O jantar na casa dos Black era uma celebração da volta de Jake. Meu Jake! Ele fez questão de me apresentar a todos os seus amigos da Europa que haviam vindo com ele no navio, mas que amanhã já voltariam para suas casas, que ficavam aqui nos estados unidos mesmo. Durante todo o jantar estivemos juntos, uma sensação que a muito eu não tinha.

- Porque não leu minhas cartas? – ele perguntou no fim da festa quando os convidados já iam embora.

- Tive medo do que pudesse estar escrito nelas. – respondi.

- O que fez com elas? As queimou?

- Não. Guardo todas elas, prometi a mim mesma que um dia as leria. – falei.

- Ness! – me chamou mamãe. – Vamos querida!

- Tenho que ir. – falei.

- Quando vou te ver outra vez? – ele perguntou com os olhos tristes perdendo o brilho.

- Não sei, pode ligar quando quiser. – respondi.

- Venha! – disse puxando-me pelo braço.

- Aonde vamos? – perguntei enquanto corríamos.

- Aqui! – respondeu nos escondendo atrás de um arbusto.

- O que estamos fazendo aqui? - perguntei.

- Eu preciso de algo. – ele falou.

- De que?

- Disso! – falou colando seus lábios aos meus.

Ah, como sentira falta daquela sensação. Seus lábios se movendo junto aos meus, era maravilhoso. Seu hálito quente se misturando ao meu, sua língua passeando por minha boca, seu gosto me invadindo. Minhas pernas ficaram fracas e eu quase cai, mas Jake me segurou pela cintura, sem separar seus lábios dos meus.

O prazer em ter seus lábios junto aos meus e seu corpo assim tão perto, me dominou. Envolvi meus braços em seu pescoço na tentativa de puxá-lo mais para mim, mas isso era impossível. Nosso beijo era quente, ele me apertava contra si e acariciava minhas costas e minha cintura.

Nunca havia beijado daquela forma, o ar me faltava, mas de maneira alguma eu desgrudaria minha boca da dele. Foram dois anos sem seus lábios, e por mim eu poderia morrer asfixiada por seus lábios. Ele parou e eu gemi em protesto o fazendo rir.

- Calma meu amor, eu ainda vou beijá-la muito. – ele disse em meu ouvido.

- Eu quero mais, muito mais. – falei com a voz mole, pois mal me agüentava de pé.

- Eu também minha linda amada, mas agora seus pais devem estar a sua procura. – ele respondeu.

Dei-lhe mais um beijo e saímos correndo e entrando pelos fundos da casa.

- Onde vocês estavam? – perguntou mamãe assim que eu e Jake entramos na sala.

- Os deixe Bella, estavam matando as saudades. – adverteu papai, sorrindo e piscando pra mim.

Ruborizei como sempre, Jake somente deu uma risada baixa e colocou as mãos em minhas costas. Tia Rosalie chamou os Black para almoçarem lá em casa amanhã, ela disse que queria acertar os assuntos do casamento entre Bec e o filho mais velho dela, meu primo Roger.

Eu claro adorei a idéia, pois assim veria Jake e poderia passar um tempo com ele, matando toda a saudade que sentia de seus beijos, seus abraços e suas palavras bonitas.

Despedi-me dos Black e entrei no carro. Mamãe me olhava torto a cada cinco minutos, e eu nem sabia por que, mas também não me importava, estava tão feliz com a volta de Jake e os esclarecimentos de nossos problemas, que nem reparei se fiz ou disse algo errado. Ao chegar em casa, mamãe me agarrou o braço e saiu me arrastando para o quarto dizendo que precisava falar comigo.

- Como você se põe a um papel desses Renesmee? – ela perguntou com um tom indignado em sua voz.

- Do que está falando mamãe? – perguntei tirando os sapatos e as jóias que usava.

- Do que estou falando? Você estava embrenhada atrás de uma moita com um rapaz, o que quer que eu pense?

- Ah, mamãe, nós não fizemos nada demais, por enquanto. – respondi.

