Somebody to Love escrita por Candy S


Capítulo 14
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/738008/chapter/14

Depois do trabalho, Iris me chamou para tomar um café no Jitters.
— Como você está com a sua mãe...
— É complicado. Eu nem a conheço, mas é tão difícil.
— Eu imagino! E o Wally?
— Eu não sei. Ele nunca se abre com a gente.
— Família é complicado, Iris.
— Então, Barry me disse que vocês terminaram.
— Ahm... Sim. Será melhor para ele, Iris.
— Como assim melhor para ele. O Barry te ama, Daphne! O que tá acontecendo?

Olhei para ela, pensando se diria ou não.
— Olha só, você pode confiar em mim, ok.
— Eu sei.

Respirei fundo, lembrando de tudo novamente.
                                               ...
* Flashback:

Eu tinha 15 anos, morava em uma cidadezinha chamada Masonville. Minha mãe tinha um restaurante, onde eu, todos os dias antes e depois da escola, a ajudava. 

Uma manhã, quando estava servindo os mesmos clientes de sempre, um rosto novo entrou. Ele era alto, cabelos e olhos castanhos, um pouco misterioso, mas muito bonito... Se sentou em uma das mesas e folheou o cardápio de café da manhã.
— Filha, vai atender o rapaz!
— Tô indo mãe.

Me aproximei dele.
— Bom dia! O senhor já escolheu o que vai pedir?

Ele levantou o olhar em minha direção. Um sorriso começou a se abrir em sua boca.
— Senhor? - ele riu. - Pode me chamar de você.

Corei um pouco.
— Então... você já escolheu?
— Sim. Eu quero waffles, por favor.
— Ok.

Anotei o pedido e levei para mamãe. Fiquei no balcão aguardando os pedidos e organizando algumas coisas. De vez em quando eu o espiava e sempre ele estava me olhando. 

Mamãe veio da cozinha com os waffles e eu fui entregar.
— Aqui, os waffles...
— Obrigado... Qual o seu nome mesmo?
— Daphne.
— Daphne... Nome bonito! Obrigado, Daphne!

Continuei a entregar os pedidos dos outros clientes. Quando terminei, já era a hora de ir para a escola. Foi um dia como outro qualquer...
                                               ...

Na manhã seguinte, estava limpando uma mesa, quando mais um cliente entrou, fazendo o sino da porta tilintar.
— Muito trabalho por aí?

Alguém falou atrás de mim, me assustando. Era ele, novamente.
— Desculpe, eu te assustei?
— Ahm... não, eu só... Na verdade, sim! - falei rindo.
— Ah, então me desculpe!
— Não tem problema... Você vai querer alguma coisa?
— Sim, eu gostaria de um suco de laranja.
— Ok... Mais alguma coisa? 
— Na verdade, eu gostaria de sair com você, tomar um sorvete talvez... - ele disse abrindo um sorriso.
— Eu vou buscar o seu suco. - disse saindo dali.

Alguns minutos depois, eu voltei com o suco.
— Aqui, o seu suco.
— Obrigado! E a minha resposta?
— Eu não sei... Eu nem te conheço...
— Então, saindo comigo, você pode me conhecer. Eu prometo que não sou nenhum louco psicopata!

Nós rimos.
— Eu tenho aula daqui a pouco...
— E depois?
— Eu tenho que vir para cá de novo...
— Então, será que eu posso te acompanhar até a escola...?
— Talvez...

Continuei o meu trabalho, achando que ele fosse desistir da ideia, mas não...
— Você já está indo?
— Sim.
— Então, aquele talvez...
— Ok, você pode me acompanhar...
— A propósito... Meu nome é Alex.

Alex me acompanhou até a escola, nós conversamos bastante.

Ele tinha 17 anos e havia se mudado recentemente para a cidade. Seus pais faleceram quando ele tinha 5 anos, em um acidente de carro e ele foi criado pela vó, até agora. Ele parecia ser legal. 
— Parece que você realmente não é louco...

Nós rimos.
— Eu te disse.

Nos olhamos por um instante.
— Então, até... algum dia.
— Até.

Não precisei esperar muito para vê-lo novamente, pois no dia seguinte, lá estava ele na mesma mesa de sempre. E assim foram todos os dias naquela semana.
                                               ...

Quando estava saindo da escola, vi Alex do outro lado da rua. Fui até ele.
— Oi.
— Oi!
— O que você tá fazendo aqui?
— Vim te ver! E te chamar para tomar um sorvete. Topa?
— Ahm... Eu não posso... Tenho que ir ajudar minha mãe no restaurante.
— Por favor! É só uns minutinhos de atraso... Vamos?

