Bem Me Quer escrita por Maitê Miasi


Capítulo 7
Um Sonho A Dois


Notas iniciais do capítulo

Apreciem *-*



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[... “Ela sabe que brinca nos meus sonhos
Todo o tempo nos versos que componho

Ele sabe que estou em suas mãos
Ele é tudo que faz muito bem, muito bem ao meu coração...“]


****


Chico.


Meu coração ficou num aperto tão grande quando a vi caindo, sem saber por qual motivo, que pensei que não conseguiria mover meus pés, realmente foi difícil sair de onde eu estava, mas pensei nela primeiro, antes de pensar no choque que eu estava aquela hora.


Corri os mesmos dois metros que ela havia feito segundos antes, e a encontrei desmaiada com um pequena poça de sangue próxima a sua nuca, meu coração palpitou de dor, mas o que mais me chamou atenção, foi a enorme cobra que estava do seu lado direito, uma dor maior tomou conta dos meus sentidos.


— Sua maldita!


Sem ter muita certeza se aquela maldita serpente tinha a ver com a inconsciência de Diana, tirei sua vida numa pedrada só em sua cabeça, arrependimento foi a última coisa que senti. Não perdi mais tempo. Passei meus braços atrás dos seus joelhos, e a suspendi, torcendo pra que o caminho de casa diminuísse ao menos um quarto.


— Por favor Diana, acorda... – A olhei em meus braços, desacordada, vulnerável, implorando baixinho pra que ela despertasse logo.


Infelizmente não aconteceu como eu queria, ao invés do caminho se resumir em pequenos passos, parece que ele se prolongou mais do que eu estava habituado. E então, eu avistei minha casa.


— Uma ambulância, chamem uma ambulância! – Gritei pra ninguém em especial, e a coloquei sobre o chão gramado. – Diana, acorda Diana – dei pequenos tapas em seu rosto, e tirei alguns fios de cabelo que cobriam o mesmo – Diana, fala comigo, por favor... – Uma poça de lágrimas se formavam em meus olhos devido a falta de resposta dela.


— Oh meu Deus, o que aconteceu com a minha filha? – Tia Ana apareceu, acompanhada da minha mãe e de uma pequena multidão de olhares curiosos, e se agachou ao lado oposto que eu estava, se desabando a chorar.


— Eu não sei tia – a olhei, enquanto seus olhos preocupados buscavam a filha – ela desmaiou, e tinha uma cobra... – Gesticulei.


— Ela foi picada? – Sua face se preocupou ainda mais.


Não demorou muito, e a ambulância estava ali, e logo, Diana dentro dela. É claro que eu não pensava em ficar em casa esperando por notícias, eu não sobreviveria pra isso, eu queria me enfiar naquela ambulância a qualquer custo, mas o enfermeiro metido a besta me impediu.


— O senhor não pode entrar, é permitido somente um acompanhante.


Com aquelas meias palavras, ele fechou as portas traseiras e foi para o banco da frente. Óbvio que tia Ana não iria perder a filha de vista por um segundo, mas eu que não ficaria em casa tomando chazinho pra me acalmar.


...


Minha mãe e eu pegamos um táxi rumo ao hospital mais próximo, e chegamos não muito tempo depois da ambulância.
Ao entrarmos, encontramos tia Ana no corredor esperando por notícias, assim que ela viu minha mãe, se jogou em seus braços, e chorou temorosa, eu, no entanto, não soube como agir, ou quais palavras usar, eu sabia bem o que ela estava sentindo, e se acontecesse alguma coisa com minha prima, eu seria o maior culpado.


— Ainda não vieram dar notícias tia? – Perguntei meio sem jeito, com as mãos cruzadas nas costas.


— Não – minha mãe afrouxou um pouco seu abraço pra que ela me olhasse – eles a levaram pra uma sala, e até agora não vieram esclarecer nada. Eu não vou suportar se acontecer alguma coisa com a minha única filha... – Ela ocultou seu rosto no peito da minha mãe, e desabou em lágrimas mais um vez.


— Calma minha prima – ela esfregava as costas da prima em forma de consolo – não pense no pior, daqui a pouco eles aparecem pra dizer que a nossa Dianinha está bem, e saudável.


Minha mãe foi muito útil naquela hora como consoladora pra minha tia, já que eu não fazia ideia de como agir, somente me sentei naquele banco duro, e enterrei meu rosto em minhas mãos gélidas, não pelo ar condicionado do local, mas de nervoso. Faltou muito pouco pra que eu ficasse como minha tia Ana, muito pouco.


