Bem Me Quer escrita por Maitê Miasi


Capítulo 3
Beije-Me Sem Condição


Notas iniciais do capítulo

Apreciem...

Quero dedicar esse capítulo ao meu mô, Jess Corniish, que me ajudou no capítulo, no título na vdd, que apesar de estar bolada cmg, merece esse dedicatória. Mô, não fica bolada cmg, eu ainda amo vc ♥



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[... “Beije-me assim, sem compaixão

Fique em mim, sem condição

Me dê apenas um motivo

E fico eu...”]

****

Chico se decepcionou consigo mesmo quando tentou brincar um pouco com os sentimentos de Diana, caindo em seu próprio jogo, tendo como desejo máximo naquele instante, provar o doce sabor de seus lábios. Isso não estava em seu roteiro, mas seu coração resolveu dar uma improvisada, e agir conforme sua própria vontade, Chico detestava quando seu coração tomava as rédeas.

Os dois corações estavam a mil, e eles continuavam ali parados, olhando um para o outro, feito dois bobões, sem nenhuma atitude ser tomada. Chico olhou seus lábios, ele ia deixar ser vencido por si mesmo, e beija-la, já que era o que tanto queria, mas ao se aproximar uma pouco mais de Diana, a voz de sua mãe o fez parar onde estava, para seu azar.

— Chico! – Valquíria gritou da porta de casa. – Vem aqui, você e Diana!

Rapidamente, eles voltaram ao mundo real, e saíram da hipnose em que se encontravam, indo atender o chamado de Valquíria.

— Aqui estamos mãe. – Ele disse um pouco sério, e um pouco sem graça também.

— Cadê a educação que eu te dei menino? – Ela bateu nele com um pano de prato, e Diana disfarçou um riso. – Vai falar com a sua tia Ana!

Sobre livre e espontânea pressão, ele foi até Ana, e diferente do modo que agiu com Diana, ele foi muito educado com a tia, recebendo de volta dela o carinho que ele lhe retribuiu.

— Você se tornou um homem e tanto Chico, aposto que tem muitas pretendentes por aqui. – Diana soltou um risinho debochado, e Chico a olhou como se quisesse devora-la.

— Não é querendo me gabar não tia, mas tenho algumas por aí. – Ele sorriu com a intenção de provocar a prima.

A conversa ia e vinha, com direito a alfinetadas de Chico para Diana e vice versa durante o papo, eles não faziam questão de esconder que não eram mais amigos como antes. No meio da conversa da família, Rosa apareceu na sala, como um relâmpago, chamando por Valquíria.

— Madrinha, madrinha! – Ela entrou correndo, e se assustou quando viu aquelas desconhecidas ali. – Desculpa, não sabia que tinha visita. – Ela ficou a olhar para o chão.

— Não precisa se desculpar Rosa – Valquíria foi até onde ela estava – essa aqui é minha prima Ana – apontou – e essa é Diana, sua filha, e meninas, essa é minha afilhada Rosa. – Sorriu.

— Muito prazer Rosa. – Ana a saudou gentilmente, enquanto Diana permaneceu encarando-a de cima a baixo.

— Bom, vocês devem estar um pouco cansadas da viagem, é melhor descansarem um pouco, se quiserem. Hum... Ana – a olhou – você pode ficar no meu quarto, é pequeno, mas dá para as duas, e você Diana... – Colocou a mão esquerda no queixo pensando.

— Ela pode ficar no meu quarto!

— Oi? – Diana pasmou.

Chico disse rapidamente, dando um pequeno susto nos demais. Elas olharam-no, principalmente Diana e Rosa, sem entender a sugestão que favoreceria Diana.

— Deixa eu refazer a frase, ela dorme no meu quarto, e eu durmo aqui na sala.

Elas ficaram um pouco aliviadas, principalmente Rosa, que arrastava uma asa para o rapaz, mas ainda sim Diana o olhava desconfiado.

...

Sozinha em seu quarto, ou no quarto de Chico, Diana estava olhando para suas coisas ali encostadas. Sentada na beira da cama, ela se encontra pensando em nada, sua mente vagava tão longe, que ela se assustou quando Chico entrou no quarto sem nenhuma cerimônia.

— Você não conhece bater na porta não? – Falou em alta voz.

— No meu quarto? – Ele parou frente ao guarda roupa e a olhou arqueando uma sobrancelha.

Ela o olhava, enquanto ele procurava algo no móvel de madeira, os dois estavam quietos até então.

— Chico?