Hesitei um pouco.
— Ok, mas não posso demorar muito.

Alex me levou a uma sorveteria ali perto e comprou os sorvetes. Nós paramos em uma pracinha que tinha ali e nos sentamos.
— Você é uma garota muito especial, sabia?
— É? E a quantas outras você já disse isso?
— A algumas...

Nós rimos.
— Mas você é diferente, sabe... - ele disse tirando uma mecha de cabelo do meu rosto e colocando atrás da orelha. - Você é mais do que especial!

Alex colocou sua mãe no meu rosto, me trazendo mais para perto e me beijou. 

Ao nos afastarmos, ele disse:
— Tem gosto de chocolate.

Eu ri.
— Eu preciso ir embora, já está na hora. Até... amanhã...?
— Até!

  Alex e eu nos víamos todos os dias e depois de algumas semanas, começamos a namorar sério. Eu estava apaixonada. Ele era tão simpático e doce comigo.
                                               ...

Já faziam 2 meses que estávamos juntos. Um dia, ao chegar na escola, fui avisada que não teria aula. Fui até o apartamento de Alex, pois não queria ir para o restaurante.
— Bom dia, sr. Wilson.
— Bom dia, Daphne. - disse o porteiro do prédio.
— O Alex está aí?
— Está.

Subi até o apartamento, queria fazer uma surpresa.

Toquei a campainha. Alex não demorou muito para abrir. Ele estava sem camisa, apenas com uma toalha enrolada no quadril. Ficou assustado quando me viu.
— Daphne? - ele fechou mais a porta, deixando apenas metade do seu corpo para fora.
— O que você tá fazendo aqui?
— Eu não tive aula hoje, vim te fazer uma surpresa! Queria ficar um pouco mais com você antes de ir pro restaurante.
— Ah... É que... Eu vou sair daqui a pouco...
— Ah... - falei um pouco descepicionada. - Mas eu posso ficar aqui enquanto você se arruma e depois nós saimos juntos.
— É que...
— Alex? Gatinho, cadê você? - a voz vinha de dentro do apartamento.

Alex ficou nervoso, saiu para o corredor e fechou a porta.
— Daphne...
— Quem é que tá aí, Alex? Você tá... com outra mulher? Você... tá me traindo? É isso?
— Não, claro que não!

Empurrei Alex e abri a porta, procurando por alguém. Ao parar na porta do quarto, lá estava ela, a vadia, deitada na cama dele, apenas de calcinha.

Eu não conseguia acreditar que estava vendo aquilo. Eu estava extasiada, as lágrimas caiam dos meus olhos sem eu nem sentir.
— Daphne, - Alex segurou meus ombros. - Daphne, eu te amo... eu não... ela não foi nada...
— O quê? Como assim não foi nada? - a vadia disse.
— Então é isso? - finalmente consegui falar algo. - Todas as manhãs, enquanto eu estou na escola, você estava aqui... com... ela?
— Claro que não, meu amor!
— Claro que sim! Não só todas as manhãs, como quase todas as tardes.
— Cala essa boca, Rachel. - Alex gritou.
— Eu não acredito nisso, eu não... - eu já estava soluçando, me afogando nas minhas próprias lágrimas. - Como você pôde, seu cretino - disse esbravejando. - Como você pôde fazer isso comigo? Eu estava apaixonada por você... Como você...
— Daphne - Alex tentou me tocar.
— Não encosta em mim! Não me toca, você é podre! Eu te odeio, ouviu? Eu te odeio! - gritei.

Alex segurou meu braço com força, me aproximando dele.
— E eu te amo e é o que importa, ouviu?
— Me solta!
— Você tá machucando ela, Alex.
— Eu já disse pra você ficar quieta, Rachel.
— Me solta, Alex. Eu quero ir embora.
— O que está acontecendo aqui?

O vizinho chegou na porta do apartamento.
— Não tá acontecendo nada. Fica na sua, cara.
— Moço, por favor me ajuda, ele tá me machucando.
— Solta a garota, cara.
— Ela é minha namorada, ok? Tá tudo sob controle.
— Sob controle nada, solta ela agora! Ou eu chamo a polícia.

Eu nunca tinha visto aquele olhar em Alex. Parecia que aquele olhar misterioso que ele tinha quando o conheci finalmente estava se revelando.

Ele me soltou com um emburram, fazendo com que eu caísse no chão.
— Eu não desisti de você, ouviu, Daphne? Eu te amo!

