Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 75
Capítulo 75




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No dia seguinte, o café da manhã foi à pizza que Pedro havia comprado, Rafael e eu passamos o dia bem tranquilos, vimos filme, fizemos comida, fomos a uma cachoeira que tinha perto da casa e quando a noite caiu ficamos do lado de fora da propriedade ao redor de uma fogueira. Dr. Duarte teve alta do hospital e Rafael não podia estar mais feliz. Bem, podia. Ele queria ver o pai em casa. Mas tudo ia se resolver no próximo dia. Assim que Gustavo fosse preso, iriamos para casa. A ideia de fugir, mesmo que estivéssemos no paraíso, não era muito agradável.

No outro dia, o ultimo que teríamos na casa de Pedro, o dia não foi tão tranquilo assim. A tensão era enorme. A TV ficou ligada o tempo inteiro a espera de notícias. Rafael e eu andávamos o tempo inteiro com o celular no bolso. Estávamos ansiosos e eu, particularmente, estava muito nervosa. Se Gustavo não desembarcasse hoje eu iria surtar. Eu tinha medo que ele desconfiasse da história e tentasse fugir. E se ele fugisse ele poderia ir atrás de Rafael novamente, e se acontecesse alguma coisa com ele, eu não ia suportar.

Eu tentava ocupar a minha cabeça de todas as formas possíveis. Quando eu estava nervosa, eu tinha a necessidade constante de comer. E lá estava eu, fazendo uma torta, tentando fazer o tempo passar mais rápido. Assim que eu acabei de colocar a torta no forno eu ouço Rafael me chamar da sala.

— ANA!
— Oi – cheguei ofegante a sala por ter corrido rápido demais. Rafael aumentou o volume da TV e a foto dele e de Gustavo estavam aparecendo na tela.

“(...) ele foi condenado por cometer crime de violência contra a mulher contra Ana Siqueira, sua ex-namorada, que mantém um relacionamento com Rafael Duarte. O empresário e advogado renomado estava em viagem com a namorada e assistente em Amsterdã, na Holanda a trabalho. O casal estendeu a viagem e a residência da família Duarte foi invadida na sexta-feira um pouco antes das nove da noite por Júlio Lima. Ele foi preso perto do local do crime e foi deportado. Rafael foi baleado e sofreu três paradas cardíacas, Meredith, a governanta da casa, teve um ferimento na cabeça, mas ambos passam bem. Ana Siqueira estava na residência mas não foi atingida. Enquanto estava viajando com o chefe e atual namorado, o apartamento que Ana Siqueira divide com a amiga e colega de trabalho Alice Brandão também foi invadido e as imagens das câmeras de segurança apontam que Gustavo Melasques foi o mandante desde outro crime. Nas imagens que a polícia disponibilizou, Julio Lima aparece também, o que leva a crer que Gustavo também esteja envolvido na tentativa de assassinato de Rafael Duarte.

— Tudo indica que foi um crime premeditado. As investigações continuam, mas o envolvimento de Gustavo na tentativa de assassinato de Rafael é quase certo – disse o delegado.

Gustavo foi preso hoje no aeroporto, por volta das 13h voltando de uma viagem na Holanda, o mesmo país onde o crime contra o herdeiro da ‘Duarte Advogados’ aconteceu. Ele não quis gravar entrevista, mas sua irmã Raquel falou com a imprensa.

— Isso é um absurdo. É tudo culpa dessa cachorra da Ana. Ela nunca superou o fato de que não era boa o suficiente para o meu irmão e fica atormentando o menino. Meu irmão não fez nada, se existe algum culpado nessa história é a filha da p*** da Ana.

Gustavo está preso na 13º delegacia de polícia da regional oeste sem direito a pagar fiança. A defensoria publica foi acionada para defendê-lo. Voltamos a qualquer momento com maiores informações.”.

Durante a reportagem, havia passado imagens da prisão de Júlio, da prisão de Gustavo e imagens de Rafael desacordado entrando na ambulância no dia do atentado. Eu nem me lembrava que a imprensa estava lá.

— Agora acabou. – disse Rafael enquanto eu continuava paradinha no mesmo lugar. – Vai ficar tudo bem agora – ele se aproximou de mim e beijou o meu rosto.
— É. Eu espero que sim.  – ele me abraçou.
— Você tá gelada. – ele constatou
— Só nervosa.
— Não precisa ficar mais. Você já quer voltar para casa?
— Eu... ah... não sei. – eu estava nervosa. Para falar a verdade eu estava apavorada. Eu não queria ir. Preferia ficar aqui, onde ninguém sabia onde estávamos. Fugir me pareceu uma ideia bem mais atraente agora. – Eu fiz torta. – eu disse depressa. – Acabei de colocar no forno deve demorar um pouquinho. Não quer esperar ficar pronta antes de ir? – isso era uma desculpa é claro. Mas eu esperava que Rafael aceitasse de bom grado.
— Claro. Ninguém merece dirigir horas de barriga vazia. – ele disse sorrindo me fazendo dar um risinho nervoso. Eu não queria que ele visse meu medo estampado na minha cara.
— Enquanto a torta fica pronta, eu vou ir arrumando as coisas para adiantar. – quando eu estava saindo de perto dele, ele me puxou de volta.
— Ei. Quer ficar mais um dia? – ele perguntou e eu quase quis pular no pescoço dele.
— Mas e seu pai? Você não quer ir vê-lo?
— Ele está bem. Podemos ir amanhã se você quiser. Eu sei que tá nervosa – isso era injusto. Meu medo não podia ser maior que a vontade de Rafael ver o pai. Eu ia ter que enfrentar meus medos e seguir em frente.
— Não. Vamos hoje. Com o Gustavo preso a polícia deve ir atrás da gente pra algum depoimento né? – perguntei e ele assentiu – então, é melhor nós estarmos lá. Se eles souberem que nós fugimos, pode ser que comecem a questionar a nossa inocência e vai ser pior. – ele sorriu.
— Eu amo você. Amo a sua coragem. – eu abracei.
— Que bom. Porque a única coisa que eu preciso agora é do seu amor. – ele me apertou em seus braços e imediatamente eu me senti mais segura, mais forte.

É. De fato a única coisa que eu precisava era do amor de Rafael. O resto ficaria bem.


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