Uzumaki Naruto abre os olhos e olha pela janela. É, como de costume, um dia perfeito. É domingo. Nenhuma atividade na academia.

O que lhe restava para fazer era: Sair e praticar alguma travessura, irritar a todos, ser ignorado e dormir o resto do dia. Nada fora do comum. Nada diferente de qualquer outro dia de sua vida, desde que ele se lembra - a diferença é que, durante a semana, ele só irrita seus professores e colegas de classe.

No domingo, ele também pode se vingar de todos os outros. Ele olhou para a mão e gemeu; Algo a cortou durante a noite. Não é muito importante. Ele sempre teve a capacidade de curar rapidamente, antes de sair, ele ficará bem.

Naruto empurra-se para fora da cama e acomoda-se na mesa sem importar-se com sua higiene matinal. Ele tira uma caixa de cereais de origem indeterminada, enfia um pouco em uma tigela e começa a comer mecanicamente. O cereal que ele roubou ou fez um trabalho estranho para comprar. Geralmente, ele obtém o que precisa de um modo ou outro.

As pessoas lá fora são felizes, podem reunir-se sem problemas. Ele nunca descobriu por que ele não pode fazer o mesmo: Parece que ela não se encaixa nas multidões da rua e ele se acostumou a não questionar. Se ele fosse uma pessoa mais poética, ele se compararia ao óleo na água, mas não é assim, ele não é.

Ele se veste rapidamente, porque ele está completamente acordado agora - e olha pela janela de novo para sentir uma onda familiar de ódio. Algumas pessoas nem sabem quão sortudas são por ter alguém que realmente se importa do seu lado.

Quando Naruto era mais novo, ele não percebeu que estava um pouco quieto e simplesmente não entendia por que ninguém queria brincar com ele. Por causa disto, já havia chorado muito naquela época. Ele não chora agora porque não o leva a qualquer lugar e, de qualquer forma, há um nó na garganta que o detém quando ele quer.

As pessoas não gostam dele porque ele não é forte o suficiente. Ele tem que ser um shinobi para que as pessoas o reconheçam, isso é pelo menos parte do que ele pensa. A outra metade apenas ri e murmura que não importa.

As pessoas vão odiá-lo, não importa o que ele faça, a academia shinobi não é o único caminho disponível, ele poderia desistir, procurar uma outra maneira de fazer as coisas ... Naruto empurra as óculos de proteção que não usa na cabeça e caminha até a porta.

Ele não chega a abrir a porta, pois esqueceu do seu dever mais importante na parte da  manhã. Ele corre para trás e revira a gaveta de uma cômoda até encontrar o espelho, velho e sem moldura - realmente apenas um pedaço de vidro reflexivo - algo que fica com listras de pó, não importa com que frequência ele o use porque ele tem o hábito de empurrá-lo para baixo de tudo.

Ele olha criticamente sobre o seu reflexo, apenas uma vez. Olhos azuis e cabelos que não são loiros tanto quanto amarelos. Os três riscos que lembram bigodes em sua bochecha, ele gosta de marcas de nascença em ambas as faces que fazem seu rosto parecer selvagem.

 Face olhando para fora de algum lugar como um grito de ajuda. Naruto balança a cabeça vigorosamente e se vira para ajustar suas características faciais, da mesma maneira que ele tem feito todos os dias de sua vida. Ele ajeita-se no espelho, assegurando-se de que parece decente, corre até a porta... para no meio do caminho.

Mas, antes ele dá mais uma olhada no espelho, seu sorriso  ainda esta lá - um sorriso que esconde seus olhos e seus sentimentos. Um sorriso para esconder o que realmente acontece na sua mente.

Por fim ele sai pela porta para procurar ... algo que o distraía daquela raiva que crescia dia após dia em seu peito como um redemoinho.