...


Os minutos pareciam eternos, e aquele entra e sai de gente das salas, só piorava meu estado de nervos. Deus do céu, ninguém traria notícias dela?


Trinta e sete minutos, e nove segundos, esse foi o tempo que levamos esperando, até que finalmente apareceu alguém, pra nos tirar daquela agonia, assim eu esperava.


— E então doutor, minha filha está bem? Não foi nada grave né? Ela já tá de alta? – Perguntou tia Ana, mostrando todo seu nervosismo ao médico.


— Calma minha senhora – ele mostrou a ela uma fileira de dentes branquíssimos – sua filha está bem – nós três suspiramos, como se disséssemos “graças a Deus” – digamos que foi um pequeno susto. Ela foi picada por uma cobra – nossos olhos se arregalaram, apesar da suspeita que tínhamos sobre isso – perto do tornozelo direito, mas, por sorte, a cobra não era venenosa...


— Então por que ela desmaiou? – Minha mãe o cortou.


— Provavelmente, na hora da picada, ela se desequilibrou, e caiu, batendo a cabeça em alguma coisa pontuda, o que levou ao seu desmaio.


— O senhor falando agora, me faz lembrar que tinha mesmo uma pedra perto de onde ela estava caída. – Me recordei.


— Então ela vai ficar bem, né doutor? – Minha tia perguntou sem disfarçar a preocupação que ainda rondava sua face.


— Sim, ela vai sentir um pouco de dor de cabeça, e no tornozelo pelas próximas duas semanas, mas nada que um analgésico, e um pouco de repouso não resolva. – Ele sorriu de novo, parecia que estava num comercial de pasta de dente.


— Ufa! – Minha mãe se jogou no banco de plástico duro, afastando qualquer preocupação.


— Eu posso vê-la doutor? – Tia Ana perguntou.


— Pode, ela ainda está desacordada, devido aos medicamentos, mas nada fora da normalidade. Me acompanhe por favor.


Não demorou muito, e os dois sumiram no fim do corredor.


Enquanto minha mãe folheava uma revista sobre os benefícios do leite materno, eu permaneci de pé, confesso que só teria certeza de que ela estava bem, vendo-a, tocando-a, enquanto isso, meus nervos ainda me tiravam do sério.


— Francisco, você quer parar de andar de um lado pro outro? Além de me ficar tonta, vai parar no andar de baixo! – Minha mãe disse de forma, doce.


— Eu ainda tô preocupado mãe, eu quero vê-la, saber se ela tá bem mesmo!


Ela voltou os olhos pra revista, e eu continuei caminhando de um lado a outro. Por um instante pensei que ela houvesse esquecido de mim, mas depois de alguns minutos quieta, ela voltou a falar, para o meu azar.


— É ela, não é?


Eu a olhei, sem fazer a mínima ideia do que estava falando.


— Ham? É ela o que mãe?


— É pela Diana que você tá apaixonado, não é mesmo? – Delicadamente, ela colocou a revista na mesa que estava a sua frente.


— Você ficou doida mãe? A Diana e eu somos primos!


— Você sabe muito bem que não é assim Chico, e eu não sou tão besta quanto pareço. Seja sincero com a sua mãe. – Ela me olhava, dessa vez de forma doce de verdade.


— Mãe, esse assunto é um assunto que eu não gostaria de tratar com você, é meio constrangedor falar disso com a senhora.


— Negue quantas vezes quiser Chico, mas eu não sou tola, só espero que saiba onde tá se metendo, a Diana não é muito fácil de lidar.


A ignorei, e fui até o bebedouro, pegar um pouco de água, e me ouvi resmungando:


— E eu não conheço essa diaba dona Valquíria...


...


Foi difícil convencer tia Ana a sair do quarto, mas depois que constatou que Diana estava mesmo fora de perigo, ela resolveu ir até a lanchonete do hospital tomar um café, e então, era minha vez de velar sua filha.


Entrei no quarto, e ela ainda dormia, como um anjo, que às vezes dava algumas dores de cabeça, mas ainda sim, um anjo. Me aproximei de sua cama, e sentei ao seu lado, segurando sua mão, ela estava um tanto pálida, mas acho que era normal.


— Ah Diana, não sei o que seria da minha vida se tivesse acontecido algo pior, mesmo não estando como eu quero na sua vida, me satisfaço com o simples fato de poder olhar todo o dia teu sorriso – acabei sorrindo – ah minha diabinha, não sabe o quanto você machucou esse pobre coração – fiz um carinho na mão que eu segurava – espero que não demore muito pra você voltar ao normal, tô ansioso por receber as belas palavras que você me diz, pra escutar você me chamando de Francisco, mesmo sabendo que eu detesto ser chamado assim, e principalmente, ouvir você dizer que me quer longe de você com as minhas segundas intenções.