O rapaz me ajudou a levantar e me acompanhou até a saída do prédio.
— Você está bem? Quer que eu chame um táxi.
— Não... Não precisa...

Saí dali e fui direto para casa.

Quando entrei, dei de cara com o meu pai.
— Filha, você está bem?
— Pai...

Me joguei em cima dele e chorei o quanto eu pudi.

Já haviam se passado quase 10 minutos de lágrimas e silêncio.
— Você quer me contar o que aconteceu?
— O Alex, ele estava me traindo esse tempo todo...
— Ah minha pequena... Eu sinto muito!

  Contei tudo o que havia acontecido ao meu pai.
— Que filho da mãe! - Meu pai se levantou, e começou a andar de um lado para o outro com as mãos no quadril. - Aquele miserável... Eu devia ir atrás dele. Eu deveria... Eu nem sei o que eu deveria fazer com aquele...
— Calma, pai!
— Calma pai? Como eu posso ter calma, Daphne? Aquele cretino te agrediu! Se ele chegar perto de você de novo, eu juro que vou quebrar a cara dele!
                                               ...

No dia seguinte, quando fui para a escola, notei que algumas meninas me olhavam diferente, cochichavam e depois riam. Não demorei muito para entender o que estava acontecendo. A cidade era pequena... Eu não sabia como, mas as pessoas já estavam sabendo que Alex me traía.

Já era de noite, estávamos fechando o restaurante quando minha mãe disse:
— Daphne, eu vou precisar que você fique aqui enquanto eu vou em casa pegar algumas coisas e depois eu volto com o seu pai. Tudo bem?
— Claro, mãe, pode ir.

Eu estava de costas para a porta quando o sino tocou.
— Esqueceu alguma coisa mãe?

Alguém me agarrou por trás, colocando a mão na minha boca.
— Se você gritar vai ser pior.

Era Alex.
— Eu disse que ainda não tinha acabado, não foi? Eu te amo, Daphne. - Alex beijava meu pescoço. - Eu te amo e você vai ser minha, só minha!
— Alex, o que é que você tá fazendo. Me solta, por favor.
— Eu não posso, porque eu te amo!
— Isso não é amor, Alex. Por favor, me solta. 
— Hoje vai ser a melhor noite da sua vida você vai ver.

Alex me levou até a cozinha.
— Não, não, por favor. Socorro... - Eu gritei.
— Shiu! 

Alex me jogou no chão e segurou meus braços. Passou sua mão pelo meu corpo e me beijou. Eu sentia nojo!
— Por favor, Alex, não! - eu chorava.

Ele não parou. Tirou sua camisa e o cinto. Rasgou a minha blusa e arrancou o meu short. Ele estava abrindo o zíper da calça, quando me bateu o desespero.
— Não, Alex, por favor, não, não. Socorro! Socorro! - eu gritava e me debatia no chão.
— Cala a boca! - ele esbravejou, dando uma tapa no meu rosto.

Eu não conseguia parar de chorar. Alex iria me estuprar ali e eu não podia fazer nada para impedir.

Quando algo pior estava para acontecer, meu pai entrou na cozinha.
— Seu filho da mãe, larga a minha filha!

Meu pai tirou Alex de cima de mim. Eles começaram a se socar, eu não sabia o que fazer! Alex acertou meu pai em cheio, que caiu no chão.

Ouvi uma sirene ao fundo.
— Eu te amo, Daphne, você é minha, ouviu? Minha, só minha! - Alex saiu correndo, tinha um tom de loucura na sua voz.
— Pai, você tá bem? - disse chorando.
— Estou, filha. Ele fez mais alguma coisa com você?
— Não, você chegou bem a tempo.
— Estão todos bem? Recebemos uma ligação dizendo que estava acontecendo algo aqui. - o policial disse.
— Agora sim, estamos.

Meu pai pegou uma toalha de mesa para me cobrir, nós íamos a delegacia prestar queixa contra Alex, o que eu não esperava era que teria uma platéia esperando do lado de fora do restaurante. Todos me olhavam e cochichavam.
                                               ...

Depois de alguns dias do acontecido, a cidade ainda comentava sobre o que havia acontecido. Muitas pessoas diziam que eu tive culpa do que aconteceu comigo, pouquíssimas me defendiam, enfim... No final das contas, Alex havia sumido da cidade, todos comentavam e julgavam sobre a minha vida, olhares tortos eram direcionados a mim na escola. Eu não aguentava mais aquilo. Então, meus pais decidiram que iriamos nos mudar. Íamos para Starling City, meu pai tinha uma casa lá. E assim foi feito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Somebody to Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.