Capítulo Bônus

Edward Cullen

Hoje eu era completamente apaixonado pela Califórnia. Havia morado em mais de um lugar no tão famoso estado e tinha propriedade para falar que o estado era um bom lugar para morar. Mas nem sempre eu pensei desse jeito sobre o estado.

A primeira vez que morei no lugar ensolarado, eu tinha 10 anos e passei os primeiros meses de luto. É pedir demais para uma criança não ficar emburrada com tantas mudanças e quando eu finalmente me acostumei, tive que mudar novamente. Eu amava o meu pai, mas odiava seu chefe idiota e as constantes transferências, ele achava que papai era milagroso.

Passei por uns 5 estados diferentes antes de voltar pra Califórnia, dessa vez por vontade própria. Eu sempre havia sido esforçado, dando meu máximo na escola, pois não sabia qual seria o ritmo da escola seguinte em que eu estudaria, mas quando Berkeley me aceitou eu chorei de surpresa, era uma pena que não pude comemorar com ela.

Os primeiros meses na Universidade foram divididos entre estudar como um louco e olhar o celular, torcendo para que ela ligasse. Até que Emmett resolveu intervir e começou a me arrastar para as festas da Universidade. Acabei arranjando algumas namoradas para fazê-lo parar, eram boas desculpas para fugir das festas, mas os namoros não duravam muito, elas logo percebiam que eu não retribuiria nunca seus sentimentos. Isso e eu havia chamado algumas de Isabella.

E então quando a Universidade acabou, eu tinha a opção de ir para qualquer lugar do mundo, ou continuar na Califórnia. Então eu fiquei. Pois eu sabia que o mar ia trazer ela para mim.

Quando eu e os garotos resolvemos comprar um apartamento, Santa Monica foi nosso destino. A cidade tipicamente turística tinha tudo que precisávamos, era movimentada por causa do Píer, mas tinha a tranquilidade que só uma cidade litorânea podia proporcionar.

Eu não podia negar que tinha uma vida boa. Trabalhava com o que eu gosto, tinha dinheiro o suficiente para viver confortavelmente, bons amigos, conseguia tocar nos finais de semana. Eu não podia pedir mais, mas mesmo assim eu o fazia. Eu queria Isabella, sempre quis e o tempo não mudou esse fato.

E apesar de esperar pacientemente Isabella me encontrar, eu não tinha certeza de que ela viria até mim. Planejava tentar achá-la em algum momento se o mar não a trouxesse para mim, mas no momento eu estava acomodado com a minha vida. Então quando naquele sábado à noite, tão comum, eu a vi de cima do palco, tão perto, respondendo aos meus sorrisos irônicos com sorrisos sinceros, tive vontade de beijá-la ali mesmo.

Quando ela desatou a falar, sobre o como ela havia sido idiota e medrosa por me dar um fora, sobre o rumo que sua vida havia levado e sua decisão de retomar as rédeas de sua vida. Minha razão nem ao menos sussurrou para fazê-la sofrer, eu apenas a queria de volta para mim, fazer joguinhos não seria útil pra nenhum de nós. Eu a amava, ela retribuía o sentimento, então para que guardar para si?

Mais tarde naquela mesma noite, Bella conheceu Jasper e Emmett, ou os garotos do cabelo colorido, como ela havia apelidado meus amigos. Eles se deram bem quase que instantaneamente, com Emmett fazendo piadas sobre eu parar de chorar a noite e Jasper a tratando como se fosse sua amiga a anos. Aquilo para mim foi um sinal claro de que era para acontecer.

E então quando as amigas de Isabella chegaram, foi tão estranho e familiar ao mesmo tempo.

Alice era pura luz e energia, sempre com ideias do que fazer nos finais de semana em que eu e os garotos não íamos tocar, ou que ela não iria ter algum evento. Rosalie era força e determinação, ela era divertida e ao mesmo tempo séria, um segundo estava fazendo piadinhas com teor sexual e no segundo seguinte estava dando bronca por alguma bagunça. O que acabou fazendo com que a contratássemos — eu, Jasper e Emmett — para trabalhar na Roar.

E eu ainda era extremamente grato pelas duas terem cuidado da minha Bella enquanto eu estava longe. Elas com certeza tinham alguns pontos comigo.