— Que é? – Ele continuava a mexer no guarda roupa, e não a olhou.

— Onde eu vou colocar minhas coisas? Esse guarda roupa não dá pra nós dois.

Ele se virou para ela, e deu um longo suspiro.

— Eu já cedi meu quarto, minha cama, você quer também meu guarda roupa? Ah, me poupe Diana!

Dito isso, ele saiu do quarto, deixando Diana irritada.

— Idiota!

...

Já era tarde, não tão tarde, mas a população do interior tinha o costume de dormir cedo, e todos já estavam na cama, menos Chico, que ainda não tinha ido se deitar. Ele entrou no seu quarto, dessa vez sem fazer barulho, e encontrou Diana dormindo. Ele pegou algumas roupas, e já ia se retirando, mas Diana conseguiu chamar sua atenção, mesmo dormindo.

Ela dormia com uma camisola rosa bebê, um tanto curta, de barriga para baixo, com os braços debaixo do travesseiro, uma perna sua estava esticada, e coberta com o lençol fino, a outra estava dobrada e descoberta, sensualmente descoberta. A janela do quarto estava aberta, devido o calor que fazia aquela noite, e a luz da lua cheia ia diretamente em Diana, deixando aquela imagem mais sensual ainda, perturbando a cabeça do pobre moço. Chico ficou a admira-la por um bom tempo, mas resolveu sair do quarto, antes que ela acordasse, e se assustasse com a sua presença ali, mas antes, ele foi até ela, e cobriu sua outra perna.

— Ah Diana – ele a cobriu com cuidado para não acorda-la – já mexendo com meus pensamentos?

Ele a olhou mais uma vez, e logo se retirou.

...

O dia amanheceu logo, e logo todos os quatro estavam em volta da mesa para o café da manhã, Ana e Valquíria ainda estavam colocando assuntos em dia, enquanto Chico não perdia a oportunidade de provocar a prima.

— E então Diana, como dormiu essa noite? – Valquíria perguntou sorridente.

— Hum... Bom, tirando esses malditos insetos que estão me comendo viva, esse calor infernal, e essa poeira que tá fazendo meu nariz arder, tá tudo ótimo! – Foi um tanto rude, fazendo a fisionomia de sua tia mudar.

— E por que você não vai embora então? Já que a vida aqui não está de acordo com os costumes da princesinha? – Chico alfinetou. – Ah – deu um sorriso cínico – esqueci que você não tem pra onde ir. – Tomou um gole de café.

— Chico! – Sua mãe chamou sua atenção.

— Deixa ele Valquíria, ele não tá errado não. – Ela olhou para a filha com uma cara fechada.

Eles ignoraram o comentário infantil de Diana, e continuaram o café. No fim da refeição, ainda teve meia dúzia de palavras trocadas.

— Vocês me dão licença, porque eu tenho que fazer algo útil, não tenho a vida de vocês. – Ele disse num tom de brincadeira, se levantando, e ajeitando a calça.

— Nossa, ele tem educação. – Diana disse olhando para a xícara que estava em sua mão.

— Eu vou tomar um banho, pra dar uma despertada. – Ana disse.

Os dois saíram, e deixaram Diana e Valquíria a sós, Diana não se sentiu a vontade na presença da tia, talvez pela malcriação que fizera logo cedo.

— Diana – ela estava na pia lavando umas louças, de costas para a sobrinha – não leva em consideração tudo o que Chico diz não.

— Ham? – Ela se virou para olhar a tia que estava de costas.

— É – Valquíria fechou a água, secou suas mãos no pano de prato, e foi até ela, sentando-se na cadeira que estava mais próxima a ela – eu sei que ele sempre foi meio grosso, mas depois que você foi embora, digamos que ele piorou um pouco.

— Depois que eu fui embora? – Ela arregalou os olhos. – Então a culpa dele ser esse ogro é minha?

— Não, não tô dizendo isso, só que ele sempre foi muito fechado, e a única pessoa que ele fazia questão de estar cada minuto, era você. Depois que você foi pra cidade, ele não se aproximou mais de ninguém, ele teve até uns coleguinhas na escola, mas ninguém foi como você pra ele.

— Eu... Eu não sabia disso tia, não sabia que a minha ausência afetaria tanto ele.

— Acho que afetou um pouco – sorriu – mas não se sinta mal com isso – ela colocou as mãos sobre as de Diana – agora você está aqui! Só tenha um pouco de paciência com ele tá. – Ela se levantou, acariciou o rosto dela, e com um sorriso doce, saiu, deixando-a sozinha.