- Como assim, por enquanto? – ela perguntou. – E o beijo que ele deu na filha dos Clearwater?

- Mamãe, você mesma se recusou a falar com o papai sobre anular o noivado entre mim e Jake. – lembrei-lhe. – E no fim das contas tenho que lhe agradecer por isso.

- Pois continue se agarrando com ele dessa maneira e ele perderá o interesse em você e talvez falte com sua palavra. – ela disse.

- O que está insinuando mamãe? – perguntei-lhe.

- Você tem de por limites minha filha. – ela disse. – Se você ceder e der a ele o que ele quiser, pode ser que depois de ter ele não queira mais se casar.

- Não entendo. – retruquei.

- Faltam dois anos para o casamento, se continuarem nesse ritmo você cederá a ele antes do casamento, - explicou. – E se depois de tê-la ele resolver não casar?

- Jake não faria isso. – falei.

- Quem sabe, minha filha. Quem sabe... Ele deve ter tido mulheres na Europa, e os homens não gostam de ficar muito tempo sozinhos, se é que me entende. – falou.

- Mamãe! Está sendo grosseira! – ralhei.

- Falo isso porque sou sua mãe, e quero seu bem. – ela disse. – Pense nisso.

Fui tomar um banho, mas as palavras de mamãe de jeito algum saiam de minha mente. Amanha conversaria com Jake e falaria com ele sobre esse assunto. Deitei-me e demorei meia hora para que conseguisse pegar no sono, mamãe conseguira mexer comigo.

(no dia seguinte...).

Já estava quase na hora do almoço e pela sacada de meu quarto pude ver o carro da família Black estacionar em nossas terras. Voltei para dentro do quarto e me olhei no espelho, estava linda como de costume. Vestido bege na altura dos joelhos, sapatos no mesmo tom, cabelos presos e brincos de perolas.

Ah, havia esquecido, o anel que Jake houvera me dado. Peguei-o dentro de meu baú de jóias e o pus em seu devido lugar, meu anular direito. Ouvi batidas na porta e me dirigi até ela para abri-la. Era Bec, ela tinha um enorme sorriso em seu rosto, entrou sem pedir licença, pois já era como de casa, e logo, logo essa seria mesmo sua casa, já que ela se casaria com meu primo Roger daqui a três anos, um ano depois de meu casamento com Jake.

- Você não irá acreditar! – ela disse sentando-se em minha cama.

- Em quê eu não irei acreditar? – perguntei-lhe sentando-me no pufe se minha penteadeira.

- Sua tia Rosalie, disse-me que Roger comprou-me um presente! – falou.

Ah, sim. Eu sabia o que era eu mesma ajudei Roger a comprá-lo. Saímos ontem na semana passada, ele havia me levado à galeria de lojas da cidade para que comprássemos um presente para sua querida noiva, no caso Bec.

Ele havia comprado uma pulseira com diamantes esmeraldas e rubis. Um verdadeiro tesouro, Bec com certeza seria uma esposa com muitas regalias, já que herdaria por direito as jóias da família Cullen. Jóias que antes eu usaria em meu casamento.

- Sim, eu sei. – respondi.

- Ah, como assim? E não me disse nada! – ralhou.

- Roger quer surpresa, por isso quando ele der o presente finja que não sabia. – recomendei.

- Ok, mas então o que é? – perguntou-me.

- É surpresa! – brinquei.

- Ah, Ness!

- Desculpe, mas não posso lhe dizer. – falei.

- Isso é muito injusto! – disse manhosa.

- Eu sei, mas não posso faltar com minha palavra, e alem do mais ele me comprou esse vestido para que eu me calasse! – falei girando em torno de mim mesma, mostrando-lhe o vestido.

- Você o subornou? – perguntou-me.

- Mas é claro que não! – respondi. – Ele disse que me daria um agrado por eu ser sua cúmplice.

- Não creio nisso! Ness você é a minha melhor amiga! – disse.

- Eu sei, e é por isso que digo: não se preocupe você ira gostar, mas faça cara de surpresa! – falei. – Agora vamos descer!

