Bem Me Quer escrita por Maitê Miasi


Capítulo 13
E Quando Menos Esperei


Notas iniciais do capítulo

E olha quem apareceu com capítulo novo!!!



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[“...Ei! Tenho algo pra te dizer
É importante, tente entender
É engraçado, mas aconteceu...

E quando menos esperei, encontrei você
E quando menos imaginei, me apaixonei por você...”]

****

Diana.

Quando eu ouvi a sentença dada pela minha mãe, eu perdi meu chão. Como assim, eu grávida? Eu não podia estar grávida, eu não estava preparada pra ser mãe, aliás, eu não fazia ideia de como era ser mãe. Tentei procurar um pouco de calma, e tentar reverter àquela situação.

— Grávida mãe? A senhora tá doida – eu desviei o meu olhar do seu – não tem cabimento uma coisa dessas.

— Não se faça de desentendida Diana, eu te conheço como ninguém, e já percebi que o seu corpo deu uma mudada, pode ir falando a verdade pra mim. – Ela ordenou, e não me deixou outra saída.

— Mãe – me joguei na cama – eu não posso estar grávida, isso seria o fim da minha vida.

— Ah, então quer dizer que existe mesmo essa possibilidade. Agora me responda uma coisa, quem seria o pai dessa criança? – Ela perguntou com um ar meio sarcástico misturado com preocupação.

— O Chico né mãe – me levantei de repente terminando de colocar umas roupas na pilha de roupas – quem mais poderia ser? O seu Zezinho da venda da esquina? – Zombei.

— Eu sabia – ela deu um berro – vocês dois acharam mesmo que estavam enganando a mim e sua tia?

— A gente ia contar pra vocês, só estávamos esperando o momento certo, nós vamos até nos casar!

Ela arqueou a sobrancelha como se não acreditasse no que eu falava, e eu continuei:

— É sério mãe, a gente se ama, e eu sei que dessa vez vai dar certo. Agora mãe – passei a mão no rosto e no cabelo – eu não posso estar grávida, como uma criança vai sair de dentro de mim?! – Me apavorei.

— Ah, pensasse nisso antes de ficarem de saliência – ela gritou, mas logo abaixou o tem da sua voz – eu só vou te dizer uma coisa: dói muito.

Eu vi um sorriso maldoso no rosto dela.

— Mãe, pelo amor de Deus, eu preciso de uma cesárea – comecei andar de um lado pro outro histérica – eu não vou suportar essa dor mãe, eu vou morrer na primeira contração.

— Diana, se acalma, por favor! – Ela me segurou pelor ombros. – Não adianta ficar nesse desespero agora, e você sabe que não temos dinheiro pra pagar um hospital particular, e no público eles só realizam esse procedimento em último caso.

— Mãe, você não está me entendendo, eu pre-ci-so de anestesia, eu sou muito fraca pra dor, e a senhora sabe disso. – Me sentei na cama e abaixei a cabeça sem acreditar no estava acontecendo, minha mãe se sentou ao meu lado.

— Filha, calma – ela passou seu braço ao redor das minhas costas – isso é algo pra você pensar lá na frente, e outra, você ainda não tem certeza, não adianta se angustiar antes do tempo. Vamos fazer o seguinte, você come um pouquinho, e antes de você ir pro colégio, a gente passa na farmácia e você faz o teste, só pra saber se sim, ou se não, tudo bem?

— Tá bom.

Foi a única coisa que eu consegui falar, afinal, não tinha muito o que falar.

...

Mal consegui comer, primeiro por estar enjoada, e segundo por estar nervosa. Eu estava muito convicta dessa gravidez, eu sentia meu corpo diferente, e Chico e eu quase nunca nos preveníamos, talvez isso até demorou demais pra acontecer.

Minha mãe e eu fomos caminhando até a farmácia mais perto, na verdade, quase que correndo de tanta ansiedade que estávamos, e por sorte quando chegamos, não havia ninguém lá, a não ser seu Antônio, o senhor de uns cinquenta e poucos anos, que era dono do recinto.

— Boa tarde seu Antônio.

— Boa tarde... – Ele semicerrou os olhos como quem tentasse lembrar meu nome.

— Diana. – Eu não esboçava nenhuma emoção, estava nervosa demais.

— Isso, Diana – ele deu um sorriso simpático – da senhora eu me lembro, dona Ana.

— Isso mesmo. – Minha mãe sorriu de volta gentilmente.

— Bom, em que eu posso ajudar vocês hoje?

— Seu Antônio, eu queria em teste de gravidez – disse um tanto envergonhada olhando para o chão – mas eu não queria que o senhor não comentasse com ninguém, se possível.

Eu nunca tinha me sentido tão sem jeito em toda a minha vida.

— Claro Diana – ele foi dentro, e voltou com uma caixinha – pode ficar tranquila, da minha parte, ninguém vai saber nada.

— Obrigada. – Tentei sorrir, mas foi difícil. – Se não for muito incômodo, eu poderia fazê-lo aqui, é porque eu tô muito ansiosa, não vou aguentar esperar em casa.

