Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 79
Capítulo 79




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— O quê? – ele disse depois de quase trinta segundos em silêncio – Por quê?
— Você lembra quando eu entrei na Duarte e queria um emprego temporário? – perguntei
— Sim. Você queria juntar uma grana pra voltar a estudar. Você conseguiu o que precisa?
— Na verdade não. A faculdade onde eu estudei abriu um processo seletivo para algumas bolsas e... bem, eu fiz uma prova e consegui uma bolsa.
— Sério? – ele perguntou e eu assenti. – que notícia maravilhosa meu amor – ele disse sorrindo e se levantou, contornou a mesa e se aproximou de mim.
— Sério? Não está bravo comigo? – eu perguntei enquanto ele me abraçava.
— Por que eu estaria?
— Por causa da demissão.
— Se acha mesmo que eu ficaria bravo por isso, você realmente não me conhece. Eu estou muito feliz por você. Tenho certeza de que vai se sair muito bem. Quando você começa?
— Daqui a duas semanas.
— Até lá você me ajuda a encontrar alguém para o seu cargo? Sei que não existe ninguém melhor que você para isso, mas podemos tentar encontrar alguém que consiga manter esse lugar funcionando
— É claro que eu ajudo. – eu sorri.
— Precisamos comemorar – Rafael disse.
— Acho que o jantar no restaurante chinês é uma boa pedida.
— O restaurante é tailandês. – ele corrigiu – Fica essa noite comigo?
— Na sua casa?
— É. Ou em qualquer lugar. Só quero que esteja comigo a meia-noite, e durante todo o resto da noite.
— O que tem de tão especial à meia-noite? – disse passando os braços pelo pescoço dele enquanto ele abraçava minha cintura.
— Como pôde esquecer? – ele perguntou – tá brincando comigo né?!
— Não. O que tem amanhã de tão especial? A não ser o fato de que amanhã é sábado e não precisamos trabalhar.
— É seu aniversário. – ele disse.
— Ah – eu fiz bico – não é nada de muito importante. Só mais um sábado como qualquer outro.
— Claro que não. É o seu dia. Temos que fazer vale a pena
— Não ligo muito para o meu aniversário.
— Por que não?
— Sei lá. Envelhecer, ter um ano a menos de vida... Me parece meio mórbido.
— Mórbido é esse seu pensamento. Envelhecer faz parte do processo. Mas você não tem que se preocupar com isso. Vai fazer 25 anos e não 72. E não é um ano a menos, é um ano a mais. Mais um ano cheio de oportunidades e experiências. Mais um ano que vai começar super bem, a começar pela sua faculdade.
— É um jeito otimista de pensar.
— Bom, então não seja pessimista – disse beijando a ponta do meu nariz. – você trouxe o otimismo para a minha vida. É meu dever mantê-lo na sua também.
— Eu te amo. – eu disse sorrindo.
— Eu também te amo minha futura arquiteta. – e então ele me beijou.

Ele parecia o meu Rafael de novo. Mas não era. Eu sabia que não era. Mas pelo menos ele estava tentando, e era isso o que importava. Assim que saímos da Duarte, por volta das seis da tarde, Rafael me levou no cinema, onde vimos um filme de super herói muito engraçado. Eu insisti para que ele me levasse no restaurante tailandês, mas ele queria que a noite fosse especial, apesar de não ter motivo para isso, e não queria arriscar em um restaurante novo. Mas no fim acabou me levando e a comida estava maravilhosa.

Iriamos dormir na casa de Rafael e, apesar de não ser uma adolescente cheia de espinhas virgem indo dormir na casa do primeiro namorado, eu me senti estranha. Afinal Camila e Marcella, certamente estariam lá e eu não ia querer abusar da hospitalidade. Elas ainda estavam de luto, não era certo invadir o espaço delas. Eu estava prestes a falar isso para Rafael e convence-lo a ir para a minha casa quando passamos pela praia. Eu pedi ele pra parar, e fizemos um passeio pela areia. A noite estava linda. Lua cheia, céu estrelado, maré baixa, vento gostoso e ele ali, caminhando abraçado comigo.

