Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 7
Capítulo 7




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Eu estava novamente de volta a “Duarte Advogados”, mas desta vez eu era uma funcionária e não recebi o cartão de visitante como da ultima vez. Entrei com o pé direito por insistência de Alice e quando fui falar com a assistente de Rafael ela me recebeu com um belo sorriso. 

— Seja bem-vinda Senhorita Siqueira. Vai ser um prazer tê-la em nossa equipe. – disse a senhora que se eu não me engano chama Sandra.
— Carne nova no pedaço dona Sônia? – disse um cara muito alto, negro e com um sorriso maravilhoso. Com certeza um dos homens mais bonitos que já vi na vida.
— Essa é nossa nova recepcionista Dr.Albuquerque, senhorita Ana Siqueira.
— Muito prazer. – estendi a mão para ele que me surpreendeu e a levou até os lábios e a beijou.
— O prazer é todo meu. Posso te chamar de Ana?
— Claro que sim. – saiu uma loira de cabelos curtos e de baixa estatura com uma franjinha irregular, mas adorável, de dentro da sala do meu novo chefe, Rafael.
— Ah como eu odeio esse homem. Rafael vai me enlouquecer, nas férias irei para o hospício.
— Calma loirinha, sabe que hoje é o pior dia da semana nesse escritório. Vai se acostumando morena – disse pra mim - as terças-feiras são péssimas por aqui.
— Por quê?
— Quem é essa? – perguntou a loira.
— Sou Ana Siqueira, a nova recepcionista.
— Bem-vinda ao inferno meu amor – disse a loira.
— Ah para Ju. Não assusta a menina no primeiro dia. – o moreno alto que eu só sabia o sobrenome, Albuquerque, se virou para mim – não tem que se preocupar. É que nas terças-feiras o velho Duarte sempre vem aqui no escritório, deixa o Rafael bem nervoso e ele acaba descontando na gente.
— Bom saber. Vou tomar cuidado nas terças.
— Você não é a tal da amiga da Alice? Que foi indicada para o cargo? – perguntou Ju
— Eu mesma.
— Não sabia que vocês eram pagos para ficarem fazendo fofocas no corredor. – disse Rafael chegando do nada. – Circulando todo mundo.
— Calma chefinho, olha a pressão. Não vá ter outro piripaque. – disse Dr. Albuquerque. – Não tô a fim de te carregar de novo.
— Vai se ferrar Daniel, hoje eu não tô a fim das suas gracinhas. Dona Sonia, tenho quanto tempo até o próximo cliente?
— Trinta minutos.
— Otimo, Ana por favor, me acompanhe.
— Boa sorte – sussurrou Ju.

Acompanhei Rafael com certo medo, confesso. Mas acabou que foi tudo muito tranquilo. Ele explicou minhas tarefas e falou a respeito das regras. Basicamente, eu era recepcionista e secretária de todo mundo que trabalhava ali, exceto ele, que tinha uma assistente pessoal, dona Sônia, que eu achei que fosse Sandra. Eu ia cuidar das agendas de sete advogados, incluindo Alice. Isso incluía separar e distribuir todos os casos de cada um deles pela manhã, – e eu tinha certeza que ia confundir alguns – e levaria o cafezinho para alguns clientes - teria que aprender a não confundir sal e açúcar, não perderia outro emprego por uma coisa tão idiota. Eu nunca em hipótese alguma poderia deixar de atender uma ligação.

— Só mais uma coisa Ana. Sorria! – pediu e eu realmente fiquei confusa.
— Como?
— Você como recepcionista tem que passar a imagem correta da “Duarte Advogados”, tem que ser atenciosa, amorosa, cuidadosa e atenta com os clientes. Você vai ter o primeiro contato com eles, vai ser nossa porta de entrada e todos os clientes devem se sentir acolhidos, portando dê o seu melhor sorriso.
— Certo. Entendi tudo.
— Eu tô esperando. Sorria. Me convença de que realmente pode fazer com que nossos clientes se sintam em casa.
— De todas as coisas que imaginei que poderia me pedir, confesso que essa é a ultima da fila.
— Por quê? É tão estranho assim um chefe querer ver o sorriso de uma funcionária?
— Não, desculpa. É que ... bom, não esperava por isso – dei um risinho nervoso.
— Ah vamos lá, sei que pode fazer melhor.
— Esse não foi o sorriso que eu daria para um cliente Dr. Duarte.
— E qual seria? – o cliente deveria se sentir em casa, em família. Então eu pensei na minha família, minha mãe que hoje está no céu e Alice, foi impossível não sorrir.
— Excelente – então o inesperado ocorreu. Ele sorriu. O cara que segundo Alice nunca sorria e que a poucos minutos estava com um péssimo humor.
— Você sorriu. – falei alto demais.
— E por quê o espanto?
—Nada, só ... esquece. Já posso começar? – era melhor eu sair dali antes que eu fizesse mais besteira.
— Pode claro, mas antes termina de falar. Não gosto de frases interrompidas. – ai Deus. Ana, não diz. Não diz, não diz.
— Devia fazer isso mais vezes. – um rubor se espalhou pelo seu rosto e eu não sabia dizer se ele estava feliz ou bravo, o que eu sabia é que eu realmente precisava sair dali com urgência. – Licença – me levantei e fui pra minha humilde mesinha que só continha um notebook e alguns papéis e comecei a trabalhar.


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