Sabia que ela não me escutava, justamente por isso que disse o que disse, não falaria tais palavras com ela em sã consciência, com certeza ela iria rir de mim até o último dia da minha vida.


Fiquei guardando seu sono por um bom tempo, até que vi minha tia sinalizando que queria entrar novamente, e o que eu podia fazer? Nada.


Pedi a ela mais dez minutos pra me despedir dela, e esses dez minutos passaram num estalo. Eu já estava prestes a sair, mas não me perdoaria se saísse, e não fizesse o que meu coração estava mandando.


— Diana – fitei seu rosto pálido desacordado, e o acariciei com o dorso da minha mão – eu... eu... – procurei forças dentro de mim, pra dizer a ela algo tão... forte – eu te amo Diana!


Sim, finalmente assumi o que sentia por ela, não conseguia esconder, pelo menos de mim mesmo, que a amava, amava com todas as forças, com tudo o que havia em mim, o que mais queria, era que ela sentisse pelo menos uma parte daquele sentimento.


Sem nenhuma reação da parte dela – como era esperado – toquei seus lábios com os meus, e sussurrei em seu ouvido “acorda logo meu amor”. Eu ficaria mais tempo ali, se não fosse pela tia Ana me apressando, não tive outra escolha, a não ser sair.


...


Diana.


Um dia se passou, e eu estava nova, ou quase isso, já que sentia algumas dores pelo corpo, principalmente na cabeça, e tornozelo. História surreal essa que aconteceu comigo, eu ri quando minha mãe me contou, nunca imaginaria que seria picada por uma cobra na minha vida.


— Mãe, eu consigo me virar sozinha, não precisa se preocupar.


Tentei explicar a ela, pela enésima vez, que conseguia muito bem me acomodar na minha cama sozinha, em vão, pois, mais teimosa que eu, era dona Ana quando se tratava da saúde da única filha.


— Diana, para de reclamar!


Claro, ela ignorou minha vontade de me virar sozinha. Com todo o carinho que cabia nela, ela me colocou na cama, ajeitou o travesseiro atrás do meu pescoço, e abriu a janela pra que a brisa fresca entrasse, eu tinha minha infância de volta.


— Filha, tem certeza que você não quer nada? Uma água, um suquinho? Quer eu prepare uma canja pra você? – Ela perguntou, ainda preocupada.


— Mãe – segurei sua mão – eu tô bem, de verdade, pode se acalmar, foi só um susto, como o doutor disse. E mesmo se eu tivesse com fome, a senhora cozinha muito mal, se lembra? – Brinquei, e ela não gostou nenhum pouco.


— Muito engraçadinha. – Me olhou com cara de poucos amigos.


— Eu tô brincando mãe, eu não quero nada não, fica tranquila.


— Tem certeza? – Me olhou apreensiva.


— Tenho. Pode ir fazer suas coisas, se eu precisar de alguma coisa, te chamo, prometo.


Com muito custo, ela beijou minha testa e minhas bochechas, soltou minha mão, e com o coração apertado, saiu do quarto. Minha mãe tinha uma grande parcela de culpa por eu ser tão... assim. Desde que eu me entendia por gente, ela me tratava como uma eterna criança, e não negava o quanto eu adorava ser cuidada assim por ela.


E enfim, só, ou não...


Depois que minha mãe saiu, não demorou cinco minutos, e Rosa me fazia companhia.


— Diana, eu fiquei sabendo o que houve! – Ela entrou e bateu a porta atrás de si. – Como você tá? Eu não consegui ir até o hospital, tava muito atarefada! – Ela se sentou ao meu lado, sem nenhuma cerimônia.


— Rosa – segurei-a pelos ombros – calma, eu tô bem, só fui picada por uma cobra, e bati a cabeça, nada demais.


— Nada demais? – Me olhou perplexa. – Você é louca.


Nós duas rimos.


— Você matou todos nós de susto, sabia? – Continuou. – Ficamos muito preocupados.


— Não é para tanto, se fosse mais grave, ainda estava internada. Mas fico feliz pela preocupação de todos, minha mãe disse que os vizinhos mandaram mensagens de melhoras a mim.


— Ah Diana, não poderia ser diferente, aqui todo mundo gosta de você, por causa do seu jeito irreverente...