— Então esse idiota tem sentimentos. – Riu dessa possibilidade.

Diana ainda ficou ali sozinha, pensando no Valquíria tinha dito a ela, e várias recordações vieram à tona, fazendo seus olhos brilharem pelas lembranças.

~Flashback on~

— Vem Diana, pula, a água tá uma delícia! – Chico a chamava de dentro do rio.

— Não Chico – ela estava parada a margem – eu não sei nadar, tenho medo de me afogar.

— Você acha que eu vou deixar você se afogar bobinha? – Ele sorriu e deu um mergulho, indo até onde ela estava. – Vem – estendeu a mão – confia em mim.

Diana sorriu mostrando seus dentinhos de leite, e logo tirou sua roupa, ficando só de calcinha, e depois, devagar e com um pouco de medo, ela entrou na água, sendo amparada por Chico.

— A água tá boa mesmo! – Ela estava na pontinha dos pés, e Chico, de frente para ela, a ajudava a se equilibrar.

— Eu disse. Eu vou te ensinar a nadar.

— Agora? Mas daqui a pouco a gente tem que ir pra escola!

— Ih, é verdade. Mas nossas férias estão chegando, eu posso te ensinar nas férias. – Se entusiasmou.

— Essa é uma ótima ideia.

— Diana? – Ele ficou um pouco mais sério.

— Oi.

— Um dia eu ainda vou me casar com você, e vamos ser muito felizes.

— Isso é uma promessa?- Seus dentinhos ficaram amostra mais uma vez.

— Sim, e eu vou fazer questão de cumprir.

A menina sorriu com a declaração doce do primo, e minutos depois, eles voltaram pra casa.

~Flashback off~

— Idiota, não cumpriu a promessa de me ensinar a nadar.

Ela já ia se levantando, quando Rosa apareceu, e ela voltou à mesma posição.

— Oi – Rosa estava um pouco sem graça com Diana – a madrinha tá por aqui?

— Ham, eu acho que ela tá aí fora, mas não tenho certeza.

— Obrigada.

Rosa se virou para sair, mas Diana a fez retornar.

— Flor?

— Meu nome não é flor, é Rosa! – Ela não gostou de como foi chamada.

— Ah – deu de ombros – é tudo a mesma coisa. Bem, você sabe onde vende móveis por aqui, por um preço acessível? – Ela foi até ela.

— Móveis? Que tipo de móveis?

— Ah, guarda roupa, não muito grande, ou uma cômoda serve, precisa de um lugar pra guardar minhas coisas.

— Chico sabe disso? Garanto que ele não vai gostar nada disso, ele não gosta muito de surpresas.

— Olha bem pra minha cara, e vê se eu estou preocupada com ele. – Ela tinha os dois indicadores apontados para seu rosto.

— Depois não diz que eu avisei. Mas respondendo sua pergunta, tem um brechó há uns vinte minutos andando daqui.

— Brechó?

Diana nunca imaginaria que um dia compraria algo vindo de um brechó, e isso a deixou boquiaberta.

— Ou se você preferir tem uma loja de móveis no centro, só que o preço é muito mais alto.

— Ah, tá, tá, tá! Que seja brechó, já tô na merda mesmo. Você me acompanha até lá? Se não vou te atrapalhar.

— Tá, eu posso ir com você sim.

...

As duas até que estavam se dando bem. Assunto não faltou, tanto na ida, como na volta, Diana sabia ser legal quando queria, e Rosa foi a sortuda por conhecer primeiro o lado bom dela.

— Tem certeza que não é melhor dizer ao Chico, ele vai se aborrecer Diana. – As duas caminhavam de volta, uma do lado da outra.

— Não sei por que todo esse medo da reação do meu primo, deixa que com ele eu me entendo. – Elas pararam a uns dez metros da entrada da casa, e Diana se pôs de frente para Rosa. – Aliás, Flor, eu sei sim o porquê dessa preocupação – uma fisionomia maldosa tomou conta de seu rosto – você é apaixonada por ele, não é?

— Ham? – Ela olhou para o outro lado, nervosa. – Eu? Claro que não Diana, você tá ficando maluca. – A olhou. – E meu nome não é Flor, é Rosa!

— Ah, que seja. Mas não tenta mudar de assunto, você gosta dele sim, só mesmo um idiota como ele pra não reparar, isso tá nítido demais.

— Tô dando tanto pinta assim? – Se entregou.

