Bem Me Quer escrita por Maitê Miasi


Capítulo 8
Hoje A Noite Não Tem Luar


Notas iniciais do capítulo

Amoreeees, mil desculpas pela demora, é que difícil conciliar a escrita com uma bebê de seis meses (bom, pra quem não sabe, tenho uma linda neném de seis meses que ta tocando o terror) e ainda tava com um bloqueio, mas não fiquei nenhum pouco feliz com essa demora, perdoem a pessoa aqui :).
Espero que gostem. Aproveitem ♥



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[... Nunca havia sentido algo assim
A vida me manteve sempre em paz...

Tua pele envenenou meu coração
Me deixando em completa escuridão
E assim no lugar de te esquecer
Eu estava querendo muito mais...”]

 

****

Chico.

O quê?! Não acredito que minha mãe resolveu aparecer naquele exato momento, merda!

— Francisco! – Senti um tapa no meu pé. – Chico, acorda!

Era um sonho? Ah não, nada daquilo era verdade, tudo não passava de um sonho. Abri meus olhos e encontrei minha mãe parada me olhando, provavelmente eu estava com a decepção estampada na minha cara, por que ela tinha que aparecer e acabar com meu sonho?

— Que foi mãe? – Perguntei, com raiva, claro. – Qual o motivo desse escândalo todo?

— Escândalo? Que escândalo Chico? Eu tava indo beber água, e ouvi um barulho estranho, quando fui ver, era você dormindo.

Ela disse na maior inocência, e eu corei.

— Que barulho mãe? A senhora tá ficando caduca já. — Revirei os olhos.

— Não tô não! – Se defendeu. – Era um barulho meio assim “ai, ham...” – imitou – parecia um gemido, verdade.

Corei mais ainda.

— A senhora viu que não tem nada de errado, não é? Então já pode ir dormir. — Me cobri com o cobertor, e virei para o lado oposto ao dela.

— Tá bom, tô indo. – Ela veio até mim, e deixou um beijo no meu cabelo, seguido por sua benção. – Durma bem meu filho. – E se retirou.

— Eu dormiria muito bem se a senhora não estragasse meu sonho. — Resmunguei.

...

Depois da bendita interrupção da minha mãe, eu demorei a pegar no sono, mas ainda tinha a esperança de voltar a sonhar com a minha prima, porém aconteceu totalmente ao contrário, sonhei com mato, cavalos, e outros bichos, e a noite ainda demorou a passar, somente pra me deixar mais alegre.

Na manhã seguinte, estávamos minha tia, minha mãe e eu a mesa tomando café, conversando normalmente, minha tia preferiu que Diana ficasse no quarto de repouso. Eu já havia esquecido o ocorrido da noite anterior.

— Valquíria, esse bolo de fubá que você fez está estupendo! — Comentou minha tia com farelos do bolo no canto da boca.

— Ah, que isso Ana, está como todos os outros. — Disse ela com um sorriso simples.

— Deixa de coisa mãe, a senhora sabe que tá bom. — Falei acabando com a pose modesta dela.

Conversa ia e vinha, e instantes depois, Diana apareceu na cozinha, com a ajuda de um par de muletas, deixando minha tia de cabelo em pé, em contrapartida, sua face expressava a pureza dos anjos.

— Diana, você enlouqueceu? O que você tá fazendo aqui? Era pra estar fazendo repouso! — Ela foi até a filha, e a ajudou a sentar.

— Mãe, calma, eu tô bem!

Tia Ana a encarou.

— Sério mãe, eu tô bem — ela ajeitou as muletas do lado da cadeira — eu só não aguentava mais ficar enfurnada naquele maldito quarto.

— Pode dormir na sala se preferir. — Retruquei.

— Tem certeza filha? — Ela perguntou preocupada.

— Sim mãe, fica tranquila tá. Não vai ser uma cobrinha que vai me fazer ficar trancada num quarto, em cima de uma cama. — Suas palavras tranquilizaram sua mãe.

— Depois dessa história toda, eu fiquei com pena mesmo foi da cobra, não teve chance de se defender, e aposto que morreu após picar você, por causa do seu veneno, Diana. – Impliquei.

— Nossa Chico – ela se ajeitou na cadeira, colocando um pedaço do maravilhoso bolo de fubá da minha mãe no seu prato – nem parece que você estava desesperado, com medo que eu morresse, fazendo promessas a todos os santos pra que eu vivesse. Até que você sabe fingir bem, agora, não sei se fingia antes, ou tá fingindo agora. – Concluiu levando o garfo a boca.

