Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 64
Capítulo 64




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Neste momento meu celular vibrou. Era uma mensagem de Alice.

“Gostaria de dizer que eu tenho o namorado mais foda da história dos namorados, e ele conseguiu um jatinho emprestado de um amigo para a gente viajar. Chique né?! Dentro de poucas horas estaremos em solo holandês. Espero que esteja tudo bem com o chefe. Te amo bruaca, fica bem”

Alice era de fato uma pessoa muito especial. Ainda sorrindo – não sabia se por causa de Rafael ou pela mensagem de Alice – eu respondi a mensagem.

“Ele acordou, está bem. A cirurgia foi um sucesso, mas eu explico melhor quando vocês chegarem. Agora ele foi sedado. Creio que esteja acordado quando chegarem aqui. Obrigada por tudo. Eu também te amo.
Ps: Seu namorado pode até ser foda, mas nunca será tão incrível quanto o meu.”

Algumas horas depois, o policial que havia me interrogado mais cedo, voltou ao hospital e me disse que mesmo com o tradutor, o bandido se recusou a falar qualquer coisa. Conseguiram a identidade dele e algumas informações. Júlio Lima tinha 35 anos, era pai de três filhos e morava em uma região muito carente de nosso estado. Era extremamente pobre e viva com dificuldades, foi preso anos atrás por roubo e cumpriu a pena em regime semiaberto. Não havia cometido nenhum crime desde então. Entrou ilegalmente na Holanda e agora estava proibido de pisar lá. Ele seria deportado no final da tarde e todo o processo seria conduzido em nosso país. Com ele foi apreendido uma arma calibre 44, um celular e uma chave. Eu, sinceramente, esperava que ele mofasse na cadeia. O policial deixou o numero do telefone dele comigo para o caso de eu precisar de alguma coisa.

Por volta do meio dia, Rafael foi transferido para o quarto, mas ele ainda dormia. Já não estava mais ligado a tantos aparelhos e parecia infinitamente melhor. O médico disse que os pontos seriam absorvidos pelo organismo dele, de modo que ele poderia voltar pra casa em breve sem maiores preocupações. Quando estava quase no fim da tarde, uma mulher entrou no quarto. Loira, alta, magra, e que mesmo com olheiras, sem um pingo de maquiagem e com o cabelo bagunçado, continuava deslumbrante.

— Marcella.
— Oi querida. Como você tá? – ela me abraçou e embora tivesse perguntado sobre mim eu sabia que ela queria saber de Rafael.
— Estou bem. Mas o Rafael foi baleado, a bala ficou alojada no apêndice e os médicos tiveram que remover o órgão. Agora ele tá bem, tomou um remedinho pra dormir e descansar, mas já deve acordar em breve.
— Eu fiquei maluca quando eu soube. Não sabia o que fazer. Se ficava com papai ou se vinha pra cá. Mas felizmente meu pai está bem e eu pude vir.
— Como você soube?
— Eu liguei pro Rafa pra contar da cirurgia do papai e ele não atendia, resolvi ligar em casa e a Mere atendeu e me contou tudo. Pouquíssimas horas depois passou na televisão, acredita? Só se fala disso. É o assunto do momento. Mas meus pais ainda não sabem, mandei os empregados afastarem eles de televisão, jornais, revistas e internet. Até as ligações estão sendo interceptadas. O Dan me disse que vinha pra cá com a namorada e eu acabei pegando uma carona com eles.
— Onde eles estão?
— Na recepção. Não deixaram que eles subissem, não são da família.
— Eu imaginei.
— Como tudo aconteceu Ana? – então mais uma vez eu tive que reviver a noite passada. Contei tudo a ela, tentando, desesperadamente, controlar as emoções, pois não queria acordar Rafael.
— Três paradas cardíacas? Meu Deus. Vocês passaram por um inferno. Fico muito feliz que você esteja bem, e mais ainda pelo meu irmão ter sobrevivido a tudo isso. – ela pegou a mão dele. De repente eu me senti uma intrusa ali. Acho que ela estava querendo um momento a sós com o irmão então eu resolvi sair dali.
— Vou deixar vocês sozinhos um pouco e ir contar pra Dan e Alice tudo o que aconteceu. Talvez eu consiga uma autorização para que eles possam ver o Rafael.
— Tudo bem. Pode ir, eu cuido dele – seus olhos brilhavam tanto que eu sabia que ela queria chorar, mas não faria isso em minha frente.
— Obrigada Ana. Muito obrigada por tudo o que fez pelo meu irmão – ela me abraçou.
— Eu não fiz nada Marcella.
— Fez sim, e eu não me refiro apenas à noite passada, falo por tudo. Meu pai me contou sobre vocês dois. Estou muito feliz por vocês. – eu sorri e fiquei corada, porque eu não sei. Não sabia o que dizer naquela situação.
— Obrigada. Eu vou indo. Até mais tarde.
Eu sai em disparada pelos corredores até chegar na recepção encontrando Daniel olhando feio para a recepcionista e Alice olhando feio pra Daniel, mas a cara feia se desfez assim que ela me viu e pulou no meu pescoço.

— Você tá bem? – disse após me abraçar e tentando constatar se eu estava inteira.
— Agora eu tô.
— Eu fiquei tão preocupada. – disse Alice.
— Nós ficamos. Vem cá – disse Dan me abraçando. – como foi que isso aconteceu Ana?
— Ah Dan – eu funguei – não faço ideia. Mas já prenderam o cara. Ele não é holandês, é do nosso país acredita? Veio foragido com a intenção de matar o Rafael e quase conseguiu.
— Como é que ele tá?
— Dormindo, tá com a Marcella. Deu tudo certo na cirurgia, mas ele teve que retirar o apêndice. Mas o que importa é que ele vai sobreviver.
— Eu quero ir à delegacia, me inteirar do caso – disse Daniel – não adianta a gente ficar aqui, não vão nos deixar entrar. Odeio hospitais.
— Eu vou ficar com você – disse Alice e eu sorri. – eu sempre vou ficar com você – ela disse me abraçando.


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