— Você se lembra da primeira vez em que estivemos aqui? – perguntei.
— É claro que sim. Foi depois que você me disse pela primeira vez que estava apaixonada. Foi também a primeira vez que disse que eu não estou sozinho. – eu sorri
— Foi aqui que me contou da Sabrina também. E foi onde você disse que estava disposto a tentar... Acho que tudo começou aqui. – ele se sentou na areia e me encaixou entre suas pernas da mesma forma que fez meses atrás.
— Não. Eu acho que me apaixonei por você na primeira vez que te vi. Ali na recepção da Duarte com um blazer rosa apertando o celular nas mãos.
— Você me deixou muito nervosa naquele dia.
— Deixei é?   
— Claro que sim. Eu olhava nos seus olhos e perdia o raciocínio. Me senti tão atraída por você naquela hora que eu tinha que fazer um esforço gigantesco para pensar em cada palavra. Não podia deixar transparecer nem dizer algo errado.
— Você se saiu muito bem – ele disse rindo
— Você pegou pesado aquele dia. Começou a falar em inglês e espanhol. Estava rezando pra você não falar nenhum outro idioma ou então eu ia sair correndo.
— Não peguei pesado. É que eu quero os melhores trabalhando comigo. Preciso do máximo de cada um, e você tinha dito que era fluente, era uma boa hora para testar e ver como você funciona sob pressão. E no fim deu tudo certo. – ele explicou.
— Ainda bem né. Eu precisava tanto do emprego, já estava desesperada.
— Eu fico feliz que não tenha conseguido nada antes.
— Rafael – eu censurei – eu realmente estava precisando.
— Mas foi necessário. Se tivesse conseguido emprego antes, eu não teria te conhecido. – ele sorriu e eu, boba apaixonada que sou, sorri também – eu não teria me apaixonado e não teria a chance de viver esse amor. Pode ser um pouco egoísta pensar assim, mas a questão é que você precisava de um emprego, e eu precisava de você.
— Eu também precisava de você – eu disse sincera – você mudou a minha vida, completamente. Eu não sou mais a mesma. O seu amor me fez crescer, amadurecer. Com você eu me sinto vulnerável e sensível, mas ao mesmo tempo você me fez tão forte, mas tão forte... eu não sei explicar. O seu amor me mudou por inteira. – ele me roubou um selinho – Quando tudo aquilo aconteceu eu senti um medo tão grande, foi como se eu tivesse voltado no dia em que minha mãe morreu. Eu tentei imaginar a minha vida sem você, mas não consegui. Porque eu não existo sem você.
— Agora você sabe como é. Antes quando eu dizia que era “complicado” eu não estava de graça. Eu queria te poupar. Te proteger. O que aconteceu na Holanda não teve nenhuma relação com o que aconteceu com a Sabrina, mas na hora eu não sabia disso. Na minha cabeça passou um filme e era como se a história estivesse se repetindo. Por isso eu fiz o que fiz, e não me arrependo. Proteger você sempre vai ser minha prioridade
— Você podia ter morrido
— E por você eu morreria mil vezes. Vale a pena Ana. Você não tem noção do efeito que o seu sorriso tem em mim. Os seus olhares misteriosos e maliciosos... Até o jeito como você caminha mexe comigo. Eu não posso perder isso.
— E não vai. Não vou sair de perto de você nunca mais. – ele sorriu. Então olhou no relógio e seu sorriso ampliou ainda mais.
— Eu tenho um presente pra você. – ele enfiou a mão no bolso e de lá tirou uma caixinha de veludo preta, meu coração errou uma batida – feliz aniversário meu amor. – ele abriu a caixa e a colocou em minhas mãos, revelando um lindo anel de esmeralda rodeado por diamantes pequenos e delicados.

 


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