— Ai, ai, começaram as provocações, acho que as coisas estão voltando ao normal. — Minha mãe especulou, se pondo de pé e levando algumas louças até a pia. – Ana, me acompanha até o mercadinho?

— Claro.

As duas saíram, e nos deixaram a sós.

Nós dois seguimos calados, até que eu resolvi quebrar o silêncio.

— Que foi?

— Que foi o quê? – Ela me olhou com os olhos semicerrados.

— Você, tá muito quieta. – Comi um pedaço de bolo, outro na verdade.

— Não tenho nada pra falar. – Ela ingeriu um gole do seu café, e voltou à atenção a mim. – Já ouviu falar que quem fala pouco, erra pouco?

Novamente um pequeno silêncio surgiu entre nós, mas ela resolveu dissipa-lo dessa vez.

— Você não deve tá muito feliz, né? – Ela não me olhou ao perguntar, o que me deixou encucado.

— Por quê? – Devolvi sua pergunta, enquanto colocava umas louças na pia.

— Porque a víbora da sua priminha saiu dessa sã e salva, e sem nenhuma sequela.

Eu a olhei sem acreditar que ela tinha dito isso, mas respondi do meu jeito, claro.

— Diana, eu não tenho coragem de desejar a morte de uma barata insignificante, que dirá a sua. – Eu fui até ela, rindo, e dei um beijo nos seus cabelos. – É cada coisa que essa gente inventa.

Saí dali rindo, e ainda a escutei resmungar alguma coisa:

— Idiota!

...

Diana.

Após um dia cheio e cansativo (sem fazer nada), resolvi ir pro quarto, descansar um pouco (porque já estava cansada de não fazer nada). Minha mãe havia se esquecido de que eu era maior de idade, que minhas vacinas estavam em dia (bom, eu acreditava que estivesse) e que sabia, na pior das hipóteses, responder por mim, mas ela ainda fazia questão de “zelar pelo meu bem estar” e não permitiu que eu saísse de casa. Eu era livre pra ir do quarto pra sala, da sala pra cozinha, da cozinha pro banheiro, e do banheiro pro quarto, um círculo vicioso entediante, e ainda pior, pois passei o dia praticamente sozinha.

Meus pensamentos voavam longe, sem nenhum destino certo, eu já estava até me esquecendo do meu tornozelo que tanto latejava, e me deixava agoniada. A brisa fresca que vinha da janela estava fazendo minhas pálpebras pesarem, e quando eu já estava me dando por vencida, um toc toc me despertou.

— Entra. – Respondi sem saber de quem se tratava.

— Incomodo?

Minha mãe entrou e deu um empurrãozinho na porta, que fechou, veio até onde eu estava, com um sorriso bem característico dela, e ficou de pé na minha frente.

— Claro que não mãe – eu me sentei, dando um espaço pra ela se juntar a mim na cama – a senhora nunca incomoda. Mas aconteceu alguma coisa?

— Não meu amor, na verdade vim ver se você tá chateada comigo, por não ter te deixado sair de casa.

Seu semblante era um pouco preocupado. Eu acabei rindo da situação, e um V se formou entre as suas sobrancelhas.

— Como se eu pudesse ficar chateada com a senhora, né dona Ana – ela finalmente sorriu, e eu junto – claro que eu não gostei nem um pouco de ficar presa aqui, mas isso na é motivo pra me chatear.

— Ah que bom, eu vi na sua cara que você não gostou nadinha do que eu disse, mas eu não fiz por mal, eu fiz isso porque quero que você se recupere logo.

— Eu sei mãe – fiz um carinho na sua mão – eu entendo sua preocupação, por isso não reclamei muito, mas fica tranquila tá, eu já tô quase cem por cento.

— Ah, mas quase, não é totalmente, então mocinha, a senhora vai ficar bem quietinha, enquanto não estiver completamente bem. – Ela ordenou.

— Tá bom mãe.

Eu dei uma bela revirada de olhos, enquanto minha senhora ria satisfeita.

...

Alguns dias se passaram, semanas pra ser mais exata, e tudo voltava ao seu curso normal. Eu já andava livremente, sem dores, e sem uma mãe controladora atrás de mim, estava me sentindo como um passarinho, e voava pra todos os cantos. O que voltara ao normal também foi a relação com meu primo, continuávamos como antes, discutindo a cada oportunidade que nos era dada. É, nada havia mudado.