— Babe, você tá bem? Tá parado olhando pra essa parede faz 15 minutos. — disse Bella tirando-me dos meus devaneios.

— Só estou pensando. — Dei dando de ombros.

— Em mim? — perguntou sorrindo.

— E quando não estou pensando em você, Bae? — retruquei espelhando seu sorriso.

— Bom mesmo — respondeu me dando um selinho.

Ela se afastou, indo mexer no rádio que logo começou a tocar Bad Liar da Selena Gomez. Ela deu um gritinho de animação e começou a dançar pela sala, dublando a canção, pois sabia que era uma coisinha desafinada. Ela era linda, mesmo com o cabelo preso no alto da cabeça e a minha camiseta, toda manchada de tinta. Mas quando ela sorria, ah, meu mundo parava por alguns instantes.

Ela não havia voltado a chorar desde a nossa conversa e a cada dia que eu a via, ela parecia ainda mais feliz, Alice e Rosalie diziam que nunca haviam visto ela tão animada.

Eu sabia que a mudança não era apenas por minha causa, a troca de trabalho havia feito grande parte da transformação. Estava tão animada com a clínica de saúde mental e apesar do clima constantemente pesado, parecia sair realizada de cada dia de serviço, coisa que percebi nas vezes em que a busquei na clínica.

Mas ela não era a única que havia mudado, eu sentia a minha própria mudança. Eu contava os segundos para vê-la, queria encontrá-la todos os dias, aproveitava cada instante ao seu lado, sozinho ou com nossos amigos. Queria ver Renée e Charlie novamente, queria levá-la pra Orlando para ver meus pais, que finalmente haviam sossegado em um lugar. Queria tanta coisa, mas por agora eu me contentava com passar o dia pintando seu apartamento.

— I'm trying, I'm trying*... Not to think about you**... — cantou Bella para mim desafinadamente.

— Você sabe que pode pensar em mim. Eu já penso em você.

— Eu sempre penso em você também. Mas gosto dessa música — disse Bella mexendo os quadris.

— Oh, with my feelings on fire**...  — cantei de volta pra ela, entrando em sua dança.

A música foi trocada por outra música dançante e continuamos a dançar, aproveitando a pausa. Alice e Jasper na cozinha pareciam não ligar para nossa bagunça.

— Ela é um bebê e tá morando com o namorado — falou Emmett abrindo a porta, sacolas com mais tinta nas mãos.

— Um bebê que é dois anos mais nova que você e mora com ele desde a faculdade — retrucou Rose.

— O que tá acontecendo? — perguntou Bella interrompendo a nossa dança.

— Emmett está sendo infantil, Bree contou pra ele que começou a namorar com o amigo de infância dela e ele está surtando — respondeu Rosalie revirando os olhos.

— Ela é a minha irmãzinha! — exclamou Emm agitado.

— É sua irmãzinha, mas tem 25 anos, um emprego e paga as próprias contas. Sem contar que Riley cresceu com ela e você o conhece bem, preferia um desconhecido morando com a sua irmã? — disse Rose

— Você tem razão, Riley é uma boa pessoa. Eu não deveria estar surtando.

O namoro de Bree era a prova viva de que o mundo era minúsculo, a irmãzinha irritante de Emmett era melhor amiga e agora namorada de Riley, o cara da balada que incentivou Bella a me procurar. A coincidência era enorme e nós estávamos surpresos, mas o destino era algo engraçado e eu estava feliz por isso, Riley era bacana e havia dado um empurrãozinho.

— Viu? Eu estou sempre certa — disse Rosalie rindo. — Eles se conhecem a anos e já moravam juntos antes de namorarem, estranho seria nós dois morando juntos.

— Mas nós somos namorados — argumentou Emm.

— Não enquanto você não pedir — cantarolou Rose andando para cozinha.

Outra coisa estranha da interação fácil entre nossos amigos, Rose e Emm. Fazia um pouco mais de um mês que Alice e Rosalie haviam chegado na Califórnia e 3 semanas que os dois estavam ficando. Começaram com provocações no instante em que se conheceram e logo começaram a se beijar pelos cantos. Eles eram puro fogo e gasolina, no começo tive medo que acabasse dando errado, mas mesmo tão recente não parecia que daria.