A conversa com Rosa demorou mais que o esperado, mas depois de um longo papo, eu estava sozinha de novo.


Já tinha visto algumas pessoas desde a hora que saí do hospital, até chegar em casa, os moradores dali eram bem simpáticos, e se mostraram preocupados com a minha situação, nada grave por sinal. Bom, havia visto algumas pessoas, menos ele.


Soube que Chico quase ficou careca de preocupação, mas ainda não o tinha visto naquele dia.


Se ele soubesse que havia escutado tudo o que ele me disse no hospital... Sim, ele era um homem de verdade, muito além do que eu merecia, na verdade, não sabia exatamente o que sentia por ele, mas me sentia mexida quando ele estava por perto, e ouvir todas aquelas palavras preocupadas, e principalmente o “eu te amo” me deixaram desnorteadas. Como ele podia ter tanta certeza de que me amava? Não poderia ser uma simples atração? Ou... um fetiche? E se ele simplesmente quisesse me ter em sua cama por uma noite, e depois me dispensar? E se todas essas palavras não passarem de meras palavras?


Eu já não era a amiga fiel que pensei ser. Rosa não era o motivo, ou o único motivo, que me fazia me afastar dele, toda essa encenação era por medo de me entregar, e sofrer de novo. Eu não estava disposta a chorar outra vez por um homem, e mesmo me sentindo atraída por Chico, eu renunciaria qualquer sentimento, não ia deixá-lo me fazer sofrer, não mesmo.


Flashback on.


Depois de mais um dia no shopping, cheguei em casa exausta, cheia de bolsas, pra variar. Me joguei no sofá, e deixei jogado em qualquer canto da sala meus sapatos. Dei uma conferida básica no meu celular, mas não havia nada de interessante.


Alguns minutos depois, ouvi a porta se abrindo, e fiquei esperando alguém entrar, mas já imaginava quem era.


— Amor! – Saltei as pressas do sofá, e agarrei meu maridinho, enchendo seu rosto de marcas de batom. – Eu tava com uma saudade de você. Como foi o dia hoje? – Segurei sua mão, e fomos caminhando para o meio da sala, ele estava sério.


— Foi bom, Obrigado. – Ele se sentou, afrouxando a gravata. – Diana – me olhou – precisamos conversar.


— Conversar? Sobre o quê?


— Sobre nós.


Ele respondeu sério, mas, imaginando que ele planejava mais uma viagem pra fora, ou algo do tipo, sentei em sua perna, animada.


— Espera Diana! – Ele me afastou, um tanto rígido. – Não é sobre esse tipo de coisa que eu quero falar. – Ele pausou, como se tomasse coragem pra me dizer algo. – Eu quero o divórcio.


O quê?! Eu não poderia ter ouvido direito.


— Divórcio? Você tá brincando, não é Pedro? – Perguntei tentando rir.


— Eu tô falando muito sério Diana. – Ele se levantou, e se serviu com whisky. – Esse casamento já deu o que tinha que dar.


— Como assim? Nosso casamento não tem cinco anos, como já deu o que tinha que dar? – Nessa altura, eu já falava alto, pela sua fisionomia, ele não tava brincando.


— Eu sei que não, mas eu não sou feliz com você, não tô feliz com essa vida.


— Como assim? Até ontem eu era o seu amor, e hoje já não te faço feliz? – Sem querer, já chorava. – Isso não é possível.


— Eu vou ser claro com você Diana, eu não te amo, e nunca te amei, mas você sempre foi agradável, bonita, que não pensei na possibilidade de não me casar com você, mas acho que essa farsa não pode continuar...


— Farsa? Isso que o nosso casamento significa pra você? – Segurei no seu colarinho, possessa de raiva.


— Significava – ele me pegou pelos punhos sem dificuldade, e se afastou – espero que você não torne as coisas difíceis, pois querendo ou não, em breve estaremos separados.


Sem um pingo de compaixão, ele ia se retirando, me deixando ali, sozinha, digerindo o que me fora dito.


— Quem é ela? – Perguntei antes que ele colocasse o pé no terceiro degrau.


— Clarisse Soares. – Me olhou sem nenhuma piedade.


Depois de terminar de dilacerar meu coração, ele subiu, sem olhar para trás, me deixando jogada ali, com aquele amor que eu pensei que um dia existisse.


Flashback off.


Era exatamente isso que eu não queria que se repetisse. Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas se tratando de mim, eu não duvidava muito. Eu podia estar enganada, Chico parecia ser um homem direito, mas Pedro também parecia, e fez o que fez comigo.