— Não sei se outros perceberam, mas eu notei, dá pra ver de longe quando uma mulher tá interessada em homem, no seu caso, nem precisa ter mestrado pra sacar.

— É, eu gosto dele sim, mas ele não me olha como eu queria. – Ela abaixou a cabeça derrotada.

— Você deveria ficar feliz por isso. – Rosa a olhou. – Não sei o que você acha naquele ogro, um troglodita como ele deveria voltar pra caverna – Rosa a olhava, tentando avisar que Chico estava logo atrás ouvindo tudo – ele é grosso, rude, não tem educação...

— Tem mais alguma coisa pra acrescentar? – Chico a interrompeu, e imediatamente ela se virou, assustada com o grave de sua voz.

— Eu ficaria aqui a tarde toda, recitando os mais belos adjetivos que caem como uma luva em você, mas não vou perder meu tempo com pouca coisa.

 Ela o olhou de cima abaixo com desdém, e saiu, Chico ficou olhando ela se distanciar, e logo foi atrás dela, não estava disposto a deixar aquilo barato, e Rosa, ficou ali plantada sozinha.

— Chico! – Ela o gritou, em vão.

...

Dentro da casa, Chico ainda ia atrás de Diana, que apertou o passo quando percebeu que ela estava chegando perto. A única saída para fugir dele era entrar no banheiro, mas quando ela se virou para entrar, ele segurou em seu braço, e a pressionou contra a parede, não dando a ela chance de sair.

— Quero ver você repetir tudo o que disse lá fora, aqui na minha cara.

— Você acha que eu tenho medo dessa tua cara feia? – Riu debochada. – Mas saiba que é um prazer dizer tudo novamente. – Piscou. – Você não passa de um ignorante, roceiro, mal educado, prepotente, orgulhoso, um homem das cavernas, antiquado...

Chico ouvia todas aquelas palavras atentamente, e sua raiva ia subindo a cada segundo. Diana não parava de falar, até que chegou um momento em que ele já na ouvia nada, apenas prestava atenção nos seus lábios se mexendo, e outro sentimento tomou o lugar de sua raiva, o desejo.

Beija-me
Prematuramente, sem piedade e em silencio
Beija-me
Pare o tempo, faça crescer o que sinto...

Ele desceu a mão que estava sobre o braço dela para o pulso, e com a outra mão, segurou seu outro pulso, para que não houvesse possibilidade dela sair daquilo que ele já estava matutando em sua cabeça. Ele apertou seu corpo contra o dela, fazendo-a arregalar seus olhos, mas ainda sim, ela continuou falando, e num bote, Chico a beijou.

Beija-me
Como se o mundo se acabasse depois
Beija-me
E beijo a beijo põe o céu de ponta-cabeça
Beija-me
Sem razão, porque quer o coração
Beija-me...

Como ele esperava, ela resistiu aquele beijo, mas ele foi mais forte, e não deixou que ela saísse. Depois de alguns segundos, não era ele que estava a beijando, eles se beijavam. Chico soltou seus pulsos, e ela não o empurrou, ou algo do tipo, mas, muito pelo contrário, ele rodeou seu pescoço, e ele gostou, gostou muito, e um sorriso prazeroso se formou naquele beijo.

Sinta-me
No vento, enquanto eu, morro lentamente
Beija-me
Sem motivos e estarei sempre contigo...

 Ele não perdeu a oportunidade, e rodeou seus braços em sua cintura, e em alguns momentos, acariciava sua coxa por cima daquela calça jeans. Seu cabelo já se encontrava numa bagunça, Diana fez questão de desalinhar tudo, e aquilo estava deixando-o louco, e morto de arrependimento por não tê-la beijando quando se viram pela primeira vez.

Beija-me assim, sem compaixão
Fique em mim, sem condição
Me dê apenas um motivo
E fico eu.

Os dois estavam perdidos naquele beijo, sem intenção de pararem, o desejo exalava em cada poro de seus corpos, e aquilo era como se fosse a última coisa que eles fariam em vida, por isso a total dedicação. Quanto mais o tempo passava, mas eles perdiam o controle, se é que já não haviam perdido, e quanto menos eles esperavam, a voz de Ana os fez saírem daquele beijo interminável.

— Diana? – A procurava.

— Oi mãe. – Tentava conter sua respiração.

— Trouxe esse bolo pra você – olhou o pote em sua mão – eu fui com Valquíria na casa de uma vizinha, e ela mandou pra você, e disse que quer te conhecer filha.

