Emily P.O.V

Nunca vi um lugar tão florido daquela forma à noite, a luz do luar realçava a beleza do local e deixava-me inebriada. Enquanto admirava toda a beleza a minha volta, podia sentir o olhar meticuloso de Sebastian me acompanhar.

— Nada mal – digo em tom de brincadeira, fazendo-o sorrir.

— Eu capricho sempre. – retrucou desdenhoso, sentando-se em meio às flores, próximo as minhas pernas, resisti à tentação de afagar seus cabelos, tinha muita vontade de sentir a maciez deles.

Sentei-me de frente para ele, agora com a claridade do luar podia ver em detalhes seu rosto, Sebastian parecia ligeiramente ansioso, seus dados tamborilavam silenciosamente no chão.

— Então... – tentei iniciar nossa conversa, mas estava com vergonha de insistir em um assunto tão sentimental e pessoal, afinal eu poderia odiar o que ele estava prestes a me dizer.

— Emy, você me deu um voto de confiança quando decidiu que poderíamos ser amigos. Peço que confie em mim novamente e me deixe falar tudo, sem interrupções. – Sebastian disse, encarando-me firmemente.

Acenei afirmativamente com a cabeça, começando a ficar tensa com aquela situação.

— Eu confesso que nunca havia experimentado isso de gostar e se apegar há uma garota. A única mulher com a qual eu tive um relacionamento profundo foi minha mãe. Vi sua prima e me encantei pela forma simples e sincera dela, mesmo com tantos problemas ela não se fazia de vitima, e confesso que o deslumbramento de Adam por ela e vice-versa me deixou enciumado, não bastasse ter uma família perfeita, ele também parecia ter encontrado a parceira ideal. – Sebastian soltava as palavras e à medida que elas me atingiam, eu sentia uma vontade louca de correr, eu ficava triste e irritada ao perceber como ele queria ter uma vida mais cheia de amor como a de Adam. – Mas isso foi mudando aos poucos... – ele diz, soltando um breve suspiro.

— Como mudou? – eu perguntei. Preferia ouvir uma dura verdade a viver em uma ilusão.

— Você apareceu... – ele respondeu, deixando – me boquiaberta.

Mia P.O.V

Contar para família de Adam nossa decisão havia sido tranqüilo, afinal eles estavam acostumados a tal costume, o difícil mesmo seria explicar a minha mãe sobre tudo isso. Quando Adam estacionou em frente a minha casa, hesitei em descer, vi as luzes da sala acesas e sabia que teria de encará-la agora.

— Está desistindo da idéia ou apenas nervosa? – Adam perguntou segurando uma de minhas mãos. Ele estava tranqüilo, alias esteve assim todo o tempo, estava certo da decisão que não temia mais nada depois que eu a aceitei.

— Nervosa apenas. Isso de casamento não deu certo para minha mãe nas duas vezes em que tentou então ela tem uma imagem negativa quanto ao assunto. – respondi com sinceridade.

— Vamos convencê-la, ela me conhece e sabe que nunca te machucaria intencionalmente. – Adam disse reconfortando-me.

— Ok, deixe que eu fale primeiro então. – digo soltando-me de sua mão e saindo do veículo.

Adam também saltou pelo lado do motorista e veio em minha direção.

— Tudo bem, se prefere assim. – ele diz segurando novamente minha mão enquanto caminhamos para a porta principal. – Mia?

— Sim? – paro por um momento encarando-o.

— Eu te amo. – ele diz, arrancando um sorriso de meus lábios.

— Eu também te amo Adam. – digo.

Entramos juntos em minha casa para contar as boas novas para minha mãe.

Sebastian P.O.V

Não sabia como Emily estava reagindo as minhas palavras, mas as expressões dela estavam me deixando cada vez angustiando, decido aproveitar seu silêncio para continuar falando.