Era isso, eu ia cumprir a promessa que fez assim que assinei aquele divórcio, nenhum homem jamais teria acesso ao meu coração, nem mesmo Chico.


Perdida no meu delírio, me assustei quando a porta se abriu aos poucos, era ele. Meu coração não deveria ter se exaltado ao vê-lo.


— Oi – ele veio até mim, com passos lentos – como tá se sentindo? – Se sentou nos pés da cama, bem longe de mim.


— Bem, graças a você. – Sorri.


— A mim? Eu não tive nada a ver com isso, só fiz o que qualquer um faria.


Bem modesto ele.


— Você esteve distante hoje, pensei que tivesse triste por eu ter voltado.


— Não diga besteiras Diana! – Se alterou um pouco. – Não vim te ver antes porque tava muito atarefado, mas assim que apareceu um brecha, vim te ver.


— Não precisa ficar nervoso, eu tava só brincando. – Ri da cara que ele fez.


— Bem a sua cara, né diaba.


— Diaba?


— Oi? Eu disse Diana, você que entendeu errado.


— Sei, eu entendi errado.


— Bom, não vou me demorar aqui, vim só pra dar um oi, mais tarde passo aqui de novo.


Ele saiu de onde estava, e veio até mim. Um beijo delicado, foi deixado em minha testa, me senti tão protegida, imune a qualquer coisa.


Ficamos nos olhando até ele chegar na porta, mas eu não poderia deixar que ele saísse, sem antes dizer a ele o quanto eu era grata pelo seu feito.


— Chico? – Ele parou. – Obrigada tá.
Com um sorriso doce, ele saiu.


— É Diana, você tá em maus lençóis. – Disse a mim mesma.


...


Chico.


Finalmente o dia havia chegado ao fim, e era noite. A nuvem de preocupação que rondava o ambiente já havia se dissipado, já que minha prima mostrava aos poucos que estava se recuperando bem, acho que quem mais sofreu nessa história foi a pobre cobra, ficou assustada com Diana, se defendeu, e acabou morta, mais não me arrisco a dizer que ela acabou morta pela pancada que recebeu, ou por picar minha querida diaba...


Deitei de qualquer forma no sofá, pensando que dormiria em breve, já que estava bem exausto. Era o que eu pensava, em dormir o quanto antes, mas quando dei por mim, meus pés me levavam até seu quarto, e sem querer, ou querendo um pouco, eu estava ao seu lado.


— Não esperava você aqui a essa hora. – Ela disse com um sorriso diferente, mas lindo.


— Não ia conseguir dormir sem te desejar boa noite.


— Só isso Francisco?


— Bom, só, e você sabe que eu não gosto que me chame assim.


— Mas eu adoro te chamar assim, Francisco. – Enfatizou meu nome. – Bom, já que você tá aqui, eu queria te agradecer pelo o que fez por mim...


— Já disse que não precisa agradecer Diana. – A interrompi.


— Mas eu quero agradecer, e de um jeito... hum? Diferente. Vem – ela puxou meu braço – chega mais perto, e não precisa ficar com medo de mim.


— Quem disse que eu tenho medo de você Diana? – Um sorriso brincalhão me invadiu.

— E o que você tá aprontando hein?

— Eu? Nada. – Ela tocou em minha bochecha, e depois meu lábio inferior, com uma cara de quem realmente estava aprontando. – Por que tá pensando isso logo de mim?

Antes que eu pudesse responder sua pergunta tão óbvia, senti sua mão me puxando pela nuca, e minha boca sendo invadida pela sua. Enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo, ela me puxava ainda mais para perto de si, me apertando contra ela, foi então que decidi que não iria entender nada, apenas apreciar o momento.


Fui chegando mais perto dela, com cuidado, já que ela ainda não estava cem por cento, mas agia como se seu corpo tivesse em perfeita condição. O clima esquentava a cada instante, e eu a queria mais, e mais. Beijei seu colo, e ouvi pequenos gemidos da parte dela. Sua perna se afastou da outra, permitindo que eu me encaixasse melhor, e ela me olhou sorrindo quando sentiu o quanto excitado eu estava.


Minhas mãos brincavam em seu corpo quente, eu já ficava louco. O que mais desejava era que fôssemos logo para o estágio seguinte, meu corpo já estava quase que completo sobre sua cama, e sobre ela. Faltava pouco, muito pouco pra, finalmente, realizar o meu desejo de tê-la por completo em meus braços, quando ouvi a voz da minha mãe, acabando com meu conto de fadas.


— Chico? Chico?...


Continua.


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