Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 53
Capítulo 53




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Nesses dias, Daniel me informou que Juliana tinha pedido demissão da Duarte e desapareceu do mapa. Pensei que talvez ela tenha se cansado desse joguinho idiota, mas Ana não acreditava nisso. Pra ela, isso tudo era parte do plano dela. O principal problema é que ninguém mais conseguia localizar Juliana. Era como se ela tivesse desaparecido. Sumiu, sem cumprir aviso prévio, deixando apenas a carta de demissão por debaixo da porta da minha sala.

A polícia continuava com as investigações sobre o assalto à casa das meninas, mas não tinham nada de conclusivo. Nenhum suspeito, nenhuma prova. Nada. Os assaltantes, assim como Juliana, tinham desaparecido, o que fazia com que Alice e Ana tivessem ainda mais certeza de que Juliana estava por trás de tudo isso.

O julgamento de Gustavo, o ex-namorado de Ana, aconteceu. Ele foi condenado, mas como ele não tinha antecedentes criminais e a agressão que ele cometeu foi “branda” – o que é um absurdo – ele terá que prestar serviço social durante um ano. Pedi a Dan pra recorrer com a sentença.

As coisas pareciam no eixo, até aquela tarde quando minha irmã me ligou avisando que meu pai estava no hospital. Há alguns anos atrás ele teve osteossarcoma, um tumor maligno ósseo. Na época, tinha acometido o úmero, mas ele fez todo o tratamento e foi curado. Mas Marcella me ligou hoje dizendo que ele estava sentindo fortes dores na perna. Ele tinha dito que não era nada, mas minha irmã insistiu em leva-lo para o médico e lá foi constatado que o câncer tinha voltado.

Eu tinha que dar um jeito de voltar. Precisava ver o meu pai. Queria estar com ele, mas só consegui passagens de volta pra daqui a dois dias. É pouco, mas pra mim parecia uma eternidade. Ana foi compreensiva e me deu todo o apoio que eu precisava. Ela estava sendo incrível e não se importou quando eu disse que não estava com animo para sair nos próximos dias. Ficamos em casa com Mere fazendo bastante comida pra gente, assistindo vários filmes.

— Eu sabia que você tinha “Crepúsculo” aqui. – disse Ana olhando a extensa prateleira de DVD’s.
— Isso é coisa da Marcella.
— Você é tão contra que eu aposto que você adora ver.
— Não vou nem discutir com você. – cheguei perto dela e peguei outro filme. – Que tal esse? O homem de ferro.
— Pode ser. Vai colocando ai enquanto eu vou na cozinha fazer pipoca.
— Você ainda consegue comer? Meu Deus. Tem um buraco negro no seu estomago. – meu celular tocou e ele estava perto dela e ela o jogou pra mim.
— Vou ignorar essa ofensa só porque eu tô boazinha hoje. – ela seguiu para a cozinha e eu atendi o celular. Era Daniel

— Fala Dan.
— E ai cara? Como você tá?
— Preocupado com meu pai.
— Marcella me contou o que aconteceu. Que merda hein?!
— Eu não achei que fosse voltar.
— Ninguém achou. Mas cara, pensa positivo. Seu pai é o cara mais durão que eu conheço, derrubar o velho vai ser bem difícil.
— Eu só lamento por estar longe dele. Amanhã eles vão iniciar o tratamento e eu gostaria de estar perto dele.
— Já marcou a data da sua volta?
— Já. Embarco depois de amanhã. Ana não conseguiu passagens antes.
— Mas pelo menos não tá tão longe assim. Três dias e você vai estar lá com ele. Como tão as coisas? Aposto que a notícia jogou um banho de água fria na sua lua de mel com a Ana.
— Ah, estava tudo ótimo. Eu estava feliz cara, como há muito tempo eu não era. Mas ela tá me apoiando, tá do meu lado. Não tem ninguém melhor que ela pra estar comigo nesse momento.
— Eu sei. Eu tô te ligando pra te falar uma coisa um pouco chata.
— Que foi? Algum problema na Duarte?
— Não. Com a Ana.
— O que houve?
— Conseguiram rastrear o celular da Ana. Ele estava em uma casa perto da fronteira do estado.
— E?
— A proprietária da casa se chama Juliana de Oliveira.
— O que? Então foi ela mesmo?
— Tá na casa dela, não significa que foi ela. A investigação ainda não foi concluída. Mas a polícia tá atrás dela e ela tá desaparecida. Tudo indica que foi ela.
— Ana tinha razão.
— Eu sempre tenho – disse Ana chegando sorrindo – sobre o que eu tenho razão? – fiz um sinal pra ela esperar um pouquinho, e ela se sentou no sofá, colocando a pipoca e os refrigerantes na mesinha de centro.
— Qual o próximo passo? – perguntei.
— Achar a Ju e ver o que ela sabe. Se for ela mesmo, o que ela ganharia com o celular da Ana?
— Não sei. Ela estava atrás de mim, não tem motivo pra ela querer alguma coisa com a Ana.
— Ter até tem.
— Qual?
— Ela sempre foi a fim de você, desde a faculdade. Todo mundo sabe. E como você e a Ana estavam bem próximos no escritório, ela deve ter se incomodado.
— Não viaja. Eu nem ficava tão perto dela assim. – isso era ridículo.
— Ficava sim. Você sempre foi distante de todo mundo no escritório. Menos da Ana. Você tá tão apaixonado que não percebe.
— Dan, isso não faz sentido.
— O seu zé ruela, presta atenção. Pensa. A gente conhece essa menina já tem uns 15 anos. Ela já teve várias oportunidades de se mandar da Duarte e nunca aproveitou. Ela sempre fica de olho em você, é super prestativa e tá sempre a sua disposição.
— Eu sou chefe dela, é um comportamento normal
— Quando eu falo que é zé ruela... – ele resmungou.
— Cara. Vamos lidar com fatos. O fato é: ela contratou alguém pra invadir a casa das meninas e roubar os pertences de Ana. A questão é: porque?
— Foi a Juliana, não foi? – Ana perguntou e eu assenti. Ela bufou, se levantou e começou a andar que nem uma barata tonta.
— O que tinha no computador e no celular da Ana que pudesse ser interessante pra Ju? – Dan perguntou.
— Não sei. Vou ver com a Ana.
— Beleza, qualquer novidade tu me avisa. – e ele desligou.


— Então eu tinha razão. - Ana disse.
— Tinha.
— Por que ela tá me perseguindo desse jeito?
— O que tinha no seu computador e no seu celular que pudesse ser interessante pra ela?
— Nada. No celular tinha umas fotos e algumas músicas e no computador tinha algumas coisas da época da faculdade, outras fotos, sua agenda, algumas coisas da Alice e alguns... – eu a interrompi.
— Minha agenda?
— É. De vez em quando eu levava algumas coisas do escritório pra fazer em casa. O expediente não era o suficiente.
— É isso.
— Como assim?
— Ela estava atrás da minha agenda. Conseguiu com seu computador.


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