— Escuta Flor, a gente podia ir esse fim de semana nesse showzinho que vai ter no centro da cidade, esses cantores parecem ser bons.

Nós duas conversávamos enquanto ela guardava umas roupas em seu armário, eu sentada em sua cama, com pernas de chinês, comendo pipoca e olhando-a na sua arrumação.

— Até que não é uma má ideia, a gente podia chamar o Chico pra ir com a gente.

— Ah não Flor, não tem necessidade de chamar esse ogro, ele só vai acabar com o nosso passeio.

— Claro que não Diana, ele vai gostar. – Depois de colocar a última peça de roupa no seu devido lugar, ela veio até mim, quase que dançando, toda animada com a possibilidade de levar seu amado conosco. – Por favor, deixa chamar ele. – E se jogou na cama, derrubando um bocado de pipoca.

— Tá, chama o traste. – Revirei os olhos.

— Deixa de ser chata, vai ser legal. – Ela se endireitou e comeu um pouco da pipoca que ainda restava. – Eu tava aqui pensando numa coisa, e quero sua opinião.

— Hum. – Resmunguei coma boca cheia.

— Acho que eu vou pedir o Chico em namoro!

O quê?! Eu não tinha ouvido o que ela acabara de dizer, ela não podia ter dito o que eu pensei que ela tinha dito.

— V-você vai o q-quê? – Indaguei com medo.

— Isso que você ouviu. Chico é um pouco lento, se depender dele, acho que nunca vamos ter nada – “de mim também não” pensei – então acho que vou arriscar.

— Tem certeza Flor? Talvez esteja equivocada.

— Claro que não, estou bem certa do que vou fazer, e graças a minha amiga aqui. – Ela segurou na minha mão com tanta animação, que eu quase festejei com ela.

— Se você acha...

Um misto de raiva, medo e alívio tomava conta de mim. E se ele aceitasse o pedido dela? O que eu faria? Iria ficar sem o meu Chico?

Eu não deveria estar assim, fui eu quem causou tudo isso, eu fiz de tudo pra ela tomasse essa decisão, então não tinha do que reclamar, aliás, era isso que eu queria desde o início, que os dois ficassem juntos, e eu ficasse sozinha, como eu queria, como eu precisava, como havia proposto.

Aquela noite eu não dormi, como eu já esperava, estava ensaiando a melhor das reações, pra quando eles viessem anunciar o tão sonhado namoro. Aprovei algumas, e torcia pra que eu fosse tão boa atriz, a ponto de não dar pinta de que aquela junção, não me agradava em nada.

— Bom dia. – Desejei, sabendo que o meu não seria bom, já que a noite não foi das melhores. – Eu vou dar uma volta, não me esperem pro almoço.

— Tá doida Diana, vai sair sem comer nada! – Minha mãe como sempre... – Aonde você vai uma hora dessas? Tá vindo uma chuva por aí.

— É Diana, tá marcando um temporal daqueles, é melhor você não sair de casa. – Chico se manifestou.

— E daí que vai chover? Eu não sou feita de açúcar! – Respondi sem nenhuma sutileza.

— Claro que não é feita de açúcar, deve ser feita de fel, amarga que nem o cão!

— E o que você tem a ver com isso?  Como se você fosse a meiguice em pessoa, ah, me erra Chico! Vê se toma conta dessa sua vidinha sem graça.

— Escuta aqui Diana...

— Ei, ei, vamos parando vocês dois, vocês não estão num ringue de luta não! – Tia Valquíria interveio. – Diana, vá dar sua volta, vê se não demora, e volta antes da chuva, e você Chico, termina esse café, em silêncio. Não quero saber de discussões de vocês dois aqui dentro, entenderam?

— Sim. – Ele abaixou a cabeça.

— Sim.

Eu respondi, e saí em seguida.

...

Com a cabeça quente, eu andei sem rumo, e acabei chegando ao centro da cidadela, que havia se tornado a minha cidade. Eu ainda não acreditava que tinha brigado com Chico por uma besteira, por causa de uma chuva que ainda nem tinha chegado. Claro que não era por isso. Nós brigamos por uma coisa que nem aconteceu, que ele nem faz ideia que vai acontecer, e que não sabemos se vai pra frente, e eu feito uma tonta, com ciúmes.

Esgotada de tanto andar, resolvi voltar pra casa. Uns pequenos pingos de chuva caiam sobre mim, foi então que tive certeza que era hora de retornar.