Alice e Jasper eram mais tímidos, eu havia apostado com Bella que em até 6 meses eles teriam ficado, mas Bella apostava em mais tempo. Havia faísca, troca de olhares e sorrisos bobos, mas os dois eram medrosos e não assumiam que queriam um ao outro.

— Ah, encontramos a Anne subindo a escada, ela pediu pra vocês cuidarem da Nina semana que vem, porque ela vai visitar os pais e apresentar o Alec. Prometeu trazer aquele negócio que usa pra fazer aquele doce de chocolate — falou Emmett.

— Leite condensado, pra fazer brigadeiro — explicou Bella.

A vizinha das garotas, Kawanne, era brasileira e morava com o namorado, Alec. Ela havia conseguido uma bolsa para estudar aqui nos Estados Unidos e acabou ficando. Era bom ter um casal como eles no mesmo andar que as garotas, pelo menos não era nenhum cara invasivo como o velho do primeiro andar. Sem contar que a garota vivia salvando as meninas, que vira e mexe esqueciam algo ligado no forno.

Eu definitivamente estava realizado com a minha vida, por agora eu não precisava de mais nada. Claro que eu pensava em casamento, o anel de esmeraldas que havia sido da vovó Lizzie estava bem guardado na minha gaveta, esperando pra ser de Bella algum dia.

Eu sonhava em vê-la de branco caminhando enquanto eu choraria no altar, curtir uma festa de casamento só pra quem realmente importava e então acordar todos os dias pela frente ao lado dela. Talvez dois ou três filhos, com certeza um cachorro. Mas por agora eu estava feliz pintando seu apartamento junto com nossos amigos.

— Bae, você está viajando de novo — falou Bella.

— Eu só estou pensando em como ter você de volta mudou minha vida — respondi antes que ela perguntasse.

— Pra melhor? — perguntou Bella.

— Com certeza — respondi dando um selinho nela.

Ela logo entrelaçou os braços em meu pescoço e transformou o selinho em um beijo de verdade. Eu adorava o gosto de seus lábios.

— Ei casal, pegação não vai pintar as paredes — disse Jasper nos cutucando e estendendo pincéis.

Passamos o resto do dia pintando a sala, rindo de coisas bestas e planejando o que faríamos quando saíssemos do apartamento, já que as garotas dormiriam no nosso — meu e dos garotos — por causa do cheiro de tinta forte que infestou o apartamento delas.

O píer foi o local escolhido, eu conhecia o lugar como ninguém e havia levado Bella uma vez, de dia, mas Alice e Rose ainda não tinham conhecido o motivo da fama de Santa Monica. A animação era tanta que as garotas se arrumaram rapidamente. Quando Bella apareceu em um vestido azul esvoaçante eu perdi a linha do raciocínio, ela era linda sempre, mas quando vestia azul ela conseguia se superar.

O caminho foi tranquilo, com Alice e Jasper conversando tranquilamente no banco traseiro do volvo e Bella dando pitacos as vezes enquanto eu apenas dirigia e escutava.

Quando encontramos Emmett e Rosalie no começo do píer combinamos um horário e nos dividimos. Alice e Jasper vermelhos por "serem obrigados" a ficarem sozinhos como um típico casal.

Bella pagou nossos hot dogs, pois recusava viver em um relacionamento onde só um dos lados dava dinheiro, enquanto eu paguei por nossos tickets para jogar. Ganhei um leão para Bella e ela retribui o presente me ganhando um cisne e um chaveiro escrito Eu amo Santa Monica.

Perto do horário combinado para sair do píer decidimos enfrentar a fila para a roda gigante, que por um milagre não estava tão cheia. Alice e Jasper estavam logo a nossa frente e pegaram um carrinho perto.

Quando a roda gigante parou bem no alto, ver Alice e Jasper se beijando logo abaixo de nós não foi algo surpreendente, era tão esperado que acabamos os imitando.

Os lábios de Isabella nos meus tinham gosto de algodão doce, tão doce como o amor que eu sentia por ela. Era cedo, muito cedo, mas eu não tinha mais medo de que o que aconteceu anos atrás se repetisse.

Eu amava Isabella e ela me amava de volta. Viveríamos juntos e a Califórnia seria nosso lar, nos dias frios eu a deixaria quente, nos dias tristes ela me faria sorrir e todos os dias nós nos esforçaríamos para ser o melhor para o outro.