Hoje teríamos um jantar na casa dos Black, eu freqüentava a casa assiduamente, pois era muito amiga de Bec, na verdade acho que de uns tempos pra cá, ela havia se tornado minha melhor amiga. Jacob continuava a me mandar cartas, cartas que nunca abri ou respondi. As guardava em uma caixa rosa no fundo de meu armário.

Com passar dos anos fiquei mais vaidosa, agora na flor de meus dezessete anos usava decotes e vestidos acima dos joelhos. Também passava maquiagem, há pouco mais de um ano fazia tênis e dança de salão na academia dos arredores, devido a isso meu corpo tomou formas mais exuberantes e chamativas.

Muitos homens nos clubes que freqüentava me cobiçavam, mas eu jamais dei chance a nenhum deles, pois eu era prometida a um homem, e mesmo que esse tenha faltado ao seu compromisso a mim, eu não faria o mesmo.

Depois de um relaxante banho, ajeitei o cabelo solto que agora me caia pelas costas, os cachos cor de cobre, como dizia minha tia Rosalie. Maquiei-me e me vesti. Um vestido preto de tecido leve, que ia uns dois dedos acima dos joelhos, com uma fenda generosa no busto. Peguei minha bolsa e fui para o carro.

Ao sair docarro na porta da casa dos Black, havia vários rapazes nos lugar, todos me olhavam e cochichavam sobre mim. As moças tentavam achar algum defeito, me olhando de cima a baixo. Bec que agora era noiva também apareceu na porta e me chamou para entrar. Ela ainda não estava pronta e queria minha opinião para que a ajudasse a escolher seu vestido.

Fomos ao seu quarto e lá ficamos até que ela estivesse pronta. Ao descer as escadas um homem forte e robusto, de pele morena estava sentado no primeiro degrau. Era Jacob, eu tinha certeza, eu o reconheceria em qualquer lugar do mundo. Quando cheguei perto ele se levantou e me olhou preocupado.

- Nessie! - ele exclamou surpreso.

- Quer saber, vamos passear no jardim, precisamos mesmo conversar. – respondi ríspida dando continuidade a nossa ultima conversa de dois anos atrás.

Sai para o jardim com Jacob em meus encalços. Ele parecia apreensivo. Olhei o anel que ele havia me dado dois anos e meio atrás. Nem ao menos fazia idéia do porque eu ainda o usava, acabei por contar a todos que eu havia comprado o anel em uma de minhas compras com amigas do curso de professora que eu fazia.

Eu queria ter forças pra jogar o anel na cara dele e lhe dizer que jamais queria vê-lo outra vez, mas tudo que conseguia nesse momento era segurar minhas lagrimas, que já estavam prontas para cair.

- Nessie, por favor, eu estou ficando preocupado. – pediu.

- Por que fez isso Jacob? – perguntei com a voz embargada pelo choro preso.

- O que eu fiz? – ele perguntou.

Cínico pensei, ainda tinha a audácia de me questionar o que havia feito, ele não tinha o mínimo de vergonha? Onde já se viu brincar com meus sentimentos daquela maneira, chegava a ser cruel de sua parte.

- Você ainda pergunta? – falei indignada parando de andar e me virando para ele.

- Mas Nessie, eu não sei do que você está falando. – ele disse. – Olha, façamos assim: eu lhe digo o que tenho para dizer, e depois você me explica o que você quer dizer Ok? – indagou. – É que o que eu tenho a dizer é muito sério.

Apenas assenti e esperei para ver quais os absurdos que ele me diria desta vez. Ele limpou a garganta e nos conduziu até um banco no jardim, sentei-me e ele se pos a meu lado.

- Bom Nessie. – ele começou. – Antes de eu ir embora para a Europa, aconteceu algo realmente desconfortável. – continuou. – Eu não quero que tire conclusões precipitadas, por isso eu mesmo decidi lhe contar, mas infelizmente não foi possível, pois viajei e você nem ao menos foi se despedir de mim. E acho que você nem se quer se deu ao trabalho de ler minhas cartas. – ele disse. – Bom, pelo menos foi o que Bec me dissera. – prosseguiu. – Não suportaria se você achasse que fui infiel ou algo do tipo, o que sinto por você é verdadeiro e puro, jamais mentiria para você.

Pensei comigo mesma: “Será mesmo que jamais mentiria? Então o que foi que fez todo esse tempo?”. Mas resolvi não verbalizar esse pensamento.

- O que aconteceu foi que a Leah Clearwater me beijou. – ele disse.

Olhei-o espantada, ele estava me contando que haviam se beijado? Estava assumindo o que eu havia visto.

- Nessie? Você está bem? – ele perguntou. – Olha eu sei que parece que eu trai você, mas saiba que eu só aceitei o beijo, pois Leah havia chorado na biblioteca, dizendo que me amava. – explicou. – Eu fiquei com pena, e quando ela disse que queria um único beijo, achei que não fosse tão ruim assim. – terminou.

- Então você, não a beijou por que não me ama? – perguntei atordoada.

- Mas é claro que não, minha amada. – ele disse acariciando-me a face. – Eu sempre a amei. Você é a minha Nessie, minha linda amada.

Senti meu corpo fraco, não sabia nem ao menos o que pensar. Estava completamente fora de mim. Olhei nos olhos de Jacob e ali havia amor, ternura, verdade e medo. Medo de que talvez eu não acreditasse em suas palavras, mas eu não podia não acreditar.

Eram palavras verdadeiras e disso não havia duvidas, Jake falava a verdade. Abracei-lhe com todas as minhas forças. Não consegui mais segurar as lagrimas e elas escorregavam por meu rosto borrando minha maquiagem. Ele afagava-me as costas e beijava-me o ombro, como ele sempre fazia. Como havia sentido falta daquilo. Falta de seus lábios, se pudesse o beijaria ali naquele momento, mas seria escandaloso demais, para uma moça de minha idade.

Não sei quanto tempo ficamos ali abraçados, mas não me pareceu tempo suficiente para tirar de mim toda a culpa que sentia por não ter lido suas cartas ou vindo me despedir dele no dia em que partiu.