Aconteceu escrita por Alanna Drumond


Capítulo 43
Capítulo 43




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Depois do café, nos trancamos no escritório e trabalhamos muito até dar a hora de irmos para a reunião. Eu gostava de como estávamos fazendo isso funcionar. Ana e eu sabíamos muito bem separar namoro e trabalho, e depois de um tempo eu quase esqueci que estávamos juntos. Quase, obviamente.

Enquanto estávamos indo para um restaurante no centro de Amsterdam, Ana olhava a paisagem animada. Isso me fez lembrar de uma coisa: Eu tinha prometido a Ana um jantar em um dos meus lugares preferidos da Holanda. Como não tínhamos nada programado para o jantar, resolvi surpreendê-la.


— Eu tô ficando doida ou praticamente todas as placas de ruas daqui tem palavras de vogais dobradas?
— Por que diabos você tá olhando as placas do trânsito? Tem tanta coisa pra ver!
— Ah – ela ficou vermelha
— Você é mesmo uma caixinha de surpresas Ana. Mas não, você não está ficando louca. O que vai fazer mais tarde?
— Ah, meu chefe tá com a agenda livre, então talvez eu roube uma blusa de frio do meu namorado e o convença a assistir “Crepúsculo”.
— Não tem a menor chance disso acontecer.
— Eu ia devolver a blusa depois!
— Você pode roubar o que quiser do meu guarda-roupa. Embora eu ache que você não vai se interessar muito por ternos, que é o que mais tem lá.
— Prefiro que você fique com os ternos. Mas por que perguntou sobre meus planos?
— Acho que seu namorado tem planos. – ela sorriu e olhou de novo pra janela. Ela não disse nada. Nada. E Ana sempre tem o que falar. – que foi? Não vai perguntar quais são meus planos?
— Não. Vou deixar você ser a caixinha de surpresas por uma noite. – eu sorri. Se ela quer assim, então assim será.

Chegamos no restaurante onde éramos aguardados, e tudo ocorreu como o normal. Eles faziam uma proposta, eu não aceitava e fazia uma contra proposta. Eu não sei como eu tive a ideia de me tornar investidor também, advogar já ocupava bastante o meu tempo. Desde que Ana se tornou minha assistente eu soube que ela odiava essas reuniões, ela preferia mil vezes me ver com um cliente discutindo um caso, falando de leis, probabilidades de condenação e a forma como eu sempre previa como as coisas iam se sair nos tribunais.

Mas hoje tinha algo errado. Ela estava bem mais ausente na reunião do que o de costume, e isso não tinha nada a ver com o fato dela estar desenhando corações na agenda. O celular dela estava vibrando a cada cinco minutos, e eu confesso que isso estava me incomodando um pouco, então enquanto os holandeses analisavam a minha oferta por um empreendimento que eu queria anexar as empresas de meu pai, falei com ela baixinho em nosso idioma.


— Tá tudo bem? Seu celular não para de tocar.
— Não sei. É a Alice. Deve ter acontecido alguma coisa. Mais tarde eu ligo pra ela – e nesse momento ela ligou de novo.
— Vai lá fora e atende.
— Não. Estou trabalhando, o resto pode esperar. – eu sorri.
— Bom Sr.Duarte, essas taxa estão um pouco altas – disse Dr. Kinglesmann chamando minha atenção e Ana permaneceu em seu lugar – se pudermos modifica-las, fechamos o negócio.
— Certo, podemos discutir sobre isso, embora eu ache que estas taxas estão bem compatíveis com o mercado – nessa hora meu celular também tocou, era Daniel. Certamente aconteceu alguma coisa e eu fiquei preocupado de modo que mal consegui pensar na reunião direito. Disse ao Dr. Kinglesmann que pensaria em um outro acordo e depois conversaríamos melhor, isso renderia mais um dia de reunião na Holanda, e menos um dia (sem trabalho) com Ana.

No carro enquanto voltávamos pra casa, Ana ligou para Alice, mas ela não atendeu, então eu liguei para Daniel que atendeu na primeira chamada.

— E aí mano? – disse ele – Você não atendeu minha ligação, estava em reunião?
— Estava.
— Foi mal. Mas era importante.
— O que aconteceu? Alice ligou várias vezes pra Ana e agora o telefone tá dando na caixa postal.
— Pois é, aquela porcaria acabou a bateria, ainda bem. Ela tá muito nervosa, não queria que ela falasse com Ana.
— Que que houve?
— Invadiram a casa das meninas.
— O que?
— Que foi? – Ana perguntou do meu lado.
— Foi um assalto. A Alice ia dormir lá em casa, ai a gente foi buscar algumas roupas pra ela e quando ela chegou estava uma confusão enorme no prédio. Polícia pra todos os lados e todos os moradores fora do prédio. Acertaram a cabeça do porteiro, mas as câmeras de segurança não conseguiram pegar nada, os assaltantes usavam tocas cobrindo o rosto. Mas foi um assalto bem estranho.
— Por que?
— Porque só roubaram a casa das meninas. Pelas imagens das câmeras os assaltantes sabiam bem aonde ir. Foram direto pra casa delas.
— Quantos eram?
— Três.
— Levaram muita coisa?
— Levou o quê? – Ana perguntou.
— Na verdade só entraram no quarto da Ana, não mexeram em mais nada. Levaram um celular velho dela e o notebook. Alice acha que não foi um assalto qualquer. Ela acha que foi de caso pensado.
— Rafael, você tá com uma cara bem estranha. Quer me falar o que tá acontecendo? - Ana disse
— Só um minuto meu amor. Eu já te conto. – disse a ela – Mas por que ela acha isso Dan?
— Tinha joias no quarto da Ana. Herança deixada pela mãe dela. Não pegaram nada. E tinha mais coisas de valor no apartamento. O quarto estava todo revirado. Mas até agora Alice só deu falta do celular e do notebook. Estamos aqui arrumando tudo.
— O que a polícia disse?
— Vão tentar localizar os ladrões. Parece que vão rastrear o celular da Ana, mas você sabe como são essas coisas. Vai demorar mil e quinhentos anos pra encontrarem.
— Se encontrarem.
— Pois é. Perai cara. – pausa – Você quer falar com ele? – ele perguntou pra alguém – Vou passar pra Alice. Ela vai te explicar tudo.
— Oi chefe. Pode passar pra Ana? – ela estava bem nervosa
— Não. Me explica primeiro sua teoria.
— Foi a Juliana.


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