Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 85
Capítulo 85 (Últimos Capítulos)




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— Conte exatamente o que aconteceu no dia da tentativa de assassinato à Rafael Duarte – Dan pediu me fazendo estremecer. Já havia contado aquela historia centenas de vezes e me esforçava sempre para esquecer aquele fatídico dia.
— Rafael e eu estávamos nos preparando para voltar para casa. Iríamos pegar um voo na madrugada. Resolvemos jantar antes de partir, mas Mere ainda não tinha terminado o jantar. Rafael foi ver com ela na cozinha quanto tempo demoraria para o jantar estar pronto. Mas ele demorou demais. Eu ia atrás dele quando o vi – olhei para Júlio que desviou o olhar – ele estava armado e disse que precisava encontrar Rafael de qualquer jeito. Disse que se eu colaborasse eu sobreviveria – um soluço escapou de mim – e que todas as balas na arma tinham um dono: Rafael.
— Foi um crime direcionado então
— Totalmente. Ele entrou na casa com a intenção clara de matar Rafael. E quase conseguiu. – nesse momento Juliana ficou branca que nem leite e pelos seus olhos vi que tinha dito alguma informação que ela não sabia.
— Sem mais perguntas meritíssimo. – eu me levantei e fui para o meu lugar ao lado de Rafael.

Depois do meu depoimento, Mere depôs. E logo depois Rafael. Por fim começou o depoimento dos réus. E enquanto Júlio se dirigia para o microfone, Dan trocou um olhar significativo com Rafael que assentiu. O que ela comunicação queria dizer eu não sabia. O que eu sabia era que aqueles olhos azuis de Júlio, agora tão nítidos e claros, jamais sairiam da minha mente.

— Onde você estava no dia do atentado?
— Jura? Senhor advogado faça uma pergunta decente. Sabe que fui preso em flagrante.
— Pois bem – Dan continuou. – Por que matar Rafael Duarte?
— Fui pago para isso, muito bem pago. – disse olhando para Juliana e Gustavo
— Pago por quem?
— Pelos dois ali. A mocinha queria que eu matasse a namorada do doutor, mas ai um pouco depois o Gustavo me ofereceu mais uma grana para não matar a menina e sim o Rafael. Foi uma boa escolha, ela parece ser gente do bem
— O quê? – disse Juliana olhando para Gustavo que mantinha os olhos fixos no chão.
— Quanto você recebeu? – perguntou Daniel
— Juliana me pagou 20 mil para matar Ana. Gustavo disse que se eu matasse o Rafael ele me pagaria 50.
— Como chegou a Holanda?
— Nos encontramos em um bar, onde eles me deram os documentos, o passaporte, hotel... tudo pago. Do bom e do melhor. Eu só tinha que ir pra Holanda, avaliar o terreno, conhecer a rotina deles e esperar o melhor momento para atacar. Mas ai o Gustavo me disse que eles iam embora logo e precisamos acelerar os planos. Fizemos uma pequena alteração no sistema de segurança da casa e eles tiveram que trocar tudo. Instalaram um equipamento nosso. Tive total acesso a casa. Esperei a troca de funcionários e entrei. Mas ai vi a senhorinha e não tive outra alternativa a não ser fazê-la ficar quieta, pensei que tinha matado ela, mas não. Entrei na casa e fiz tudo o que tinha que ser feito. E eu sairia ileso se tivesse matado a senhorinha. Disseram que ela que ligou pra policia.
— Você se arrepende?
— Não. A grana vai dar uma boa vida para minha mulher e meu filho, tô feliz assim. E vocês me garantiram que se eu falasse tudo o que eu sei pegaria uma pena menor
— Então você está ciente que será condenado?
— Protesto. O advogado pressupõe uma sentença sem que o júri tenha se reunido. – disse o advogado de defesa
— Protesto aceito – disse o juiz.
— Como conheceu Juliana e Gustavo?
— Já tinha feito uns servicinhos para Juliana. Anos atrás. Mas dessa vez ela não manteve contato comigo. Acertei e negociei tudo com Gustavo. Ele tinha informações vitais como entrar no apartamento da menina e conseguir o notebook dela.
— Então você assume que foi o responsável pelo roubo ao apartamento de Alice Brandão e Ana Siqueira?
— Sim, eu e o Gustavo. Entramos juntos.
— Você também assume sua responsabilidade sobre a tentativa de assassinato de Rafael Duarte?
— Claro. Fui eu. E confesso, a namoradinha dele é bem valente. Quebrou um vaso na minha cabeça. E se a polícia não tivesse chegado eu tinha apagado ela também.
— Sem mais perguntas meritíssimo.
— Convoco Gustavo Melasques para depor. – disse o juiz e Dan continuou com as perguntas.
— Você reconhece a vitima, Rafael Duarte?
— Sim.
— Onde estava na noite do crime?
— Na Holanda. Aguardando Júlio no hotel enquanto ele fazia o serviço.
— É do conhecimento de todos que você manteve um relacionamento longo com a atual namorada de Rafael. Por   que matar o namorado dela? Algum ressentimento de ex-namorado?
— Eu errei. Eu admito que errei. Ana é a mulher da minha vida. Mas eu errei com ela. Não devia ter traído, não devia ter mentido. Eu joguei nosso relacionamento no lixo por uma diversão. Era a coisa mais importante para mim, e mesmo assim eu não valorizei. – ele disse com os olhos marejados fixos em mim – quando nós terminamos eu sabia que não tinha volta. Ana perdoaria qualquer coisa no mundo, menos traição. Ela chegou a me dizer várias vezes que a única coisa que podia nos separar seria isso. Mas eu não me conformei. Eu a amava. Eu a amo. E provavelmente sempre vou amar. Mas ela sumiu. Não andava mais com as mesmas pessoas, me evitava, fugia de mim. Eu queria pedir desculpas, falar com ela, mas eu não conseguia. Um dia, por acaso eu a vi saindo do trabalho. Não pensei duas vezes em ir falar com ela... ela estava tão linda, tão bem. Eu não entendia porque ela estava tão bem se estávamos separados. Por quê eu estava sofrendo e ela não. Eu fiquei com raiva e bati nela. Não tem um único dia da minha vida que eu não me arrependa disso. – uma lágrima escorreu pelo rosto dele e ele começou a falar diretamente para mim – quando eu vi o Rafael te defendendo eu fiquei possesso. Vi que ele tinha tomado o meu lugar. Meu. Era para eu estar com você e não ele. Eu errei, e naquele momento eu não percebi que ele só estava cuidando de você. Logo depois que eu fui embora, a Juliana apareceu. Ela me garantiu que vocês estavam juntos e começou a encher a minha cabeça. Ela me convenceu de que você só seria feliz comigo. Que eu era o cara certo para você e que você estava completamente cega. Eu fiquei seguindo você por dias. Era fácil. Ela trabalhava junto com você e você sempre saia com esse cara, ela me avisava e eu ia. Vi com meus próprios olhos como você estava apaixonava, vi vocês dois na praia e percebi que não havia nada que eu pudesse fazer para ter você de volta. Então quando a Juliana me fez a proposta eu não pensei nem duas vezes antes de aceitar. E foi o maior erro da minha vida. – ele chorava ao passo que Juliana olhava para ele enfurecida.
— Que proposta foi essa? – disse Dan e Gustavo voltou os olhos para ele como se de repente se lembrasse que estava diante de um tribunal.


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