Há uns dez metros de casa, acabei vendo uma cena que me deixou em estado de alerta, e preferi continuar observando pra ver no que ia dar. Sem escutar o que era dito, fiquei a examinar Chico e Flor, eles estavam muito perto um do outro, Flor sorria demais, ele com cara de tapado, e sem camisa, pra piorar tudo.

O chuvisco apertava um pouco mais a cada minuto, e nada desenrolava entre os dois, mas no momento que eu ia me dar por vencida, e entrar, vi a cena que eu esperava pra ver, mas não queria de jeito nenhum que acontecesse: os dois se beijaram.

Meu chão tinha se esvaído.

Chico.

Eu tava rachando aquela lenha com tanta força, que acho que tava vendo Diana naqueles pedaços de madeira. O que tinha dado nela pra falar comigo daquele jeito? Tudo bem que a nossa relação não era um mar de rosas, mas daí falar daquele jeito, era demais.

— Oi Chico!

— Que foi? – Respondi com tanta raiva, que me esqueci de ver quem tava ali falando comigo. – Ah Rosa, é você – deixei o machado jogado no chão – desculpa.

— Não tem problema não – ela sorriu, e eu notei que ela olhou demais pro meu peito descoberto – só queria falar com você, será que dá pra ser agora?

— Agora? – Olhei toda a lenha que ainda tinha que rachar antes que caísse um pé d’água.

— É, mais não vai tomar muito seu tempo não.

— Tudo bem, se não for demorar...

— Bom – ela deu dois passinhos até mim – sabe Chico, eu queria, na verdade, te fazer uma pergunta. Eu sei que a gente se conhece há muito tempo, e que somos amigos, e que a gente se aproximou bastante de um tempo pra cá, e... – Notei que ela travou, e não conseguia soltar.

— Desembucha Rosa, fala logo, sem rodeios, vai.

— Tá bom – respirou fundo – não sei se você já percebeu, mas eu gosto de você Chico, gosto muito, e queria que a gente tivesse alguma coisa, sabe, sei lá, quem sabe não seria legal que a gente pudesse ser...

— Ser?

— Chico – engoliu um pouco de saliva – você quer namorar comigo?

Oi?! Namorar? A Rosa queria namorar comigo? Como assim? Eu já tinha percebido alguma coisa, mas pra mim não daria em nada, pois eu pensava que ela nunca teria essa coragem. Como eu iria explicar a ela que eu gostava de outra pessoa?

Provavelmente ela notou minha cara de idiota, e não esperou duas vezes pra tascar um beijo em mim. Antes que me desse conta, Rosa estava pendurada no meu pescoço, me beijando, e eu com os olhos arregalados, sem saber o que fazer, não sabia que continuava, ou a empurrava, até que, para meu alívio, apareceu um amigo, que fez  desgrudar de mim, e ficar vermelha como um pimentão.

— Chico, Chico! – Ele parecia preocupado, e sua respiração era ofegante, ele havia corrido um bocado. – Pelo amor de Deus, sua prima saiu correndo que nem uma louca montou na égua Juliana, e entrou mato afora, ela não tava muito bem!

— Droga, Diana! Ela não sabe montar direito, ainda mais a Juliana! – Meus olhos voltaram para o céu. – Eu tenho que achar ela logo, a chuva já está dando as caras.

Sem meio mais, saí veloz em busca do primeiro cavalo que visse pela frente, mas ainda escutei Rosa me chamando.

— Chico volta aqui, a gente tem que conversar...

Sem dar atenção a ela, menos ainda aquele beijo doido dela, saí às pressas atrás de Diana. Me enfiei mato adentro, tentando seguir alguma pista de onde ela pudesse ter ido, e nada. A chuva caia com força total, o que dificultava toda minha visão, se eu estava com raiva dela antes, agora minha raiva já estava ao extremo.

— Diana! Diana!

Comecei a gritar seu nome, torcendo por algum, retorno, mas infelizmente ela não respondeu. Nessa altura, os raios e trovões faziam festa no céu, amedrontando até a mim, que não tinha medo dessas coisas, se eu não a encontrasse logo, era bem possível que um atingisse a mim, ou a ela.

Fazia uns dez minutos que eu estava ali, e nem sinal daquela diaba. A estradinha de terra estava muito escorregadia, e não demoraria muito pra não dá pra seguir a cavalo. Eu sentia que estava andando em círculos, e já estava sem voz de tanto chamar por ela.

— Diana! Merda, cadê você?!