—... Na primeira vez em que te vi, saindo daquele táxi, eu senti algo, uma sensação inédita para mim, não sabia identificar do que se tratava então tentei manter uma distância de você. Ao mesmo tempo, o sentimento que pensava sentir por Mia foi mudando também aos poucos. – digo e permaneço em silêncio por um momento, procurando as palavras adequadas para continuar.

— Mudou? – Emy perguntou incentivando-me a explicar. 

— Sim, eu já não tinha certeza se realmente gostava dela, ou se estava mais uma vez almejando algo que era de Adam. Ao mesmo tempo, nossos caminhos começaram a se cruzar cada vez mais, a garota que entra na floresta a noite, que não liga para popularidade, que sempre diz a verdade doa a quem doer e que não teme o que é diferente. – digo sorrindo um pouco.

— Não sou apenas eu que entro na floresta à noite. –Ela diz deitando-se em meio às flores. Vi fascinado o rubor em seu rosto.

— Enfim, eu esclareci as coisas com Mia, antes de revelar a você toda a verdade aquele dia no cemitério. Confesso que sua reação a tudo o que viu, foi à confirmação de que o que eu estava sentindo era real, fiquei mais que impressionado, e cresceu em mim uma extrema admiração por você. – digo a voz falhando um pouco no fim, minhas mãos estavam suando, o fato de Emy me encarar atentamente estava me deixando nervoso.

— Sebastian... Pode me dizer claramente o que sente? Não sou muita boa com rodeios. – Emy me repreendeu suavemente, sentando-se para que ficássemos frente a frente.

— Calma isso não é fácil para mim. – digo levemente irritado, como dizer a essa garota irritantemente sarcástica tudo o que estava sentindo? Como resumir de modo que ela entendesse?

— Não é fácil para mim. Eu entendi que você não gosta de Mia de modo “romântico”, agora quero saber de forma direta o que sente por mim. Pode me dizer? – Emily ordenou, parecia mais ansiosa por uma resposta do que irritada, o que me deixou contente, era óbvio que esperava algo de mim. – Por que está sorrindo desse jeito? – ela perguntou, encarando-me desconfiada.

Aproximei-me mais dela, coloquei minhas mãos uma de cada lado em seu rosto.

— Sou louco por você Emy. – resumi para que ela entendesse toda a loucura que se passava em minha mente e em meu coração – Gosto de estar perto de você, mesmo quando prefere estar sozinha. Gosto de te irritar, de saber o que pensa e gosto até mesmo de discutir com você. O que isso pode ser além de loucura?

— Você é palhaço ou o que? – ela perguntou, surpreendendo-me, olhei-a boquiaberto – Admita logo, por favor!

— Admitir? – perguntei sem entender aonde ela queria chegar com aquilo.

Emy então pulou sobre mim e tocou seus lábios nos meus de uma forma feroz. A surpresa foi tanta que cai deitado com o corpo dela sobre o meu. Recuperei-me rapidamente do choque e retribui com fervor seu beijo, girei suavemente nossos corpos de modo que ficasse por cima dela. Sentia suas mãos ávidas de desejo, descendo pelas laterais do meu corpo. Mantive uma de minhas mãos em sua nuca e desci a outra para detrás de seu joelho, erguendo-o um pouco de modo que se encaixasse em minha cintura. Estava perdendo o controle com ela, não podia fazer isto, não aqui. Afastei meus lábios dos dela, apoiando minha testa na sua, nos dois estávamos ofegantes.

— Se fizer isto de novo, vou perder a cabeça com você. – digo, quando finalmente consigo recuperar meu fôlego. Tento me levantar, mais Emily envolve minha cintura com suas pernas, prendendo-me a ela.

— Qual o problema se isto acontecer? Segurei-me na cabana, por pensar que estava me usando para esquecer Mia, mas agora não tenho mais motivos para me conter. – Emily disse confiante.

— O que quer dizer Emy? Que me quer? – pergunto, fingindo-me de desentendido.

— O que você tem a me dizer? Está apenas louco ou me ama? – Emily retruca, usando aquela palavra que eu havia evitado durante toda nossa conversa.

Amor, porque era tão difícil falar sobre ele?!