— Fique a vontade minha filha, o banheiro é logo ali.

O simpático senhor me guiou até o banheiro, e disse que eu poderia demorar o tempo que fosse, enquanto minha mãe me aguardava lá fora.

Fiz tudo conforme mandava a instrução, tremendo, e torcerdo pra que desse negativo. Vi que demoraria até cinco minutos pra que pudesse dar um resultado concreto, e pensei que se demorasse esse tempo todo, seria o suficiente pra eu ter um treco.

Assim que eu emergi aquela fita na minha urina, apareceu uma linha, foi então, que por alguns segundos eu fiquei a pensar “para por aí, para por aí”, mas minha “alegria” durou

tão pouco, que logo em seguida apareceu a segunda. Eu realmente estava grávida.

Eu queria chorar, mas segurei minhas lágrimas, eu não podia fazer mais nada, era só encarar o que estava por vir, uma hora ia acontecer, Chico era do tipo que iria querer a casa cheia, eu só não estava preparada, mas em nenhum momento passou pela minha cabeça tirar a criança do meu ventre, ela não tinha culpa de nada, e dali por diante minha missão seria somente ama-la e protegê-la de tudo.

Fui até minha mãe, que tava visivelmente uma pilha, e não fiz rodeios, contei logo o resultado.

— Deu positivo. – Falei de pronto.

— Ah meu Deus! – Ela não sabia se ria, ou se tentava me consolar. – Eu vou ser avó, ah, assim eu não aguento! – E por fim me abraçou.

— Você deveria ser mais discreta mãe – soltei um pequeno risinho – é dona Ana, senhora vai ser avó.

— E vou ser a avó mais babona, vou comprar várias coisinhas pra esse nenenzinho lindo aqui – colocoua mão na minha barriga, e me olhou – e como você tá?

— To bem – respondi sem mais – agora deixa eu ir, que o trabalho me espera. – Olhei pra o farmacêutico – obrigada seu Antônio.

— De nada minha filha, e parabéns.

...

Chico.

Depois de um dia cansativo de trabalho, eu só queria minha casa, meu banheiro, e estar perto da mulher da minha vida, mesmo que tendo que disfarçar. Eu já não via a hora de rasgar logo o verbo e contar pra minha mãe e pra minha tia sobre o meu relacionamento com a Diana, eu sempre detestei fazer coisas às escondidas, e então aparece a diaba, e me faz agir como se eu tivesse cometido um crime. Ai, essa mulher tinha o dom de me tirar do sério.

Tudo ocorreu como costumeiro, menos pelo fato de que minha tia me olhava o tempo todo dando sorrisinhos, eu achei um pouco, ou muito estranho, ela estava mais sorridente que o normal, em contrapartida, Diana estava quieta, quase não falou, quase não comeu, o que vinha acontecendo há algum tempo, eu estava ficando preocupado, ou talvez fosse coisa da minha cabeça, afinal, três mulheres juntas o tempo todo, uma hora alguma coisa ia pifar.

— Tá tudo bem meu amor?

Nós dois estávamos na sala, com a TV ligada, enquanto nossas mães estavam lá fora conversando com uma vizinha.

— Sim, por quê?

— To achando você tão quieta, e você não é assim.

— Ah, não é nada, é só cansado do dia a dia.

— Ah, falei com um juiz de paz, ele falou que a próxima data disponível é pra daqui umas três semanas, ou quatro, bom, é em menos de um mês.

— Nossa, sério? – A notícia parece que deixou ela um pouco mais animada.

— Sim, e sabe o que isso quer dizer? 

— O quê?

— Que tá na hora de abrirmos o jogo com as nossas mães, ou você quer que a gente case as escondidas? – Brinquei.

— Nãa, claro que não.

Ela ficou em silêncio por alguns instantes, mas logo em seguida tornou a falar.

— Chico, o que você acha sobre termos filhos?

— Ah, eu quero muito Diana, muitos pirralhinhos, com a sua cara, linda, mas não com o seu gênio, porque vamos combinar né, ô mulherzinha geniosa.

— Ah, eu sou geniosa, e o senhor é um posso de doçura né? – Ela se exaltou um pouco, e eu achei lindo.

— Não sou, mas você é mais. – Ela me olhou como quem queria me morder. – Bom, ainda sobre sua pergunta, eu quero muito ter filhos, mas acho melhor a gente esperar um pouco, pelo menos até a gente sair da casa da minha mãe, ter nossa casinha, não é melhor?

— Claro que sim, meu amor. – Ela deu sorriso meio sem graça.

— Por que você tocou nesse assunto? Você não quer ter filhos?

— Não, não é isso! – Ela exclamou com um tom enérgico. – É porque a gente nunca falou sobre o assunto, só queria saber sua opinião, já que em breve vai ser meu maridinho. – Depois disso, ela debruçou sua cabeça no meu peito, despreocupada se alguém entraria e nos veria ali.

— Fica tranquila meu bem, tudo tem sem tempo.

...