E nada, mais uma vez. Não dava pra me dar por vencido, ela tinha que aparecer, e de preferência viva. Dei uma pausa pra secar meu rosto, ou ao menos tentar, e avistei um pouco distante, uma casinha simples, que pertencia a um casal de meia idade, que tinham viajado pra outro estado há alguns dias, portanto estava vazia. Meu coração se encheu de esperança.

— Ela tem que estar ali. Eia! – O cavalo seguiu em disparada.

Ao me aproximar da casinha, logo avistei também Juliana, minha égua fora de perigo, amarrada na coluna da pequena varanda. Consegui finalmente respirar aliviado, mas estava preparado dizer poucas e boas pra aquelazinha.

Entrei, e a encontrei, como esperado. Ela estava sentada no chão, abraçando as pernas, de costas pra porta por onde eu entrei, ela estava tão serena, que parecia não ter feito nada de errado.

— Bem a sua cara né Diana – comecei – fazer as merdas e agir como se nada tivesse acontecido. Já pensou se houvesse alguma coisa com você, como eu iria falar com a sua mãe? – Ela continuava na mesma posição. – É isso né, não tem coragem de olhar na minha cara, você é uma covarde, inconsequente, não passa de uma menina mimada e irresponsável! Será que você não pensa antes de agir não? Você não passa de uma mulher fútil e desajuizada, já pensou se um desses raios – apontei pra fora – te pega? Sua... Sua... Sua infantil!

Diana se levantou lentamente, e por fim me olhou. Não sei se seu rosto estava molhado da chuva, ou se ela estava chorando.

— Você tem razão, é isso que eu sou, uma covarde, sou uma covarde por não aguentar ver você beijando outra mulher Chico.

O beijo! Ela viu... O beijo. Diana havia fugido por ter visto Rosa me beijar.

— Mas sabe – ela prosseguiu – você tá certo, ela é muito melhor que eu, ela se encaixa melhor no seu perfil que eu.

— Diana, você está assim por que viu a Rosa me beijando? – Perguntei com calma, abismado com o que eu acabara de ouvir.

— Eu tentei, tentei de tudo que é maneira tirar você dos meus pensamentos, mas – ela desabou em chorar, e caminhar de um lado pro outro – eu não consegui, eu penso em você o tempo todo, desejo te ver o tempo todo, e te ver com outra mulher me machuca aqui. – Sua mão tocou seu peito.

— Diana...

— Eu te amo Chico... Eu te amo como jamais amei ninguém, eu não tive forças ao ver você beijando ela, foi doloroso demais, ainda é! Eu não quero me conformar com a ideia de ter ver com alguém que não seja eu!

Dito isso, ela correu pro quarto, e se trancou, sem me dar a chance de dizer nada.

Eu não insisti em falar com ela naquele momento, ainda estava abestalhado com a revelação. Tá certo que sempre teve uma química entre nós dois, mas jamais poderia imaginar que ela diria que me amava.

— Ela me ama. – Um sorriso bobo me invadiu.

...

Trinta minutos, uma hora e uma hora e meia já havia se passado. A chuva não tinha cedido quase nada, os raios brincavam no céu e o barulho dos trovões ainda dava medo. Diana não dava nenhum sinal de vida, nenhum ruído saia daquele quarto, o que me deixava um pouco preocupado, Diana não costumava ficar tanto tempo inerte.

Resolvi bater na porta, implorando, por dentro, que ela deixasse eu entrar. Bati incansavelmente, até entender que ela não queria me ver, e me afastei daquela maldita porta que nos separava, porém, antes de me virar, e sair ouvi um murmúrio vindo de dentro do quarto.

— Entra.

Entrei com um pouco de receio, ou medo, não sei, e encontrei ela olhando a chuva lá fora pela janela. Eu não sabia o que dizer, nem por onde de começar, eu só queria abraçá-la, e tê-la bem junto de mim.

— Diana – tentei procurar as melhores palavras – eu pensei muito no que você disse, sobre me amar, e na verdade eu não tava esperando, mas eu queria te dizer que... Eu te também te amo muito, mesmo tendo dito aquelas coisas duras agora pouco, é que eu tava muito preocupado com você a mercê desse tempo, eu fiquei com medo de perder você, de perder a parte mais importante de mim, a melhor parte, porque eu te amo, você é mulher da minha vida!

Ela se virou, e eu não sabia o que esperar, ela poderia se jogar nos meus braços, ou até mesmo sair dali correndo no meio daquela chuva. Estava ansioso pela sua reação, mas ela insistia somente em me olhar, sem esboçar nada.

— Diana?

— Chico, faz amor comigo?

Continua.


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