Descemos as escadas que davam acesso à sala, Roger me olhava como se perguntasse algo, deduzi que era sobre a pulseira que ele houvera comprado para Bec, fiz que não com a cabeça, dando-lhe a entender que não havia falado nada.

Jake estava conversando com Roger, por tanto estava de costas pra mim, quando notou o olhar fixo de Roger se virou, e quando me viu abriu um enorme sorriso que fez meu coração transbordar de amor.

Roger, Jake, Bec e eu, fomos passear no jardim, mamãe me deu mais um olhar torto antes que eu me retirasse. Lembrei do que ela havia me dito noite passada, não poderia adiar esse assunto com Jake, por tanto teria de engolir a vergonha e ser direta.

- Jake. - chamei-o quando Roger e Bec se afastaram um pouco de nós.

- Sim, meu amor!

- Am, é um pouco constrangedor falar, mas... – tentava dizer quando ele me interrompeu.

- Pode me dizer qualquer coisa. – disse ele sorrindo.

- Mamãe disse para eu não te beijar mais. – falei.

- Como assim? – perguntou com uma ruga na testa, o que eu achei lindo.

- Bom, ela não disse exatamente isso. – respondi. – Ela disse para eu não der tudo o que você quiser, pois você vai perder o interesse em mim.

- Minha linda, eu nunca vou perder o interesse em você. – falou sorrindo pra mim.

- É, mas eu pensei bastante no assunto e acho que ela tem certa razão. – falei.

- Como assim? Você não quer mais me beijar?

- Não, não é isso. É só que ainda faltam dois anos para o nosso casamento, e acho que deveríamos ir mais devagar. – expliquei.

- Calma aí, acho que estou começando a entender - ele disse. – Você está pensando que eu me aproveitaria de você, é isso?

- Não, claro que não! – respondi. – Mas mamãe disse que você pode ter tido outras mulheres na Europa, e também disse que vocês homens não gostam de ficar sem uma mulher por muito tempo.

- Nessie, você está me ofendendo. – ele disse com um tom de indignação na voz.

- Desculpe, não é a minha intenção. É só que tenho medo. – falei.

- Não precisa ter medo, não tocarei em você. – respondeu indiferente.

Acho que o magoei com minhas palavras. Mas eu precisava dizer, sabia que ele não era um aproveitador, mas se não tivesse essa conversa com ele isso me atormentaria muito.

- Jake, desculpe se te ofendi, não foi a minha intenção. – pedi.

Ele se sentou em um banco na grande varanda e ficou olhando o céu. Sentei-me ao seu lado e lhe toquei o ombro.

- Jake, me perdoe, de verdade, sei que não é um aproveitador. E não dou razão a mamãe, não concordo com ela. – expliquei.

- Eu não entendo. – ele disse. – Eu fiquei dois anos longe, não te vi, não te toquei, passei esses dois anos atormentado sem saber o que havia acontecido para você ficar chateada comigo. E quando eu volto você insinua que eu quero me aproveitar de você.

- Não estou insinuando nada, por Deus! Jake, eu só disse isso porque sei que provavelmente você teve outras mulheres na Europa, - falei. – e eu me sinto insegura, pois não posso lhe dar o que elas talvez houvessem dado a você.

- Eu jamais deixaria de me casar com você por isso. – explicou.

- Eu sei disso. – respondi.

- Então qual é o problema? – ele perguntou.

- Só quero que não avancemos muito rápido. – disse.

- Se era só isso... – ele deu de ombros.

- Venha! – disse pegando sua mão e me dirigindo para a escada externa.

- Aonde vamos? – ele perguntou.

Não respondi, continuei andando, a escada externa dava acesso a um dos corredores do segundo andar e era exatamente o corredor de meu quarto. Entrei no quarto puxando-o comigo, fechei a porta atrás de nós, soltei sua mão e me dirigi ao armário de vestidos.

- O que vai fazer? – ele perguntou.

Peguei a caixa rosa, onde guardei todas as suas cartas, as leria agora, ao lado dele.

- Vou ler suas cartas. – respondi.