Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 90
Capítulo 90 (Último Capítulo)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/737700/chapter/90


— Você tá falando sério?
— Acho que nunca falei tão sério na minha vida. Não é um pedido de casamento, quem sabe... um dia... mas eu quero você Ana, em todos os momentos, hoje, para sempre, comigo. – “um dia” duas palavras pequenas, mas que carregavam tantas promessas. Eu sabia que eu poderia falar não a qualquer momento, mas a verdade é que eu queria aquilo, queria aquelas promessas, queria Rafael e dane-se o tempo. O tempo é precioso demais para ser desperdiçado. – Então? O que me diz? – ele perguntou aflito e eu o beijei.
— Eu só preciso saber do endereço para mandar levar as minhas malas.
— Eu quero buscar. E vai ser um prazer.

Rafael em levou de volta para a faculdade e no fim das aulas ele me buscou de novo e me ajudou com as malas. Expliquei tudo para Alice que adorou a novidade. Quando Rafael me levou para o apartamento novo, pensei que seria aquele que ele tinha quando era solteiro. Mas não. Ele me levou para uma cobertura linda com piscina de frente pro mar. Era lindo, bem decorado, harmonioso... parecia realmente um lar. E era, era o meu lar.

— Não sabia que tinha esse apartamento.
— Na verdade ele é nosso. – ele me estendeu um papel. Tratava-se de um contrato de propriedade no qual dizia que eu e Rafael éramos os donos do imóvel. – Eu queria colocar o apê no seu nome, dá-lo de presente a você. Mas te conheço e sei que não aceitaria, além disso achei que seria bom o apartamento ser nosso já que pretendo dividir o resto da minha vida com você.
— Rafael... eu nem sei o que dizer.
— Não precisa dizer nada – ele me pegou pela cintura e me acomodou em seus braços antes de encostar sua testa na minha. – Eu te amo, Ana. E quero você, pra sempre... eu quero você.

Eu nunca imaginei na vida que um dia eu pudesse morar em um lugar como aquele. Eu amei cada detalhe, cada cantinho... Tinha uma piscina e era de frente para a praia. O closet era maior que meu antigo quarto e eu nem tinha tantas roupas pra colocar naquele lugar. Rafael me deu total liberdade para mudar as coisas de lugar ou escolher outros móveis. Segundo ele, o decorador fez tudo as pressas, pois Rafael não via a hora de me ter por perto. Mas é óbvio que eu não mudaria nada de lugar. Estava tudo perfeito como estava.

Depois de conhecer cada pedacinho do apartamento – e de Rafael me mostrar e dizer ao pé do ouvido todos os lugares que faria amor comigo na nova casa – fomos guardar as nossas coisas. Em seguida, Rafael insistiu para fazer o nosso primeiro jantar. Deus sabe que ele não sabe cozinhar bem, Mere foi testemunha do desastre que ele protagonizou quando tentamos na Holanda, mas ele queria me agradar. Então eu fiquei sentada em cima da ilha da cozinha bebendo uma taça de vinho enquanto o via picar alguns legumes e orava silenciosamente para que ele não decepasse nenhum dedo. Foi quando o telefone dele tocou.

— Oi Pedro – silêncio – O quê? – ele soltou e faca na pia e se virou para mim – Tá bom. Estamos indo para ai. – ele desligou antes de abrir um sorriso enorme. – que conhecer meu sobrinho?

O trajeto ao hospital foi bem rápido. Rafael estava muito animado e não parava de falar do sobrinho. Eu sabia que era menina, mas prometi a Marcella que não contaria para não estragar a surpresa. No meio do caminho ele parou e comprou um presente. Ele queria dar uma camisa de futebol, de um time que não era o mesmo de Pedro só pra provocar, mas eu insisti em um macacãozinho branco lindo que poderia ser usado tanto por uma menina quanto por um menino. O convenci com o argumento.

Quando chegamos nos encontramos com os parentes de Pedro, que estavam de saída do hospital, encantados. Assim que entramos no quarto, com Marcella deitada na cama com o bebê nos braços ao lado de Pedro e Camila aos pés da cama, Rafael chegou e parou ao lado da mãe e eu fiquei mais atrás.

— Desculpa a demora. Ana quis parar para comprar um presente.
— Você quis parar para comprar presente – eu corrigi me defendendo.
— Vem conhecer sua sobrinha – chamou Marcella.
— É menina? – disse Rafael caminhando até ela e Camila me chamou para ficar junto dela.
— Diz “oi” pro titio meu amor – disse Marcella passando a criança que era bem pequena e frágil para os braços de Rafael que a pegou como se ela fosse uma granada prestes a explodir, mas ainda assim era fofo. – Rafael, essa é a Sabrina.

