Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 87
Capítulo 87 (Últimos Capítulos)




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— O tempo todo foi ela – Rafael disse para ninguém em especial baixinho – o tempo todo ela esteve debaixo do meu nariz e eu não vi.
— Não vai falar nada Dan? Nenhuma pergunta? Acho que não esta fazendo seu trabalho como advogado de acusação da forma adequada. Vejo que ficou sem palavras, mas tudo bem eu vou responder a todas as perguntas não ditas. – disse Juliana.
— Por quê? – perguntou Dan se sentando em cima da mesa. Ali não estava o advogado de acusação e sim o irmão de uma garota diante da assassina dela.
— Por quê? Ela teve tudo o que eu sempre quis. Fama, dinheiro, amor, o homem que eu amo. – eu estremeci.
— Foi pelo Rafael? Por amor? – disse Dan respirando fundo e falando devagar.
— Foi. Mas ele nunca deu valor ao meu amor.
— Você é louca. Você é completamente louca
— Pode ser que eu seja. Mas eu faria qualquer coisa para ficar com Rafael. Poderia ser a Sabrina, Ana, Xuxa Meneghel ou Dilma Rousseff. Eu tiraria qualquer uma delas do meu caminho.
— Eu nunca ficaria com você. – disse Rafael. Aquela altura o juiz já tinha perdido totalmente o controle de como as coisas estavam sendo encaminhadas e deixou o julgamento como estava.
— Ah Rafael. Você nunca pensou na possibilidade não é? Mas eu pensei. Várias e várias vezes. E depois daquele nosso beijo... Eu decidi que você seria meu. Independente do custo, você seria meu.
— Eu nunca encostei um dedo em você.
— Você não lembra. – ela virou para Dan – nenhum de vocês lembra. Mas muito tempo atrás, quando vocês passaram na prova de delito no terceiro ano da faculdade, vocês foram para um bar comemorar. – olhou de novo para Rafael – Você já namorava a Sabrina e ela estava viajando com sua irmãzinha. Vocês beberam tanto, mas tanto. – ela começou a rir como se lembrasse da lembrança. – o Dan fez um strip-tease e você mal conseguia ficar em pé. Eu estava lá. Eu cuidei de você e você começou a contar a parte ruim de namorar uma modelo. A carência e a ausência pelas longas viagens. Eu resolvi o seu problema. Não faltou carinho para você naquela noite.
— Eu acordei na praia com um amigo. Ele me garantiu que eu não tinha feito nada demais.
— Aposto que garantiu. Só que ele estava tão bêbado quanto você. Ele nos encontrou e nos viu. Ele te levou para a praia e vocês dormiram lá. Eu os segui, queria ficar perto de você. Mas ai o seu pai chegou com quando o sol nasceu e quase te matou por beber tanto. Você prometeu que nunca mais tomaria nenhum porre depois daquele dia.
— É verdade. Ele só bebeu tanto assim depois que o papai morreu – Marcella sussurrou para Camila, mas eu ouvi.
— Isso não muda nada. Não acredito em uma palavra que você diz. E mesmo que isso tenha acontecido, matar uma mulher e uma criança é um pouco demais. Até pra você.
— Eu fui uma tola. Deveria ter deixado Sabrina saber que você a traiu antes de morrer, teria sido muito mais divertido.
— Ele não a traiu – Dan sibilou – e você é uma mentirosa.
— Ah sou? E se eu disser que paguei a um funcionário para trocar o par de sapatos que Sabrina usava no desfile em que ela caiu e perdeu o primeiro bebê por um que estava estragado? Você acreditaria? – o silêncio que surgiu foi interrompido pela gargalhada de Juliana. – Tolos! Tolinhos! Todos vocês. Como nunca perceberam? Eu me infiltrei na Duarte, fiz de tudo para agradar você Rafael, ganhar um reconhecimento, um olhar que seja, uma esperança. Mas você sempre me tratou com indiferença. Você nunca me viu.
— Não. Não do jeito que você queria ser vista. Pra mim você só era uma advogada da empresa do meu pai.
— Falando em pai, você deveria agradecê-lo quando for pro inferno com ele também. Foi muito fácil convencer a ele a deixar você e o Dan de fora do caso do assassinato. Ele me escolheu pra conduzir tudo com maestria. Eu apaguei todas as minhas falhas, reparei todos os meus erros e encobri todos os rastros que levavam a mim. O crime foi prescrito. Foi o final perfeito para mim.
— Dr. Duarte disse que nem eu e nem o Rafa poderíamos assumir o caso, pois estávamos envolvidos emocionalmente com a situação – Dan disse – você o convenceu disso?
— Claro que sim. Eu não sou idiota como vocês. Eu reconheço que são excelentes profissionais e que iriam até fim do mundo para saber quem foi que matou a Sabrina. Convencer o Dr. Duarte não foi fácil, o velho era inteligente, mas ele também perdeu uma filha. Usei isso a meu favor.
— Você não vale nada – Camila disse já em prantos. Olhei ao redor e vi que todos choravam. Até Alice. Eu só tinha vontade de vomitar diante de tanta podridão.
— Ah, obrigada sogrinha! – Juliana disse – é sempre bom ouvir um elogio.  Eu planejei tudo, nos mínimos detalhes. A companhia de teatro preferida da Sabrina estava na cidade para uma apresentação. Eu fiz Rafael descobrir isso e plantei um ponto eletrônico na sala dele onde pude vê-lo contando ao Dan que iria leva-la. Eu armei uma viagem para o Dr. Duarte e o convenci de levar toda a família com ele, de forma que apenas Rafael e Sabrina estivessem na cidade. Mas a pequena Cecília teve uma gripe e a senhora não viajou com ela. Eu não sabia disso. Foi o meu primeiro erro. Eu não previ que Rafael iria convidá-las para irem junto ao teatro. Procurei um assassino de aluguel, descrevi a mansão do Rafael e fiz tudo o que podia para que ele entrasse e encontrasse Sabrina lá. Mas vocês estavam lá e Rafael chegou antes do que o esperado. Eu estava do lado de fora quando ouvi três tiros. Por um momento pensei que Rafael tinha sido acertado, mas não, a pequena Cecília foi atingida. Mas pelo menos o meu alvo também foi. Como eu disse sogrinha, um pequeno e necessário efeito colateral. Eu sinto muito. Não queria que tivesse sido assim. Assim como também não queria que Gustavo me traísse e atrapalhasse os meus planos na tentativa de matar Ana. – ela suspirou e eu quis pular no pescoço dela – Coisas da vida. Não se pode ganhar todas.
— Eu preciso sair daqui. – Rafael sussurrou para ninguém e como se Dan pudesse ouvi-lo ele disse:
— Sem mais perguntas meritíssimo.
— Mas já? Estava tão divertido.
— Eu peço a reabertura do inquérito pela morte de Cecília e Sabrina Duarte e a condenação da ré.
— Faremos uma pausa de quinze minutos onde o júri se reunirá para decidir a sentença.


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