Quando já era tardinha, os Black foram embora, eu e Roger fizemos um muxoxo em conjunto quando Bec e Jake entraram no carro, eles também pareciam tristes. Desde que Roger e Bec noivaram, eu me aproximei muito mais de meu primo, ele havia passado grande parte da vida na América Latina, por isso pouco convivíamos, mas agora era diferente e eu estava conhecendo melhor meu estimado primo.

- Sabe Ness... – ele começou. – Acho que esse meu noivado, vai dar muito certo, Bec é uma mulher formidável.

- Sim, ela é maravilhosa. – eu disse.

- Ela me lembra muito você! – ele falou.

- A mim?

- Sim, ela é meiga e carinhosa, e muito bonita, sem contar que é muito bem instruída. – explicou.

- Bom obrigado pelos elogios primo. – pedi.

- Não há de que. – respondeu.

- Eu sempre a admirei, e sempre a tive como um ideal de mulher, então acho que Bec é perfeita, e me afeiçôo muito a ela. – ele disse.

- Na verdade, acho Bec uma mulher de muita personalidade. – comentei.

- Sim, e eu gosto disso, ela não é submissa as minhas vontades. – retrucou.

- Hm, isso é bom? – perguntei. – Digo, porque a maioria dos homens não gosta de mulheres que tem idéias próprias, ou que não concordem com as dele.

- Isso é bom, ela é uma parte disso tudo, e não quero parecer dono dela, quero que tudo seja feito em conjunto. – respondeu.

Fiquei surpresa por ele falar assim, a maioria dos rapazes queriam se casar para ter alguém em quem dar ordens sem pagar nada. Roger me surpreendia cada dia mais, quando foi comprar o presente de Bec e me levou, disse que queria que fosse perfeito para ela e que eu a conhecia bem e saberia do que ela iria gostar.

Bec assim como toda mulher, gostava das mais belas jóias, que por conseqüência eram as mais caras, mas Roger não se importou com o preço para ele o que importava era o que Bec iria achar.

- Bom Bec é uma mulher de sorte. – falei.

- Eu também tenho sorte. – retrucou sorrindo. – Sabe Ness, um dia mais a frente quando eu e você já formos casados, e quem sabe tivermos até filhos, quem sabe não passemos uma temporada em minha casa de praia.

- Casa de praia? – eu nem sabia que ele tinha uma.

- Sim, é em Cancun, um lugar maravilhoso, você sempre gostou de sol, tenho a impressão de que irá adorar. – respondeu.

- É uma ótima idéia. – falei.

Entramos em casa e fui para meu quarto, iria ler um pouco e depois mamãe chamaria para o jantar. Ouvi passos apressados no corredor. Pelo barulho dos sapatos era uma mulher, e pelo jeito autoritário com que andava era mamãe.

- Precisamos conversar. – ela disse me arrastando para o quarto.

- Ah, mamãe, me perdoe por falar com você daquela forma, mas a senhora nos ofendeu. – pedi entrando no quarto.

- Filha, não faço isso para seu mal. – ela respondeu.

- Eu sei, mas a senhora foi muito mal educada com Jake e comigo também. – retruquei.

- Querida, sente-se aqui. – ela disse batendo no assento do sofá em que estava.

Sentei-me ao seu lado e ela pegou minhas mãos. Ela parecia apreensiva e envergonhada.

- Filha, quando eu tinha a sua idade, - ela começou. – estava noiva de um rapaz irlandês. Nós nos amávamos e sonhávamos em criar uma vida inteira juntos. – prosseguiu. – Um ano antes do casamento, me deixei levar e me entreguei a esse rapaz. Depois disso ele me largou, foi embora para a Europa e nunca mais voltou. Durante meses eu mandei cartas, implorando para que ele voltasse, mas nada. Ele nunca mais voltou. – terminou.

Fiquei um tempo ponderando o que mamãe havia acabado de me contar, ela já fora noiva antes de papai e não se preservou para o casamento. Eram coisas muito graves, desconfiei sobre papai saber dessa façanha de mamãe, e também sobre eu ser filha dele.

- Eu não quero que lhe aconteça o mesmo, meu amor. – ela disse afagando-me as mãos. – Seu pai foi muito bom pra mim, ele me amou e aceitou o fato de eu não ser mais virgem. Apesar dos pesares ele me amou e me quis, mesmo eu já tendo sido de outro homem antes dele.

- Mamãe, - chamei-a. – eu sou filha de outro homem?

- Mas é claro que não meu amor, eu só engravidei um ano e meio depois de meu casamento com seu pai. – respondeu.

Um alivio me tomou naquele instante, imaginar que eu poderia não ser filha do homem que me criou. Imaginar que eu poderia não ser uma Cullen, ser uma bastarda. Suspirei tamanho era meu alivio por saber que aquele que me deu amor, e me ensinou tantas coisas era de fato meu pai.

- Querida, você me entende agora? – ela perguntou. – Eu não tenho absolutamente nada contra Jake, ele é um rapaz maravilhoso, mas as pessoas mudam Ness. Seus valores mudam, e eu não quero que você passe pelo que eu passei, até porque você pode não ter a mesma sorte de encontrar um rapaz que lhe ame acima de tudo e não se importe em você ter pertencido a outro. – explicou.

- Sim, mamãe, eu a entendo. – falei.

- Ok querida. Bom desculpe se fui rude, e peça perdão a Jake por mim. Mas por favor, não conte essa historia a ninguém. – pediu.

- Pode deixar mamãe. – falei beijando-lhe a face.

Ela saiu do quarto e eu pus-me a pensar sobre tudo, eu entendia o desespero de mamãe, depois do que ela havia passado coitadinha. Mas no fim das contas tudo se resolveu e hoje ela e meu pai são muito felizes, e eu serei também, ao lado do homem que amo.