Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 72
Capitulo 72




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— E o Júlio? – perguntou Rafael.
— Ele ainda não abriu o bico. Mas vai abrir.
— Agora temos que esperar. A prisão do Gustavo deve ser em breve. Enquanto isso eu acho que vocês devem se afastar, ficar longe até tudo se resolver. – disse Alice.
— Eu acabei de voltar para o escritório, não posso me afastar agora. E tem o meu pai também, ele vai sair do hospital amanhã. Quero ficar com ele – argumentou Rafael.
— A ruiva tem razão cara – disse Daniel. – Eu seguro a onda do escritório por enquanto. Sabe que pode confiar em mim. E quanto ao seu velho... bem, ele tá bem. Vai ir pra casa e vocês podem se falar sempre que quiserem. Mas não é seguro pra vocês na cidade.
— Por que não? – eu perguntei.
— Não sabemos se estão sendo vigiados. O Gustavo tá na Holanda, mas ele pode ter capangas por aqui. Eles não conseguiram matar o Rafael, mas não significa que não vão tentar de novo. Temos que deixar vocês em segurança. Pelo menos até o Gustavo ser preso. Dois dias e depois vocês podem retomar a vida de vocês.
— E tem outra coisa. – Alice disse – como ficou claro que era o Gustavo que estava por trás do assalto ao nosso apartamento, a procura pela Juliana acabou. Ela não é mais foragida e tem trânsito livre em qualquer lugar da cidade. Ela também quer ferrar com vocês, é melhor não facilitar.
— E pra onde nós vamos?
— Qualquer lugar que não seja propriedade da família Duarte ou da sua Ana. Vão ser os primeiros lugares que vão procurar vocês. – disse Alice.
— Eu sei quem pode nos ajudar – disse Rafael tirando o celular do bolso. A foto de Marcella apareceu na tela do aparelho e ela atendeu no primeiro toque.

O namorado de Marcella tinha uma casa na costa leste da cidade. Ficava a três ou quatros horas de distância. Depois de sairmos do escritório, fui em casa e peguei uma mala de roupa, fomos na casa de Rafael onde fizemos o mesmo, e antes de cair na estrada, Rafael passou no hospital para ver o pai.

Ele dispensou o motorista. Segundo ele, quanto menos pessoas souberem o nosso paradeiro, melhor. Basicamente só sabiam os pais e a irmã de Rafael, Dan, Alice e Pedro. Pedro era o namorado de Marcella, que ia nos esperar na propriedade. No caminho, passamos por montanhas, cachoeiras e estava absolutamente tudo deserto. A paisagem ao mesmo tempo em que era assustadora, era maravilhosa.

Eu estava inquieta apesar de tudo. Estava inquieta porque Rafael estava inquieto. Ele apertava o volante como se estivesse com raiva e dirigia no limite da velocidade permitida. Eu estava preocupada com ele.

— Ei – disse colocando a mão na perna dele. – Tá tudo bem?
— Não. Mas vai ficar.
— Sabe que pode falar comigo o que quiser não sabe? – ele pegou minha mão, levou aos lábios e plantou um beijo na palma dela.
— Eu sei. Fica tranquila. Eu estou bem – ele olhou pra mim e sorriu – nós estamos bem.
— Nós estamos bem – eu repeti sorrindo também.
— Só não gosto de fugir.
— Não estamos fugindo.
— Ah não?
— Não. Estamos dando um tempo. Você disse que queria estender a viagem na Holanda, mas não pudemos estender o tanto que você queria por conta da cirurgia do seu pai. Considere isso como a segunda parte da nossa viagem. Não é uma fuga, é só uma extensão da viagem.
— É. Você tem razão. Desse jeito fica mais fácil de encarar tudo isso. – ele virou pra frente – olha lá. – apontou pra frente onde surgia um chalé – chegamos.

O chalé era todo de madeira. Parecia que era no meio de uma floresta. Era confortável e não era muito grande. Era o que precisávamos.

— Eu comprei pizza para vocês. Não sabia se a Ana cozinhava, mas sei que você é um zero a esquerda. – disse Pedro para Rafael despois de nos apresentar a casa. – deve ter comida o suficiente pra vocês ai, se não tiver, tem uma estrada que leva a um supermercado que fica a uns 10 minutos a oeste.
— Obrigado Pedro. A gente dá um jeito. E eu não sou um zero a esquerda. – disse Rafael
— Há controvérsias – disse Pedro rindo. – inclusive, eu tenho que te desejar boa sorte Ana
— Por que?
— Porque esse cara é muito chato e aturá-lo vai ser difícil.
— Não liga – disse Rafael – ele é apaixonado por mim desde a faculdade. Como eu dei fora para ele, ele resolveu namorar a minha irmã como prêmio de consolação – eu ri.
— Falando em namorar a sua irmã, eu preciso conversar com você. – disse Pedro.
— Vai terminar com ela? – Rafael arqueou a sobrancelha – se você magoar minha irmã, eu acabo com você.
— Não. Não é isso. Mas é que... vamos sentar? – ele estendeu a mão para o sofá. Ele parecia nervoso, muito nervoso.
— Que merda você fez? – perguntou Rafael assim que nos sentamos.
— Rafael, não fala assim – censurei.
— Eu estava esperando o aniversário da Marcella, daqui a dois meses para pedir a mão dela em casamento.
— Sério? – Rafael disse. – Bom, eu acho que ela vai aceitar.
— Perai – eu disse – você disse “estava”.
— É verdade, não vai pedir mais?
— Eu quero pedir. Mas aconteceram algumas coisas enquanto vocês estiveram fora.
— O que houve? – perguntou Rafael enquanto Pedro brincava com os dedos das mãos nitidamente tenso.
— Ah, a Marcella vai me matar. Ela queria contar. – ele resmungou baixo passando os dedos nas têmporas.
— Contar o que? – ele ficou em silêncio – Se você não falar, quem vai te matar sou eu.
— A Marcella esta grávida. – Pedro soltou de repente.


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