adam vai passar pra te buscar. – ela me informa.

— Que vergonha! – Digo. Eu e Adam mal nos falamos, ele ficaria pensando que eu era uma folgada.

— Nada haver Mia. Ele está disponível pra te buscar depois do trabalho e não se importou com isso. – Lia retruca.

— Esta bem! – digo rendendo-me, já havia percebido que discutir com Lia era sempre uma causa perdida, era muito teimosa.

— Veja o lado bom, você pode ir falando do quanto sou incrível por todo o caminho! – Lia diz brincando.

— Vou ir falando o quanto você é folgada, sei que ele vai concordar. – Retruco rindo também.

— Até mais tarde! – Lia despede-se.

— Tchau. – retruco.

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 Passei uma maquiagem leve, coloquei uma calça jeans, camiseta branca e um casaco leve por cima. Simples e confortável.

Quando a campainha começa a tocar, desço depressa apagando todas as luzes acesas em meu caminho. Como não sou boa em correr, tropeço no tapete derrubando o pequeno criado mudo da entrada no chão.

— Droga! – resmungo pra mim mesma enquanto levanto o móvel caído.

Abro a porta e dou de cara com Adam, ele está sorrindo e me olha com curiosidade.

— Tudo bem por ai? – ele pergunta educadamente.

— Sim, um pequeno acidente. – respondo enrubescendo. Adam da um passo para trás, dando-me espaço para trancar a porta. Caminhamos em direção ao carro em silêncio, ele abre a porta para que eu entre, eu o observo dar a volta para entrar no lado do motorista.

Estava muito bonito, usava um jeans desbotado e camisa preta. Quando entra no carro, consigo apreciar seu perfume delicioso.

— Se importa? – ele pergunta apontado para o radio.

— Não. – respondo sorrindo.

Adam dirige tranqüilamente, cantarolando uma musica que toca no rádio. Sinto-me estranha, como uma intrusa ali em seu carro.

— Desculpe o incomodo Adam. – digo olhando para a estrada. Ele para de cantarolar e percebo seu olhar em meu rosto.

— Como assim? – ele pergunta confuso. Encaramos-nos rapidamente.

— Pela carona de ultima hora, não gosto de dirigir a noite para um lugar que não conheço. – explico.

— Não é incomodo, minha irmã precisava de ajuda e eu me ofereci. – Adam retruca friamente olhando para estrada.

Com Adam tudo era simples, no colégio fazíamos aula de álgebra juntos e ele resolvia os problemas mais complexos com muita facilidade. Nunca o vi irritado, atrasado ou indisposto. Parecia o bom rapaz perfeito. Perguntava-me o que ele escondia por trás dessa perfeição? Porque era obvio que não podia ser perfeito, ninguém é afinal.

 


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Notas finais do capítulo

Please, comentem!

Morro de vontade de saber o que estão achando.



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