— Ah, claro, vai ser um prazer.

— Tá acontecendo alguma coisa? – Perguntou desconfiada.

— Claro que não mãe! O que poderia estar acontecendo? – Ela estava nervosa, estralando os dedos. – Eu estava aqui esperando esse idiota sair do banheiro – olhou Chico – parece que se hospedou aí dentro.

— Bom, eu já saí prima, faça bom proveito do banheiro, licença. – Ele saiu.

— Mãe, guarda o bolo pra mim, já já eu como. – E entrou rapidamente no banheiro.

Diana deu três passos, e se sentou no tampo da privada. Com sua cabeça repousando em suas mãos, ela ficou a pensar no que acabara de acontecer, sem acreditar que tinha cedido daquela forma, e gostado. Ela olhou para o alto, desconhecendo a Diana de poucos segundos atrás. Lentamente, ela levou sua mão até sua boca, tentando entender porque tinha deixado ser beijada, e porque havia gostado.

Ela foi até o pequeno armário, e se olhou no espelho, passando a mão pelo cabelo, desacreditada.

— Diana – falava com seu reflexo – isso não pode acontecer, não mesmo.

...

Algumas horas depois, Chico estava sozinho, cuidando de sua égua de estimação, Juliana, a qual ele tinha um carinho especial. Enquanto ele penteava seus pelos, os dois conversavam como bons amigos.

— Sabe Juliana, a Diana é uma chata, uma dondoca, mas tem algo nela que me atrai, isso nunca aconteceu com outra mulher. – Ela relinchou. – Eu não vou falar isso pra ela, ora, ela vai me achar um idiota. – Ela relinchou de novo. – Juliana, eu não sou um idiota! – Ele parou de penteá-la, para olha-la.

Conversa vai, conversa vem, e Diana apareceu, e percebeu que ele estava conversando com a égua.

— Não sabia que falava sozinho. – Ela ia acariciar a égua, mas sua voz fez sua mão parar no ar.

— Não encosta a mão nela! Ela não se dá bem com estranhos! E eu não tô falando sozinho, tô falando com a Juliana.

Ela ignorou a ordem dele, e pôs-se a acariciar o animal, que gostou, e Chico não entendeu a reação da égua.

— Então você tem o costume de colocar o nome de gente nos seus bichos. – Seus olhos estavam fixos em Juliana, que parecia gostar do seu contato.

— Sim, algum problema? – Ele voltou a pentear seu pelo, sem olhar para ela.

— Não, nenhum. Então você colocaria o nome de...

— Não – a cortou – colocar o nome Diana em qualquer animal, seria como se eu os amaldiçoasse.

— Ah – o olhou – então eu sou uma maldição? – Balançou a cabeça para cima e para baixo. – Mas eu não parecia ser tão amaldiçoada agora pouco, pelo jeito que você me beijou. Inclusive, há quanto tempo você não tem contato com uma mulher? Você parecia um animal me beijando, não sabia como usar a língua, onde colocar as mãos, sinceramente, foi o pior beijo da minha vida, e olha que eu sei bem o que é um beijo bom, e o seu tá longe disso, mas o bom é que eu vou dizer a Rosa o quanto você manda mal beijando, e ela vai perder todo o encanto por você, seu boca mole. – Arqueou as sobrancelhas.

— Do que você tá falando sua louca?

— Ah, não acredito que você nunca notou que a Rosa e caidinha por você? Na verdade, acho que ela seria a única mulher a se interessar por você, porque todas, ao olharem pra essa sua cara, correriam de medo, pavor e nojo, e fugiriam mais ainda, ao saber que você não sabe nem beijar. Vem cá, essa foi a primeira vez que você beijou uma mulher, não é mesmo? Porque se não for, eu sinto pena das que me antecederam. Bom, eu já vou indo, tchau Juliana – deixou um beijo na face da égua – vou escovar os dentes mais uma vez, e tirar todos os vestígios desse aí de mim. – Ela deu alguns passos, mas parou ao ouvir a voz de Chico, e o escutou de costas.

— Não acho que foi tão ruim assim, senti você estremecer nos meus braços, não adianta mentir Diana, sei que esse foi o melhor beijo que você recebeu. – Sua voz era um pouco alta, mas não tão alta a ponto de outros escutarem.

Assim que ele terminou de falar, ela continuou andando, sem olhar atrás.

— Você tem razão Chico – falava consigo mesma – mas você nunca saberá disso. – Deu um risinho e uma mordida em seu lábio superior.

Continua.


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