O clima parecia ter congelado no ar. Esse era o motivo da surpresa. Rafael olhava da menina para a irmã e voltava a olhar a menina. Ele não tinha palavras, mas a verdade é que não precisava. Uma lágrima escorreu pelo rosto de meu namorado e ele beijou a testa da pequena. Aquela cena, jamais sairia da minha cabeça. Certamente estaria em meus sonhos junto com uma promessa silenciosa de que “um dia” aquilo poderia acontecer conosco. Um dia, ele disse... um dia.

— Eu prometo que vou cuidar muito bem de você tá? – Rafael disse para a menina que dormia tranquila.
— Queremos que vocês sejam os padrinhos. – disse Pedro olhando para mim e Rafael que tirou os olhos da pequena e olhou para mim com uma pergunta silenciosa que eu respondi com um aceno de cabeça.
— Vai ser uma honra – ele disse.
— Ótimo. Eu estou tão feliz – disse Marcella
— Todos estamos – disse Camila me abraçando de lado – apesar de estar faltando o pai de vocês e nada nunca mais ser como antes, nós conseguimos encontrar a felicidade. Isso era tudo o que ele queria. Vamos registrar o momento? Quero uma foto de toda a família reunida. – eu já ia me oferecer para tirar a foto, mas uma enfermeira entrou no quarto e Camila lhe entregou o celular para tirar a foto. Eu fiquei parada ao lado, vendo toda aquela união e toda aquela felicidade...
— Ana – chamou Marcella? – você não vem? – quem conhecia Marcella o suficiente sabia que não era uma pergunta simples tampouco um convite. Era uma convocação.

Eu me aproximei e Rafael devolveu a menina para a mãe e quando eu cheguei ao seu lado, ele me envolveu com seus braços em um abraço.

— Você também faz parte da família. – ele disse me olhando com aqueles olhos verdes intensos que tinha um toque dourado bem próximo a pupila. Eu não pude responder, não consegui... eu sorri para ele, para aquela família, e eu nunca, nunca me senti tão feliz e acolhida em uma família.

Conforme o tempo passou, as coisas melhoraram ainda mais. Rafael parecia cada vez encantado com a sobrinha, e era um tio e padrinho bem zeloso e participativo. Alice e Daniel se acertaram e estavam muito felizes. Alice se sentiu um pouco sozinha depois que fui morar com Rafael, mas eu a recompensava sempre. Ela sempre estaria em minha vida. Era mais que uma amiga, era uma irmã que a vida me deu.

A família de Rafael realmente me acolheu de forma que nada mais foi o mesmo... eles estavam comigo em todos os momentos, feliz ou tristes, apoiando, aconselhando e até dando uns puxões de orelha de vez em quando. Era incrível poder dizer que eu fazia parte daquilo e que eles me escolheram...

Mas em meio a tudo de bom que me acontecia eu sabia que nem todo mundo estava tendo um final feliz como eu... Juliana foi condenada novamente pelo assassinato de Cecília e Sabrina e ficaria presa pelo resto da vida em regime fechado. Pois bem, ela ficaria... mas logo depois do julgamento, ela suicidou dentro da penitenciária. Se enforcou e partiu desse mundo.

Tudo o que aconteceu com Rafael e Juliana me ensinou muita coisa. Uma delas é que não se pode confiar na primeira impressão. Ela era gente boa, agradável e parecia ser do bem quando a conheci enquanto que Rafael era frio, distante e sombrio. Como eu me enganei quanto aos dois. Se eu pudesse voltar no tempo e dizer a mim mesma como eles eram de verdade e tudo o que aconteceu eu, certamente, não acreditaria. Mas a beleza da vida está nisso, a surpresa...

E todo dia era uma surpresa diferente. A vida ao lado de Rafael era agitada, dava um frio na barriga e às vezes me assustava. Mas todo santo dia, quando eu acordava e o via dormindo ao meu lado, tinha cada vez mais a certeza de que havia encontrado o meu lugar, e que tudo aquilo era o certo para mim. Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo exatamente igual. Se eu pudesse ter mais de uma vida, eu escolheria Rafael novamente.

A verdade é todo mundo procura alguém para chamar de seu. Alguém que seja um porto seguro. Alguém que nunca solte sua mão. Alguém que a gente ame incondicionalmente e retribua esse amor. Alguém que deixe borboletas no nosso estômago com um simples olhar ou com três pequenas palavras. Alguém que nos tire o fôlego, que nos leve aos céus e que nos faça ver a vida com mais cor, mais leveza. Alguém que nos faça viver mais intensamente e desperte a nossa melhor versão. E pode demorar, o caminho pode ser longo e tortuoso, mas no fim da estrada sempre tem esse alguém. Uns tem a sorte de encontrar depressa, outros não. Mas encontram... A verdade é que eu encontrei esse alguém. A verdade é que eu encontrei Rafael Duarte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aconteceu" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.