No dia seguinte acordei varado de fome, como se houvesse dias em que não colocava nada na boca, que acordei indo direto pra cozinha. Quando cheguei, só encontrei minha tia Ana, terminando de lavar umas louças da pia.

— Bom dia tia, cadê minha mãe e a Diana?

— Oi querido, bom dia – ela secou suas mãos no pano de prato que estava em seu ombro – Diana foi mais cedo pra escola, vai ter um evento hoje por lá, e sua mãe também foi pra lá, ajudar nos comes e bebes.

— Hum. O que tem de bom pra gente comer aqui tia? – Perguntei animado depois que meu estômago me lembrou o porquê de eu estar na cozinha.

— Tem aquele bolo de fubá – ela apontou pra onde estava o bolo – tá fresquinho, sua mãe deixou pronto de sair, e tem café também, tá no armário.

— Ótimo, era o que eu precisava.

Botei um bom pedaço de bolo num pratinho e gole de café numa xícara, e não esperei muito pra devorar aquela delícia que minha mãe sabia fazer muito bem. Mas, no entanto, enquanto eu comia, eu notei que minha tia não tirava os olhos de mim, e achei estranho. Na noite anterior ela me olhava com sorrisinhos bobos, e agora não parava de me encarar? Muito estranho.

— O que foi tia, aconteceu alguma coisa? – Perguntei curioso enquanto farelos de bolo caíam sobre a mesa.

— Sabe Chico – ela veio caminhando e se sentou numa cadeira próxima a que eu estava – eu gosto muito de você sabia, você é bom rapaz, trabalhador, cheio de qualidades, e eu não vejo você com uma e outra por aí, muito diferente dos homens de hoje em dia.

Eu estranhei aquelas palavras, não espera que ela me dissesse aquilo.

— Ah tia – me ajeitei na cadeira – é meu jeito – disse com um pouco de vergonha – eu não gosto dessas coisas, pra mim isso é coisa de moleque, e isso é uma coisa que eu não sou.

— Eu sei, é por isso que eu te admiro tanto. Sabe meu sobrinho, eu vou te contar um segredo – ela tocou meu braço com carinho, até parecia minha mãe – eu ficaria muito feliz em te ter como genro, você sim faria minha filha muito feliz.

Ela então me sorriu, e sem saiu sem falar mais nada, e eu quase engasguei. Seria aquilo uma indireta? Será que Diana havia falado sobre nós pra ela e não me contou nada? Ou será mesmo que ela apoiaria o nosso relacionamento?

...

Depois que fui para o trabalho, acabei esquecendo o que minha tia havia dito, e me concentrei no trabalho. A manhã passou bem depressa, e logo já estava na hora do almoço. Voltei feliz pra casa, pois comeria a comidinha deliciosa da dona Valquíria, e também veria a minha adorável diaba.

Cheguei em casa e aconteceu o contrário do que eu planejei, quer dizer, a parte de ver Diana, pois a parte da comidinha da minha mãe foi como esperado. Nenhuma das três estava em casa, provavelmente estavam na escola para o tal evento, e como não tinha mais nada pra fazer, fui tirar um cochilo no sofá até acabar a hora do almoço.

Eu já estava em transe quando senti que tinha alguém me fazendo companhia, mas ignorei pensando ser coisa da minha cabeça, mas quando eu senti uma respiração bem próxima ao meu rosto,eu dei um pulo de tanto susto que eu tomei.

— Você tá maluca Rosa? Quer me matar do coração? – Eu fui para o outro sofá, meu coração estava quase saindo pela boca.

— Desculpa – ela deu um sorriso cínico – eu não quis te assustar. – E se sentou no sofá em que eu estava há alguns segundos antes.

— Ah não. Você entra na minha casa em silêncio, e fica me olhando, ou fazendo seu lá o quê e não quer que eu me assuste.

— Eu vim deixar uns panos de prato que minha mãe bordou pra madrinha aqui, e dar um recado pra ela.

— Ela não está, pode ir embora. – Fui curto e grosso.

— Nossa Chico, que horror, não precisa falar assim comigo. Na verdade, eu quero aproveitar que estamos só nós dois, e contar uma coisa que eu descobri.

— Rosa, você sabe que eu odeio fofoca, então pode ir parando por aí. – Eu me levantei e fui pra atrás do sofá repousando minhas mãos no mesmo.

— Ah, eu sei, mas eu vou falar mesmo assim, e vice vai me agradecer ainda.

Eu mudei, sabia que ela não sairia dali sem contar a fofoca dela, e ela continuou.

— Então, ontem eu estive aqui cedo, pra falar com a madrinha, mas ela não estava, e você não sabe o que eu ouvi. – Ela veio até a mim com um sorriso maior que a boca.

— O quê Rosa? – Perguntei impaciente.

— Eu ouvi a sua namoradinha conversando com a mãe um assunto bem interessante. Ela disse que descobriu que estava grávida, mas tem um, porém, o filho é do ex dela, mas que ela ia dizer que era seu, e você, como bobo, iria acreditar, e então criaria o filho de outro cara como seu.

— o quê?!

Continua.


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